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Projetos de Novas Barragens e os possíveis impactos que serão causados

Numerosos rios da América Latina têm sido escolhidos como alvo de desenvolvimento pela indústria de barragens, a qual propôs a construção de dezenas de obras enormes e destrutivas para a região. Abaixo, alguns projetos que já estão provocando controvérsias e oposição:

1. Rios Macal e Raspaculo, Belize

Projeto: Barragem Challilo

Impacto: Irá inundar 1.100 ha de floresta primária, habitat para onças jaguar, antas da América Central - ameaçadas de extinção -, lontras e crocodilos Morelets, bem como pássaros migratórios da América do Norte e um tipo raro de arara vermelha, que faz o ninho nesta região. O projeto pode atingir a maior barreira de recifes fora da costa no hemisfério ocidental, sítios arqueológicos Mayas e o turismo relacionado a estes lugares. Foram necessários milhões de anos de evolução para que este habitat alcançasse seu atual estágio especial. É inaceitável trocar isto por uma barragem que, na melhor das hipóteses, poderia produzir energia por talvez 50 anos. Este é um crime ambiental do mais alto grau.

Situação Atual: Estudos ambientais coordenados pela Sociedade Audubon de Belize estão sendo realizados.

2. Rio Tibagi, Brasil

Projeto: Quatro barragens com capacidade total de 970 MW (Jataizinho, Cebolão, São Gerônimo, Mauá).

Impactos: Iria inundar parte da Mata Atlântica remanescente -- prejudicando pelo menos 20 espécies de pássaros em extinção e a pesca que alimenta cerca de 2.000 índios, e 40 sítios arqueológicos. O projeto poderá também piorar os níveis de poluição provenientes da cidade de Londrina.

Situação Atual: Está sendo analisado pelas agências estaduais e federais.

3. Rio Xingú, Brasil

Projeto: A Barragem BeloMonte (11.000 MW, US$ 8 bilhões) é a última tentativa de retorno da Barragem Kararaô, que estimulou uma mobilização liderada pelos índios Kayapó há uma década.

Impactos: A companhia elétrica regional, Eletronorte, diz que um novo desenho de engenharia para a barragem iria reduzir o tamanho do reservatório de 1.200 para 440 quilômetros quadrados, limitando os impactos sobre a floresta tropical úmida e suas populações indígenas. Entretanto o velho desenho de engenharia continua vigente, e que a viabilidade do projeto depende na construção de outras barragens ao montante que atingiriam o parque indígena Xingú.

Situação Atual: A concessão para a construção da barragem está programada para acontecer ainda este ano, mas a crise econômica brasileira pode forçar o seu adiamento uma vez que serão necessários subsídios para atrair investidores privados.

4. Rio Ribeira do Iguape, Brasil

Projeto: Barragem Alto do Tijuco (144 MW) -- Companhia Brasileira de Alumínio/Grupo Votorantim) --, e Barragens Funil (150 MW), Itaoca (30 MW) e Batatal (75 MW) -- Cia Energética de São Paulo/CESP. Prropõe expandir a capacidade da fábrica de alumínio e controlar inundações.

Impactos: O projeto irá atingir o último grande rio sem barragens do estado de São Paulo; o mais longo fragmento contínuo restante da Mata Atlântica (cerca de 13,5% do total remanescente); áreas protegidas da Serra do Mar, do Alto da Ribeira e de Jacupiranga; espécies migratórias de peixes; cavernas e comunidades descendentes de escravos (quilombos), além de reassentar 5.000 famílias.

5. Rio Biobio, Chile

Projeto: Série de seis barragens, incluindo Ralco (570 MW), Huequecura (360 MW) e Pangue (450 MW), que já está construída e funcionando desde 1997.

Impactos: As barragens irão forçar milhares de pessoas a sair de suas casas, incluindo centenas de índios Pehuenche; mudar o curso do Rio Biobío segundo rio chileno mais longo; inundar áreas de florestas de araucárias e ciprestes; ameaçar 27 espécies de mamíferos, 10 de anfíbios, 9 de répteis e 8 de peixes (incluindo a raposa andina, a puma, a lontra do mar do sul, o falcão peregrino e o pássaro nacional chileno, condor andino); aumentar o acesso às indústrias madeireiras e sujeitar as margens desmatadas dos reservatórios à erosão e aos deslizamentos.

Situação Atual: Cinco por cento das obras civis da Ralco foram terminados, embora a permissão legal para a construção não tenha sido dada.

6. Rio Beni, Bolívia

Projeto: Barragem El Bala, previsto para gerar 3.000 MW a um custo de US$ 2 a 3 bilhões. A energia elétrica será exportada para o Brasil.

Impactos: Iria prejudicar uma região que tem um dos níveis mais altos de biodiversidade do planeta. Afetaria a provisão de peixes de alto valor econômico, florestas tropicais úmidas e pântanos, o território indígena Pilón Lajas e sua reserva de biosfera, além do Parque Nacional Madidi, que inclui as terras das populações indígenas Tacana, Chiman, Moseten, Esse Ejjas e Quechua.

Situação Atual: Estão sendo preparados estudos e a construção da barragem será oferecida para empresas privadas. A Superintendência Nacional de Eletricidade está preparando os termos de referência para consórcios privados interessados em construí-la.

7. Rio Bermejo, Argentina/Bolívia

Projeto: Construção de duas barragens binacionais no Bermejo (Las Pavas, 88 MW, e Arrazayal, 93 MW) e uma no Rio Grande de Tarija, na Bolívia - Cambari, 102 MW) para a geração de eletricidade, água potável e controle de inundações.

Impactos: Atingirá a Floresta Tropical Yungas, habitat de espécies em extinção e acarretará o reassentamento de 700 famílias da Reserva Tariquia (Bolívia) e do Parque Nacional Baritu (Argentina).

Situação Atual: O projeto de US$ 540 milhões está sendo implementado por diversas empresas estrangeiras com apoio dos EUA e do Canadá.

8. Rio Guamuez, Colômbia

Projeto: Aumentar o nível do Lago La Cocha, através da criação de uma barragem de 20 metros que captura água de diversos rios e muda o curso do Rio Guamez do este para o oeste. Duas barragens principais - Antonio Nariño (125 metros) e Besaco (180 metros) - seriam construídas para gerar 1.000 MW, totalizando 1.400 MW para o projeto. Esta obra de propósitos múltiplos proveria também água para a cidade de Pasto e irrigação para um grande vale.

Impacto: Iria desalojar 4.000 pessoas e afetar o Lago La Cocha através da inundação do mais baixo hábitat de paramo do mundo, colocando em perigo de extinção espécies endêmicas de plantas (Espeletia cochensis), bem como outros componentes da flora e da fauna dessa planícies.

Situação Atual: Estudos de Diagnóstico de Alternativas Ambientais estão sendo conduzidos.

9. Paraná River, Argentina/Paraguai

Projeto: Barragens Corpus e Itacuá

Impacto: 17 km. à montante de Encarnación, Paraguai e Posadas, onde se concentram os impactos da já construída barragem Yacyretá, Corpus e Itacuá formariam um lago contínuo extendido por centenas de quilômetros. Se Corpus tivesse sido construída em vez de Yacyretá, teria gerado a mesma quantidade de eletricidade (4.200 MW) com menos impactos (o reservatório seria 25% do tamanho do reservatório de Yacyretá) As novas barragens atingiriam comunidades indígenas Guaranis e outras comunidades ribeirinhas.

Situação Atual: Os Estudos de viabilidade estão sendo terminados, e lances de empresas privadas sendo solicitados.

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