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** STAR TREK: VOYAGER **

Jaumir da Silveira



Que me falte o ar a cada dia,
a cada hora, a cada instante.
E eu, e os que comigo vão,
nascidos do planeta azul,
por instinto, por teimosia, por fibra,
continuamos.

Quantos anos, quanto tempo,
quantos reveses
nos cabem, em vez do regresso
àquela que seria o princípio,
a origem, a revelação,
a anulação das singularidades,
dos pontos de fronteira,
da nossa curvatura infinita?

Das vias lácteas a lembrança fica
de tê-las percorrido.
Partiram as fendas estelares
todos os cordões umbilicais.
Confunda-se o negro de nossas ânsias
com a solidão do espaço,
e que esta comunhão nos esconda
a realidade das anãs brancas.

Contar mágoas como estrelas
ajuda a passar os dias
em que raças transformaram
em caçadas passatempo.

Oh capitã, minha capitã,
meu dever é consolar-te
quando, à entrega do silêncio,
te cobrirem as incertezas.
Secarei os teus olhares
antes que, em nós, derramem.

E não nos digam que não há prumo,
que não há rumo, que não há
destino ou caminho.
Pois que vimos maravilhas
destes mundos que não sonham,
destas cores que não viram,
desta música indistinta
entre sopro, corda e batuque,
costuradas na memória
multiplicada em retinas.

Delicada antimatéria,
sobrevida à sobrevida!

O que antes de ser era
nos soprou ventos solares,
nos cingiu com anéis de luas;
legiões de meteoros
nos saudaram em sua trilha
e houve quem visse as auras
dos anjos em seus solstícios
e houve quem visse cruzes
avultarem de equinócios
e houve quem visse apenas
a beleza no infinito.

Deslizar no espaçotempo:
é compulsório o caminho.

(19-04-98)




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