História


Esporte de raça, a sociedade carioca atravessa a baía e busca emoções nos prados de São Gonçalo

Contando assim, ninguém acredita, mas São Gonçalo já teve excelentes pistas de corridas de cavalos, que atraíam a nata da sociedade fluminense. Freguesia de então Vila Real da Praia Grande, hoje Niterói, a cidade teve pelo menos duas pistas importantes, uma em Neves, outra em Alcântara.

A pista de Neves foi possivelmente a mais importante, e era conhecida como Hippodromo Guanabara, tendo trazido a São Gonçalo pessoas como o Dr. Paulo César de Andrade, o Comendador Ernesto Possolo, o cônsul-geral do Uruguai, Dom Érico Augusto Pena, entre outros.

Era tão conhecida do lado de cá da baía de Guanabara que, segundo Carlos Wehrs, quando a barca "Especuladora" explodiu, em 23 de maio de 1844, a maioria de seus duzentos passageiros se dirigia às corridas em São Gonçalo.

Mesmo as festas religiosas eram abrilhantadas com as cavalhadas, colocadas nos programas com idêntico destaque dado às Missas e Te Deum, como se pode ler em anúncios de 23 de maio de 1846, convidando "as pessoas devotas", em nome da Irmandade do Divino Espírito Santo, de São Gonçalo, a participar das festas do Santíssimo Sacramento, do padroeiro São Gonçalo e de "uma brilhante corrida de cavalos, depois da qual se realizará um Te Deum, seguido de magníficos fogos de artifícios".

Apesar de ser o substituto dos prados cariocas, quando estes entravam em férias, o Hipódromo Guanabara não deixou vestígios significativos de sua existência, havendo de sua história apenas o que foi repassado pela tradição oral.

Já o Prado de Alcântara, que tinha sua pista na Fazenda do Coelho, passou à História conforme o relato do historiador gonçalense Luiz Palmier: "Aos domingos, em terras da Fazenda do Coelho, alguns páreos eram disputados, constituindo motivos de grande afluência do povo para apreciar as corridas de cavalos". (In "São Gonçalo").

Aliás, dia de corrida era dia de festa com direito a foguetório, roupas "de domingos" e tudo o mais. Solenes cavalheiros e mocinhas que ocultavam o sorriso atrás de trabalhadíssimos leques de seda e madrepérola desfilavam entre os aficcionados, ascendendo paixões e alimentando esperanças.

Na Fazenda dos Irmãos Gianelli, em Guaxindiba, ainda segundo Palmier, os convidados posicionavam-se nas varandas laterais, de onde acompanhavam a competição entusiasticamente, brindando vinhos e licores caseiros ou fazendo apostas ruidosamente.

Ninguém sabe precisar quando e por que terminaram as corridas em São Gonçalo. O certo, no entanto, é que elas aconteceram. E até deixaram, como lembranças às novas gerações, um bairro que perpetua, pelo nome, o profissional mais importante desse esporte nobre: o Jóquei.

Além das corridas de cavalos, São Gonçalo guarda em sua história a posição de ter sediado a segunda corrida de automóveis da América do Sul, promovida pelo Automóvel Clube do Brasil.

São Gonçalo em seus mais de 100 anos de emancipação, tem histórias importantíssimas a nível regional e nacional, vale a pena conhecer alguns desses fatos pitorescos aqui. Caso deseje voltar ao índice de História, clique aqui.



Bibliografia:
São Gonçalo - Salvador Mata e Silva e Osvaldo Luiz Ferreira - Editora Belarmino de Mattos - 1993. - CDD-372.8909815.

Revista Municípios do Brasil - Setembro/89, Agosto/90 e Setembro/95 - J.E.F. Editora Cultural Ltda.

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