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Flanelinha



sobre o autor

- Aí, madame. Deixa três real pra dar uma olhada no carro.
- Que é isso, tá muito caro.
Negociar com bandido é o cúmulo da civilidade, né não?
- Inflação, dona. Os preço cresce, a família cresce. Tudo cresce eu tenho que crescer alguma coisa também. Pra não lhe faltar ao respeito cresço a tarifa. Se eu fosse a senhora aproveitava. Tá cinco real, faço três na promoção.
- Toma, um real é tudo o que eu posso dar.
- Só isso? Não sei se vai dar pra garantir, viu. Vamo vê o que que dá pra fazer.
- Se eu voltar e o carro estiver inteiro, te dou mais um real.
- Mas aí é bom voltar logo, que eu só tô aqui até às seis.
- Azar o seu. Quer dinheiro tem que trabalhar.
- Pô, dona. Tem pena de mim. Moro longe. Pego três condução.
- E se depois das seis robarem meu carro?
- Não é mais problema meu. Tá fora da minha jurisdição.
- E eu, como é que fico?
- A senhora deixa um extra que eu suborno os pivete e fica garantido até às onze.
- Então você confessa conhecer os ladrões que atuam nessa área?
- A madame tá me botando contra a parede. Eu não conheço ninguém. Só conheço gente que conhece gente. Fala com um, fala com outro, tudo se arranja. Esses cara é tudo bandido, eles querem é dinheiro pra deixar a gente em paz. A madame tem seguro?
- Claro, seguro total. Você acha que eu sou louca de andar nessa cidade sem seguro?
- Sendo assim a gente podemos fazer negócio. A senhora deixa cinco real pras despesas de administração e eu garanto que se o seu carro for roubado nunca mais ninguém encontra.
- E qual é a vantagem pra mim?
- Raciocina, dona. Até eu posso, pra senhora que foi criada a leite A é mais fácil. Se encontrarem seu carro com um presunto dentro, a senhora vai querer ele de volta?
- Deus me livre. Negócio fechado. Toma aí o seu dinheiro.
- Falô! Vai com deus, madame. Ah, a senhora esqueceu de botar o cartão do estacionamento rotativo. Se os polícia passa eles multa a senhora. Polícia é fogo.




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