Tempestade de Maldições ----------------------- fanfic by X/MADS! pluto_destiny_kishi@yahoo.com.br Ami Ikari ami.ikari@bestway.com.br " Se você conhece o inimigo e a si mesmo, você não precisará temer o resultado de uma centena de batalhas. Se você conhece a si mesmo mas não o seu inimigo, para cada vitória ganha você sofrerá uma derrota. Se você não conhece nem seu inimigo nem a si mesmo, você sucumbirá em todas as batalhas. " -= Sun Tzu, A Arte da Guerra =- * Segunda obra da saga TDK, seqüência de "Tempestade de Ilusões" * Um abração com muitas estrelinhas à minha 'priminha' *** Cindy Shaw Yie Tong! ^_^ *** * A Paolla Limy Matsuura, Henrique Pacheco de Loyola e Harry Potter * Sim, eu sei que Harry Potter é um personagem de ficção. Agora, afastem esse jaleco branco, sim? => Reescrita em 18/12/00 ------------------------------------------------------------------------ Capítulo 00: Lembranças do Amanhecer ------------------------------------------------------------------------ " Eu sou o Alfa e o Ômega, o princípio e o fim, que é, que era e que há de vir, o Todo-poderoso. " -= Apocalipse : 08 =- Eu lembro... 5 de Diamond, esse foi o dia em que ela apareceu pela primeira vez. Ou talvez fosse melhor dizer que aquele havia sido o dia em que eu fui apresentado pela primeira vez à ela. Recordo-me com cristalina clareza de seus cabelos longos e prateados, que atingiam o chão com duas grandes mechas presas por pequenas bolotas (alguns diriam odangos ou até almôndegas) de cabelo no topo da cabeça, enquanto seus olhos de azul oceânico percorriam cada fresta de meu rosto. Curiosidade, essa era a reação que eu podia enxergar por trás daqueles olhos serenos de tranquilidade. Foi por apenas um instante, mas foi um instante em que a Rainha voltara a ser uma criança de cinco ciclos diante de mim, a curiosidade inocente de uma criança voltando a emergir no rosto placente da soberana. Claro, nenhum comentário foi feito. Uma reverência por minha parte e a entrevista estava encerrada, não durando sequer meia dezena de minutos. Mas aquele foi o dia que Rainha Serenity conheceu o filho de Fate, foi também o dia em que pude ver pela primeira vez o rosto da monarca. Ao lado dela estava o Rei Eclypse, o atual Moon Dragon, seus olhos azuis e pálidos e cabelo curto e prateado a formarem uma indagação curiosa em minha mente. Evidentemente, jamais iria questioná-los o porquê dos dois monarcas apresentarem tantas feições semelhantes, realçadas ainda mais pela presença do símbolo real em suas testas, uma crescente lunar dourada voltada para cima. Afinal, era apenas uma mera coincidência... ou devia ser ao menos. Porém, esse pensamento foi logo abandonado pela minha mente. Eu era o filho de Fate, não cabia a mim questionar essas pequenas coisas enquanto havia muito ainda no mundo o que se associar. Muito. Óbvio que essa palavra era nada além de um eufemismo na época do Milênio de Prata para um cego que acaba de receber o dom da visão pela primeira vez. Entretanto, a alegria de poder enxergar tudo com novos olhos era o suficiente para suprimir qualquer choque ou tentativa de observar as novas travessuras de minha paranóia. 5 de Diamond era um dia feliz, e ponto. Eu lembro desse dia com a claridade de um cristal... 10 de Pearl. Exatamente às 030112 da manhã de 10 de Pearl, Ela apareceu. Eu podia até mesmo perceber o uso de letras capitais quando mencionava Ela, mas é claro que Ela já era tida quase como um tabu diante do povo selenita. Ou mais precisamente como uma praga a ser evitada a todo custo por todo o Milênio de Prata, porém tanto ou mais respeitada quanto a Senshi da Morte e da Destruição ou a própria Rainha. Ninguém seria idiota o suficiente de desafiar a Guardiã do Tempo, a Senshi de Plutão... mas eu estava seriamente pensando se eu deveria tomar um remédio para esse tipo de alucinação noturna. Ou talvez eu estivesse tendo um pesadelo. Sim, essa era uma explicação plausível... estudar por horas a fio os conceitos da Anatomia Elemental e Suas Aplicações para o teste que meu tutor viria a aplicar no dia seguinte havia sido uma tarefa exaustiva. Eu devia ter caído de sono em cima dos documentos e, em resposta à dor que devia estar se formando em minha coluna mal-posicionada, meu cerébro começou a desenvolver esse sonho macabro com a Guardiã do Tempo. Uma hipótese simples e fácil de ser comprovada, bastando apenas acordar, evidenciar as dores na coluna, sorrir e resolver dormir direito na cama. Claro, havia apenas o 'pequeno' detalhe que era 'despertar'. A Guardiã devia ter feito uma grande impressão no meu subconsciente durante a última festa ocorrida no palácio lunar, durante a comemoração do aniversário da princesa (e a apresentação do príncipe Endymion à côrte), para estar tanto tempo a observar-me nesse sonho. Hmm... e o sonho é extremamente lógico. 030354. 030355. 030356. 030357. Ela tossiu, chamando minha atenção de volta à sua pessoa. Meus olhos, é claro, voltavam de tempos em tempos para conferir a passagem dos segundos do meu relógio. Por Mercúrio, aquele era o sonho mais bem detalhado que eu podia me recordar... exceto que não era um sonho. 10 de Pearl... o dia em que eu fui convidada a participar da guarda de elite de Sailor Pluto. 10 de Pearl, 030500. Bem que Ela podia ter escolhido um horário melhor... ou um outro dia. Foi o meu pior dia de exames. Estranhamente, eu não me incomodei nem um pouco com as notas que viria a receber. Eu viria a ser Mercury Destiny Kishi. 10 de Pearl. Um bom dia. Oneechan ficaria orgulhosa de mim, tanto quanto eu estava dela ter sido nomeada Sailor Mercury... Era meu aniversário. 10 de Ruby. Ninguém sabia, é claro... eu também não gostaria que o resto do orfanato soubesse e isto não era um segredo. Ninguém me incomodava, eu não incomodava ninguém. Não que o orfanato fosse ruim, eu era bem tratado. Talvez bem até demais. Mas era tudo tão... tão... tão alien, entende? Parecia ser tão esquisito estar ali. Seria um horror imaginar que as portas de meu quarto se abrissem repentinamente e várias crianças entrarem para me cumprimentarem. A solidão é mais confortável e o silêncio é quase um afeto maternal para mim... estava tudo perfeito. Ou quase. Eu não sabia bem o como ou o porquê de eu saber, mas eu sabia. Havia algo errado naquela cena toda, meus pensamentos a passearem livremente pelas paredes familiares de meu quarto. Eu devia estar feliz, mas não estava. E eu não sabia o porquê de não estar feliz ou o porquê de eu saber que alguma coisa estava errada e que não me permitiria ser feliz naquele dia, entende? Estava tudo tão... estranho... e então ouvi a minha porta se abrir. Mais do que qualquer outro órfão, eu já devia ter desconfiado que aquela sensação devia ser um sinal de mau agouro. E o mais esquisito disso tudo é que eu não achei tão ruim assim. Afinal de contas, eu era um dos melhores lutadores a residirem na Lua. Eu seria capaz de me defender de qualquer um numa luta mão-a-mão. Que não fosse uma Senshi, é claro. E havia sido uma Senshi a entrar no meu quarto. Eu devia estar assustado, mas eu não estava. Eu ergui um sorriso quase sarcástico, como se estivesse perguntando 'o que te fez demorar tanto?', enquanto observava aqueles olhos vivazes e púrpuras a invadirem meu recinto com aqueles cabelos longos e esverdeados. Ela me respondeu com um sorriso quase pragmático, na minha opinião. 