Sé Catedral

Tem por invocação Nossa senhora da Assunção. Está situada no extremo leste da cidade, numa pequena eminência que fazia parte do castelo, e fronteira á actual Praça do Município. O templo foi começado a construir em 1556, após a instituição do bispado de Portalegreno local da antiga igreja de Santa Maria do Castelo, pelo seu primeiro bispo, o espanhol D. Julião de Alva, capelão da ranha D. Catarina, tendo sido modificado nos séculos XVII e XVIII. Até aos ultimos anos do século XVI foram continuadas as obras da Sé pelos bispos D. André de Noronha e D. Frei Amador Arrais, seguindo-se, em parte, a planta original. Nos primeiros anos do século XVII D. Rodrigo da Cunha, que daqui foi transferido para o Porto em 1619, continuou as obras, porém já com muitas alterações. Mais tarde no século XVIII, o edifício foi acrescentado e modificado pelos bispos D. Alvaro Pires de Castro e Noronha (+1737) e D. Manuel Tavares Coutinho da Silva (+1798) O edifício de forma quadrilátera e grandes proporções, tem a fachada um pouco reentrante, flanqueada por duas torres quadradas. Tem três portas abertas ao oriente, sobrepostas por janelas de balcões separadas por meias pilastras de granito, que se prolongam até à primeira cornijaassentando nesta três janelões, sobre estes ergue-se um frontão rematado pela cruz ladeada por pináculos. Balaustradas laterais protegem um eirado que comunica com as torres. Estas são formadas por três corpos com cunhais de granito aparelhado e tem janelas e frestas com guarnições em bisel. Cada torre tem quatro olhais com arcos de volta redonda onde estão os sinos. Entre quatro pináculos, ligados por pequenos frontões recortados que circundam o eirado superior de cada torre, erguem-se as cupulas de forma octagonal afunilada, com remates de ferro forjado e que outrora foram revestidas de azulejos verdes e brancos. Tanto a porta principal como as laterais da fachada e as janelas que se sobrepõem são obras do fim do século XVIII, construidas em mármore da região. O interior do templo é de três naves da mesma altura e quatro tramos, com abobodas de berço, arcos redondos e nervuras. Tem capela-mor, oito capelas laterais e três no transepto. O altar-mor compõe-se de um retábulo de oito paineis quadrangulares e um semi circular que o remata no alto. As colunas de madeira entalhada, frisos, cornijas, nichos mísolas e molduras, além das pinturas e dourados, têm decorações formadas por delicados motivos de rótulos e pendurados, querubins, festões, laçaria, medalhões, etc. Ainda no gosto do ultimo periodo do renascimento. Nas predelas, esculturas de artistico lavor, representam em meio vulto as imagens dos quatro Envangelistas e dos Apóstolos S Pedro e S. Paulo. Encomtram-se em nichos colocados nos lados do altar e sobrepostas, as imagens de seis Doutores da Igreja. Ao centro, vê-se a imagem de vulto de Nossa Senhora da Assunção. As capelas laterais são as seguintes: Santa catarina, S. Crispim e S. Cipriano, Nossa Senhora do Carmo, Nossa Senhora de Lourdes, Santa Maria Maior, santo Amaro e a capela das Chagas. No transepto as capelas são as seguintes: S. Pedro, Santo António e a capela do Santissimo O claustro junto á fachada do lado sul da igreja é um vasto quadrilatero cujo o acesso se faz numa porta aberta no transepto. Foi mandado construir pelo bispo D. Alvaro de Noronha e concluido já no final do século XVIII, pelo bispo D. Manuel Tavares. Tem cinco arcos redondos em cada tramo, e eirado com cortina, espelhos e fogaréus em remate. Na parte do sul ao canto direito, encontra-se uma capela da invocação de S. Tiago, onde actualmente se venera a imagem do Senhor dos Passos. De salientar a existência de inumeros objectos de arte sacra e paramentos de grande valor histórico e artistico, como o orgão, cuja caixa ainda é a primitiva, em talha dourada e pintada, ou o celebre paramento de veludo vermelho bordado a ouro e a matiz, peça unica em Portugal, composto de casula, estola e manípolo, duas dalmáticas, duas capas e asperges, frontal grande, pano de pulpito e pano de credência. Este paramento deve ter sido oferecido por D. Catarina de Aragão, rainha de Inglaterra a sua irmã, Joana, a louca, quando sucedera no trono de Castela e Leão, a sua mãe, Isabel, a católica. A Sé de Portalegre está classificada Monumento Nacional, por Decreto de 16 de Junho de 1910.

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João Cardoso 1998 com base no Inventário artistico de Portugal (Lisboa 1943)

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