Biografia

Quem é Ângela Rô Rô?

Ângela Maria Diniz Gonçalves nasceu no Rio de Janeiro em 5 de dezembro de 1949. O apelido de Rô Rô veio da adolescência, por causa da voz grave e rouca que mais tarde viria a se revelar um talento singular. Rosto de "anjo mau", olhos verdes, penetrantes, um sorriso sincero e às vezes debochado denotam sua personalidade forte.

Estudou piano erudito desde os cinco anos. Começou a tocar profissionalmente em casas noturnas de Ipanema, sempre influenciada por vozes como Maysa, Jacques Brel e Ella Fitzgerald. Gravou seu primeiro disco - Ângela Rô Rô - em 1979, pela Polygram. Com este álbum estourou os sucessos "Amor, meu grande amor" e "A mim e a mais ninguém". Nos trabalhos que se seguiram demonstrou sempre bom gosto na escolha do repertório e profundo romantismo em suas composições.

Rompendo os limites da interpretação, tem muitas canções de sua autoria e total afinidade com a teoria musical. Quem teve a oportunidade de assistir um show dela sabe o quanto vale a pena. A despeito dos boatos e da fama de grossa, bastante explorados pela mídia, podemos ver um ser humano doce e apaixonado em cada verso, em cada nota e em cada olhar de suas performances.

Surgimento, início da carreira e consagração

Em fins dos anos 70 o Rio de Janeiro presenciava o surgimento de uma voz inesquecível da MPB. Num período de grande importância para a música popular, Ângela Rô Rô começava a encantar os apreciadores da boa música com seus belos olhos verdes e voz grave.

Sempre irreverente, conquista fãs e admiradores pelo comportamento ousado e por vezes debochado em seus shows, além do romantismo sem pieguice, totalmente passional, que é característica marcante em seu trabalho.

Paixão é a palavra, como ela mesmo define: "neste mundo doido de injustiças e dores eu consigo vislumbrar valsas e tangos, boleros e rocks, baladas e swing num jazz contínuo de esperança". De personalidade forte e ousada, a artista costuma se apresentar cantando ao piano, com textos de caráter confessional, entre as quais os sucessos "Amor, meu grande amor", "Só nos resta viver" e "A vida é mesmo assim".

Seus shows chamam a atenção também por um componente de escândalo que já marcou a sua imagem, e pela homossexualidade assumida publicamente sem rodeios. Não é difícil imaginar que por trás dessa figura explosiva há um lado doce, romântico e carinhoso. Rô Rô sofreu muito, e a bebida contribuiu bastante para que ela devolvesse ao mundo um pouco do sofrimento que recebeu.

Atualmente anda meio sumida. Enquanto o "axé-bunda" toma conta das gravadores, a produção de MPB anda meio carente de estímulo. A mídia resolveu deixá-la em paz, pelo menos por enquanto. Todo ser humano tem esse direito. Mas seus fãs continuam em alerta, à espera de novas canções que permeiem de amor a vida os corações e os sonhos.

A personalidade forte, o caráter explosivo e escandaloso

Que Ângela Rô Rô tem personalidade forte, ninguém duvida. Seu sorriso maroto, olhar de anjo mau, um deboche por vezes proposital são suas marcas. Durante muito tempo a garrafa de whisky foi companheira indispensável de palco. "Boa noite, obrigada por terem vindo, com licença!" ou "Obrigada, a gente faz o que pode..." Quem foi a um de seus shows, certamente lembra-se dessas frases e de muitas outras...

A bebida atrapalhou bastante, aliada ao temperamento forte e escandaloso, só lhe trouxe problemas. Suas piadas e sátiras sem nenhuma hipocrisia também alimentaram a imprensa sensacionalista: revistas e jornais querendo ganhar dinheiro às custas dos outros. Como se não bastassem as das dores em sua vida particular, problemas familiares e sentimentais, volta e meia esteve encrencada.

Processos e fichas na polícia não faltam em sua história. Alguns incidentes foram amplamente divulgados na imprensa, como a agressão contra a então namorada, Zizi Possi, em 1981, ou os supostos boatos que teria espalhado sobre a apresentadora Xuxa e as paquitas. Ângela nega tudo. "Ela sabe que nunca encostei a mão nela. Mas costumo brincar nos shows dizendo que, depois de tudo o que passei, tenho até saudades da época da Zizi".

