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Como preparar Roteiros

 

     Para os roteiristas, não é preciso um trabalho de aspecto impecável (gastando dinheiro em folhas caras, encadernação, plastificação, etc...) mas deve ser criativo, bem descrito, diálogos e narrativa bem trabalhada.

     Cabe ao roteirista dividir a história e distribuí-la na quantidade de páginas exigida. Todas histórias devem ter um texto claro e descrição minuciosa para facilitar o desenhista, como descrição da cena, de vestimentas, ações e expressões das personagens e qualquer outro detalhe importante.

     Abaixo segue alguns exemplos utilizados pelas editoras, que depois de prontos e aprovados são encaminhados aos desenhistas.

 

Roteiro em texto


 Algumas editoras preparam roteiros em folhas já impressas para este meio (como no exemplo da esquerda).
Cada folha tem divisões de quadros onde é possível distribuir cenas e diálogos de forma organizada.

Você pode construir seu roteiro neste molde traçando alguns quadrados em folhas de sulfite, pois com um esboço simples facilita na distribuição dos quadros e balões e também na quantidade de páginas (exemplo da direita).

Também poderá construí-lo apenas em forma de texto, como poderá conferir no exemplo no final desta página.

 

 

Roteiro desenhado
 

Um roteiro desenhado facilita em vários aspectos para o desenhista:
demonstra com mais precisão a cena a ser retratada;
melhor distribuição das seqüências de ações e diálogos das personagens;
facilita na preparação da quantidade de páginas exigida.

Este tipo de roteiro limita o desenhista na diagramação e criação de cenas,
mas possibilita quadros mais organizados e de fácil compreensão.

 

© Revista Tormenta - Marco Poli / Akemi

 

   

  

 :: Exemplo de roteiro utilizado na Revista Tsunami ::

Os roteiros que recebemos para a Revista Tsunami geralmente são em textos (fica a critério do roteirista) e depois de revisados são encaminhados para os desenhistas.

Em todos os roteiros que fizer, será preciso os seguintes itens:

- ficha das personagens - uma descrição da aparência das personagens que aparecerão na história: tipo físico, como se veste, como se comporta, particularidades das personagens ou outros detalhes importantes. Descreva o essencial. Alguns elementos os próprios desenhistas costumam completar (já que eles são padrinhos da criação ^_^)

- sinopse da história - um resumo da história, como apresentação de seu roteiro.

- o roteiro - não é obrigatório ter a divisão de páginas e quadros, mas facilita para poder visualizar e adaptar os quadros de acordo com o número necessário de páginas na edição que será impressa.

 

Exemplo:   (KIDDY & MATEUS - Tsunami # 2):

PERSONAGENS:

Raziel - é um “cupido”. Coloquei ele como um “franco-atirador”, tipo os de filmes de espionagem. Dá um lance interessante na história e no visual dele. A arma que ele usa no inicio da historia, é um arco-automático-com-mira-laser-telescópica, ao invés do tradicional arco-e-flecha dos cupidos comuns. Raziel pode ter um visual de atirador de elite. Cabelo bem arrumado (pra dar o jeitão de perfeito) com luvas, uniforme simples (que você pode criar, Roberta), binóculos (moderno) e talvez aqueles óculos ovais. E algum “emblema” angelical pequeno na roupa.

Almoxarifados - são os setores onde os anjos pegam o material de trabalho (arcos, neuro-manipuladores, etc).  

Menino tímido (Mateus) e garota esnobe - Os dois são os personagens secunndários, o Mateus (da Tsunami 1) está apaixonado pela colega de classe, que o esnoba. Ela tem coração frio como gelo. Tem cabelo escuro. Kiddy cisma de ajudar os dois, sabe-se lá por que.

Os dois rapazes - o que leva o “tiro” pode ser alguém mais social, talvez de terno ou algo mais comportado. O outro, que o acolhe pode ter roupa simples ou justa... talvez esse já seja mais chegado nesse assunto, heh :P

 

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Quadro 1
Mostrar uma pessoa lá embaixo, nas ruas, sendo “alvo” de uma mira sofisticada. A mira aparece aproximando-se de uma mulher que está passando. Dois rapazes estão por perto dela, (podem ser parados num farol, ou andando pela calçada) Esta cena está na visão de uma mira, mas o + está bem na mulher. Enquanto isso, o comentário do “atirador”.

(Raziel) - isso... só mais um pouquinho...

Quadro 2
(Raziel) - Só mais um milímetro e... (close em Raziel, bem sério, o dedo se prepara pra puxar o gatilho)

Quadro 3
(Kiddy) - E aí, Raziel, tudo beleza?? (Kiddy feliz dá tapinha no ombro dele)
(Raziel) - Ugh! ( Tlaaang!! (o dedo do anjo apertou o gatilho da balestra sem querer)

Quadro 4
A flecha voa em direção à pessoa errada e atinge em cheio o coração de um homem!
(a flecha quando atinge pode sumir – como se o alvo tivesse levado uma pancada forte – é que ficaria “pesado” nessa historia uma flecha encravada na pessoa , heheh)
o sujeito que leva o “tiro” usa terno.

