Histórias Alternativas - Uma Nova Chance
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Capítulo 01: A Caloura

Our lives are the result of decisions that were made in the past and our future will be determined by the decisions we make now. They can be as simple as where we want to go or as important and final as whether someone lives or dies.

-= Jason Ulloa, "The Earth Scout Chronicles" =-

*Obs: a linguagem oficial deste fic é Inglês*

      O alarme do relógio de Arthur tocou quase meia hora antes do horário que ele tinha programado na noite anterior. Sonolento e amaldiçoando os inventores daquele 'alarme-estúpido-em-forma-de-galinha' que sempre o acordava com um 'Good Morning' cantado, o adolescente pegou o 'relógio-branco-estúpido-e-idiota' e o arremessou contra a pobre parede que nada tinha a ver com a história.
      - AWRK! - piou (?) o relógio pela última vez. - Good... morniiiiiiing... AWRK!
      - Tenha VOCÊ um bom dia, coisa estúpida... - ele resmungou, tentando se lembrar quem havia tido a brilhante idéia de lhe dar aquela galinha branca... e, quando finalmente conseguiu se lembrar QUEM havia sido, o antes sonolento adolescente pulou da cama, em pânico.
      Seus gritos puderam ser ouvidos no andar de baixo, onde quase todos os seus companheiros de dormitório estavam tomando café.
      - Deixe-me ver... alguém... e eu não vou dizer QUEM... entrou no quarto do Arthur ontem à noite e programou o relógio prá tocar meia hora antes do que ele realmente queria, acertei? - perguntou uma garota, mais velha do que os meninos, enquanto colocava chocolate quente em uma caneca. - Por que vocês não o deixam em paz?
      - Porque é divertido ver como ele fica nervoso. - respondeu um deles, trespassando uma panqueca com o garfo. - Alguém passa o mel para mim?
      - MUITO engraçado... queria ver o que fariam se fosse com um de vocês. - disse a garota, com uma vontade quase irresistível de despejar o mel na cabeça do que havia pedido. - Será que vocês não conseguem ver que ele gosta de lembrar da ex-namorada dele e que faz pouco tempo que ele chegou aqui?
      - Não é culpa nossa se ele foi transferido. - disse outro garoto, sentando à mesa.
      - Vocês são desprezíveis. Espero que estejam felizes, porque, a partir de amanhã, eu não estarei mais aqui para fazer o café-da-manhã. Uma outra garota virá para me substituir, melhor começar a rezar... não sei como ela cozinha... ou se é do tipo de Melinda.
      Todos engasgaram quando ouviram o nome de Melinda ser pronunciado à mesa. Ninguém poderia esquecer o que ela havia feito à cozinha... havia levado quase seis meses para limpar o teto e torná-lo BRANCO novamente, depois que ela quase transformara a cozinha em um inferno. E tampouco eram inesquecíveis o arroz com curry ou a torta de maçã ou os biscoitos de chocolate (capazes de quebrar a parede se arremessados contra ela) ou panquecas.
      - Por favor, Samantha, estamos tentando COMER!
      - Mas... por que você não pode ficar conosco?
      - Já esqueceram as regras? As calouras têm que fazer tarefas pela escola e o meu turno na cozinha acabou. Agora sou responsável pelo Laboratório de Computação... - ela continuou, com o olhar mais cínico do mundo. - Ela deve estar chegando em breve...
      O som de alguém descendo a escada fez com que todos ficassem quietos e comessem suas panquecas antes que esfriassem. Samantha foi novamente na direção da cozinha para preparar o café para os que ainda não haviam descido.
      Arthur Crossroads entrou na sala de jantar sem falar uma palavra sequer para seus colegas e, especialmente, para seu companheiro de quarto. A única pessoa para a qual ele dirigiu uma palavra foi Samantha, quando ela serviu-lhe panquecas e cereal com leite.
      - Obrigado, Samantha.
      - De nada, Arthur. Creio que deve ter escutado o que eu disse agora a pouco.
