C.S. LEWIS AND JOSEF PIEPER HOMEPAGE

PORTUGUESE VERSION

NOVIDADES

Introdução

SIZE=+2>Morre Pieper, o estudioso da obra de Aquino" Filósofo era considerado divulgador do pensamento de Santo Tomás de Aquino neste século

Estudioso da teologia, Pieper é considerado o principal pesquisador da obra de Santo Tomás de Aquino neste século. Também é apontado como o pensador católico mais notável do pós-guerra e um dos mestres da filosofia da religião cristã. Autor de mais de 50 livros publicados em 15 idiomas, dedicou-se a divulgar as principais teses de Santo Tomás em linguagem acessível a todos os públicos. Algumas de suas obras foram, durante muito tempo, usadas como referência nos meios católicos. O filósofo lecionou por mais de 50 anos na Universidade de Münzter e formou centenas de discípulos. Sua tese de doutorado serviu de base para fundamentar sua doutrina de intermediação entre a filosofia clássica de Platão e Aristóteles e a teologia cristã.Nos anos 30, Pieper, que se definia como um cristão de esquerda próximo do socialismo, foi perseguido pelo regime nazista. Algumas de suas obras foram proibidas e suas atividades docentes, limitadas. Ele atuou como professor convidade em universidades do Canadá, nos Estados Unidos e na Espanha." (A14)

Biografia de C.S. Lewis

"C. S. Lewis nasceu em 1898, em Belfast, na Irlanda e morreu em na noite de 21 de novembro, 1963 em Oxford. É reconhecidamente um dos maiores pensadores e escritores em língua inglesa de nosso século. Ainda recentemente, pude ouvir (no Workshop "Understanding C.S. Lewis") Bruce Edwards, um dos mais destacados estudiosos do filósofo, afirmar que `há, por assim dizer, três Lewis: o pré-moderno, o moderno e o pós-moderno. O primeiro, anterior à conversão ao cristianismo em 1929, basicamente um escritor acadêmico, deslumbrado com a visão-de-mundo profana. O segundo, o scholar cristão e um terceiro Lewis, sem dúvida o mais fascinante e surpreendente, o imaginative writer, que, para Edwards, compreende não só o escritor de fairy-tales, mas também, digamos, o autor de Os Quatro Amores - (QA, a seguir) . Pretende, assim, aperfeiçoar a antiga visão de Owen Barfield, o orientador de Lewis em Oxford, que pretendia distinguir o crítico literário, a autor de fiction e o apologeta´ De fato, na imensa produção de Lewis (naturalmente, interessa-nos mais o Lewis cristão) podemos distinguir obras que percorrem uma gama de estilos e formatos que vão desde densos estudos teológicos (como Miracles - 1947), até contos infantis (a partir de 1950, com LF), passando por crítica literária (como The Discarded Image - DI - 1964), ficção científica (ou teológica..., como: Perelandra - 1943), estudos filosófico-teológicos (The Problem of Pain - PS 1940), conferências radiofônicas filosóficas e teológicas (como Mere Christianity - MC- 1952), e estudos antropológicos em forma literária (Screwtape Letters - CC - 1942) etc.

As Crônicas de Nárnia: O melhor de C. S. Lewis

Enredo das Crônicas

Nárnia é um país, situado num mundo ainda não completamente explorado. Há outros países neste mundo, dominados por líderes bons e maus, que, de alguma forma são confrontados com os habitantes de Nárnia. A chave para a compreensão da sua história está na quebra do encanto do eterno inverno, provocado pela feiticeira (LF).

Embora possam ser lidas isoladamente, com começo, meio e fim, muitos preferem ler as CN na ordem cronológica - LF, PC, NA, CP, CM, AM, UB. Já outros preferem a ordem "lógica", que começa com a criação de Nárnia em AM, seguindo com LF, CM, PC, NA, CP, AM e UB), cada uma tematizando um valor moral central, que, no caso de LF, parece ser a morte e a possibilidade de ressurreição, ou, em outras palavras, a redenção e o resgate. Apesar da aparente "confusão " ou certas inconsistências que a ordem cronológica possa causar, ela retrata a realidade mais " adulta " e o respeito que Lewis tinha pelo leitor. Na supra citada carta a uma criança, ele recomenda começar pela leitura de AM, logo de início, apesar das inconsistências, em relação às outras CN (que as crianças normalmente nem sequer notam).

