ceu.gif (10142 bytes)O dia em que
o céu foi descoberto


Como era normal naquela época, Caio tocou na minha casa às três da tarde:

-Tá fazendo alguma coisa?
-Não. Qual é o programa?
-Bóra lá no terraço do prédio.
-Como?
-Eu desparafusei a janela, dá pra gente passar pro outro lado. Lá é muito maneiro.
-Tá bom. -concordei rapidamente, na falta de programa melhor.

A primeira vez que se sobe na casa de máquinas, toma-se seguidos sustos por causa do elevador, que faz muito barulho. É como se alguém o tivesse perseguindo e você não soubesse de onde: pesadelo de criancinha.

A abertura da janela era grande, não ficava difícil de passar. De qualquer forma, fiquei enrolando até onde pude, já que eu sempre fui um garoto muito cagão. Até que, após dez minutos de discussão com Caio, finalmente tomei coragem e atravessei a janela, todo afoito e me arranhando todo. Anda assim porque ele já estava do outro lado com meu chinelo, ameaçando não me devolver se eu não pulasse.

Depois, subir a escada interna não foi difícil. Lá em cima, do ponto mais alto, a vista era linda! Dava pra ver a Ponte Rio-Niterói, o Hospital do Andaraí, até a Torre de Pisa (logicamente só a Pizzaria homônima à torre). Caio interrompeu o silêncio:

-Vamos dar um nome maneiro pra isso aqui.
-Bóra. O que você propõe?
-Lá no prédio da minha vó a gente chama de céu.
-Taí, gostei. É o céu.


OBS: Algum tempo depois, Carlos, detentor das mais puras e simples deduções lógicas, propôs que passássemos a entrar no céu pela porta de acesso, já que a chave reserva ficava lá em cima mesmo, numa caixinha facilmente violável.


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