História


Educação à Antiga

Já houve época em que São Gonçalo praticamente ostentou a honra de ter sido uma das cidades brasileiras a possuir o menor índice de analfabetismo do país, reunindo um número satisfatório de bons colégios.

Houve época também que São Gonçalo se igualou com o Rio de Janeiro, São Paulo, Petrópolis e Nova Friburgo, na área da Educação mantendo um "sólido colégio" na Chácara do Paraíso, em Sete Pontes, onde estudou a maioria das crianças da elite gonçalense e da nascente classe média fluminense.

Era um época de relativa renovação nos métodos educacionais em que se anunciava o fim dos castigos corporais intuitivos e objetivos, com a inclusão do estudo silencioso e do aprimoramento físico.

Da mesma forma que o Mackenzie College, de São Paulo e do Anglo-Americano, do Rio de Janeiro, o "Aldridge College" de São Gonçalo também contribuiu para empreender uma metodologia educacional rigidamente à maneira da formação européia, que preparou a elite brasileira nas primeiras décadas deste século.

O "Aldridge" era dirigido pelo Dr. Rego Barros e fora instalado numa chácara com cerca de 150.000 metros quadrados de terrenos arborizados contendo jardins, área de recreio, campos para jogos e prédios amplamente ventilados.

De acordo com o livreto propaganda intitulado "Aldridge College - Chácara do Paraíso" publicado pela Leuzinger em 1913, havia uma preocupação fundamental da diretoria com os aspectos higiênicos e condições de salubridade do colégio, fazendo até mesmo constar do referido folheto uma carta do Chefe do Corpo de Saúde da Armada, Dr. José Pereira Guimarães, atestando as boas condi&ccedl;ões climáticas da Chácara, bem como do conforto e bom estado de conservação dos edifícios ali construídos.

A língua inglesa era o idioma falado na vida íntima do colégio e a alimentação, da melhor qualidade, somente era servida com a presença e sob a severa fiscalização dos diretores, com os alunos adequadamente vestidos para a ocasião, em que se exigia a mudança de roupas para o jantar e a observância das "boas maneiras de educação", tudo segundo o citado folheto.

As aulas começavam às 8h30min da manhã, terminando às 15 horas, com intervalo das 11h15min às 12h30min para o almoço, valendo observar que diariamente, logo após a primeira refeição, tinha início a ginãstica sueca prolongando-se até 7h45min quando os alunos eram obrigados a tomarem banho frio, a não ser que houvesse solicitação contrária dos pais.

A considerar verdadeiras todas as informações constantes do citado livreto, não resta dúvida que foram efetivamente os americanos e ingleses os responsáveis pelas inovações em matéria de educação implantadas nas três primeiras décadas do Brasil republicano e que a juventude oriunda da elite gonçalense pôde contar com uma formação adequada para a época em que prevalecia a sufocante preocupação na moldagem do caráter, ao mesmo tempo em que se preparava o estudante para "os embates da luta pela vida", através do ensino de línguas (ensinava-se no Aldridge desde o português e inglês, até o francês, latim e grego); além de Aritmética, Álgebra, Geometria, Trigonometria, Mecânica, Física, Quimica, História, Geografia, História Natural, Literatura Portuguesa e Literatura Inglesa, além de Lógica e Desenho.

O Aldridge College era para a elite juvenil gonçalense, para os "filhos de condes e netos de viscondes" como dizia a cantiga de roda cujos pais desembolsavam anualmente cerca de 1.600$000 (um conto e seiscentos mil réis) por ano e ainda tinha que arcar com as despesas do enxoval que incluía no mínimo seis ternos de brim completos, sendo dois pleo menos brancos; e um terno de casimira, preferencialmente de cor escura, além de camisas, ceroulas, etc...

Os alunos internos ficavam dispensados a partir das 13 horas do sábado, devendo retornar às 8:30 horas da segunda-feira para o início da primeira aula da semana e a seqüência de uma rotina anual que ia desde a primeira quinta-feira de fevereiro até a primeira quarta-feira do mês de dezembro, até que depois, com o curso profissional ou comercial já concluído, pudessem assumir suas funções como novos representantes da elite gonçalense ou ingressar numa faculdade visando o prolongamento dos estudos.

Dentre os estrangeiros que visitaram São Gonçalo no século passado, encontra-se Maria Graham, uma intelectual que deixou registrado em seu "Diário de uma Viagem ao Brasil" sua estada por esta terra. Conheça aqui um pouco mais sobre a agradável visita desta viajante à Fazenda N. Sra. da Luz. Para voltar ao índice de História, clique aqui.



Bibliografia:
São Gonçalo - Salvador Mata e Silva e Osvaldo Luiz Ferreira - Editora Belarmino de Mattos - 1993. - CDD-372.8909815.

Revista Municípios do Brasil - Setembro/89, Agosto/90 e Setembro/95 - J.E.F. Editora Cultural Ltda.

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