'Tenho um serviço novo para você', disse ela naquele sorriso. E depois de algumas palavras, eu tinha finalmente um objetivo maior na vida. 10 de Ruby, eu recebi um tremendo presente de aniversário... Eu lembro... e não consigo parar de me esquecer. *** Acontecem coisas estranhas na vida e isto é um fato, mas são poucas as regiões em que acontecem MUITAS coisas estranhas. Nos últimos anos, uma certa região de Tóquio, Japão, acabou recebendo a atenção de OVNIs, heróis mascarados, monstros, guerreiras mágicas vestidas com uniforme de marinheiro, danos exaustivos de propriedade e flashes misteriosos de luzes coloridas em becos e lugares afins. Sem dúvidas, Juubangai recebeu mais do que o normal na sua cota de 'esquisitice diária' (ou até mesmo a cota milenar) naqueles últimos anos. E, graças a alguma força divina, isso não era (ainda) o suficiente para impedir que o Sol subisse e descesse pela linha do horizonte e essa era a razão de ainda haverem pessoas a observarem a aurora de mais um dia em Minato-ku. Isso e o fato de que a Terra ainda existia naquele sistema solar, protegida por algumas dezenas de defensores. Claro, absolutamente NADA mudava o fato daquela ser uma aurora muito, muito especial. Ela era a primeira que marcava o início de uma das mais maravilhosas épocas para um estudante: as férias de verão. Sim, aquela era a primeira manhã das férias de verão. E ela tinha um significado muito, muito especial para um certo oriental que estava a admirar os raios solares no teto de um templo shinto deveras conhecido pelo número de 'esquisitices' a ocorrerem em seu solo sagrado. As lentes de seus óculos refletiam a luz solar, enquanto sua mente estava emaranhada no terrível fato que nascia com a estrela no horizonte e seu cabelo curto e negro era levemente bagunçado pela brisa matinal, embora ainda estivesse molhado pela ducha que tomara pouco tempo atrás. A esperança de que o fato se dissolvesse em sonhos já não existia mais. Era verdade e não havia como escapar mais. As férias de verão haviam começado. A manhã também marcava o final da sua relativa paz e sossego. Martin Siu então deixou escapar um longo suspiro, desviando seus pensamentos para uma outra linha... descobrir como ele iria descer daquele telhado sem (muitos) ferimentos físicos. Claro, fazer a mesma coisa que no mês anterior era uma solução tentadora. E foi assim que o Templo Hikawa amanheceu com um estrondoso grito de 'TASUKETEEEEEEEEEEEE' a ecoar pelo seus sagrados recintos. *** Hino Rei era uma pessoa sensata na maioria das vezes. Se sua coleção de mangás, suas amigas ou seu namorado não estivessem em perigo, Rei era a pessoa certa a se procurar quando se necessita de um ombro amigo, um conselho ou mesmo uma pessoa com quem se pode conversar sem medo de reprimendas. Afinal de contas, ela era a sacerdotisa de um templo shinto e era capaz de se comunicar com o Fogo Sagrado. Caso você não a irritasse, é claro. Evidentemente, ninguém havia ainda tentado acordar a dita sacerdotisa com um grito em seu teto numa primeira manhã de férias escolares. Dizer que ela estivesse 'levemente irritada' quando descobriu que o grito não envolvia uma ameaça de morte era o mesmo que dizer que Godzilla era uma lagartixa crescida. Claro que quando Hino Rei está 'levemente irritada' e você é o alvo da 'irritação' dela, você está em sérios problemas. Não são nem mesmo necessários 5 pontos de QI para chegar a essa conclusão quando um se encontra em frente da expressão de 'leve irritação' de Hino Rei. - Domo arigato gozaimasu, Rei-san! - foi a resposta que a sacerdotisa realmente não esperava, seguida por um abraço. Isso, por sua vez, estragou todo o clima de Justiça Divina (tm), mas foi o suficiente para que a 'irritação' se dissipasse como névoa num dia ensolarado. Claro, enquanto Rei piscava seus olhos em confusão e tentava processar o que havia acontecido de errado naquele pequeno episódio, Martin não ficou esperando para que a Justiça Divina (tm) fosse resumida e desceu rapidamente pela escada providenciada pela eficiência de Rei. Não que a visão de Hino Rei fosse tão terrível assim em seu cotidiano, com seus cabelos longos e negros a balançarem sobre suas costas, olhos de rubi-acastanhado a faiscarem com suas emoções sinceras e curvas que seriam impossíveis de descrever na frente de seu namorado potencialmente ciumento. Não, não, não... a visão de Rei era até mais que agradável. Quando você não é o alvo da Ira Divina (tm? Alguém sabe?) dela, é claro. O aroma de chá de morangos recém-preparado, por sua vez, podia ser comparado à calmaria antes da tempestade, segundo Martin Siu. Ficwriter, bacharelando de Ciências da Computação, recém-descoberto 'Membro do Grupo de Heróis Quase-Mascarados' (tm. Tenho certeza. Sério.), louco auto-declarado, Wannabe Otaku, o Alvo (segundo Haruka, Makoto, Rei e Chris)... essas eram algumas das facetas que poderiam descrever o descendente de chineses naquela manhã de verão diante de um bule de água, uma lata de chá de morango e um pote de açúcar. Quando Rei entrou novamente em seu estado Justiça Divina (tm) e pela porta da cozinha, ele sabia que teria que aplicar todo o seu conhecimento de sobrevivência perante à Ira Feminina (r) associada a garotas guerreiras mágicas que lutam pelo Amor e a Justiça, já que este era o caso de Hino Rei, a.k.a. Sailor Mars. Claro, todo seu conhecimento resumia-se em eventos de anime e aquela seria a primeira vez que ele testaria a hipótese na vida real. Ao menos, a primeira vez que fazia aquilo de forma consciente. - Chá? - perguntou ele, com seu melhor sorriso 'Por favor, não me bata' e expressão facial 'Eu não sei o que está acontecendo, sou inocente e o culpado é o Satanás'. Aparentemente, a estratégia funcionou. Ou então Rei miraculosamente havia sido atingida pela Calma Divina (tm) de Kami-sama quando entrou no templo. Ou, o mais provável, ela não estava com vontade de ter seu humor arruinado após uma noite esplendorosa ao lado de Chris Stover. Ou... bem, qualquer que fosse o motivo, Martin estava satisfeito que o resultado era o mesmo, enquanto oferecia uma caneca do chá para a recém-desperta sacerdotisa. O rosnado que ela emitiu enquanto furiosamente tomava posse da caneca de chá talvez fosse um excelente indicativo para o descendente de chinês de que o ideal era manter-se na famosa DSHR (Distância Segura de Hino Rei). Em outras palavras, ficar longe da frente dela. Felizmente (para ele), as Forças Divinas (tm) providenciaram uma distração: Chris Stover. - Que tem pro café? - foi a santa declamação de paz naquele sagrado recinto que era a cozinha Hino. Hmm... talvez um pequeno exagero por minha parte, mas o que vale é a intenção. - ... chá? - perguntou o brasileiro, miraculosamente aparecendo com uma segunda caneca de chá. - ... chá? - ecoou o canadense. - ... chá. - foi a resposta do brasileiro, erguendo a caneca na direção do PHR (Pacificador de Hino Rei). - ... chá. - repetiu o canadense, começando a bater a cabeça na batente da porta. - ... chá. - devolveu o brasileiro, ainda segurando a caneca esfumaçante de chá de morangos. - ... chá. CHÁ! CHÁ! @!