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Os demônios do trabalho



sobre o autor

É quase meio dia. Já tomei banho, café, corri pra pegar ônibus e até trabalhar já trabalhei. Mas parece que minha cabeça ainda não se decidiu por acordar.

Se eu levasse uma vida mansa, de filhinho de papai, tudo bem. A essa hora tava por aí, paquerando, andando de moto, vendo o tempo passar. Ah, como eu queria estar sem fazer nada. Mas sou trabalhador. Tenho que dar duro pra viver. Se vacilo eles me dão um chute na bunda e aí já viu.

É esquisito isso. Quanto mais atolado de trabalho eu tô, quanto menos tempo tenho pra descansar, menos me faz falta, mais trabalho eu quero. Mas é só dar uma folguinha e lá vem a preguiça tomar conta de mim. Meu corpo amolece à simples idéia de passar na frente de algum lugar que remotamente lembre trabalho. Só a palavra já me dá calafrio.

Isso acontece porque o trabalho é coisa do demônio. É sim, do capeta mesmo. Esse sem vergonha.

Ele me mantém ocupado e cansado, pra eu não conseguir pensar e descobrir seus ardis. Assim, me entrego a ele sem perceber o que se passa. Na maior ingenuidade.

E os anjos da arte, coitados, não podem fazer nada. Ficam só de butuca, esperando um descuido, pra então me anestesiarem e assim eu não mais ouvir as falsas promessas de sucesso e conforto material do coisa ruim.




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