MORALIZA O POETA,
NOS OCIDENTES DO SOL,
A INCONSTÂNCIA
DOS BENS DO MUNDO

Nasce o Sol; e não dura mais que um dia,
Depois da Luz se segue a noite escura,
Em tristes sombras morre a formosura,
Em contínuas tristezas a alegria.

Porém, se acaba o Sol, por que nascia?
Se é tão formosa a Luz, por que não dura?
Como a beleza assim se transfigura?
Como o gosto da pena assim se fia?

Mas no Sol, e na Luz, falte a firmeza,
Na formosura não de dê constância,
E na alegria sinta-se tristeza.

Começa o mundo, enfim, pela ignorância,
E tem qualquer dos bens, por natureza,
A firmeza somente na inconstância.

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