sexta-feira e sábado — 10 e 11.11.2000

Nosso excelentíssimo senhor doutor comendador administrador delegado presidente cavaleiro do zodíaco inventou uma reunião semanal que se dá num café da manhã… Às 8h30 da matina!

É meio perda de tempo, e todo mundo na empresa acha a mesma coisa, mas é aquela demagogia de chefe. O único problema é que o cara disse umas coisas que me deixaram de cabelo em pé. Não sei não, Portugal Urgente pode acabar tendo uma vida mais curta do que o previsto.

Mas eu estou reclamando à tôa porque o café no Bom Dia é até bem bom. O primeiro foi numa quinta, o segundo falhou e acabou nessa sexta.

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Sabadão, Museu do Azulejo. Uêba.

Localizado lá pros lados de Xabregas, a meio caminho do Parque das Nações, pela beira do Tejo, as quebradas têm cara de cidade do interior.

Inaugurado em 1965, o museu ocupa o que foi um dia o Convento da Madre de Deus, edificação de 1509, na Rua da Madre de Deus, número 4.

Organizado cronologicamente, começa por mostrar como eram feitos os azulejos e vai avançando no tempo, a contar de mil quatrocentos e guaraná com rolha, até a década de 70, passando por peças de origens variadas, não só portuguesas. Vimos até azulejos indianos. Há alguns realmente impressionantes, daria para fazer e vender papéis de parede do Window com alguns. Bem, não sei se alguém iria comprar, mas enfim…

Os painéis impressionam pelo tamanho, nem tanto pelo conteúdo. O painel que mostra Lisboa antes do terremoto de 1755, entretanto, vale pelo curioso. Ande um pouco pela cidade antes de vir aqui e tente reconhecer alguns dos pontos de Lisboa.

Ah, e perca um tempinho olhando os azulejos que formam padrões de perto e de longe. Faz uma diferença…

Show de bola mesmo é a igreja anexa, vista do coro alto, todo em madeira trabalhada, com painéis de pinturas no teto e relíquias de santos (?) nas paredes. A igreja dá a impressão de ser revestida de ouro e impressiona pela luminosidade. Não pudemos descer para a igreja e nem para o coro baixo, em reformas. Aliás, essa cidade parece estar em reforma geral. Tem muito dinheiro da CEE rolando por aqui ainda.

Há ainda um restaurantezinho bem simpático, de comida obviamente portuguesa, mas que estava chapado e meu chefe me ligou dizendo que estava indo até o Vasco. Vamos lá, assistir The Cell, com a latiníssima Jennifer Lopez.

A Warner-Lusomundo é a distribuidora dona da maior (e quase única) cadeia de cinemas daqui de Lisboa. Os cines da Warner são multiplexes tipo Cinemark e têm uma apresentação dos personagens do Pernalonga antes do filme (dizendo que não é permitido fumar, pedindo silêncio durante a projeção etc.) E aí tomo mais um choque cultural ao ouvir o Patolino arrematar um «Exatament', ó pá!» Eeeeeeew!

O filme poderia ser melhor. Poderia ser bem melhor, aliás, e ainda deixou aquela sensação de que a seqüência já está planejada. Ou que o seriado já foi vendido (more likely). Mas a cena da JL dando um tapa, envolta em mandalas e diagramas de quiromancia arranca um smirk.



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