Em AM, por exemplo, a feiticeira é apresentada como Jadis, a última rainha de um outro planeta, à beira do apocalipse final para o qual Digory e Polly são transportados pelos mesmos anéis mágicos, que levam Jadis a Nárnia (onde era mais conhecida por "feiticeira branca ") . Para evitarmos qualquer tipo de engodo, apresentaremos, a seguir, um breve resumo das Crônicas, em seu ordem lógica.

O Leão, a feiticeira e o Guarda-Roupa - LF

Quatro irmãos ingleses (Pedro, Susana, Edmundo, e Lúcia - nessa ordem) descobrem um mundo mágico, através de um guarda-roupas comum. No Capítulo 1, eles chegam à casa do professor, onde permanecem refugiados durante a Guerra. No capítulo seguinte, Lúcia é a primeira a ser intrduzida neste mundo, depois de esconder-se num guarda-roupas. O primeiro habitante de Narnia que encontra à luz de um poste, um fauno, convida-a para um chá, no qual conta várias histórias sobre Nárnia, incluindo o plano da Feiticeira Branca (White Witch - por causa dela lá é sempre inverno e nunca Natal ) contra os Filhos de Adão. De volta ao mundo de cá do armário, ninguém acredita na história dela, pois o armário já não passa de armário comum. No capítulo 3, Edmundo, resolve seguir Lúcia para dentro do armário que, desta vez volta a dar acesso a Nárnia. A primeira pessoa que ele encontra, a Feiticeria, convence-o, com seu Manjar Turco, a incumbir-se de trazer os outros três irmãos a Nárnia. Edmundo e Lúcia voltam juntos para o quarto da casa. No capítulo 5, Edmundo, nega tudo diante dos irmãos e acusa Lúcia de estar inventando histórias. Pedro e Lúcia discutem com o professor, a possibilidade de Lúcia estar ficando louca. No capítulo seguinte, as quatro crianças, acabam em Nárnia, depois de terem se escondido novamente no armário, e descobrem, voltando à casa do fauno, que o mesmo foi preso pela feiticeira. No capítulo seguinte, encontram-se com um castor falante através de um pintarroxo. Na casa dos castores (Capítulo 7), ficam conhecendo as antigas profecias a respeito de Aslan e dos quatro tronos de Cair Paravel. Após o jantar, ficam sabendo que Aslan apareceria na Mesa de Pedra para resgatar Nárnia e dão pela falta de Edmundo. O castor deduz que ele foi ao encontro da feiticeira, e todos resolvem partir para a Mesa de Pedra. O capítulo seguinte, narra o caminho de Edmundo para o castelo da feiticeira e a descoberta dos seres de petrificados pela feiticeira no pátio do castelo.

No capítulo 10, as crianças encontram seres mitológicos e o Papai Noel pelo caminho, que lhes entrega presentes. A neve começa a derreter-se...

No capítulo seguinte, munida das informações necessárias, a feiticeira resolve usá-lo como refém e partir igualmente para a Mesa de Pedra, sem demora. No capítulo 12, as crianças atingem a Mesa de Pedra e Aslan aparece convocando Pedro a liderar a Primeira Batalha dos narnianos contra as tropas enviadas pela feiticeira. No capítulo seguinte ela mesma negocia as condições para a libertação de Edmundo com Aslan, que concorda em sacrificar-se na Mesa de Pedra. A terrível história da morte de Aslan e sua ressurreição é narrada nos capítulos 14 e 15. O penúltimo capítulo conta, como Aslan devolve as estátua de pedra à vida. O capítulo final, narra a grande festa final e a coroação das crianças. Após alguns anos de reinado feliz em Nárnia, elas acabam retornando ao país de origem, através do mesmo guarda roupas. O professor anuncia que esta seria apenas a primeira de uma série de aventuras e que as crianças poderiam voltar a Nárnia, mas não pelo mesmo caminho.

