Perplexo
( Herbert Vianna / Bi Ribeiro / João Barone )

Tentei te entender
Você não soube explicar
Eu fiz questão de ir lá ver
Não consegui enxergar
Desempregado, despejado, sem ter onde cair morto
Endividado sem ter mais com que pagar
Nesse país, nesse país, nesse país
Que alguém disse que era nosso
Mandaram avisar
Que agora tudo mudou
Eu quis acreditar
Outra mudança chegou
Fim da censura, do dinheiro, muda nome, corta zero
Entra na fila de outra fila pra pagar
Quero entender, quero entender, quero entender
Tudo que eu posso e o que eu não posso
Não penso mais no futuro
É tudo imprevisível
Posso morrer de vergonha
Mas eu ainda estou vivo
Segunda-feira, Terça-feira, Quarta-feira
Quinta-feira, Sexta-feira, Sábado de aleluia
Eu vou lutar, eu vou lutar
Eu sou Maguila, não sou Tyson


Dos Restos
( Herbert Vianna / Liminha )

Do lixo deixado
Dos restos que o mundo
Não tem como esconder
Nos cantos escuros
Nas fendas dos muros
Veja se você vê

Surgem novas criaturas
Novos pontos de interrogação
Nossa casa não é mais tão segura
E as crianças querem alguma explicação

Mas é preciso coragem pra não desistir
E não achar que tudo que vivemos foi em vão
Pra essa nova moral oportunista
Eu me viro e digo não!

 

Pólvora
( Herbert Vianna )

As teorias que explicam o universo
Os versos que vasculham o coração
Os garis, estivadores e arquitetos
A fé manipulada dos cristãos

As alegrias, alegrias, os afetos
Os fatos, frases, a simulação
O país ajoelhado, a morte, o sexo
A culpa e o olhar de acusação

O que é tudo isso diante da pólvora?
(Dessa paixão que se renova)

Os dias, datas de aniversários
Os quartos de hotel, o avião
Os livros, discos, dicionários
A madrugada e o andar sem direção

Os velhos, as crianças e os parques
Os templos, tumbas e memoriais
A nova velha forma do desastre
Bandeiras, panos, lenços, aventais

O que é tudo isso diante da pólvora?
(Dessa paixão que se renova)

 

Nebulosa do Amor
( Herbert Vianna )

Lá fora é tudo cinza e azul
É a hora mais propícia
Vê-se a olho nu
Cruzando o céu
Pequenas astronaves do amor
Vindas de um planeta
Da nebulosa do amor
Ontem, hoje, outro dia já passou
Alguém que eu não conhecia
Hoje me mostrou
Cruzando o céu
Pequenas astronaves do amor
Vindas de um planeta
Da nebulosa do amor

Se Você me Quer
( Herbert Vianna )

A velha idéia me assalta
Porque descobri enfim
Os tais cenários de dor
Como nos livro que li
E a sensação me toca
Fundo em algum lugar
Aonde é tudo familiar
Como lugares que nunca vi
Mas se você me quer eu te quero
Se não, não me desespero
Afinal eu respiro por meus próprios meios
Afinal eu vivo enquanto espero

 

Rabicho do Cachorro Rabugento / Cachorro na Feira
( Herbert Vianna / Bi Ribeiro / João Barone )

Eu vim do norte com um cachorro fedorento
Com dois sacos de cimento, muita fome e muito amor
Não me interessa, você pegue o seu cimento
E também leve esse cachorro com cara de sofredor
Não fale assim desse meu bicho esganiçado
Ele é feio que é danado mas ele é bom caçador
Eu nunca vi um caçador como esse troço
Só tem couro sobre os ossos
Não consegue nem andar
Se esse bicho vê um rato
Sai corrido para o mato que é pra nunca mais voltar
Então me diga seu doutor faça o favor
Que rato é esse que eu nunca vi igual
Que assusta um elemento valente como esse cá
E o senhor fique sabendo que andaram me
Oferecendo um dinheirão no animal
Eu não aguento
Esse cachorro fedorento
E vá tirando já daqui
Esse seu saco de cimento

