MulherOta.gif (11982 bytes)

  Ledo
Engano

O homem tem uma hora que fica... animado, digamos assim. Estava eu numa dessas horas. Não pensem besteira! A animação não era para posições reprodutivas, era só um contato físico. Bom, esquece essa estória. Sou um garoto de família de 15 anos; nunca penso besteira. Não, nunca faço besteira.

Voltando ao assunto, estava eu no estado de animação. Então lembrei de uma garota, conhecida do Guilherminho. Vou chamá-la de Y. Havia conversando um pouco com ela, mas não tinha visto seu rosto, pois foi no cinema e estava escuro. Percebi que havia rolado uma "condição" do lado dela. Devia ser bonitinha, pensei: ledo engano.

Guilherminho pegou o telefone dela. Eu liguei e avisei que ia, aproveitando o aniversário do meu tio, já que ela morava no prédio ao lado. Quando Y. apareceu, tive uma surpresa: ela não era lá essas coisas em termos de beleza exterior. Para dizer a verdade, era feinha. Não, na verdade era horrível. Tinha os dentes jogados de forma desordenada na boca e seu nariz era bastante saliente. Guilherminho na verdade já tentara me avisar, mas não dei ouvidos, naquela época ele estava muito exigente.

A essa altura o leitor deve estar pensando: "Pôxa, é o maior vacilo com a garota. E ele também não é nenhum Tom Cruise". Eu sei, eu sei. Mas vocês hão de convir que, quando a garota que não é nem um pouco bonita age como se fosse, provoca uma situação muito engraçada.

Y. chegou, cumprimentou a todos, mandou um olhar fatal-convidativo para mim, e avisou ao pessoal que ia ver se "tinha alguém ali". (ali era um cantinho escuro no play, que só tinha vista para o campo de futebol, deserto até então).

Vendo que ia esperar por mim até o resto da vida, voltou e botou logo o pé em cima do banco, para que a minissaia se tornasse mais mini ainda e eu pudesse apreciar suas pernas.

Depois de refletir algum tempo sobre o que fazer, o que não fazer, e o que jamais fazer, resolvi dar uma chance a ela para conversarmos. Afinal de contas, já estava lá mesmo e sabia que ela estava a fim:

-Y., vamos pra lá pra você me mostrar o condomínio (isso mesmo: lá era "ali").
-Vamos.

No caminho Y. fez um comentário que mostrou que eu não devia esperar muito do papo dela, era tão fraco quanto o exterior:

-Quando eu não tenho nada pra fazer, me amarro em ficar jogando meleca lá da varanda.
-Jogar meleca?!
-É engraçadão.
-Nunca experimentei não.

E mudei de assunto porque meu ouvido não é penico. E como ela falava palavrão! Sua educação deixava a desejar. Era daquelas que literalmente usava "porra" como vírgula, fora expressões mais pesadas as quais não acho necessário relatar.

Agora lá estava eu. Lá, não: "Ali". Doido para arranjar uma desculpa para cair fora. Rezando por um milagre.

Foi então que ele aconteceu. Apareceu um velho cidadão para fazer uma caminhada no campo de futebol. E o cara não parava de olhar para a gente.

-Aquele cara é seu pai? -perguntei.
-Não, o que é isso! Chatão aquele cara, né?
-É. Muito chato. Mas esse cara não vai sair dali tão cedo. E depois, está na hora do parabéns do meu tio. É melhor eu ir logo.

Fomos até o pessoal e disse:

-Bóra, Guilherme!
-Eu levo vocês até a porta do prédio. -insistiu Y.
-Vou de escada -disse Guilherme, sem saber se havia rolado alguma coisa.
-Pra quê, Guilherme? -disse com a melhor cara de inocência que aprendi a representar.

E lá fomos nós. Chance de voltar lá? Digamos que no dia trinta de fevereiro eu penso nessa remota possibilidade.


O que você achou desta crônica

  muito boa      boa       regular       ruim


pagprinc.gif (2205 bytes)

1