Mitos Nazarenos

 

 

Lenda e Milagre

Para descrever o "Milagre da Nazaré" e a "Lenda da Nazaré" resolvi recorrer à obra "Lendas de Portugal", de Fernanda Frazão, para melhor demonstrar a essência religiosa da Nazaré.

Na época da lenda ainda "não existia" a Nazaré, Segunda a mesma, ela começou a existir a partir daí.

No séc. IV ocorriam as perseguições aos cristãos em Roma, então muitos acabavam por se refugiar na Península Ibérica. Um monge grego, Ciríaco, fugiu para Belém de Judá levando consigo uma imagem da Virgem a amamentar o menino (Virgem do Leite). Aí, o monge ofereceu-a a São Jerónimo, que por sua vez, a mandou para Santo Agostinho (Bispo de Hipona). Mas, Santo Agostinho decidiu oferecê-la ao Mosteiro de Cauliniana, perto de Mérida (Península Ibérica). Os monges baptizaram a Virgem de Nossa Senhora da Nazaré, pois tinha vindo da terra Virgem.

Em 711, os mouros eram uma grande ameaça para os cristãos, principalmente após a traição de dois chefes visigodos. O rei Rodrigo – o último rei dos visigodos -, depois de ter sido derrotado, fugiu para o Convento de Cauliniana e conheceu Frei Romano. Juntos, decidiram fugir devido à insegurança que se vivia. Disfarçaram-se, pegaram na Nossa Senhora da Nazaré e nas relíquias deixadas por Santo Agostinho e dirigiram-se para Oeste. Acabaram a peregrinação no local onde hoje é a Pederneira, e aí estiveram juntos algum tempo. Entretanto, decidiram separar-se e Frei Romano foi para o monte oposto – hoje Sítio -, levando consigo a imagem e as relíquias, que escondeu sob uma lapa.

Os amigos correspondiam-se através de fogueiras, mas certo dia, 26 de Março de 716, o rei Rodrigo não recebeu resposta. Desceu o seu monte, escalou o outro e encontrou o corpo do seu amigo sem vida. Enterrou-o junto à lapa onde ficaram também as relíquias e a imagem, seguindo viagem até Viseu, onde terminou os seus dias.

Durante quatro séculos e meio, as relíquias e a imagem permaneceram sob a lapa até que, em 1178 uns pastores descobriram-nas e espalharam a notícia da santa achada. Os devotos começaram a surgir e a população a aumentar. Em memória à imagem os pescadores chamaram à sua terra Nazaré.

Segundo a tradição, a Nossa Senhora da Nazaré foi feita pelo carpinteiro São José e pintada por São Lucas. Ao que se sabe, São José foi carpinteiro de (obra grossa : fazia arcas, caixotes, segundo apurou Renan). Nunca esculpiu. "Relativamente a S. Lucas este era médico na Antiochia, e parece ter pintado uma Virgem oferecida à Imperatriz Pulcheria que, por sua vez ofereceu à Igreja de Roma." Aqui está onde foram buscar a factura da Senhora da Nazareth.

O "Milagre" da Nazaré é bem conhecido por todos nós mas achei bem descrevê-lo de igual forma.

D. Fuas Roupinho era um nobre guerreiro, alcaide mor de Coimbra (em 1179) e companheiro de D. Afonso Henriques.

 Certo dia no Castelo de Leiria, D. Fuas foi avisado da presença do rei mouro Gamir na zona de Alcáçova de Porto Mós. Pensou que seria a oportunidade de salvar a Península dos muçulmanos e reuniu os seus cavaleiros com quem discutiu a táctica e o percurso mais seguro. Foi uma batalha com sucesso. Onde os mouros mal tiveram hipótese de defesa, como recompensa D. Afonso Henriques deu a D. Fuas a alcaidaria de Porto de Mós.

A história passou-se a 22 de Maio de 1180. D. Fuas saiu com alguns companheiros para uma caçada, "embrenharam-se nos caminhos da mata, olhando à volta com atenção para descortinarem entre o arvoredo as hastes de um veado ou rasyos de lebres e javalis. Estavam um nevoeiro espesso e D. Fuas acabou por perder-se dos seus companheiros". Subitamente avistou um veado enorme, que o disputava, deixando D. Fuas aproximar-se demasiado. O cavaleiro não quis perder a oportunidade e galopou sofregamente seguindo o veado, mas este dirigia-se para o penhasco, para onde se atirou D. Fuas "tentou sopiar o cavalo mas a velocidade era tal que nenhuma força humana o conseguia parar. Num segundo, o cavaleiro anteviu as consequências e insensivelmente evocou à Senhora da Nazaré, que de imediato surgiu no céu frente à montada. O cavalo estacou imediatamente, fincando com tanto desespero os cascos traseiros na rocha, que essa marca ainda hoje existe.

Reza a lenda, o veado estatelou-se nas rochas e transformou-se em fumo negro : "era o diabo a tentar o cavaleiro".

D. Fuas, como forma de agradecer a Nossa Senhora, mandou construir a capela da memória junto à lapa onde tinha sido encontrada a Santa e onde estava as marcas do seu cavalo.

D. Fuas morreu numa batalha contra os mouros, num combate naval no estreito de Gibraltar a 17 de Outubro de 1180.

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