Príncipe Caspian

As quatro crianças de LF retornam a Nárnia, muito depois da primeira visita. Nárnia está mais "desenvolvida", mas os narnianos encontram-se sob o domínio de um rei tirano, tio do verdadeiro herdeiro ao trono. As histórias do leão e dos animais falantes da Nárnia Antiga continuam preservadas pelas histórias e lendas dos narnianos, mas são consideradas subversivas e falsas. Os animais falantes procuram não "falar demais" e se refugiam em bandos na floresta. O rei tirano planeja atentar contra a vida do sobrinho, Caspiano, obrigando-o a fugir do palácio.

Com ajuda do mestre-anão (que lhe diz as primeiras verdades sobre Nárnia) e um pequeno, mas valente ratinho, o príncipe Caspiano encontra os animais falantes na floresta, tornando-se seu líder na insurreição contra o tio. Num confronto direto, os narnianos invocam o auxílio de Aslan, e, com isso, as quatro crianças de LF, que já andam errantes pela floresta, trazem o reforço necessário para as forças "rebeldes", que acabam reconquistando o trono ao legítimo rei Caspiano.

A história termina com a posse de Caspiano e a despedida das quatro crianças, que voltam ao seu próprio mundo, através de uma porta, aberta no vazio por.

A Viagem do Peregrino da Alvorada

Esta aventura tem início no mundo real, no qual dois dos quatro personagens do LF (Lúcia e Edmundo) visitam um primo, pelo qual não sentem grande simpatia: Seu passatempo predileto era rir-se das histórias que os meninos contavam a respeito de Nárnia.

Naquela tarde, eles são assimilados à paisagem de um quadro de um navio (o Navio da Alvorada que levava o Principe Caspiano de PC, para uma importante missão: encontrar amigos do falecido pai de Caspiano, rei de Nárnia, que haviam se perdido em ilhas longínquas, colonizadas por Nárnia), pendurado na parede da sala. Mesmo depois de ser obrigado a acompanhar os garotos nesta viagem, Estácio demora a admitir o fato de estar em um outro mundo... A cada ilha, revela-se uma nova aventura.

Na primeira, Caspiano e os três amigos são presos como escravos. Caspiano é vendido a um dos amigos do pai, que o reconhece como sendo o rei de Nárnia. Com o seu auxílio, reconquista a ilha, que estava nas mãos de um governador corrupto, tornando-se governador no lugar do mesmo.

Na segunda ilha, acontece algo que transforma a vida de Eustácio devido à sua ganância e egocentrismo, transforma-se num dragão e passa a assumir todas as características deste animal, mantendo apenas a capacidade de raciocínio humano, graças à qual é reconhecido pelos amigos. Nestas condições, convive um bom tempo com os tripulantes do navio, mas sente-se cada vez pior em sua forma de dragão. Com ajuda de Aslan passa então por uma sofrida, mas libertadora experiência de retorno à forma humana original, provocada diretamente por Aslan. A partir daí o garoto muda completamente de vida, passando a auxiliar os aventureiros no cumprimento de sua missão.

Os habitantes da próxima ilha, tornaram-se invisíveis de tão feios. São também extremamente tolos e desprovidos de qualquer espírito de crítica. Quando Lúcia os convence de que não devem ser tão feios assim, eles a fazem buscar, no livro de magia do mago da ilha, o feitiço que os tornaria novamente visíveis. Aslan, chama atenção dela para o perigo das palavras mágicas contidas no livro, se pronunciadas levianamente.

No caminho para a próxima ilha, os aventureiros entram numa ilha dominada pelas trevas, onde os piores pesadelos de cada um se tornam realidade. De lá resgatam um náufrago, que se revela como sendo mais um dos amigos do pai de Caspiano.

