História


Trajetória Econômica

São Gonçalo sempre respondeu presente ao Estado e ao País em todos os momentos de sua história econômica. Em que pese a característica sazonal de alguns produtos de cultura fértil, apresentou-se sempre com uma economia dinâmica e promissora no cenário estadual e nacional. Escolhemos aqui um momento pontual da vida econômica da cidade para demonstrar sua vocação ao crescimento rápido e eficaz em todos os sentidos, para mostrarmos quão viável é nossa terra. Nossa importância "Da trilha ao Trilho" se revelou sempre auspiciosa até aqui no cenário nacional.

Para entendermos sua importância, temos que nos reportar ao período de interiorização das rotas comerciais que ligavam as fazendas produtoras do interior da Província, permitindo o escoamento da grande produção. São Gonçalo, com seu litoral generosamente pontilhado por veias fluviais, permitia fácil escoamento de produtos não oriundo de sua área geográfica, mas, também de outras. Servia como rota comercial importante, principalmente a partir do Segundo Reinado. Alcyr Lenharo, estudioso do comércio feito por tropas e tropeiros na região ressalta sua importância.

Acúcar, café, dentre outros produtos comerciais, transitavam em lombo de gado muar pelos caminhos coloniais de nossa região, em direção ao Rio de Janeiro. Mas, nossa região abrigou culturas agrícolas variadas como: o abacaxi, a mandioca, o milho e o tomate caracterizadas como transitórias. Com existência marcante dentro de nossa economia agrária, a laranja, o limão, a manga e inclusive a pocova (banana) como chamavam os escravos, representavam uma economia de abastecimento, principalmente quando a cultura do café começou a subir em direção à Serra na busca de terras melhores. Este segundo conjunto de produtos concentrou-se nas áreas de Monjolos, Vista Alegre, Santa Izabel, Sacramento e Rio do Ouro basicamente.

A população que aqui vivia concentrava-se em torno de uma vida agrária e comercial. Em que pese as tentativas de implantação de culturas cafeeiras aqui, este produto não encontrou condições favoráveis. O nosso solo revelou-se fraco para sustentá-la. A cultura desde produto rumou para o interior rapidamente em busca de terras mais férteis e resistentes. Na produção pecuária destacaram-se em importância o Segundo e o Terceiro Distritos de São Gonçalo, local onde a produção era farta e variada.

Na extração de madeira, água mineral, feldspato, caulim, barita, granito verde e rosa, usado na fabricação de mármore e do paralelepípedo e principalmente em produção de cerâmica, sempre nos apresentamos com uma contribuição destacada no cenário estadual.

Na indústria nossa cidade se destacou também como área promissora por dois fatores. Primeiro, pela proximidade com centro exportador (Rio de Janeiro), que lhe permitia rápido escoamento. Segundo, porque era uma área que possuía definição comercial, sendo dotado de um conjunto de veias fluviais que facilitavam o transporte da produção.

A irradiação comercial e industrial que o Brasil experimentou na região sudeste ao longo dos séculos XIX e XX, encontrou aqui um dos seus expressivos pontos de aceleração.

Movido pelas dificuldades econômicas da Segunda Guerra Mundial, a nossa cidade experimenta um vertiginoso crescimento econômico no campo industrial, principalmente após 1941. As necessidades de "Substituição das importações" deflagrou a construção de um número de fábricas que surgiram na esteira do expansionismo mano-mecânico da época. Muitas delas possuíam escritórios na capital do Estado, fato este que atribuímos a facilidade que encontrariam para colocar a produção no mercado. Primavam pela qualidade apurada na produção. Destacavam-se não só no cenário municipal, mas também, estadual, nacional e até internacional.

Nessa época, indústria como a Marinho & Ferrira (sal grosso e moído), localizada na rua Abílio José de Matos, 17 (São Gonçalo e Niterói), que produzia também sacos de algodão para gêneros de estiva (fundada em 05-01-1941); a Fábrica de Sardinhas Tagará, localizada no Porto da Vala (fundada em 12-01-1941); Fábrica de Sardinha Netuno, localizada no Porto do Gradim (fundada em 22-11-1941) sinalizavam na direção de um verdadeiro "boom" industrial na cidade.

A Estância Hidro Mineral São Gonçalo Ltda., localizada no Rocha, produtora da Água Mineral São Gonçalo, iniciou sua produção em 31-12-1940, quando teve autorização federal para funcionamento. Foi de expressão singular para a cidade. Esta empresa atingiu pleno funcionamento entre 22 de janeiro e 31 de agosto de 1941. Localizava-se no Edifício Porto Alegre, na rua Araújo Porto Alegre, 70. Seus proprietários foram Domingos O. da Silva e Dr. Adolfo Dourado Lopes.

