Tranquilizantes
Drogas tranquilizantes são uma invenção do século 20, desenvolvidas para
aliviar ansiedades, preocupações e temores. Junto com álcool, nicotina e
aspirina, os tranquilizantes são as drogas mais usadas e abusadas no mundo.
São várias as categorias em que estão divididos os tranquilizantes, que,
de maneira geral, atuam como agentes depressivos do sistema nervoso central.
Eles podem ser:
- Benzodiazepinas: Considerados tranquilizantes menores, incluem
medicamentos como Librium e Valium, duas substâncias farmacologicamente
similares, que são consideradas as drogas mais amplamente receitadas no
mundo todo. Esses dois remédios têm ação prolongada e pequeno potencial de
overdose ou formação de hábito. Consumidores de doses excessivas,
porém, podem tornar-se viciados.
- Meprobamatos: Representados principalmente pelos medicamentos
Equanil e Miltown, vendidos e receitados desde 1955, considerados
inicialmente como remédios seguros e não viciantes para o alívio de
ansiedades. Mais tarde, descobriu-se que essa substâncias possuíam enorme
potencial de overdose e de indução ao vício, produzindo euforia e
efeitos semelhantes aos dos barbitúricos.
- Metaqualona: Categoria que inclui medicamnetos como Quaalude
e Mandrax (ou Mandrix), substâncias sedativas e hipnóticas não-barbitúricas,
semelhantes aos meprobamatos. Atualmente, sabe-se que os metaqualones
possuem grande potencial de overdose e de vício, embora há alguns
anos a droga fosse considerada segura e incapaz de formar hábito.
- Fenobarbitais: Classe representada por tranquilizantes como Luminal.
Quando usada por breves períodos, a droga tem baixo potencial de vício e
overdose, agindo como relaxante muscular, sem os efeitos sedativos
dos outros barbitúricos. Quando ingerida de forma intensiva, a substância
pode causar dependência, com sintomas de síndrome de abstinência no caso
de suspensão repentina.
- Fenotiazinas: Abrange, entre outros, os remédios Thorazine,
Compazine, e Mellaril, considerados tranquilizantes maiores ou antipsicóticos,
com aplicação no tratamento de esquizofrenia. Essas drogas têm potencial de
overdose moderado, e praticamente não causam vício, embora possam
gerar efeitos colaterais, como sintomas semelhantes aos apresentados por
doentes do mal de Parkinson.
- Antidepressivos tricíclicos: Representados por produtos
farmacêuticos como Elavil e Triavil, empregados para elevar o ânimo. Eles
têm potencial de overdose considerável, embora seja baixo o risco
de vício. Têm sido amplamente receitados, apesar de alguns médicos afirmarem
que estes produtos só deveriam ser usados em caso de desordens psíquicas
graves.
Deve-se observar que a distinção entre tranquilizantes "maiores" e
"menores" nada tem a ver com seu grau de potência, mas sim com sua estrutura
química. Seu uso terapêutico atinge as áreas da odontologia, neurologia,
cardiologia, obstetrícia e ginecologia, ortopedia, pediatria, dermatologia,
cirurgia plástica e psiquiatria. Afirma-se também que os tranquilizantes são
úteis em alguns casos de tratamento de viciados em álcool, anfetaminas,
heroína ou barbitúricos. Sob o ponto de vista médico, eles são classificados
como sedativos, anticonvulsivos, relaxantes musculares, agentes antiansiedade
e soníferos.
Os tranquilizantes atuam sobre o sistema límbico do cérebro, afetando as
conexões dos circuitos sensoriais e motores, o que gera depressão do sistema
nervoso central. O usuário é induzido a um estado de calma e tranquilidade,
enquanto os músculos ligados ao esqueleto relaxam, fazendo desaparecer
tensões e ansiedades. A euforia resultante do emprego da droga pode afetar
a coordenação, a fala, os impulsos sexuais e a capacidade de concentração,
reduzindo a agressividade e induzindo ao sono. A duração e a intensidade
dos efeitos dependem do tipo de tranquilizantes, da dosagem e das
características de personalidade do usuário, que, em alguns casos, pode
ser lavado à dependência psicológica.
A dependência, tanto psicológica quanto física, pode sobrevir em casos de uso
intenso e prolongado, e o abandono do vício pode ser muito difícil,
produzindo desagradáveis sintomas de abstinência, que surgem entre quatro e
oito horas depois da suspensão da droga. De acordo com a potência dos
tranquilizantes, o metabolismo do usuário e a frequência do uso, estes sintomas
podem incluir ansiedade e hiperexcitação, reduções no pulso e na respitação,
dificuldade de coordenação e fala, náusea, vômitos, tremores e convulsões.
Os tranquilizantes podem matar, caso sejam combinados com outros depressivos
do sistema nervoso central, que potencializam os seus efeitos, como álcool,
barbitúricos, opiáceos, sedativos-hipnóticos e narcóticos sintéticos.
Os tranquilizantes também são desaconselháveis durante a gravidez, já que
eles penetram na placenta, aumentando os riscos de morte do feto ou o
surgimento de problemas cardíacos congênitos, anormalidades do esqueleto e
outros defeitos de nascimento. Um dos casos mais famosos nessa área é o da
Thalidomida, uma pílula para dormir não-barbitúrica, que se mostrou
responsável pelo nascimento de crianças gravemente deformadas. Os tranquilizantes
também podem se infiltrar no leite materno, e por isso devem ser evitados
mesmo após o parto.
Além de todos esses riscos, os tranquilizantes também podem gerar tolerância,
se bem que em grau menor que os barbitúricos. A tolerância pode surgir apenas
em algumas semanas, caso a droga seja ingerida três vezes ao dia, o que faz
com que ela se mantenha constantemente na corrente sangüínea. Os efeitos colaterais
incluem apatia, diminuição da pressão sangüínea, problemas visuais, desorientação,
confusão, fraquezas musculares, dores de cabeça, perturbações estomacais,
perda de coordenação, vertigens, irregularidades menstruais e de ovulação,
ansiedade e alucinações. Em alguns usuários, os tranquilizantes produzem
estimulação em vez de sedação, tendo como consequência a hiperexcitabilidade,
insônia, hostilidade e inclinação a acessos de raiva. Doses excessivas podem
causar tremores, perda da coordenação muscular e convulsões.
Retirado da Revista Planeta de julho de 86.
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