Assume, porém, que já bateu em mulher, sim. Mas que hoje não conseguiria mais. “Bati e apanhei muito, também. Mas não sou essa mulher violenta que dizem por aí. Já bebi muito, mas não era nem conhecida. Nunca tive nada a esconder de ninguém. Sei que deveria ter dado menos mole e me fechado para aproveitadores. Mas se acontecesse hoje, faria tudo outra vez”.

A fama de barra pesada acabou contribuindo de forma negativa. No final de 97, foi indiciada por tentativa de incêndio no prédio onde mora, em Copacabana. Até hoje ela responde ao processo. “Na verdade são dois. Um por causa da suposta tentativa de incêndio e o outro me acusando de ser traficante e cafetina. Imagina se faria isso? Todos que me acusam desapareceram. Não há provas. Mas estou morrendo de medo de decretarem uma prisão preventiva. Não sou ré primária. Já fui fichada na polícia. Mas estou sem grana para pagar ao advogado...”

O talento inquestionável e as influências musicais da artista

Pouco antes da explosão do rock, nos anos 80, Rô Rô marcava época pela mistura de blues com samba-canção que até hoje a notabiliza. Em seu repertório constam clássicos de Chico Buarque, Cazuza, que misturados a composições de sua autoria demonstram ecletismo e bom gosto. Entre seus maiores sucessos estão as canções feitas em parceria com Sérgio Bandeyra e com Ana Terra, das quais "Amor meu grande amor" é considerada obra-prima, tendo inclusive sido gravada pelo Barão Vermelho.

Cantando em Inglês, Francês ou Espanhol Rô Rô também não decepciona. Não é à toa que seu nome já foi associado ao de cantoras-compositoras como Maysa e Dolores Duran, pela música de fossa, e Janis Joplin, pelo blues e rock americanos. Ambas são influências e fontes confessas de inspiração. Até mesmo nas baladas, que normalmente têm um caráter comercial, ela dá o toque, o tom, que fazem a diferença. Sua música é singular.

Mesmo sem gravadora ela está louca para fazer um disco de jazz mesclado com samba. Não tem jeito, está em suas veias, em seus pulmões e coração. Ela não inventa música; a música emana do seu ser. A vida continua, e os fãs esperam que ela volte aos palcos em breve.

O ser humano Ângela Rô Rô

Os últimos anos não foram fáceis para Ângela. A cantora quase enlouqueceu após a morte do pai, em 97. “Dizia aos meus amigos que estava enlouquecendo de dor. Meu pai morreu de abandono, chamando por minha mãe. E ela não foi socorrê-lo. Aprendi o que é sofrer”.

Entregue à dor, Rô Rô engordou muito. Não saía de casa e mal conseguia andar. Contou em uma entrevista para a revista Caras, que sua principal companhia era a namorada, Vanessa que a ajudava a se reerguer.“Virei um trapo. Me tornei uma pessoa machucada e amargurada. Ela pintou na minha vida após a morte de meu pai. Dizia para ela olhar bem para mim e ver que estava perdendo tempo. Acabei me apaixonando e descobrindo que ainda tenho muito amor dentro de mim”.

Ângela Rô Rô está em busca de paz. Pesando 90 kg e jurando que em breve vai entrar numa dieta rigorosa, a cantora passou um fim de semana no Hotel Canton, em Teresópolis (RJ), para recarregar as energias. Acompanhada da namorada Vanessa, ela está cheia de vida. Há bastante tempo sem beber, vem, corajosamente, enfrentando o medo da morte. “Estou com 48 anos e tentando encarar a terceira idade com dignidade. Sei que não posso correr atrás dos anos vividos”, contou num bate-papo à beira da piscina do hotel.

Às voltas com um projeto de escrever um almanaque sobre sexo, Ângela tem o que comemorar. “É um momento especial. Estou cuidando de mim. Quero ficar mais forte, cantar com mais vigor. Fiquei com medo de perder a alegria e o bom humor. Mas, graças a Deus, a alegria continua”.

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