Na última ilha, os meninos encontram os demais amigos em sono encantado, o mágico da ilha explica que a condição para a quebra do encanto, é o Alvorada alcançar o fim do mundo e a Terra de Aslan, atravessando o Mar de Prata. Somente os meninos e o ratinho enfrentam a missão. Esta viria a ser a última viagem do valente ratinho, e a penúltima viagem das quatro crianças de LF, para Nárnia.

A Cadeira de Prata

Eustácio, juntamente com sua amiga, Gilda são enviados por Aslan para encontrar Rilian, filho de Caspiano, o verdadeiro herdeiro ao trono de Nárnia, que se encontra aprisionado. Nesta aventura, as crianças encontram diversos seres estranhos, e passam por caminhos tortuosos numa espécie de "viagem ao centro da Terra ". Com ajuda dos sinais dados por Aslan no início da viagem e a amizade de um ser pantanoso de nome estranho, as crianças ajudam Rilian a escapar do encanto da rainha submundo.

O Cavalo e seu Menino

Esta história começa na Calormânia, uma espécie e "Arábia" e termina no período de ouro de Nárnia, quando os quatro meninos estão no poder.

Trata-se da história de um menino que tenta escapar de ser vendido como escravo em um país distante de Nárnia. Durante a fuga, encontra um cavalo falante de Nárnia, também escravo fugitivo, uma menina, filha de nobres e uma égua também falante. O objetivo deles é chegar ao país de Nárnia, mas para atingi-lo, encontram uma série de dificuldades e obstáculos pelo caminho.

Com ajuda de Aslan, eles conseguem atravessar o deserto para sabotar o plano de invasão do seu país em Nárnia. No final da história, o personagem principal revela-se como irmão gêmeo primogênito do príncipe governante Nárnia, torna-se herdeiro do seu trono e casa-se com a menina.

Além desta, apenas a última Crônica de Nárnia dá-se exclusivamente fora da realidade do mundo de cá do guarda-roupas, esclarecendo muitos aspectos sócio-culturais e étnicos do mundo de Nárnia. Chasta, o personagem principal reaparecerá em outras crônicas da seqüência.

O Sobrinho do Mago

Esta história, que dá início e fundamenta todas as demais aventuras, trata de um menino e uma menina que, no início do século, brincam em um casarão abandonado na Inglaterra. Por acaso, encontram com um professor, que fazia experiências mágicas e usa as crianças como cobaias para as suas experiências de transporte trans-dimensional, enviando-as, por meio dos anéis mágicos, para uma espécie de "Entre Mundos", a partir do qual se tem acesso a vários outros mundos. Aí que começam as aventuras das crianças, percorrendo vários mundos diferentes, de um dos quais trazem Jadis (mais conhecida em LF como a "feiticeira branca "), que, depois de causar danos ao mundo das crianças é transportada para outro mundo. As crianças tornam-se testemunhas da criação deste mundo (Narnia) pelo Leão Aslan, que concede o dom de fala aos animais. O menino da história viria a ser o esperto professor de LF. A aventura termina com o retorno das crianças, do mundo dos animais falantes ao seu próprio mundo, munidos de uma maçã mágica, que salva a vida da mãe do menino, que estava adoentada. A semente da maçã dá numa árvore, cuja madeira é aproveitada para a confecção de um guarda-roupas, que se tornaria famoso...

A Última Batalha

Nos últimos tempos de Nárnia, um macaco muito esperto faz um burro fazer o papel de Aslan e o povo de Nárnia cai na conversa. Para ajudar o Rei Tiriano a voltar ao trono legítimo, novamente Eustácio e Gilda surgem, como por encanto, no meio da floresta. Nesse meio tempo, os quatro primos de Eustácio morrem em um acidente de trem na Inglaterra. Eustácio e Gilda ajudam o rei a encontrar o terrível demônio Tacha, o verdadeiro inimigo de Nárnia. No Juízo Final, Aslan aparece para convocar e fazer justiça a todos os principais personagens de Nárnia, inclusive as quatro crianças de LF, que, depois do último banquete, são transportadas de volta para a Inglaterra, onde consumem a sua morte e vão encontrar-se definitivamente com Aslan, na pessoa de Cristo (vão para o céu - heaven).

