Fevereiro, 1982
Algumas
cabeças brilhantes perceberam (talvez inconscientemente) que havia
espaço para uma revitalização do Rock Brasil. O Circo
Voador, originalmente localizado no Arpoador, apareceu nesta época
e foi um dos exemplos dos movimentos que sintonzavam com aquele momento
que viria a ser um pontapé inicial para todo o processo. De "hits"
esporádicos, passou-se a ter bandas efervescendo, ainda que isoladamente.
Apesar deste início basicamente Pop, estava feita a "cama" para
o surgimento da nova geração do Rock Brasil.
Destaques
do período
A Blitz estourou primeiro com o seu Rock-Pop-Teatral, vendendo 400 mil
cópias do seu primeiro álbum e "Você não soube
me amar" tocou exaustivamente nas rádios.
Abril, 1984
A
literatura sobre Rock disponível nas bancas de jornais e livrarias
ainda era muito escassa, havia apenas pequenas revistas destinadas a alguns
nichos (como o Metal), e poucos crossovers, como a SomTrês, uma interessante
mistura de música com tecnologia (afinal, sempre andaram juntas!).
A contribuição da maioria dos veículos ainda era muito
modesta: as rádios eram muito burocráticas e engoliam (ainda
engolem...) o pacotão enviado do exterior; a televisão, basicamente
baseada em programas de auditórios, assumia sua inata posição
brega e era quase inatingível para a maioria das bandas; felizmente
o cinema tentava se inserir no contexto, com filmes como "Garota Dourada"
e outros, onde a trilha sonora era basicamente rockeira.
Destaques
do período
Os Paralamas, com "Vital e sua moto" e sua mistura Rock/Ska/Reggae, foi
a primeira da série de bandas brasilienses que "infestariam" a cena
dos anos 80 a receber disco de ouro (100 mil).
Já o Barão Vermelho (ainda com Cazuza) vende 250 mil
alavancado pelo hit "Maior abandonado" e o Kid Abelha estoura nas rádios
com "Pintura íntima" e "Fixação".
Janeiro, 1985
O
Rock In Rio mudou a cara da MPB. A Nova República também
ajudou bastante, pois gerou uma onda nacionalista (germinada em 1984 com
o movimento Diretas Já), devida ao “fim” da ditadura militar, aumentando
substancialmente a esperança do povo brasileiro de um modo geral.
Desde então a mídia e o público passaram a enxergar
as tais novas tendências -que já estavam presentes- e houve
a explosão que concedeu às novas bandas o apoio de que tanto
precisavam. O
Morro da Urca e o Circo Voador eram basicamente os locais onde as bandas
emergentes se apresentavam, e a juventude participava ativamente deste
processo, incluindo-se a extinta Rádio Fluminense, que fazia parte
de toda a engrenagem que daria origem ao produto “Rock Brasil"...
Destaques
do período
Paralamas “apresentando” ao público do Rock In Rio “Inútil”,
música de uma banda paulista que iria tornar-se um hino de "homenagem"
aos políticos da época, além de consolidando sua posição
de grande expoente do Rock Nacional com o lançamento do seu segundo
álbum, "O Passo do Lui", com sucessos como "Óculos" e "Meu
Erro".
Legião Urbana (mais uma banda brasiliense, porém a mais representativa
do movimento) lança seu primeiro álbum, estoura "Será"nas
rádios e surge a banda RPM, catapultada ao cenário através
de "Louras Geladas".
Março, 1986
O
Plano Cruzado foi fundamental para que o público tivesse mais dinheiro
no bolso para comprar discos, ir a shows, ler revistas, enfim, possibilitou
a consolidação de um estilo ainda não bem definido,
mas que viria a ser durante cerca de dois anos o centro das atenções
musicais do país. “Revoluções
Por Minuto”: o Titãs no Carlos Gomes, “Entrei de gaiato num navio”,
a explosão das danceterias –onde tocava-se muito rock, principalmente
o nosso, "Nem foi tempo perdido...", é muito bom lembrar que os
jovens estavam participando ativamente de todo este processo e com uma
euforia impressionante.
Destaques
do período
O disco “Rádio Pirata ao vivo”, do RPM, com mais de 2 milhões
de cópias vendidas foi o maior e estrondoso sucesso da época.
Média de 2,3 discos comprados por mês por jovens antenados
de 13-25 anos (Fonte: Nenhuma, chute mesmo !).