%^&#! POR QUE TODA MANHÃ TEM _CHÁ_?!?! CHÁ! CHÁ! CHÁ! - começou a exclamar o canadense, ainda batendo a cabeça na batente da porta e começando a chorar em desespero. - _ONDE_ está a sopa miso? Café com torradas? Suco de laranja e biscoitos? Bacon com ovos? Leite e cereais? _POR QUE_ TEM SEMPRE QUE SER _CHÁ_?!?!?!?! - ... chá? - continuou o brasileiro, como se tudo fizesse parte de uma rotina diária e comum. - Dá logo essa caneca! - rosnou o canadense, intento em terminar com o terrível mal que era o chá. Como num passe de mágica, sua expressão mudou completamente ao avistar a miko do templo. - REI-CHAN! _POR FAVOR_, eu IMPLORO que me deixe ficar com o turno do Martin na cozinha! Eu _NÃO_ aguento mais beber CHÁ!!!! É chá no café da manhã, de manhã, no almoço, de tarde, no jantar, de noite... EU NÃO SUPORTO MAIS BEBER CHÁ!!! EU PRECISO DE _JOLT_!!! - Ara... posso comprar chá de camomila se quiser. Faz bem para os nervos. - comentou o descendente de chinês, observando que Chris parecia querer tornar-se uno com o pé de Rei. - AAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAARGH!!! *** Foi no enterro de minha mãe. 31 de Turquoise, faltando treze minutos para a meia noite e Ela apareceu. Eu tinha seis ciclos naquela época e minha mãe morreu devido a um ataque de energia youma. Eu ainda me lembro dela murmurando 'Kou-chan' pouco antes de cerrar seus olhos e abandonar o mundo em que vivia. Eu lembro também dos olhos vermelhos, sedentos de sangue e preenchidos apenas por fúria de meu pai. Ele gritou por minha mãe, chamando-a por seu verdadeiro nome, Aeris, enquanto dilacerava a besta. Meu pai sempre havia sido um militar, mas não havia sido a culpa dele ou de seu cargo que minha mãe havia morrido. Afinal, aqueles eram os riscos e toda a família tinha conhecimento disso quando mudou para uma região próxima de Callysto. Eu sempre tive orgulho de meu pai. Ele era meu herói, meu ídolo, a imagem na qual espelhava todos os meus ideais. No dia 31 de Turquoise, uma semana após a morte de minha genitora, aquela imagem perfeita já havia se partido em milhares de fragmentos. Era como se, com minha mãe, meu pai tivesse morrido também, tornando-se agora uma sombra de si mesmo. Ainda muito jovem, eu sabia que devia fazer alguma coisa. Eu não queria ficar sozinho. Não com aquele vazio provocado pela falta de minha mãe. E eu vi Ela. Seus olhos violetas pareciam perfurar os meus, alcançando a minha alma e observando friamente a minha angústia e frustração. Ela estava de pé, vestindo o uniforme da Senshi de Plutão, quase oculta por um dos pilares do Templo do Trovão. E eu fui capturado por aquele olhar, tentando descobrir o que ele significava, pois era muito diferente daqueles olhares de compaixão que eu recebera até aquele momento. Naquela câmara, apenas estavam eu, meu pai e Ela... e era tudo o que realmente importava, os olhos de meu pai pareciam ter brilhado diante da presença da Senshi de Plutão, nossa família não pertencia à alta nobreza e não se esperava a honra de uma Senshi comparecer para prestar homenagens. Não se podia estar mais certo, pois quando meu olhar voltou-se para a urna da família, senti os olhos dela seguirem os meus, resultando num leve aceno de sua cabeça, indicando que estava a reconhecer a importância daquele momento. Por treze minutos, nós três ficamos calados no recinto, tendo apenas o aroma das flores terrestres a acompanharem a passagem de minha mãe. O silêncio apenas sendo quebrado quando o relógio d'água indicou a chegada de um novo dia, a urna então brilhou, apagando- se no segundo seguinte. Meu pai ergueu-se pesada e cansadamente de sua almofada, levemente curvando-se na direção da Senshi e seguindo seu caminho até as portas do templo. Foi quando eu me ergui que a Senshi caminhou até mim, segurando o famoso bastão que era a Time Staff como se este fizesse parte dela. A imagem impressionou-me até os ossos, meu pai tendo me ensinado muito sobre a arte da guerra e como os mais bem treinados poderiam reconhecer num gesto casual a capacidade de um outro indivíduo. Eu ainda estava aprendendo, mas eu já sabia por onde olhar... era praticamente impossível deixar de perceber a importância que havia no andar da Senshi! - Siga-me. - disse ela, sua voz fria e misteriosa como seu planeta guardião. - Eu lhe mostrarei o caminho que procura. E eu a segui sem hesitar. Eu lembro... como se tivesse sido dois minutos atrás. *** Suor escorria por seu rosto, tenso como cada músculo de seu corpo, enquanto os seus olhos não se desprendiam de seu oponente. Um era a imagem do outro, a perna esquerda levemente flexionada para frente, cotovelo e punho esquerdo na altura do ombro direito com o punho direito cerrado na altura da cintura. Cabelo negro e ensopado de suor, respiração ofegante e calor irradiando de seus corpos... tudo indicava àquela aurora o quanto os dois lutadores haviam madrugado e se esforçado. Os olhos vermelhos de um então indicaram ao outro que havia chegado o momento de terminar o combate, o outro respondeu com um aceno de cabeça e ambos começaram a correr um na direção do outro, mudando levemente as táticas e posições de ataque. - Kachuu Tenshin AMAGURIKEN!!! - gritou Ranma, desferindo múltiplos socos em seu adversário, surpreendido pelo nome surpreendente do poderoso ataque que reunía as técnicas de velocidade das Joketsuzoku. Ranma respirou com dificuldade, transpirando à vontade, mas não desprendendo seus olhos azuis-acinzentados de seu adversário, estatelado no chão. Ele então sorriu mais abertamente, satisfeito que o outro resolvera não se reerguer para continuar. - Che! A idade começou a incomodar, 'sensei'? - perguntou ele com certo desdém e satisfação ao de olhos vermelhos, que até o dia anterior era impossível de ser derrotado por ele. - Hmpft... isso não vai funcionar da próxima vez, Saotome. - mencionou Satori Ryu, enxugando um pouco do suor em seu rosto. - Mas você melhorou um bocado desde a última vez. - Do not underestimate the Force. - comentou solenemente o adolescente, comemorando a primeira vitória (ainda que acidental) com um sorriso no canto dos lábios. - Bah! O Cristaleiro teria se saído melhor do que você com essa 'técnica'. Se for mesmo aplicar isso, é bom começar a desenvolver melhor a sua velocidade. Pernas _E_ braços. - devolveu Ryu, ainda sentindo os dois socos que Ranma aplicara em seu abdômen desprevenido. - Além da mira, que eu estava MUITO longe de ser atingido por aquelas outras quatro tentativas fracassadas. Vou ter que recomeçar do básico? - perguntou ele com sarcasmo, observando com alegria a careta de seu pupilo. Isso não durou por muito tempo, as feições de Henrique 'Ranma' Loyola tornando-se sérias em seguida. Já faziam duas semanas desde que o mundo havia sido salvo, duas semanas desde que uma pessoa querida havia sido deixada para trás... duas semanas desde que tivera (junto com as Senshi e os menos afortunados) que recuperar todo o atraso escolar adicionado com um 'treinamento' por cortesia de Satori Ryu nos fundamentos do Kurumatsu-do e a arte marcial selenita. Mas hoje, como todos os brasileiros já haviam declarado aos selenitas locais, começavam as 'férias de verão' deles! O stress acumulado no Salão Prateado, os acontecimentos que levaram à morte de Art e toda a sua vida sendo revirada de ponta-cabeça haviam tornado as duas últimas semanas numa espécie de 'leve transição', como alguns haviam mencionado. Contudo, para Moon Fox, a.k.a. Henrique Pacheco de Loyola, a.k.a. 