Como podemos ver, o que une todas as CN é que, com exceção de CM e UB, todas começam no mundo real e concreto das crianças, retratando as limitações da condição humana e, inserindo o elemento fantástico, "a partir de fora ".

Temas antropológicos, filosóficos, linguísticos e teológicos em LF

A Lei Natural

Dedicamos o presente capítulo a um conceito central da antropologia de Lewis, discutido principalmente em MC: o da lei natural, lei moral. Pode-se dizer que é um dos temas centrais de LF, tanto quando é afirmada (pelo comportamento ético das crianças), como quando é transgredida: a passagem do "manjar turco" (a escravidão do vício) é, neste sentido, antológica...

Comecemos pelo conceito de "lei natural" ou "natureza". Quanto a isto, é preciso considerar, antes de mais nada, que Lewis não está se referindo ao sentido do naturalismo, que se limita apenas: "Conjunto das leis que presidem à existência das coisas e à sucessão dos seres. Força ativa que estabeleceu e conserva a ordem natural de quanto existe. Conjunto de todas as coisas criadas; o universo."

Quando fala em "Lei Natural", Lewis se refere aos sentidos últimos de "natureza", quais sejam:

"Aquilo que constitui um ser em geral, criado ou incriado. Essência ou condição própria de um ser ou de uma coisa. Caráter, feitio moral, temperamento."

Lewis leva muito a sério, este conceito que aparece igualmente, por exemplo, numa obra central para a filosofia da educação de Lewis, The Abolition of Men (AB), Hooper:

"O cerne é o seguinte: como pode o cerne da questão é esta, em que medida a difusão da Lei Natural ou o Tao pode levar à a abolição do homem, através da natureza."

Para Lewis, se o homem será eliminado pela própria natureza, se não aprender a ter certo domínio sobre os seus impulsos naturais.

Nenhumas das duas condutas é aceitável: a de quem simplesmente se deixa por impulsos, nem, a de quem os reprime totalmente.

O comportamento que todos nós visamos não é simplesmente o "natural", como é natural para um macaco comer bananas, mas o que corresponde a algum padrão externo (o que combina melhor com a ocasião e o que, à medida do possível) corresponda ao mesmo tempo ao que jeito de ser de cada um.

Ninguém poder ser simplesmente bom, da mesma forma como não podemos retornar ao paraíso perdido. Mas não podemos tapar os olhos para o bem que Deus planejou para nós por ocasião da criação da natureza.

Como se lê no Gênesis, o pensamento original que Deus teve ao criar o homem era bom..

Portanto, originalmente, nisto Lewis concorda plenamente com Santo Tomás, o homem tende para o bem. Esta é a definição clássica da Lei Moral, como explica Hooper:

"A definição clássica pode ser encontrada em São Tomás de Aquino. `A lei natural não é nada mais, nada menos do que a luz do entendimento posta em nós por Deus; através dela sabemos o que devemos fazer e o que devemos evitar. Deus concedeu esta luz ou lei no ato da criação ´ (Collationes in decem praeceptis 1). Entretanto, bem antes de Cícero, podemos ler em De Republica 11:33: 'Existe de fato uma lei verdadeira - a saber, a reta razão - que está de acordo com a natureza, aplica-se a todos os homens e é imutável e eterna. O texto central no Novo Testamento no qual a Lei Natural se baseia, encontra-se em Romanos 2:14-15, onde São Paulo afirma que ' quando os gentis, que não tem lei, fazem naturalmente aquilo que a lei determina, mesmo sem lei tornam-se lei para si mesmos. Mostram que o que a lei determina está inscrito em seus corações enquanto e a sua consciência também o testifica´. Em AB, Lewis define esta como sendo a `doutrina do valor objetivo´ a crença que certas atitudes sejam realmente verdadeiras, e outras realmente falsas para o que universo é e para o que somos.´"

Deus explicita sua presença invisível ao homem, de uma forma bela e terrível ao mesmo tempo, como lemos em outro trecho de Romanos: "Sua realidade invisível - seu eterno poder e sua divindade - tornou-se inteligível, desde a criação do mundo, através das criaturas, de sorte que não têm desculpa ".

