CONTRADIÇÃO - 12 anos de saudade!
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1a Mostra Individual da Artista Contemporânea Cari Lopez, realizada de 24/08 à 03/10 de 1986 no SENAC - Campinas - SP |
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Nasceste da ira do cosmos... Nasceste do véu que ainda te enlaça. Nasceste da canção das bocas molhadas. Nasceste da cor que agora me resta e tenta te invadir, talvez a cor da tua muda voz, porém presente, do que sentes e que escondes, da morte - vida, Severina ou não, uma canção que surge da alma perfumada de cada um, sem rótulos, sem códigos ou aparências, somente a essência, a própria contradição.
Trago em meus enlevos a marca de teus relevos, não estou só, pois queira ou não, a mesma farpa que te fere é a que te faz voar.
À todos aqueles que não se dão o direito de ouvir as próprias necessidades, àqueles que ironicamente sobrevivem, àqueles que vivem a violência, a própria morte, a solidão de cada dia, a mensagem da magia contida em cada um...
Cari Lopez - out / 86
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Palavras de Paulo Cheida Sans
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Cari Lopez, apresenta nesta amostra, obras cujo tema é o ser humano, seus sentimentos, diante do mundo envolvente em que vivemos, abrangendo parâmetros que caminham desde o amor até o ódio.
A artista concilia esses polos opostos na mesma obra, ora simbolizado pela pipa, induzindo virtudes, ora visualizado pelo arame farpado, mostrando o lado do homem/animal, capaz de enganar-se até a si próprio.
A pipa e o arame farpado servem de ponto referencial para a análise da vida, em busca de um viver melhor, da verdade da honestidade, contrastando com a mesquinhez, o perigo que evidencia a limitação do homem.Sua técnica é espontânea, assim como suas denúncias explodem naturalmente colocando em questão as atitudes do ser racional perante o seu meio.
A figuração expressiva de sua obras é enigmática, misteriosa, capaz de retratar uma cena repleta de medo e violência, captando a suavidade e inocência do momento.Essa relação antagônica em seus trabalhos, retratam o interior do homem na atualidade, o âmago do seu EU, destacando a pureza e a poesia que entrelaçam numa ânsia de se relacionarem de forma profunda com seu semelhante.
Cari mostra a espera angustiosa do ser humano ao aguardar a reciprocidade de uma dedicação fraternal entre os seres, por constituir-se no alimento vital inerente à própria vida.
Paulo Cheida Sans - 11/07/86
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