'Ranma', a.k.a. First Writer, a.k.a. Moon Destiny Kishi, a.k.a. Aquele Que Nada Sabe Sobre uma Cena Comprometedora e Embaraçosa entre Kino Makoto & Maury Sillery em 'Tsuki no Senshi Dragon Kishi - Livro II: Chegadas & Retornos', resumindo, para ele, aquelas eram as férias mais merecidas que iria receber. - Hey! Cê tá me ouvindo? - Oro? - Hoje começam as suas férias. Que tá pensando em fazer? - Estava pensando nisso, Ryu. Provavelmente, um pouco de turismo, já que Chris conseguiu arrumar a papelada dos que haviam sido 'abduzidos por alienígenas' nesse meio-tempo. - pensou Henrique, ainda surpreso com a velocidade do canadense em hackear sistemas e o bom senso rápido de Ami, que resolveu manter o maior número de selenitas numa região. - Sem falar que vou aproveitar a 'mesada' que 'tio Billie' forneceu junto com com nossos 'intercâmbios'... - terminou ele, rindo levemente diante do que Chris chamava de 're-alocação de recursos da Micro$oft'. - Vai ir com quem? - perguntou Ryu, quase casualmente. Entretanto, já estava claro em seu tom de voz que sua paranóia não havia diminuído em frente da relativa paz que estavam tendo. - Não sei ainda. É provável que Tola resolva ir comigo. H-kun também. Edson ainda tá visitando aquela garota... Kirisawa Kiriko no hospital, então, sem chances dele aparecer. - Ricardo e Martin? - Cara... eu não faço idéia. Não conheço muito bem o primo do MADS, mas me parece que ele vai ficar por aqui para vigiar aquelas duas. - Un. Ele mantém uma vigilância cerrada em Neko e Kare. Mas o Cristaleiro precisa aprender a ser mais discreto... ontem à noite, Akai ligou e ainda pude ouvir uns gritos de 'hentai' no fundo da linha. - Ryu comentou, rindo levemente em seguida e acompanhado por Henrique. - Well... quanto ao MADS, ele provavelmente vai ficar por aí, escrevendo fanfics. - a alegria de Ryu terminou abruptamente, seu olhar se estreitando na direção daquela palavra. A razão disso era bem óbvia para aqueles que sabiam sobre o que havia acontecido na última vez que alguns dos novos selenitas haviam escrito um texto dessa espécie. Durante os últimos anos, o trio da Exodus FanFictions (Ranma, H-kun & MADS) havia narrado quase que literalmente as aventuras das Senshi, Dragon Kishi e Noble Kishi com a ajuda de outros. No final do último semestre, havia sido revelada a verossimilhança de suas histórias com o que de fato havia ocorrido, tudo obra de Art, Neko e Kare, os últimos selenitas sobreviventes da catástrofe que marcou o final do Milênio de Prata. A morte de Sailor Pluto, a Guardiã do Tempo, havia provocado uma instabilidade na Linha Temporal, o que acabou por ser facilmente alterada pela vontade de Art, Earth Destiny Kishi, que despertou os demais protetores da Linha Temporal. Contudo, nenhum dos recém- despertados seguira o caminho que Art traçara. Moon Fox, Silver Sky, Aleph, Firebird, Seph, Kyn e Chronos continuaram a trilhar na mesma convicção que os fadara a falecer na vida anterior, decidindo por não alterar a Linha Temporal para a concretização dos sonhos do Destiny Kishi da Terra. A vinda de Crystal Tokyo por meio da força acabaria por distorcer a utopia que ela representava, e quando Art revelou que pretendia governar a Neo Crystal Tokyo ao lado de Kyn, seus planos desmoronaram por completo. Neko e Kare haviam sido traídas pela pessoa que mais confiaram nos últimos milênios de suas vidas ao virem-se diante dos "Criadores de Ilusão", o sistema de segurança perfeito do Salão Prateado, e assumiram posição ao lado dos demais. Claro, todas as desgraças das Senshi, dos Dragon Kishi e dos Noble Kishi já haviam ganho o nome de 'Destiny Kishi' naquele instante e foi com pouca surpresa que Moon Dragon terminou por confrontar os ideais de Earth Destiny Kishi. Entretanto, tanto Art quanto Chronos sabiam que era necessária a essência vital do Destiny Kishi da Terra para que todos eles juntos pudessem voltar a estabilizar a Linha Temporal, ainda que por um breve período, até que um novo Guardião do Tempo fosse nomeado e a Time Staff recuperada. Art, um sonhador, rejeitou a hipótese de estar presente diante do fim de seu maior sonho, optando por suicídio nas mãos de Kyn, que terminou por não suportar a carga extra que os Destiny Kishi tiveram que colocar diante do 'Destiny Timeline Restore', a técnica máxima dos novos selenitas. Kyn, a.k.a. Paolla Matsuura, a.k.a. Mercury Destiny Kishi ficou num grave estado de saúde e foi colocada num estado de suspensão, permanecendo até o momento numa região criada por Chronos onde o tempo era proibido de fluir. Contudo, Ami ainda estava a pensar num meio seguro de extrair a sua irmã gêmea do passado da bolha temporal, enquanto as esperanças pareciam diminuir a cada dia que passava. O intelecto da japonesa era mais do que valorizado e toda essa cadeia de eventos trágicos acabou com a auto-estima de muitos deles. - ... fanfics? - murmurou Ryu, como se a palavra fosse uma praga a ser exterminada várias vezes seguidas. - Depois de tudo o que aconteceu, ele AINDA quer escrever fanfics? - indagou o selenita, enquanto Henrique respondia com um mexer dos ombros. - Ele é o MADS. - disse ele, por final, como se aquilo respondesse qualquer coisa. - De qualquer forma, Rei e Chris estão lá para evitarem que as coisas saiam do controle. - ... I hope so. - So do I... - murmurou Henrique, levemente preocupado. Não por causa do MADS, mas porque antes do seu treinamento ter começado, ELE havia tido idéias para alguns fanfics novos para uma continuação extra- oficial de 'Bishoujo Senshi Sailor Moon & The Dimensional Key', a saga na qual os selenitas haviam estrelado involuntariamente. Um grito, entretanto, interrompeu os pensamentos de Henrique: - RYUUUUUUUUU-CHAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAN!!! - Oh-oh... era minha vez de fazer o café-da-manhã! - lembrou um certo Dragon Kishi correndo em disparada. *** Em outro ponto de Tóquio, próximo da Mansão Kano, uma árvore espirrou. Inevitavelmente, seguiu-se o grito de 'hentai' e o som de um chute aplicado com MUITA violência. No instante seguinte, um certo descendente de chinês, mais alto e com maior massa, podia ser encontrado praticando meditação de ponta-cabeça numa grande rocha próxima à lagoa das carpas. Ricardo Gen, vestibulando forçado a ir num intercâmbio em Neri... quer dizer, Juubangai, Tóquio, Japão; amaldiçoou seus deuses quando recobrou sua consciência. "Quem as vê, nem pensaria que tivessem mais de vinte anos..." pensou ele, um sorriso de 'sabia que estava certo' formando-se em seguida em seu rosto. Nos últimos dias, ele estivera encarregado de vigiar as duas sobreviventes selenitas, que 'coincidentemente' encontraram abrigo na residência dos Kano - insistência de Mars Dragon, a.k.a. Kano Akai, era um fator importante a ser considerado. Claro, ser taxado de 'hentai' cada vez que cruzava os olhos com Kare não era uma experiência agradável, mas que culpa ele tinha se ele tinha trocado o cristal de áudio por um de vídeo no banheiro dela? Ou dele ter entrado no quarto dela enquanto se trocava pensando que fosse o de Neko? Ou ainda aquela ocasião em que ele inadvertidamente tropeçou e acabou numa posição comprometedora com a Destiny Kishi de Saturno? Ou ainda... ah... talvez o ideal mesmo fosse se esquecer desses acidentes ou ele acabaria começando a acreditar em Kare. Ao menos, esperava ele, ainda