Louvor do Natal
Reunião pública de 18.12.59
Questão n.º 1.017
Senhor Jesus!
Quando vieste ao mundo, numerosos conquistadores haviam passado, cimentando reinos de pedra com sangue e lágrimas.
Na retaguarda dos carros de ouro e púrpura, em que lhes fulgia a vitória, alastravam-se, como rastros da morte a degradação e a pilhagem, a maldição do solo envilecido e o choro das vítimas indefesas.
Levantavam-se, poderosos, em palácios fortificados e faziam leis de baraço e cutelo, para serem, logo após, esquecidos no rol dos carrascos da Humanidade.
Entretanto, Senhor, nasceste nas palhas e permaneceste lembrado para sempre.
Ninguém sabe até hoje quais tenham sido os tratadores de animais que te ofertaram esburacada manta por leito simples, e ignora-se quem foi o benfeitor que te arrancou ao desconfroto da estrebaria para o clima do lar.
Creceste sem nada pedir que não fosse o culto à verdadeira fraternidade.
Escolheste vilarejos anônimos para a moldura de tua palavra sublime... Buscaste para companheiros de tua obra homens rudes, cujas mãos calejadas não lhes favoreciam os vôos do pensamento. E conversaste com a multidão, sem propaganda condicionada.
No entanto, ninguém conhece o nome das crianças que te pousaram nos joelhos amigos, nem das mães fatigadas a quem te dirigiste na via pública !
A História, que homenageava Júlio César, discutia Horácio, enaltecia Tibériio, comentava Virgílio e admirava Mecenas, não te quis conhecer em pessoa, ao lado de tua revelação, mas o povo te guardou a presença divina e as personagens da tua epopéia chamam-se "o cego do Bratimeu", "o homem de mão mirrada", "o servo do centurião", "o mancebo rico", "a mulher cananéia", "o gago de decápolis", "a sogra de Pedro", "Lázaro, o irmão de Marta e Maria"...
Ainda assim, Senhor, sem finanças e sem cobertura política, sem assessores e sem armas, venceste os séculos e estás diante de nós, tão vivo hoje quanto ontem, chamando-nos o espírito ao amor e à humildade que exemplificaste, para que surjam, na Terra, sem dissensão e sem violência, o trabalho e a riqueza, a tranqüilidade e a alegria, como bênção de todos.
É por isso que , emocionados, recordando-te a manjedoura, repetimos em prece:
- Salve, Cristo ! Os que te aspiram a conquistar desde agora, em si mesmos, a luz do teu reino e a força de tua paz, te glorificam e te saúdam ! ...
Emmanuel in Religião dos Espíritos p. 251/252