 

Esqueça o que te Disseram Sobre o Amor (Vai Ser Diferente)
( Herbert Vianna / João Barone )

Desculpas é que não vou pedir
Pelo que quero e o que não quero fazer
Outro dia eu apareço
Enquanto isso vamos nos entender
Esqueça o que te disseram
Sobre casa, filhos e televisão
É preciso sangue frio pra ver}
Que o sangue é quente
E que vai ser diferente
Vai ser diferente
Vai ser diferente
Pode ser o que você nunca viu
Pode ser o que você tem na mão
Pode ser exatamente o que eu digo
E tambem pode não
Entao esqueça seus sonhos
Esqueça as regras e a exceção
É mais real, cru e fascinante
É mortal, passivel de ressurreição
Vai ser diferente
Vai ser diferente

 

Lanterna dos Afogados
( Herbert Vianna )

Quando tá escuro
E ninguém te ouve
Quando chega a noite
E você pode chorar
Há uma luz no túnel Dos desesperados
Há um cais de porto
Pra quem precisa chegar

Eu estou na lanterna dos afogados
Eu estou te esperando
Vê se não vai demorar

Uma noite longa
Pr'uma vida curta
Mas já não me importa
Basta poder te ajudar
E são tantas marcas
Que já fazem parte
Do que eu sou agora
Mais ainda sei me virar

Eu tou na lanterna dos afogados
Eu tô te esperando
Vê se não vai demorar

 

Bang-Bang
( Herbert Vianna )

Se o sol pudesse ver
Tudo que ia acontecer
Talvez não nascesse aquele dia
Se as orações das mães
Tivessem sido ouvidas
Nada disso acontecia
Mas naquele dia até Deus se escondeu
Não quis ouvir pedidos de socorro
A voz da razão sumiu
Quando a polícia civil subiu o morro
Fogo sobre os dois irmãos
Nem mão nem contra-mão
É só sangue, terra e cocaína
A ferida rasga a terra e mostra um coração
Que sangra e que se contamina
Mas naquele dia até Deus se escondeu
Não quis ouvir pedidos de socorro
A voz da razão sumiu
Quando a polícia civil subiu o morro

Lá em Algum Lugar
( Herbert Vianna )

Não importa se o que ficou
Marcou, doeu, me machucou
Nem a porta que se fechou
Eu sei que lá em algum lugar
Ficou uma luz acesa
No escuro desse amor
Que se apagou
A luz que um dia brilhou
Só existe num canto do coração
Naquela carta, nessa canção de amor
Uma luz acesa
No escuro, meu amor

Jubiabá
( Alan Roberts / Lord Kitchner - Versão: Jerônimo )

É ele o estivador
Seu swing é o suor
Toda nega faz amor com ele
Toda branca tem o maior tesão
Arerê de confusão na pele
É Jubiabá seu protetor
Balduino guerreia
É de canto e de samba
É comum no coração
Luta pela divisão
Na beira do mangue é rei
Despediu-se um grande amor
Uma bala cega sem destino
Foi no peito do trabalhador
Esse era o sonho do menino
Balduino sempre vencedor
Balduino guerreia

Ficha Técnica

GRAVADORA: EMI-Odeon
PRODUÇÃO: Carlos Savalla e os Paralamas
DIREÇÃO DE PRODUÇÃO: Jorge Davidson
TÉCNICOS DE GRAVAÇÃO: Renato Luiz
CAPA E ILUSTRAÇÕES: Ricardo Leite
FOTOS: Maurício Valladares
COORDENAÇÃO GRÁFICA: J.C. Mello

 

 Músicos Convidados

João Fera - teclados/violão
Mattos Nascimento - trombone/vocal
Monteiro Jr. - saxofone
Demétrio Bezerra - trumpete/flugelhorn/vocal
Armando Marçal - percussão
George Israel - sax em Lá em Algum Lugar

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