não haviam chegado ao estágio em que ele precisaria apenas abrir a boca para provocar a reação semi- automática de Kare (será?). Sem mencionar que os chutes estavam começando a ficar mais e mais doloridos - felizmente Kare ainda não havia começado a chutar numa certa região da anatomia masculina ou ele teria que pensar seriamente em transferir-se de Chiba-ke para um hospital (seria muito mais fácil). - *suspiro* ... Quando é que você vai aprender a ter mais tato, R-kun? Não sendo chutado sendo uma boa reação quando em companhia feminina, o descendente de chinês que era primo de MADS ergueu seus olhos para Kano Midori, a irmã mais velha de Mars Dragon. Ela tinha o cabelo ruivo solto e não muito longo, ao contrário do de Akai, amarrado numa trança que ia até o final das costas. Ambas tinham olhos verdes, embora os de Midori fossem cheios de vida e os de Akai, profundos de pensamentos. No momento, Midori já havia se trocado para um vestido de verão, longo e amarelo sem muitas frisas. Era simples, com um decote quadrado, mas que combinava perfeitamente com as sandálias amarelas de salto baixo e tiras que cruzavam poucas vezes até a metade da canela. A ruiva esboçava um sorriso largo, mostrando todos os seus dentes, enquanto olhava o rosto do Destiny Kishi, como se aquilo fosse uma rotina já conhecida na casa (e já era). - Desta vez é o stress da menina. Tudo o que fiz foi espirrar e ela já vem chutando! - defendeu-se Ricardo. - Hai, hai, hai... espirrar num galho de árvore que dá direto na janela do quarto dela. - comentou Midori, não se contendo em risinhos em seguida, já tendo visto essa mesma cena várias vezes. - Isso! RIA da desgraça alheia! - grunhiu o brasileiro com muito sarcasmo em sua voz. - HAHAHAHAHAHA! Mas você PRECISAVA ter visto a sua cara de desespero naquela hora! Parecia criança pêga diante de um pote de biscoitos! - riu ela mais um pouco, lembrando-se naquele instante que ele era supostamente o Destiny Kishi mais veloz. - Acho que a idade deve estar chegando para seus reflexos estarem tão ruins, R-kun... - Hmpft! Ria o quanto quiser, mas aquela ruiva ainda me paga! Eu _SEI_ que ela está tramando alguma coisa... - murmurou ele, não escondendo a desconfiança das duas sobreviventes. - Hey! Tem quatro ruivas nessa casa, R-kun! - Oopsie! Sorry! Sorry! Sorry! Às vezes, eu me esqueço... ruiva de olhos prateados fica melhor? - Hmm... mas não é mais fácil falar o nome dela? - QUÊ? E arriscar ser chutado de novo?!?!? E Midori voltou a rir, pois uma certa ruiva de olhos prateados, cujos cabelos longos permaneciam presos por uma fita, havia acabado de se aproximar da dupla. A sobrancelha esquerda tremia levemente de irritação, enquanto os dentes cerrados mal conseguiam conter o grito que se seguiria: - SEPH NO BAKA! - foi a voz da Justiça (Feminina) Divina (tm), seguida pelo Soco Divino (tm). *** Verão. Férias. Verão. Férias. Férias de verão. Aquelas eram palavras sagradas para um certo brasileiro que havia tido a falta de sorte de ser hospedado no Inferno. Claro, muitos teriam dito que era um exagero da parte dele, mas ele devolveria em seguida uma proposta para trocar de lugares. Afinal de contas, o pai era um jornalista, a mãe era a dona da casa, o filho era relativamente normal (brigava com a irmã, perdia a posse do controle remoto, era o Senhor do videogame...) e a filha... bem, a filha... a filha era... era... como dizer? A filha era ninguém menos que Tsukino Usagi! Nos poucos dias de estadia em que estivera naquela casa, Daniel 'Tolaris' nunca teve seu pé pisado tantas vezes! Tampouco ele se sentiu tão mal após comer um biscoito por cortesia de Usagi (primeiro por causa do... sabor, segundo por causa do Olhar de Cachorrinho Triste (tm) - a.k.a. o infame 'Big Sad Puppy Eyes' (tm) - dela). E Daniel ainda tinha a impressão de que seu estômago ainda estava tentando digerir aquele pedaço de farinha carbonizada com açúcar. Nem mesmo em seu quarto, o brasileiro tinha paz: Usagi sempre inventava alguma atividade para que ambos fizessem (devia ser parte de alguma tradição japonesa mediante os hóspedes ou alguma espécie de tortura, ele ainda estava tentando se decidir) e seu quarto já estava com as dobradiças perigosamente necessitando de uma chave de fendas. Estudar que era bom (com ênfase por parte de Mizuno Ami), nada. Não que ele estivesse preocupado com os estudos, mas aquela seria a oportunidade perfeita para não participar de nenhuma gincana ao redor de Juubangai, concurso de culinária apenas com Usagi, prática de dança para a festa do final do ano (ele devia cobrar uma taxa de Mamoru) ou qualquer outra coisa que o colocasse a menos de três metros de distância da reencarnação da princesa Serenity. Pelo menos, era o que o brasileiro e primo do primo do Henrique imaginava... até a noite anterior, quando ele praticamente acabou fazendo todos os deveres de Usagi e nenhum dos dele. E caso alguém quisesse desmentir a sua hipótese de estar sendo hospedado no Inferno, ele poderia retrucar sem hesitaçào de que aquele era o lugar com maior probabilidade (com leve competição com Chiba-ke e Templo Hikawa) Daquela Que Não Pode Ser Nomeada Mas É Conhecida Como A Coelha Rosa (r by Tolaris) aparecer. Aliás, esse era um tópico interessante em sua opinião, tanto quanto de estudante-otaku- ficwriter_em_horas_vagas quanto de Destiny Kishi de Marte: com a desestabilização da Linha Temporal e a conseguinte tentativa de linearização por parte dos Destiny Kishi, o que teria acontecido com aquele futuro - agora alternativo - ao qual pertencia Aquela Que Não Pode Ser Nomeada Mas É Conhecida Como A Coelha Rosa ou AQNPSNMECCACR ou simplesmente ChibiDevil (r by Tolaris)? Teria aquele futuro desaparecido? Pelos relatos que tivera das Outer Senshi, Sailor Pluto costumava encontrar a versão futura dela, o que significaria que ela ainda estaria viva naquela versão de Crystal Tokyo... a vinda de Dark Angel havia interrompido a estabilidade do Tempo, causando uma verdadeira enxaqueca para quem ainda quisesse pensar nisso durante aquela crise. No mais, a Guardiã do Tempo não havia previsto a vinda de Dark Angel e sua versão futura ou considerou pouco importante (o que era improvável com os resultados que se seguiram) ou não pertencia realmente àquela Linha do Tempo. Contudo, por alguns milhares de anos, aquela versão de Crystal Tokyo havia existido com aquela Sailor Pluto... ... o que abria a possibilidade deles mesmos invadirem seu próprio futuro alternativo. Não como uma máquina do tempo, mas como o portal de dimensões criado por Dark Angel. Considerando todos os pontos, Dark Angel TINHA invadido uma versão do futuro de uma Linha Temporal diferente da dele. A diferença residia principalmente no ponto de divergência do seu mundo e do de Dark Angel. E conforme a teoria do grupo, Dark Angel havia conseguido atravessar o Multiverso. "Então... ESTE universo PODE ser invadido por MILHARES de ChibiDevil's!" concluiu atônito o brasileiro. Um pouco assustado, Daniel olhou de relance para todos os cantos de seu quarto, enquanto ainda estava deitado na confortável e fofa cama. "Só por precaução..." adicionava ele mentalmente, enquanto conjurava a presença da ponta de lança que fazia parte do arsenal de seu alter-ego selenita. Foi nesse mesmo e exato instante que tudo aconteceu. A porta abriu-se violentamente, revelando