Poesias

 

Vênus

A beleza dela era tanta
Que nem a música me era importante
A da outra era tanto quanto ou mais
Sobre o Deus que pregavam embaixo
Duas tão perfeitas como a vida
Tão envolventes quanto a morte
Na beleza agressiva da que descia
Na beleza angelical da que sentava
E segurava na cabeça da estátua 
Ah! Eu queria ser um romântico
Apaixonaria-me pelas duas por igual
E as amaria sem fim
Sei que talvez nunca mais as veja
Mas se não for pedir demais
A um Deus que se nos observa existe
Gostaria de revê-las
Senão as duas, pelo menos uma
A que meu coração cerebral metódico
Escolheu como a beleza em vida
Minha Vênus

Vênus 2

Ela apareceu lá hoje também
Minha Vênus
Tão bela, mais do que eu imaginei
Tão bela aos meus olhos
E aos de tantos que a viam
Ah! Se nossos mundos não fossem
Tão distantes...
Mais do que imaginei
Minha Vênus
À porta da grande casa
Onde nós bebíamos e cantávamos
E ela iluminava a todos
Com seu sorriso
Suas belas formas
Seu rosto
Seus pés...Ah! Tão lindos
Como imaginei
Ela louvava-O
Eu também a minha maneira
Deus obrigado, por mais uma vez
Eu 

 While it

Enquanto no peito bate
A marca fatal da vida
Na cabeça metódica
O centro respira razão

Enquanto você me conta
De sua vida, suas tristezas
Meus olhos cansados os dois
Se fecham e vôo para longe

Enquanto nós almoçamos 
Na casa de sua família
Outras não tem onde morar
Outras não tem o que comer

Enquanto procurava um lençol
E você ficava mais a vontade
Pensava se seria realmente 
O que nós desejávamos

Enquanto, enquanto, enquanto
Eu escrevia isto neste caderno
Minha cabeça e meu peito que bate
Concordavam em você

Fim 

Acabou...
Tudo está acabado
A música, a amizade, tudo
Mas não acabou-se a toa
Desgastou-se 
O porquê é a questão
Mas não interessa
Acabou
Fétida e imundamente
Tudo de bom acabou
Mas não sinto falta assim
Talvez nem tenha existido
Logo nada 
Acabou 
Que ilusão.

"EU"

Seu último grito foi tão denso
Que quase chorei
Sussurrei no seu ouvido
O que você queria ouvir
Que tudo não passava de um pesadelo
Você sorriu e gritou mais alto ainda
Mais denso ainda
Mas não senti nada
Por você
Perguntou-me o porquê
Eu disse que era falso
Não era você
Era você querendo ser você 
De novo...
E isso era ser falso
Não comigo, mas com 
Você , que quis tanto ser 
Você , que se esqueceu
De como você era
E olhar-se neste espelho
Sujo, velho e quebrado
Como eu não vai 
Te servir em nada
Mas quem sabe possa
Te conhecer agora 
Essa pessoa maravilhosa
Que conheci quando 
Você desconheceu seu 
" Eu" 

A noite

Enquanto os homens dormiam
Os ratos devoravam a dispensa
Comiam todo o trabalho honesto
O velho gato outrora valente
Agora dormia sem forças para agir
Enquanto os homens sonhavam
Toda a casa era corroídas
Ratos, baratas, cupins e formigas
E todos os vermes da carne podre
Enquanto os homens roncavam
Toda a arrumação tão perfeita
Dava lugar ao caos primal
Toda ordem pré estabelecida
Era jogada no chão agora imundo
Enquanto os homens acordavam
Defrontavam toda a casa pútrida
E como não tinham respostas
Gritavam com todas as mulheres
Enquanto os ratos e os vermes
Dormiam gordos esperando o anoitecer

Futuro

Me fingir de cego
Ao passar na praça
Ao ver o futuro
Cheirando cola
Me senti mal
Me senti igual
Aos ternos cinzas
Que passam nos carros
E fecham os vidros
Ao serem incomodados
Pelo futuro
Vendendo balas

