A História

Perde-se na obscuridade da história a origem da cidade de Portalegre. Segundo uma lenda contada por Frei Amador Arrais, Bispo de Portalegre:
Passeava um dia Maya, filha de Lísias, com Tobias, até que um vagabundo, Dolme, a cobiça e a rapta, assassinando Tobias que se movia em defesa de Maya. Lísias capitão de Baco desesperado pelo desaparecimento da filha , parte à sua procura mas encontra-a morta.
Lísias estaria então acampado no mesmo sitio onde ainda hoje passa o Ribeiro de Baco. Lísias viria então a morrer de súbita alegria, após ter vagueado muito tempo chamando pela filha, quando um dia julga ve-la estender-lhe os braços numa ilusória aparição. Seria então em homenagem a Maya que se teria fundado a cidade de Ammaia no mesmo sítio onde hoje está Portalegre.
Sabe-se hoje porém que apesar de ter existido, a cidade Romana de Ammaia, encontrava-se onde hoje está a povoação de Aramenha e que toda esta lenda que sempre se contou sobre a cidade de Portalegre não passa de fantasias apoiadas numa lápide Romana, ainda hoje existente no Museu Municipal e que terá sido trazida de Aramenha para Portalegre quando da sua fundação, tendo na altura servido de base a uma coluna na, ainda existente, ermida do espírito santo. Nessa lápide pode ler-se (traduzido):
«Ao imperador Lúcio Aurélio, verdadeiro Augusto, filho do divino Antonino, Pontífice Máximo, investido no poder tribunício, cônsul pela 2ª vez, pai da Pátria, dedicou o município de Ammaia».
Remetendo ao mais antigo cronista da cidade - O padre Diogo Pereira Sotto Maior - e apesar de ele ter relatado outras teses sobre o aparecimento da cidade a mais provável seria a seguinte:
«Dizem que esta cidade foi primeiro situada em üas vendas que estavam por cima dos Portelos, junto à ermida de San Bartolomeu e contra a Porta da devesa que se chamavam as Vendas dos Portelos e que daqui tomou depois o nome de Portalegre…E porque sua vista é alegre e aprazível aos olhos de quem nele os punha, vieram chamar-lhe porto alegre, donde depois vem a chamar-se Porto alegre, derivado de Portelos.»
Certo é, porém, que em 1259, pouco mais de meio século volvido sobre a formação do reino de Portugal, D. Afonso III concede a Portalegre o seu foral de vila, mandando reconstruir a antiga povoação de Portelos, arrasada pelas escaramuças entre cristãos e Muçulmanos, dando-lhe o nome de Portus Alacer (Portus - um local de trânsito de mercadorias e Alacer - devido à sua alegre e pitoresca situação). Pela importância do seu aspecto estratégico, D. Dinis, em 1290, rodeia-a, de forte e dupla muralha (alguns troços ainda hoje existentes) e manda erguer o seu castelo, sobranceiro à planície extensa, sentinela vigilante para a defesa da integridade do território Português. Para além das duas cercas de muralha e das doze torres existiam também sete portas: Poterna, ao fundo da Rua da Figueira (desaparecida), Crato (conhecida hoje por arco do Bispo), Évora ou Porta Falsa, ao fundo da Rua do Arco (desaparecida), Elvas, ao fundo da rua com o mesmo nome (desaparecida), Alegrete ou S. Francisco (conhecida hoje por arco de St António)(por esta porta entrou Filipe II de Espanha, I de Portugal tendo se dirigido à sé onde Foi recebido pelo Bispo D. Filipe de Noronha e pelo Clero), Postigo, ao cimo da rua de S. Tiago e Pirão (desaparecida) e devesa ou Espírito Santo.
Por carta de 18/11/1299, D. Dinis decidiu que Portalegre seria sempre “de El Rei e de seu filho primeiro herdeiro”.
Em 1387 D. João I grato pela atitude dos Portalegrenses ao pugnarem pela sua causa, a da independência, durante as cortes de Coimbra, deu-lhe o titulo de Leal, tendo sido Portalegre a segunda a faze-lo, logo a seguir ao Porto.
Em 1549, por diligências de D. João III, o Papa Paulo III expedia a bula que criava a nova diocese de Portalegre, tendo posteriormente sido elevada a cidadepor carta de privilégios de D. João III datada de 23 de Maio de 1550. Ainda hoje se celebra todos os anos o dia da cidade a 23 de Maio.
Com a elevação a cidade , muitos nobres e burgueses construíram a sua casa fora de muros. Essas construções formam um dos conjuntos mais notáveis de moradias seiscentistas e setecentistas do País. A burguesia empreendedora que nessa época se fixou na cidade desenvolveu variadas indústrias especialmente a têxtil.
Em 1640, Portalegre é uma das primeiras cidades a reconhecer a independência de Portugal no dia 2 de Dezembro.
No dia 18 de Julho de 1835 é elevada a sede de distrito.
As cores da cidade são o amarelo (nobreza, fé, fidelidade, constância e liberdade) e o negro (terra, firmeza e honestidade).
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O Presente

Nos últimos anos o aparecimento de novas industrias e a instalação de diversos cursos superiores tem incrementado a vinda de mais pessoas para a cidade num claro caminho para o desenvolvimento.
Apesar da instalação de grandes superfícies comerciais o centro da cidade com especial relevo na Rua do Comercio e na Rua Direita tem conseguido manter elevados parâmetros de qualidade pondo há disposição de todos um grande numero de lojas.
Um cinema em funcionamento, um grupo de teatro, dois museus, uma agitada vida nocturna, um parque de exposições, diversas piscinas naturais e artificiais, um parque desportivo, galerias de arte, para além de múltiplos acontecimentos de carácter temporário e pendular conferem a Portalegre um lugar de destaque em toda a região.
De destacar a realização de diversas provas de Todo o Terreno, as festas do dia da cidade a 23 de Maio, uma feira de velharias mensal, as ancestrais romarias de Verão nas povoações vizinhas e a grande proximidade de diversas localidade de reconhecido interesse como Marvão, Castelo de Vide, Crato, Monforte, Arronches, Alter do Chão, entre outras, que a transforma em grande centro turístico de toda uma vasta região.
À disposição dos visitantes estão um Hotel, um parque de campismo, uma Pousada de Juventude, uma estalagem, diversas pensões e algumas casa de Turismo de Habitação que vão concerteza proporcionar dias inesquecíveis.
Continuando Portalegre a manter a nobreza dos tempos antigos, presente nas seculares edificações e na sua característica forma urbana Portalegre é sem dúvida uma cidade a caminho do futuro.


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João Nuno Cardoso 1998 jncc@mail.telepac.pt

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