um dos piores pesadelos de Daniel Rezende Graminho, a.k.a. Tolaris, a.k.a. Mars Destiny Kishi, a.k.a. Aleph: - OHAYO, TOLA-KUN! - gritou a loira sorridente de longos cabelos e olhos azuis com um (mortal?) café-da-manhã em suas mãos. - AAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAH!!!! *** Os risos. Os risos são o que melhor me lembro daquele dia inesquecível. Eu me lembro perfeitamente dele, era 3 de Onyx e também o meu aniversário. O dia começara muito bem, minhas irmãs prepararam um verdadeiro banquete para o café-da-manhã, enquanto minha mãe ocupava-se com os últimos preparativos da festa. Eu ainda estava de pijama quando o pessoal da escola 'invadiu' o meu quarto (felizmente eu não estava me trocando naquele instante) e embora tenha cumprimentado todos os meus amigos, aquele dia me era mais especial. Não, não era porque simplesmente era o dia do meu aniversário. Aquele dia estava marcado há semanas no meu calendário, pois era o dia em que meu pai retornaria dos negócios. Eu completava treze ciclos naquele 3 de Onyx, e tinha recebido meu certificado de especialista em cristais no dia anterior. Sabia também que meu pai estaria orgulhoso de mim quando visse o certificado que eu tinha em mãos... ele mesmo havia conseguido o dele apenas aos dezesseis ciclos, isso já sendo um feito na época do Milênio de Prata. Durante todo o dia, fiquei a correr, brincar e a discutir as qualidades dos cristais com os meus amigos. Contudo, o ponto máximo havia sido quando meu pai havia chegado. Minhas irmãs acabaram por ganhar pedras de âmbar (símbolo de Urano) esculpidas em forma de cristal hexagonal, cada qual com seus nomes gravados na superfície, enquanto eu havia recebido uma rara ônix negro-azulada. "Que seja sua primeira obra-prima." dizia o bilhete junto com a pedra. Palavras faltaram naquele dia, tamanha era a emoção da minha família reunida... mas mesmo que houvessem palavras suficientes, elas acabariam por arruinar aquele momento especial. Do começo até o final do meu aniversário, aquele havia sido um dia memorável, pois no final dele, eu havia ganho um presente ainda mais especial... Meus amigos já haviam ido embora, o que acabou por deixar minhas irmãs e minha mãe ocupadas com a limpeza do caos que havia sido abandonado, enquanto meu pai preparava-se para arrumar suas próprias coisas da viagem. Sendo aquele o meu dia, eu tinha decidido subir numa das colinas próximas para observar o ocaso. Quando a primeira estrela apareceu no céu, uma presença se materializou atrás de mim e, ao virar- me, eu havia encontrado Ela. Os olhos de ametista não enganavam a ninguém sobre sua identidade, tampouco seus longos cabelos de esmeralda... era a segunda vez que eu a encontrava, a primeira quando eu tinha a metade dos ciclos daquele dia, quando meu pai foi requisitado para fornecer algumas das pedras de maior qualidade à Rainha Serenity. Sailor Pluto estava ao lado da Rainha, quase tão imponente quanto. Rumores diziam que a princesa estava a correr pelos corredores do palácio em companhia de um híbrido chamado Silver, o novo pupilo do Rei Eclypse, o Moon Dragon. E embora a pessoa da Rainha fosse impressionante, o que havia marcado mais em mim havia sido a Senshi. Eu podia sentir em minha pele que quando seu olhar cruzava alguma pessoa, ela não olhava essa pessoa... ela olhava ATRAVÉS dessa pessoa, tal e qual um joalheiro diante de uma obra-prima de ourivesaria, retirando o fascínio natural. Ela estava a me olhar dessa forma naquele momento em que me virei. Ainda preso às emoções daquele dia, nem mesmo havia reparado nas palavras que deviam ter saído de minha boca quando a encontrei... e nunca fui tão grato por aquele momento de espontaneidade, pois foram aquelas palavras que acabaram por arrancar um sorriso, logo seguido por alguns risos, da Senshi de Plutão. Não sei se havia sido o meu rosto, se havia sido o meu tom de voz ou a combinação de diversos e complexos fatores com que fizeram a sisuda Senshi explodir em risos, mas aquela havia sido uma imagem inesquecível. Uma pena que nunca consegui me recordar das exatas palavras ou sequer reproduzir o efeito provocado... mas eu sabia que aquele havia sido um dia feliz, para mim e a Senshi. Afinal, aquele dia 3 de Onyx também marcou o nascimento de Uranus Destiny Kishi. Eu adoro me lembrar daqueles risos... *** - Ohayo gozaimasu, Krys-chan! - anunciou alegremente a voz masculina, seguido pelo movimento das cortinas daquele quarto de hospital. A luz da aurora invadiu aos poucos o recinto, revelando o jovem brasileiro descendente de japoneses em sua calça social preta com camiseta branca. Seu cabelo castanho escuro levemente em desarranjo consigo mesmo era de mesma coloração que seus olhos, enquanto o par de óculos que usava parecia inspecionar a cama rodeada por flores em sua frente. - Ohayo gozaimasu, anata. - respondeu uma voz mais suave e feminina, um pouco cansada pelo tom dela. A garota hospitalizada tinha olhos rosados, que realçavam uma possível origem kalyriana, e um longo cabelo sedoso castanho-esverdeado. Mesmo tendo perdido um pouco de peso, ela permanecia ainda como a garota mais linda que o descendente de japoneses já fitara os olhos em. Ele a chamava de 'Krys-chan', enquanto ela o chamava de 'Fire-kun'... nomes que pouco se relacionavam com Kirisawa Kiriko e Edson Makoto Kimura, mas que eram muito mais próximos de Krystally e Firebird. Naquele momento, nenhum dos dois pareciam ser jovens adolescentes orientais, mas um casal que morrera alguns milhares de anos anteriores e que estava a finalmente usufruir do bom karma da vida seguinte. É claro, a cena romântica não podia ser ignorada pela terceira presença (e seguradora de vela) daquele quarto, Kino Makoto. A Senshi de Júpiter, com seus cabelos ondulados e castanhos e olhos verdes havia sido a principal responsável pelas idas e vindas das visitas de Edson 'Cloud' Kimura. Sem mencionar que ele era agora hóspede dela, o Hotel StarNight em que estava anteriormente dificultava muito a comunicação entre os selenitas. De qualquer forma, nada evitava a repetição daquele estranho ritual (na opinião de toda a equipe médica). Makoto (qualquer um dos dois) suspirava, enquanto a Senshi de Júpiter declamava aos céus: - Aah... como gostaria que meu antigo sempai estivesse aqui... *** Impossível era esquecer... seu rosto parecia iluminar, enquanto seu sorriso era a própria visão do Sol brilhante. Eu não poderia nunca me esquecer daquele dia tão especial... pois nem todos tinham a honra de serem convidados pela futura Senshi e tampouco a de estarem presentes durante a nomeação oficial. Eu sabia que haveria uma festa logo após o encerramento da cerimônia, mas o principal problema sempre havia sido acalmar a princesa antes do evento começar, pois ela estaria praticamente sozinha no saguão do palácio, cercada pela alta nobreza da Lua e diante da Rainha Serenity. Não era também um evento comum, portanto havia também a dedicação extra nos passos que seriam dados e uma preocupação adicional quanto aos preparativos. Alegria e ansiedade se contrastavam no rosto dela, uma jovem réplica do rosto de uma noiva diante do casamento tão esperado. A comparação era inevitável, pois embora não estivesse se casando com a profissão de Senshi, o título a acompanharia até a morte. Tinha seus altos e