Outro tipo de indústria muito importante na cidade foi a de cerâmica. O ano de 1941 trouxe a criação de várias delas como a Cerâmica Porto Rosa S.A. (fundada em 22-01-1941), cujo escritório ficava na rua Visconde de Inhaúma, 103, Fábrica Porto Rosa. Esta indústria possuía depósitos na Praia de Sã Cristóvão. Produzia telhas do tipo marselha, tijolos prensados, furados e os considerados comuns. Havia também a Cerâmica Fattori, localizada na travessa do mesmo nome, no. 44, no distrito de Neves. Produzia tijolos refratários e comuns, além de telhas do tipo francês, coloniais e cumeeiras.

A cidade possuía também a fábrica de manilhas Rio do Ouro, localizada na Estrada de Ferro Maricá, cujo proprietário era o Sr. J. V. de Maulliac (fundada em 29-06-1941). Vanguardista, este empresário criou a "Escola de Artes Aplicadas" aos produtos fabricados no estabelecimento para os filhos dos operários, forjando sua mão-de-obra na própria empresa, num processo de reprodução interior que garantia a qualidade de sua produção, além de instalar postos médicos que assistiam a população que vivia em função da fábrica. Havia também a Cerâmica Esperança localizada na rua Getúlio Vargas, 557. Fundada em 10-05-1942. Todas elas compunham um quadro de significativos avanços nesse setor de produção.

No ramo de paralelepípedos e meio-fio, a cidade estava representada pela indútria do Sr. José; Augusto Domingues. Conhecida como Fábrica de Artefatos em Cimento Armado (fundada em 09-02-1941).

É da mesma época a fábrica de vidros das Indústrias Reunidas Mauá, produzindo os famosos vidros neutros Mauá de tecnologia especial. Era a única fabrica desse tipo na Améria do Sul (fundada em 05-10-1941). Sua importância atravessava as fronteiras da cidade. Também é desse período a Companhia Vidreira do Brasil, localizada nos terrenos do "Lage", junto a Estrada de Ferro Maricá. Foi a primeira fábrica mecânica de vidro plano no país (fundada em 16-11-1941), representou um avanço singular em seu ramo.

No ramo de corte e costura São Gonçalo também se destacava com a fábrica de ombreiras e entretelas. Surgia no período a "Fábrica Estrela", localizada na Travessa Rocha, 80, cujo proprietário era o Sr. Eugênio Simões (fundada em 16-03-1941).

No ramo de doces, principalmente de goiba, abacaxi e banana destacava-se na época a Fábrica Sublime, localizada em Sete Pontes de propriedade de carlos Magno Barreto, cujo diretor era Abelardo Campos Barreto (fundada em 08-06-1941).

É dessa época o Curtume Zoológico de propriedade do Sr. Rozendo Ricca Marcos, cuja especialidade em peles de animais era bastante conhecida.

A Fábrica de Fogos Santo Antônio localizada na rua Dr. Oliveira Botelho, 1638, em Neves, possuía uma produção também importante para a época (fundada em 10-05-1942).

No ano de 1943 surgia a Companhia Eletroquímica Fluminense no dia 20 de junho, localizada a rua Dr. Alfredo Backer, em Alcântara, produzia cloro. Eram fábricas que primavam pela qualidade na produção, demonstrando que a cidade não só era capaz de frnecer condições geo-econômicas ótimas, mas uma mão-de-obra que bem preparada, produzia o desenvolvimento da região.

É dessa época o crescimento municipal na área do ensino. Após 1842 quando surgiu a Escola de Primeira Letras fundada pelo professor Máro Jorge Faria, a cidade não havia experimentado outro tipo de crescimento nesse setor. Contudo, verdadeiros desbravadores, nesse período iniciam uma semeadura que até hoje continua produzindo frutos importantes. A professora Maria Estephania de Carvalho e o professor Júlio Lima se destacaram nesse cenário. O Colégio São Gonçalo, pioneiro na educação municipal, iniciou a decolagem de São Gonçalo no garimpo e lapidação de brilhantes inteligências. Seus frutos despontam até hoje em vários setores da vida nacional. O final da Segunda Guerra e o pós-guerra fez nascer uma conjugação perfeitamente promissora para o crescimento de nossa cidade. Era a verdadeira ação de forjaria entre a escola e a indústria, que se complementavam, promovendo o desenvolvimento de uma cidade predestinada a vencer.

O bairro de Neves foi um dos bairros que mais bem registrou toda a história gonçalense, conheça um pouco mais sobre Neves aqui. Para voltar ao índice de História, clique aqui.



Bibliografia:
São Gonçalo - Salvador Mata e Silva e Osvaldo Luiz Ferreira - Editora Belarmino de Mattos - 1993. - CDD-372.8909815.

Revista Municípios do Brasil - Setembro/89, Agosto/90 e Setembro/95 - J.E.F. Editora Cultural Ltda.

1