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Eco-Surrealismo / última atualização em 19/11/1998 |
por Roberto Tietzmann / todos os direitos reservados, reprodução proibida.
Uma árvore sempre piscava para Jasperiano quando ele ia e voltava do serviço. Estava no caminho. O que fazer? Depois de tentar ignorá-la por meses a fio, ele passou a retribuir o cumprimento.
Um dia era primavera e Jasperiano subiu na árvore. O mundo era mais bonito lá de cima. Ele passou um dia inteiro encarapitado lá no alto. Trocaram flores e confidências. Quando o sol se pôs, passou para os últimos galhos e assistiu tudo até o final. Mais tarde em sua casa, a mulher perguntou:
-Onde você esteve o dia inteiro? Liguei para o serviço e disseram que você nem foi para lá!
-Porque a curiosidade?
-Não começa, Jas! Não me responde uma pergunta com outra!
-Você é que não respondeu a minha pergunta!
-Eu tenho o direto de saber! Sou sua mulher!
-Eu não posso fazer o que quero do meu dia?
-Quem é ela, Jasperiano?
A esposa não acreditou na resposta e a briga esquentou. Ser traída por uma planta! Imagina! Mentira! Jasperiano dormiu na árvore aquela noite. As folhas o consolaram o sono foi tranqüilo.
Na manhã seguinte, a árvore foi derrubada. A esposa de Jasperiano fez questão de trazer o marido de volta apesar da traição e de usar tronco da árvore para aquecer a casa no inverno. A fumaça da lenha queimando teve um aroma doce, quase como um perfume.