Quadro 5
Esse rapaz (o de visual mais social) vai caindo, outro cara vem e o segura. Pergunta:

- Ei, o que há com você? (Homem que está ajudando)
- Tá tudo bem? Sente alguma coisa?

Quadro 6
(Homem de terno) - Eu... sinto... sinto que... estou... no céu... (apaixonado pelo cara que o segurou! o outro se surpreende)

  
    © Gilson Kitsune - Kiddy & Mateus

    

 

As Histórias em Quadrinhos como estratégia de leitura crítica da realidade


-> Potencialidades e características das HQs

Ao tratar-se de HQ, não se pode desconsiderar o fato de que muito do público leitor dessas histórias migra facilmente para os desenhos e filmes de seus personagens preferidos. Embora mude o meio de difusão, as ideologias que sustentam são as mesmas, de modo que outros exemplos (da televisão e do cinema) vão ratificar as análises aqui propostas. A metodologia de análise pode ser facilmente adaptada ao meio.

(Ver com os presentes alguns de seus costumes de infância: colecionar figuras, recortes, cartazes, cadernos etc de algum personagem de HQ)
O que acontece de mágico nas HQ é a beleza e a relação afetiva que elas são capazes de criar com seus leitores. Recortar figuras de suas histórias preferidas, colecionar revistas de seus heróis prediletos, decorar o quarto ou ainda carregar em forma de adornos e outros objetos de utilidade pessoal (cadernos, mochilas etc) lem,nranças dos personagens preferidos são práticas comuns entre crianças e adolescentes. Mudam as HQ, mas não mudam os costumes. Uma vez foi a Bolota e o Mandrake, agora é Pokemon, Pocahontas, Spawn. Amanhã certamente serão outros. Entretanto, "o encantamento cobra um alto preço, quando um de seus efeitos consiste em fazer com que seu público suspenda seu julgamento crítico sobre as mensagens ideológicas dominantes produzidas". Quer dizer, a beleza estética que impressiona acaba por mascarar muitas coisas passadas como verdades. São exatamente essas "verdades" que o educador deve aproveitar para trabalhar com seu grupo, não podendo deixar que os prazeres gerados pelas imagens e pela história possam suplantar as exigências de uma análise crítica da realidade para a qual a historieta aponta. Na criança, o prazer e a discussão crítica se encontram, e ambos formarão a sua personalidade. Aqui, não é o caso de eliminar o prazer da leitura, antes é aproveitá-lo para ultrapassar suas fronteiras e ir em direção à realidade sugerida pela história.

Em seu trabalho como educador, certamente "faz parte de sua tarefa docente não apenas ensinar conteúdos, mas também ensinar a pensar certo", assim como "faz parte igualmente do pensar certo a rejeição mais decidida a qualquer forma de discriminação". O desafio será não exatamente ensinar o que é certo e o que é errado, ou revelar a verdade oculta aos olhos dos não iluminados, mas construir junto com os aprendizes uma forma de pensar, uma capacidade de refletir sobre a realidade que os cerca, a fim de que possam sempre identificá-la, conhecê-la e dominá-la. E conforme Freire, nessa tarefa, a discriminação deve ser totalmente rejeitada. Portanto, na proposta apresentada aqui, se privilegiam alguns exemplos onde a discriminação e os preconceitos aparecem disfarçadamente algumas vezes e outras nem tanto, da mesma forma como aparecem algumas idéias de superioridade masculina, assim como superioridade entre povos, entre outros. São temas sugeridos pelas próprias HQ. Caberá ao educador, como fazia Sócrates, ao confrontar-se com a historieta levar o aluno a perceber em sua própria história a realidade sugerida ou escondida na HQ. Depois disso, é deixar a HQ (que é apenas o motor de partida) e discutir a própria realidade. Não importa tanto se o aluno perceberá que as HQ mascaram a realidade, isto é mera conseqüência inevitável. O importante é que o aluno possa sentir-se desafiado a descortinar a sua realidade.
(...)

Sem dúvida, as HQs estão cheias de ideologias e mensagens nem tão subliminares como muitos pensam. Isto deve estar claro para aqueles que pretendem usá-las em sua prática de ensino. Não obrigatoriamente precisamos colocar-nos contra as HQ, pois isso é uma atitude um tanto quanto improdutiva. É como tapar o sol com a peneira. Pelo contrário, fazer vir a tona aquilo que elas podem propiciar: interesse dos alunos e temas diversos.

O trabalho proposto é uma aventura, pois aposta na liberdade de expressão dos alunos, na capacidade de reflexão do grupo e na competência do professor de fazer a pergunta certa. Muitas vezes o aluno dá a resposta correta, entretanto o professor lhe faz a pergunta errada. O desafio está lançado, a realidade está dada, basta ser descoberta com o trabalho colaborativo entre alunos e professores, com a ajuda das Histórias em Quadrinhos.

 - Texto extraído do Site das Letras voltado para Oficina de Quadrinhos.

 

 

 

 

 


 

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