baixos, tanto militarmente quanto na vida social e, no caso da Senshi da Destruição, era marcante. Mas a princesa não viria a ser a futura Senshi de Saturno, portanto não incintaria o medo natural das pessoas e também não sofreria ostracismo imediato da sociedade. Ainda assim, havia um nervosismo natural diante da cerimônia, mesmo tendo treinado diversas vezes para chegar à perfeição. Se é que existiria algum júri para isso... Porém, eu estava certo de que tudo ocorreria perfeitamente. Eu conhecia bem a princesa e ali também estaria presente a princesa Serenity, cujo carisma já havia atingido todas as protegidas das Elder Senshi. Havia inclusive previsto a cena indelével daquele dia... a futura Senshi toda rígida diante dos olhos da nobreza, enquanto derretia-se de nervosismo por dentro, viria inevitavelmente a depositar o olhar na família real. Com exceção daquele rapaz de olhos vermelhos que sempre estava próximo ao Rei Eclypse, a família real tinha uma imagem especial quando confrontada naquele pedestal em que a princesa se encontrava... a mais jovem Serenity então quebraria o protocolo e sorriria para aquela que estava jurando lealdade, dissipando toda a tensão. Ela sequer iria perceber quando estivesse a dançar na festa de comemoração, ou mesmo os olhos quase vítreos da Senshi de Plutão sobre as novas protetoras da família real. Dançaríamos várias e várias vezes, como se esperançosamente aguardássemos que a noite cobrisse o palácio real, o momento ampliando- se a cada segundo... e a alegria e felicidade dela contagiaria a todos os presentes, como se a alegria dela agora fosse a nossa e a nossa fosse formada apenas pela dela. Quem se importaria com o que acontecia fora do saguão, se havia ali aquele sorriso a transbordar como pura ambrosia para os nossos olhos que imaginavam ter visto muitas coisas? Ah! Mas eu jamais me esqueceria daquele dia... 8 de Sapphire, dia que Shine de Vênus brilhou. 20 de Ruby, quando irradiou a Senshi de Marte. E também o dia em que apenas no final percebi que a Senshi do Tempo fixara seu olhar em mim e não na nova Senshi... Eu sempre me lembrarei desse dia tão especial, dias anteriores aos Destiny Kishi... *** Dias anteriores aos Destiny Kishi... aqueles seriam dias que jamais voltariam na opinião do terceiro membro fundador da Exodus FanFictions. Dias em que a vida se resumia em formular pequenas hipóteses, estudar, discutir com o irmão e coisas que agora pareciam... mundanas. Talvez fosse a grande influência do anime, tantos que ele assistiu e continuou a assistir na Terra do Sol Nascente, mas agora _aquelas_ coisas mundanas eram-lhe naquele instante as coisas a serem mais valorizadas no universo. Todo super-herói acaba num episódio, cedo ou tarde, desejando uma vida comum, pacífica... a vida de uma pessoa ordinária, com um cotidiano rotineiro e sem fim e com um ou dois eventos pequenos a temperarem o sabor da vida. Porém, se ele desejasse essa vida tão comum, seria o mesmo que dizer que agora ele, Hélio Perroni Filho, agora era um super-herói? E ainda um que fazia parte das lendas urbanas de Tóquio, um que tivera o simples infortúnio de ter sido morto numa vida passada e complicada na Lua? Tivesse alguém dito que sua vida tomaria aquele rumo, uma provável resposta sua teria sido 'só em sonhos' ou ainda 'talvez noutro universo paralelo'. Contudo, e infelizmente, ele não podia dizer isso na frente da realidade que estava aberta na sua frente. Talvez algum dia ele pudesse ter duvidado de seus olhos, se tudo não passasse de um grande sonho ruim... mas nenhum sonho poderia ser como a realidade que eles estava a vislumbrar, não sendo o mesmo caso do homem que sonhou que era uma borboleta ou da borboleta que sonhou que era um homem. A vida de H-kun já estava fora da área da filosofia humana quando em contato com a veracidade de Silver Sky. Um alter-ego capaz de produzir roupas e armas? Invente uma nova desculpa... ou melhor, nem tente. - ... não sei. O que você acha, Hélio-san? - Hã? - falou o brasileiro, saindo de seu mundo de introspecção. "Hmm... preciso ver se isso não é algum efeito colateral de Silver Sky na reencarnação..." adicionou ele, prestando maior atenção ao garoto de longos cabelos castanhos e olhos verdes na sua frente. - Ami-chan e eu estavámos discutindo na possibilidade de algum dos Destiny Kishi ocupar o cargo de Guardião do Tempo. Dessa forma, a Linha Temporal se estabilizaria e poderíamos tentar... 'observar' o mundo de Dark Angel sem precisarmos calcular as novas coordenadas de nosso universo. - Hai. - confirmou a garota mais jovem ao seu lado, também a mais inteligente das Senshi. - Sem dúvidas, a morte da Guardiã do Tempo seguida pela desestabilização do tempo acabam afetando drasticamente as bases do plano dimensional. Dark Angel certamente teria outros meios de obter a energia para a alimentação de seu portal... - Mizuno Ami, a garota de cabelos curtos e azuis sequer precisava mencionar que outras formas de energia poderiam ser utilizadas. Afinal, Dark Angel provavelmente viera de um mundo governado por Mettalia. - ... no entanto, nenhuma outra invasão foi registrada desde o desaparecimento de Sailor Pluto. - O que apenas nos leva a supor que precisamos de um Guardião do Tempo aqui... também significando que EXISTE a versão de Sailor Pluto no mundo de Dark Angel. Pode existir uma resistência selenita nessa dimensão. - E vocês pretendem ir lá de que forma, Ken? - questionou Hélio, a idéia tendo seus prós e contras. - E pode dizer 'ir à forra com Dark Angel', que eu não me incomodo com eufemismos. - Um passo de cada vez. - continuou Ami. - Precisamos primeiro de um Guardião do Tempo para manter a Linha Temporal estabilizada. Com isso, podemos resgatar todos os nossos amigos que foram levados por Dark Angel... tirar imouto de sua prisão e... - Como um novo Guardião vai ajudar Paolla? - interrompeu a reencarnação de Silver Sky, que, tendo vivido sobre o mesmo teto que os dois gênios, tinha uma boa noção da frustração matinal que ambos possuíam ao derrubar uma hipótese atrás da outra. - Nós tivemos um acordo. - foi a resposta de Kazeno Ken, a.k.a. Earth Dragon, acompanhada por um enorme e largo sorriso. Ao seu lado, Mizuno Ami também exibia um sorriso, embora mais discreto, de satisfação. Por parte de Hélio, um sorriso começou a se esboçar no canto de seus lábios, contagiado com o entusiasmo do casal de namorados. E no quinto planeta a partir do Sol, aquele que carregara o título de Hades Noble Kishi por uma vida inteira espirrou. *** Cair. Asas. Sete asas, brancas como a neve. - Cair. Asas. Sete asas brancas como a neve. Luz e Escuridão. Luz e Escuridão. Gelo e Fogo. Terra, Metal, Eletricidade, Água. - Gelo e Fogo. Terra, Metal, Eletricidade, Água. Som e Vento. Os Dez Elementos. Serenidade no Eclipse do Caos e do Destino. Som e Vento. Os Dez Elementos. Serenidade no Eclipse do Caos e do Destino. Estou Retornando, Senshi e Kishi. - Estou Retornando, Senshi e Kishi... ITTEEEEEEEEEEEEEEEEEEEEE!!! - HOTARU-CHAN! - gritaram duas vozes em uníssono. Ten'ou Haruka foi a primeira a alcançar a forma descendente de Tomoe Hotaru, e sua consorte, Kaiou Michiru, não demorou para abraçar as duas garotas. Hotaru, a menor garota, era a mais jovem das Senshi e tinha o cabelo negro-arroxeado e olhos lilases, enquanto a de cabelo loiro-acastanhado