Naqueles Olhos

Naqueles olhos
Naquele rosto
Uma lagrima solitária caia
Ainda tão nova
Por que conhecer
Tamanha tristeza
Tanto para viver
Chorar
Tendo que vender
Em sinais fechados
Nesses coletivos
Cinqüenta
Um vale, um passe
Na fome da luta
Querendo viver
Descalça e suja
Tamanha dor
Mendiga um carinho
Só um café
Nada, nada, nada
Chora linda
Sua lágrima
No sinal
Naqueles olhos
Mais um dia afinal

Espera sem sentido

Essa vou escrever agora
Só pra provar que também posso
Falar sem sentido
Enganar a cabeça 
Trair a caneta
Que pensa que escreve
O que ela deseja
Apenas sorrio
E deixo a mão desenhar
Algumas letras sem sentido
Algumas letras sem sentido
De novo a palavra
As palavras
As vogais consoantes
Todo um alfabeto
Jogado fora
Mas não importa
Tudo será renovado 
Sai caneta entra teclado
Dedos em ação
Como numa brincadeira cruel
Num tilintar pubiano
You got to be cool
You got to be wiser
Os dias passam
As aves voam
A mão não fala nada
Mas empunha uma arma
Esperando uma outra idéia brotar.

Solidão

Há muito conheço esta palavra
Mas não me queixo
Quase sempre
Ela é minha única companheira
Não importa onde eu esteja
Não meio de uma multidão
Ou sozinho no meu quarto a noite
Aqui esta ela
Sarcasticamente sorrindo ao meu lado
Mas aqui está ela
Sempre ao meu lado
Eu a odeio, com todo meu amor
Ela me consome, um pouco a cada dia
Ela me ama
Ela está sempre ao meu lado
Está sempre sorrindo
Mas não é isso que me mata
Pior seria 
Se nem ela estivesse 
Aqui.

Sei lá

Eu 
Quem? O que?
Não sei.
Quem sou, por que?
Acho não tenho certeza 
Só duvido...
De mim, de tudo que me cerca
Estou no começo
Mas ainda duvido
Já foi decidido, acho..
Estou tão perdido
Quanto 
Essas palavras
Sem sentido
Pros outros
Sem sentido
Pra mim

Estranho...
....Futuro...
Indeciso...
...Pra mim.

Rotina de esperar

Pego outra vez este caderno amarelo
E nessas linhas azuis, meto a velha caneta
Negra...
Depois de tanto azul, tanta alegria
O velho sentimento a casa torna
O morno me corrói por dentro
E nem sequer consigo vomitá-lo
Ele me digere vivo a cada dia
A rotina mais cruel mostra sua face
E me amedronta...
Quem me vê não me enxerga
Me olha, da um risinho e fala algo 
O qual muitas vezes nem presto atenção
Pois as palavras vem sempre as mesmas
Rotineiramente...
Sinto falta de algo que não sei
Talvez saiba eu me recuso a buscá-la
O morno já faz parte de mim
Eu sou morno ou estou apenas?
Recuso-me a responder isso
Posso decepcionar a mim mesmo

Minhas coisas

Deixe eu entender
Minha lógica
Meus estranhos medos
De não saber
Viver
Já não é tão fácil
Ao menos pra mim
Entender loucura
Entender neuroses
Roubar receitas
De bolo
Que todos sabem de cor
Falsificar
Meu lema interno
Falsificar em eu
Dourado e vivo e forte e alegra
Só porque me vêem assim
Acho
Talvez me vejam como eu me olho
No espelho toda manhã
Escovando os dentes
Lavando a cara
Me perguntando o porquê
De mais um dia nascer
E ter que saber
Que amanhã tem outro

 

