A planta Banisteriopsis caapi é uma trepadeira que cresce na Amazônia
e produz uma droga conhecida pro vários nomes: para os índios brasileiros e
colombianos ela é a caapi, enquanto no Peru, Bolívia e Equador ela é chamada
de ayahuasca. Nos Andes ela tem o nome de yagé, e é obtida através da
fervura das cascas recém-tiradas da trepadeira caapi.
De acordo com a região, outras plantas psicoativas podem ser misturadas ao
preparo de caapi, como a datura, rica em alcalóides da beladona, e a
Banisteriopsis rusbyana, que contém DMT (n,n dimethyltryptamine,
um poderoso alucinógeno). Depois de fervido durante horas, o equivalente a
um copo de beberagem contém cerca de 400 miligramas de alcalóides, o
que, segundo pesquisadores norte-americanos, é quatro vezes superior à dose
necessária a uma pessoa não habituada ao uso frequente da droga. Grandes
quantidades de yagé podem causar morte por envenenamento.
O princípio ativo do caapi, conhecido como harmina, pode ser extraído e
transformado em cloreto de harmina, droga aspirada ou mascada para produzir
os mesmos efeitos da beberagem.
Imediatamente após a ingestão de yagé, o usuário vomita; em seguida, começam
os efeitos propriamente ditos: embriaguez acompanhada por alucinações e
espoucar de luzes coloridas. Também pode ocorrer insônia, perda de coordenação
e vertigens. À medida que os efeitos se intensificão, as alucinações entram
num grau mais avançado e o usuário pode experimentar um aumento de visão
noturna e um desenvolvimento da energia psíquica, assim como uma estimulação
dos sentidos sexuais. Um estudo realizado nos Estados Unidos afirma que "yagé
em demasia pode transformar a mente num pesadelo de visões, acompanhadas
por sentimentos pertubadores".
A harmina produz efeitos e sensações semelhantes aos da mescalina, acrescidos
de embriaguez. Afirma-se que a droga aumenta a percepção extra-sensorial,
fazendo com que o usuário adquira a capacidade de prever eventos futuros.
Durante muito tempo o alcalóide harmina foi conhecido pelo nome de telepatina,
isso por induzir fenômenos telepáticos. Alguns relatos asseguram que o yagé
pode funcionar como estimulante sexual, além de poderoso alucinógeno. A droga
produz, segundo um testemunho, "brilhantes flashes de luz na mente,
ilusões de objetos ficando maiores e menores, vívidas alucinações e uma
excepcional habilidade para enxergar na escuridão".
No Brasil, o consumo de yagé é legalmente permitido aos adeptos de várias
seitas religiosas da Amazônia, como a União do Vegetal e o Santo Daime,
que têm essa droga como elemento vital de seus cultos. Estas seitas fazem
uma mistura sincrética de espiritismo, catolicismo, pajelança, ritos
africanos e emprego do ayahuasca, que há séculos é utilizado nas
cerimônias mágicas e religiosas dos índios da região amazônica.
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