Smells like teen spirit
 

Aquele que já foi nerd aos 14, punk aos 16, gótico aos 18, headbanger aos 20, nerd de novo aos 23, geek aos 25, agora recebe o título de "surfista calhorda" do carnaval 2000! Possivelmente um dos poucos rótulos que lhe faltavam (tirando os GLS e afins, please!).

A idéia era fazer uma programação totalmente off-carnaval. Mas mesmo assim não deu pra não "cair" (literalmente!) na folia... Sendo assim, o esquema foi montado da seguinte maneira: praia de manhã/tarde, à noite, procurar "o tal do roquenrou" e o "masterpiece" para alguns fins de tarde: surfe nas dunas !!!

Mole é a praia da moçada, Joaquina, das famílias e Galhetas, uma praia de naturismo. Segundo os nativos, a ilha estava bem menos cheia que nos verões anteriores e este ano basicamente os gaúchos e os paulistas tinham infestado a cidade. "Os cariocas foram para a Guarda, em Garopaba", ouvi dizer. Nada mau, diga-se de passagem. De carioca, já chega eu.
Dunas da Joaquina

Tarefa nada fácil encontrar rock’n’roll em Floripa. Porém, no centrinho da Lagoa da Conceição, três bares salvaram as noites. No Bucaneros e no Baiuka, shows, videokê, nada de "o seu amor é canibal", enfim: quase paraíso. Uma das bandas locais chamou bastante atenção, Iriê, um Jamiroquai com pitadas de Gilberto Gil, O Rappa e Peter Tosh. Tinha também o Trópicos Bar, reduto da garotada underground da ilha, sempre fervilhando pelas 4 da manhã, com cerveja bem barata e som bem pesado.

Tudo ia bem, com exceção do surfe, como já era de se esperar. No primeiro dia, tombos regulamentares, reconhecimento do terreno e do equipamento, enfim, tudo bem previsível. No segundo dia, manobras mais arrojadas, dunas mais radicais e integração total com o ambiente, quase mimetismo... "milanesa" seria pouco para descrever. No terceiro dia, o triunfo: apocalipse? As descidas foram filmadas ao vivo, e depois de uma hora e meia de material, achamos que só faltava descer a maior e mais íngreme duna de todas. 20, 30 metros? 30, 45 graus? Possivelmente bem mais. Depois de alguns dias de "qualifying", achei que já estava pronto para o enfrentar a "temível". A primeira descida foi magnífica. Pura sorte? A segunda confirmaria o "know-how" adquirido. Tola decisão. Saldo devedor: estiramento dos ligamentos do joelho e do tornozelo, pequena fratura no pé... três semanas de molho. Possível saldo credor: alguns reles trocados vendendo o vídeo pras cassetadas do Faustão...

Se tinha tudo pra dar errado? Acho que não, mas a ida para Florianópolis já foi, digamos, estranha. "First I was afraida, then I was petrified...", duas drag-queens num raio de 3 metros no avião me deixaram meio cabreiro. "Tem certeza que esse vôo não vai pro Rio?", perguntei discretamente à comissária. "Não, senhor. O destino final é em Florianópolis mesmo". Mas o pior estava por vir. Centenas, milhares... pessoal, nada muito contra, mas pelo menos alguém podia ter me avisado, eu teria ido pra serra gaúcha... RS, tchê??? Bom, deixa pra lá. Enfim, na volta, o pior mesmo foi ler no Diário Catarinense que a cidade deveria reivindicar para si o título de "Maior Carnaval Gay do Brasil". Assim sendo, Galhetas já pode ser a "praia gay". Afinal, peitinho, só vi um para contar a história. Mas em compensação, pintinho... ;-/ Já a praia mole pode ser o "open bar gay". Cariocas: multipliquem a Farme por 10 e misturem com 5 vezes a marola do 9 só pra ter uma idéia do clima.

A chuva foi outro capítulo à parte. Afinal, carnaval sem chuva não é carnaval, não é mesmo? Sinceramente, só devia chover em Salvador, mais precisamente no dia da lavagem do Bonfim.

Aventuras... agora imaginem vocês se eu ainda tivesse ido à Bombinhas fazer o meu batismo no mergulho???
 
 

 
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