Mistérios do Amor 

Você, é minha luz... 
Uma magia envolvente que somente me fascina. 
Queria dizer tudo que sinto, 
mas tenho medo que nosso relacionamento morra em poucas palavras. 
Por que protelar esse desejo para mais tarde? 
Por que adiar esse sonho 
para um futuro que talvez não venha... 
Estou evitando o inevitável... 
Tento me conter, 
mas sou envolvida por uma onda de insegurança. 
A verdade é que o coração ama e não conhece certos mistérios. 
Talvez o tempo passe e eu entenda melhor os segredos da vida
ou estes mistérios da alma humana. 
Nossa relação não é um sentimento primitivo, inútil, tolo... 
Eu queria dizer... 
Tirar isto de mim... 
desabafar... 
mas não suportaria ver, nessa frase, 
nosso relacionamento ir para o espaço. 
Talvez o "eu te amo" não caia no vazio... 
Mas como poderei ter essa certeza? 
Creio que o melhor é gritar ao vento "Obrigado por você existir" 
e basta!

Você!!

 Você em mim... 
Em meus sonhos, VOCÊ aparece meigo... 
Em meus pensamentos, VOCÊ percorre caminhos inconscientes... 
Em minha voz, VOCÊ diz as mais belas palavras... 
Em meu olhar, VOCÊ estenderia a mão... 
Em meu toque, VOCÊ torna tudo mais sensível ao prazer... 
Em meu abraço, VOCÊ envolve minhas necessidades...
Em meu peito, VOCÊ sente o que meu corpo deseja... 
Em meu coração, VOCÊ permanece soberbo, intacto... 
Na minha razão, VOCÊ não deveria existir...
Na minha consciência, VOCÊ deveria retroceder a estrada...
No meu silêncio, VOCÊ também se calaria... 
Na minha cegueira, VOCÊ me soltaria a mão...
Na minha distância, VOCÊ se manteria frio e repugnante... 
No meu desprezo, VOCÊ faltaria no grito de dor... 
Longe de mim, VOCÊ me desprezaria pela falta que faz... 
Na minha dor, VOCÊ daria gargalhadas de vitória... VOCÊ, VOCÊ, VOCÊ

Se o Teu Beijo 

Se o teu beijo doesse e torturasse,
transmitisse um veneno e uma doença,
inoculasse o gérmen da descrença
e destruísse a Fé que não renasce!

Se o teu beijo ferisse e condenasse,
fosse um pecado, um crime e uma sentença;
se eu te beijasse e, numa angústia imensa,
fosse ficando negro de uma face!

Se o teu beijo deixasse ferida
e meus lábios sangrassem toda a vida
e eu tombasse murchando sobre o pó...

Tu serias o horror de toda a gente!
Mas eu te ampararia docemente
e pediria, em troca, um beijo, um só!

Como Magia 

"Como por encanto você surgiu 
No momento que meu coração pede socorro 
Como magia você apareceu 
No momento que minha vida 
Clama por felicidade 
Como por encanto você me faz renascer 
me dá vida... me dá alegria... 
me enche de paz... 
me deixa ver um mundo diferente 
como magia você se impõe 
e me compõe. 
Como um sonho você surge como poesia 
Como um sonho , só me traz alegria. 
E no momento mágico da vida 
Me vejo aqui, procurando você. 
Me encontro, assim perdida 
Procurando na minha vida
A Poesia escondida."

Ò Meu Eterno Amor Eterno 

De que adiantaria saber tudo sobre o mundo, 
A lição da minha profissão, 
e pairasse nas alturas, 
conversando com os magos? 
Onde está o complemento; 
o meu alento?

Roma, Hong Kong, 
China, Brasil. 
O adequado amor não reside só no ardor, 
mas no pavor de perde-lo.

Algo que completa a alma, 
coisa de poeta louco. 
O sentimento certo e imperfeito.

Nada me interessa mais, 
Mais, mais, mais! 
Quero que descubras a ambigüidade 
de minhas palavras em brasas.

A dor quando retiro a espada 
e lhe dou asas!

Que vida é essa 
que me faz andar em círculos, 
E voltar ao mesmo ponto; 
o lugar donde eu vim?

Há um paraíso terrestre em algum lugar 
com muito verde e frutas cor de vinho, 
com o mar esverdeado 
e meu complemento. 
Um lugar que não precise dar muitas voltas 
até chegar onde quero. 
É o que eu espero. 
O amor do tamanho da eternidade.

 

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