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Reprodução
comercial proibida. 18 |
exposto em algum museu o pincel com que Leonardo da Vinci
pintou a
Mona Lisa?43
Uma conseqüência que traz dores de cabeça
aos designers
envolvidos em projetos onde o conteúdo e o suporte não são
sinônimos é
que você também não pode tirar vantagem disso para facilitar
seu trabalho.
Toda a informação que identifica a natureza do projeto, seu
objetivo e a
maneira de utilizá-lo têm de ser traduzidas na tela, um espaço
limitado que
oferece dificuldades de leitura.44
Isso porque ao definir um produto como sendo "um
jornal", "uma
revista", "um programa de rádio", "um talk
show", etc. o leitor/ espectador
está identificando o produto como pertencente a um gênero,
o que define
suas expectativas a respeito. A identificaçãocorreta do gênero
depende
tanto do conteúdo quanto do suporte e também da forma que
o produto
toma, pautando, portanto, o processo de design45.
Ao transportarmos o mesmo conteúdo para um suporte
distinto, no
caso o suporte digital, privamos o leitor/usuário de muitas das informações
de que ele dispunha para identificar o gênero do produto de informação.
Não há mais a textura do papel, o tamanho da página
de um jornal
standardou tablóide ou a possibilidade pré-existente
de folhear com
rapidez as páginas, por exemplo.Parte dessas características
são perdidas
para sempre, o que gera a confusão quando se toma os primeiros
contatos com os produtos de informação nos novos suportes.
Seus
leitores/usuários falham em identificar corretamente o gênero,
e, portanto,
o propósito do produto e como se relacionar com ele.
Alguns produtos feitos para suportes digitais buscam
identificar-se
com gêneros conhecidos mimetizando deles o maior número possível
de
elementos, além de ampliar a experiência com características
inerentes ao
suporte digital. Um bom exemplo desse caso são os Expanded Books[TM]
da Voyager Company46.
Todos nós conhecemos livros. Todos os livros,
bem ou mal, se
parecem. Têm capa, páginas seqüenciais, tamanho uniforme
de páginas,
e uma maneira definida de percorrer os conteúdos. Se você sabe
usar um
43Talvez não,
mas o bigode do pintor surrealista Salvador Dali rendeu um ótimo
livro
de fotografias! É o "Dali's
Mustache"onde o pintor usa até seu bigode como pincel!
DALI, Salvador; HALSMAN, Philippe. Dali's Mustache, Paris: Flammarion,
1954.
44Para
mais informações a respeito, leia os capítulos sobre
interfaces, mais adiante
neste trabalho.
45WALLER,
Robert. The typographic contribution to language:Towards
a model of
typographic genres and their underlying
structures,Reading, aug. 1987. Dissertação
(Doutorado em Tipografia e Comunicação Gráfica) - Department
of Typography &
Graphic Communication, Reading University.
46MULTIMEDIA
Demistified : a guide to the world of multimedia from Apple Computer
Inc.. Nova Iorque: Random House,
1992, p.180. |
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