A categoria das drogas inalantes abrange diversas substâncias, sendo
três as principais: toluene, éter e clorofórmio.
O toluene é o ingrediente ativo da cola de sapateiro, cola de aeromodelismo,
fluido de isqueiro, tinta, gasolina, desodorante, spray para cabelo, limpador
de móveis e vidro, esmalte de unhas, etc. A inalação dos vapores liberados
por esse produtos provoca efeitos similares aos do álcool, assim como
alucinações em casos de doses exageradas. Os sintomas incluem euforia,
inquietação, confusão, desorientação, excitação e perda de coordenação
motora.
Inalações repetidas podem causar vertigens, vacilação, alterações na percepção
de cores, distorção do sentido de tempo e espaço e sensação de onipotência
ou de grande poder. A overdose é caracterizada por náuseas, vômitos,
fadiga, fraqueza muscular, dores estomacais, tremores, sentimentos de medo,
solidão e culpa, paralisia dos nervos cranianos e periféricos, delírio,
perda de consciência e até coma.
A ação do toluene é devida à sua capacidade de deprimir o sistema nervoso
central. Relatórios médicos divulgados na década de 60 afirmam que a droga
causa danos permanentes no cérebro, podendo inclusive matar o usuário, além
de corroer as membranas nasais, destruir o tutano dos ossos e danificar os
rins. O toluene ainda pode induzir impulsos violentos, lesões no fígado e
nos órgãos respiratórios, e cegueira.
O toluene pode gerar tolerância se for usado com frequência semanal durante
um período de cerca de três meses, a partir dos quais o usuário precisará
de doses sempre maiores para obter o mesmo efeito. Não se sabe se o toluene
causa depêndencia física, mas acredita-se que os usuários que inalam a
substância com muita frequência estão sujeitos à dependência psicológica.
Seus efeitos negativos podem ser revertidos com a suspensão do consumo da
droga.
O éter, conhecido cientificamente como éter dietil, foi descoberto no
século 13, e é produzido através da desidratação do álcool etílico pelo
ácido sulfúrico. Por volta de 1700, os universitários europeus passaram a
consumir éter recreativamente, em substituição às bebidas alcoólicas. Na
Inglaterra, o uso de éter como inebriante foi muito popular até o final do
século 19, quando a droga passou a ser proibida. Apesar de fora da lei, o
éter continuou popular entre os ingleses até seu uso começar a declinar, por
volta de 1920, quando o álcool tornou-se mais barato e mais fácil de se
comprar do que o éter.
Já nos Estados Unidos, o uso recreativo do éter teve um breve surto de
popularidade entre os anos de 1920 e 1933, quando o álcool esteve proibido
pela Lei Seca. Na época, as bebidas não-alcoólicas eram misturadas com éter
para provocar intoxicação. Mais tarde, durante a Segunda Guerra Mundial,
a substância foi muito consumida na Alemanha para compensar a falta de
bebidas alcoólicas.
No Brasil, o éter foi o ingrediente básico do lança-perfume, um produto
carnavalesco que podia ser inalado para gerar euforia e desinibição.
Apesar de proibido em 1961 pelo então presidente Jânio Quadros, o
lança-perfume continuou bastante difundido no país, sendo contrabandeado
principalmente da Argentina, onde é fabricado legalmente.
A utilização medicinal do éter remonta a 1846, quando a droga passou a ser
inalada como anestesiante. Doses moderadas de éter deprimem o sistema
nervoso central, produzindo efeitos inebriantes. O consumo de éter pode
provocar gastrite e até mesmo morte em casos de overdose.
O clorofórmio foi descoberto simultaneamente na Alemanha, na França e nos
Estados Unidos, em 1831. A substância é um líquido pesado e incolor, que
desprende vapores quando mantido em temperatura ambiente. Inicialmente o líquido
e seus vapores foram considerados como substitutos seguros para o álcool,
já que pequenas quantidades de clorofórmio causam euforia e desinibição
sem produzir ressacas. A substância foi aplicada como anestésico em partos
e cirurgias a partir de 1847, provando-se capaz de agir oito vezes mais
rápida e poderosamente que o éter. Com o passar do tempo, constatou-se
que uma overdose da droga poderia causar morte súbita por depressão
circulatória, o que fez com que o clorofórmio fosse paulatinamente abandonado
pelos médicos em favor de outras drogas anestésicas. Devido à sua potência,
o clorofórmio pode ser letal se ingerido oralmente em grande quantidade.
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