era a pianista e piloto de corridas, Haruka. A Senshi da Morte e da Destruição tremia sob os braços de Haruka, enquanto a garota de cabelos ondulados e verdes, Michiru, enxugava um pouco do suor frio com a manga de seu próprio pijama. Contudo, a imagem terminava por realçar a olhos estrangeiros o aspecto familiar das três garotas. Isso porque, aos olhos de qualquer um, as três eram definitivamente uma família. Haruka-papa e Michiru-mama sempre tiveram um zelo cuidadoso com a mais poderosa das Senshi, desde que ela havia retornado a ser um bebê até aquele momento, eram as duas que cuidavam das necessidades da pequena Hotaru. Claro, Hotaru tampouco era uma garota ou filha comum. Não apenas porque ela era uma Senshi ou a filha legítima do ex- grande cientista genético, Tomoe Souichiro. Ela estava longe do ordinário, pois ela era muito, muito especial. Dotada com a habilidade de curar outras pessoas, ela às vezes tinha estranhas visões (nada incomum quando se está com Hino Rei ou Meiou Setsuna) e uma delas acabava de se manifestar. Claro que, considerando o tempo desde a última manifestação e a recente bagunça causada na Linha Temporal, aquilo era aparentemente um bom sinal. Não que ter Hotaru em graves condições de saúde fosse algo bom, mas que ERA um bom sinal que uma das pessoas capazes de visualizar o futuro pudesse agora acessar suas habilidades. (Eu sou um de vocês, fãs devotos de Hotaru-sama!!! ABAIXEM essas Silence Glaives!) - Faz muito tempo desde a última vez que Hotaru teve uma dessas crises, Michiru-chan... Estou preocupada com o significado disso. - Haruka comentou para a violinista. - The Fallen Angel. Foi nesse momento que as palavras de Hotaru começaram a fazer algum sentido para Michiru. Havia algo nelas que estava a cutucar a sua mente, mas ela não tinha conseguido relacionar como Haruka havia feito, juntando as palavras com as imagens dos textos que Ami havia passado. Era a descrição de um anjo, não, um arcanjo e uma queda. Os dez Elementos indicavam a natureza selenita... tudo indicava que Hades Noble Kishi voltaria. - ... eu esperava que tivesse sido apenas um pesadelo... - murmurou o lado maternal de Michiru, afagando levemente a cabeça de Hotaru. - Mas acho que não posso desejar muito, não é? - sorriu ela. - O mar nunca fica calmo por muito tempo. - Eu esperava que a maré não subisse tão cedo. - murmurou Haruka, abraçando as duas garotas com afeição e cuidado. - Vamos comunicar aos demais amanhã? Ou seria melhor deixarem todos aproveitar esse momento de calmaria? - Seria melhor esperarmos uma confirmação. Se Rei-san... - Hai... eu gostaria que Setsuna estivesse aqui conosco. - Eu também... eu também... *** "Estou Retornando, Senshi e Kishi." - Finalmente... - Já se passaram dezoito meses desde a partida. - comentou uma outra voz masculina. - Hai, hai! Finalmente deu certo! - adicionou uma voz feminina. - Está bem animada, não? - falou outra voz feminina, porém mais serena e madura. A primeira voz interrompeu o que viria a ser uma outra discussão. - Eu me pergunto se iria nos reconhecer... - Não somos tão fáceis de sermos esquecidos... - disse a segunda voz masculina. - Vai se lembrar. Provavelmente, esses dezoito meses seriam quase como um longo sonho que estivera tendo. - Você acha isso, querido? - perguntou uma terceira voz feminina. - Bah! Sonho ou pesadelo, isso não importa. - avançou uma terceira voz masculina. - Temos que nos preparar para a chegada... afinal, foram dezoito meses e quem sabe... uma festa(?) não seria a melhor forma de recepção? - Eu estou começando a odiar festas, MUITO obrigado pela consideração. Parecem ser sinal prévio de mau agouro! - grunhiu a segunda voz masculina. - Não precisa exagerar dessa forma, querido... afinal, ajuda a quebrar parte do gelo. - Pode ser... mas não quer dizer que eu tenha que gostar. E pode trazer más recordações também. - Vocês acham? HA! É provável que um outro meteoro caia nas nossas cabeças durante essa festa! - esquentou a terceira voz masculina. - Been there, done that. - falaram as outras duas vozes masculinas em uníssono perfeito. - Hmpft! Honestly... y'should grow up. BOTH of you. - brincou a segunda voz feminina. - Onde vai ser, aliás? - Hmm... eu diria que seria em Juubangai. É o mais provável, as Senshi estão lá. - analisou a primeira voz masculina. - As Senshi? - disse a segunda voz masculina, preenchida por saudades e recordações. - Não vai ser perigoso? - Ooooh... está com medo de algumas garotinhas? - provocou a primeira voz feminina. - Nem parece ser você mesmo... - Damare! A questão não é essa! - gritou a outra voz em resposta. - E você deveria ser a primeira a se olhar no espelho para alguém que mudou tanto em tão pouco tempo. - Eu não acho que dezoito meses nessa loucura seja 'pouco' tempo, 'ojiisan'! - resmungou ela. - Além disso, a culpa é de vocês! - Oras, sua... - Oi! Oi! Oi! Sem discussões, vocês dois. - interferiu a primeira voz, mostrando um pouco do quanto estava se divertindo com a situação. - Hmm... estão faltando duas pessoas. - Devem estar calculando a rota do retorno. - explicou a segunda voz feminina. - Afinal, alguém tem que fazer esse serviço, não? - Fascinante... vai ser um choque e tanto quando retornar. - comentou a primeira voz masculina. - Não é sempre que agem dessa forma. - Também não é sempre que recebemos esse tipo de 'recado', ne? De qualquer forma, assim que soubermos as coordenadas exatas, poderemos preparar melhor as boas vindas. - disse a segunda voz masculina. - Seria bom também nos informarmos do que tem acontecido em Tóquio... - Verdade... - comentou a terceira voz masculina. - Embora possa rivalizar com o que já observamos, ouvi boatos interessantes a respeito de Juubangai. Cristais gigantes a emergirem do solo e desaparecerem tão repentinamente quanto apareceram. - Crystal Tokyo? - apavorou-se a primeira voz masculina. - Aquilo foi apenas um sonho... não há necessidade para tanto pânico assim. - acalmou a segunda voz feminina de imediato. - Se for preciso, estamos todos aqui do mesmo lado. - Aliás, alguns de nós ainda precisam conhecer essas garotinhas que apavoram o valentão aqui. - disse com sarcasmo a primeira voz feminina, continuando sem dar pausa para o outro retrucar. - Afinal, já FAZ algum tempo desde que as encontraram da última vez, ne? - Hai. - confirmou a primeira voz masculina. - Ainda assim, seria uma boa oportunidade para consultarmos Lady Masao. - Não precisamos dela, quanto mais consultar a permissão de uma Nijizuishou de Apocalipse! - esbravejou a terceira voz masculina. - Não imagino ainda como podem confiar nela... - Da mesma forma que confiamos em você, bakayarou! - devolveu a segunda voz masculina. - Ou se esquece também de quem você descende? - Anoo... será que os garotos podiam diminuir o nível de testosterona? Podemos voltar a discutir sobre a RECEPCÇÃO? - interrompeu a terceira voz feminina. - O tempo não está mais lento para ficarmos nessas discussões de antigamente, sabiam? - Old habits die hard. - comentaram os três, rindo em seguida. - *suspiro* Crianças... - responderam as outras três, logo se juntando ao riso generalizado. Fim do Capítulo 00 ________________________________ _/ Capítulo 01: Olhos de Serpente \_____________________________________ ------------------------------------------------------------------------