Por isso é que a proximação de Aslan é sempre terrível e boa ao mesmo tempo.

Na primeira parte de MC, Lewis fala da lei da moral como algo por si só evidente, e que se manifesta quando nos queixamos, se acaso ela é quebrada. Quando interpretamos a conduta de alguém, por exemplo, consciente ou inconscientemente partimos de algum padrão ou "cartilha" invisível, que não é imposta por ninguém, mas na qual sempre esbarramos.

Não se trata de algo absoluto. Ela inclui sempre uma margem de incerteza, mas o fato é que ela existe real e objetivamente, como Lewis comenta neste trecho de MC:

"não se pode estar certo de que existe algo além dos fatos, alguma lei em relação à qual os fatos devam ocorrer, distinta dos próprios fatos. As leis da natureza, da maneira como são aplicadas as pedras e árvores, só podem significar `o que a natureza, de fato faz´. Mas quando se considera a Lei da Natureza Humana, a Lei do Comportamento Correto, a coisa muda. Esta lei certamente não significa `o que os seres humanos de fato fazem, `pois como já disse anteriormente, a maioria não obedece mesmo esta lei, e ninguém a cumpre perfeitamente. A Lei da Natureza Humana nos diz o que os homens devem fazer e não fazem".

Para esconder suas limitações, o homem apela para as máscaras e o simulacro do dia a dia. Erramos, tudo bem, mas procuramos não cometer o mesmo erro duas vezes. O cristão, autêntico diz Lewis, difere apenas por ter incorporado o modelo de Cristo, que pretende imitar. De acordo com a doutrina Cristã, com o tempo, e graças à cooperação do Espírito Santo, ocorre o "bom contágio", ou seja, uma uma assimilação das virtudes e do modo de ser de Cristo. Em MC ainda, Lewis expica este fenômeno à luz da história de "alguém que tinha que usar uma máscara, que o fazia parecer muito mais belo do que era na realidade. Ele teve que usá-la por muitos anos. Quando a tirou, viu que a sua verdadeira face havia se moldado à máscara. Agora ele era belo de verdade. O que fôra um disfarce tornou-se uma realidade. "

Ninguém gosta do disfarce ou da farsa, mas, quando o modelo é Cristo, o resultado é sempre lindo... George Mac Donald já chamava atenção para este lado terrível da saga do ser humano, que conhece muito bem e aplaude a Conduta Ética, mas nunca não consiga cumpri-la totalmente. A Lei Moral e os Mandamentos Divinos servem para isto: lembrar-nos de sempre estar usando a chave certa para resolução deste dilema que é Cristo.

"The immediate end of the commandments never was what men should succeed in obeying them, but that, finding they could not do that which yet must be done, finding the more they tried the more was required of them, they should be driven to the source of live and law - of their life and His law - to seek from Him such reinforcement, of life and His law - to seek from Him such reinforcement of life as should make the fulfillment of the law as should make the fulfillment of the law as possible, yea, as natural as necessary ".

Na verdade, boa parte da essência do pensamento ético de Lewis, fundamentalmente anti-maniqueu, encontra-se resumida na carta IX de Screwtape: o prazer e a matéria são campo exclusivo de Deus ("o Inimigo"), tudo o que está ao alcance do mal é a distorção dos canais naturais previstos por Deus para a realização do prazer. Assim diz o diabo velho: "Dá-se o mesmo com os outros ... fórmula" p. 44

Home | An English Homepage on C.S. Lewis | A brief chronology of Lewi's writings | A Portuguese Home Page on C.S. Lewis |
An English Homepage on Pieper | |
If you have any suggestions or comments mail me luna@usp.com

This site was created on October 16th, 1997.

1