      - Que você está sendo transferida para o Laboratório de Computação? Ouvi sim, parabéns, Samantha. Pelo menos você não vai ter que encarar esses carinhas todo dia de manhã. - ele respondeu, pegando uma colher. - Quem é a próxima vítima? "Pelamordedeus, que ela cozinhe melhor do que a Melinda... ou vou ter que voltar a comer no 7-Eleven..."
      - Ela logo vai chegar. - falou Samantha, quando a campainha tocou.
      Todos os garotos que estavam à mesa, de idades variadas, entre 14 e 19, engasgaram e tiveram que tomar um gole de água ou qualquer outro líquido que estivesse por perto para engolir a comida que havia parado em suas gargantas. Alguns pareciam estar tremendo, talvez de nervoso por conhecer outra garota... ou com medo do que ela pudesse 'criar' dentro da cozinha. Hm... considerem a segunda opção como correta, por favor.
      Alguns minutos depois, Samantha retornou à sala de jantar, trazendo consigo uma garota de feições orientais, de olhos e cabelos pretos, quase azuis, bem curtos. Em seu rosto, um par de óculos deixava claro que ela era míope.
      - Rapazes, esta é Tieko Aikawa. - disse Samantha, tentando sorrir, não RIR ao ver as expressões de pânico dos garotos.
      - Err... prazer em conhecê-la... - disse um deles, levantando-se para cumprimentá-la. - Meu nome é Bradley Cooper.
      - Eu sou William Hashimoto. - falou outro deles. - Pelo seu nome, você é japonesa, acertei?
      - Quase. - ela respondeu. - Sou brasileira, mas meus avós são japoneses.
      - Sou Daniel Luders. - cumprimentou outro rapaz, com um leve sotaque em sua fala. - {Também sou brasileiro, espero que goste daqui. Não é um mal lugar...} Você vai estudar onde, no Colégio ou na Universidade Fallen?
      - Primeiro ano da Universidade Fallen.
      - Qualquer problema, é só falar comigo, com o Rick ou com o Martin. - continuou Daniel. - Aliás, o verdadeiro nome do Rick é Henrique, mas ninguém aqui foi capaz de pronunciar isso direito, então...
      - ... então eu acho que deveria agradecê-lo por me apresentar sem que eu soubesse, Daniel? - perguntou um outro rapaz, descendo as escadas. - Sou Henrique Luders. O pessoal aqui me chama de Rick.
      Tieko olhou para os dois, piscando duas vezes antes de tentar dizer qualquer coisa.
      - Vocês são irmãos?
      - NÃO! - eles gritaram simultaneamente. - EU NUNCA SERIA IRMÃO _DELE_!!! SOMOS APENAS PRIMOS!
      - Pelo visto, eles gostam muito um do outro... - ela riu, colocando a mochila sobre a mesa.
      - E como. - falou Samantha, abafando o riso. - Cadê o Martin? Não acordou ainda?
      - Ha ha ha. - disse Rick, puxando uma cadeira. - Achou mesmo que ele estaria dormindo até as nove? Ele já foi pro Laboratório de Computação. "Sim, eu sei que hoje é sábado, mas..."
      - Bom... acho que estão todos aqui, exceto Martin. - disse Samantha, pegando sua bolsa. - São todos seus, Tieko. Suas tarefas diárias estão pregadas no quadro de avisos.
      - Ok, Samantha. Obrigada por tudo.
      - Na segunda, uma garota da Universidade Fallen irá te levar para um tour pelos prédios para que você não se perca. Mas eu acho que você recebeu um mapa da cidade naquela pasta preta que te entregaram e o dormitório feminino é o prédio do lado. Boa sorte.
      Tieko ficou olhando para a porta com uma imensa gota em sua cabeça enquanto Samantha saía do dormitório masculino e fechou a porta com força. Algumas pessoas que estavam na rua disseram que ela suspirou aliviada ao sair do prédio.
      - O que ela quis dizer com 'boa sorte'? - perguntou Tieko, parecendo confusa.
      - Nem esquente com isso. - respondeu o único que não havia se apresentado à caloura. - Ela deve estar com TPM, só isso. Aliás, meu nome é Arthur Crossroads. - ele continuou, sem olhar para o rosto dela, ocupado em terminar seu café-da-manhã.
      - Prazer em conhecê-lo, Arthur. - ela respondeu, caminhando pela sala de jantar até chegar ao quadro de avisos. - Hm... parece que eu sou responsável pelo café e pela janta de vocês nos sábados e domingos e somente pelo café durante a semana. - pensativa, ela colocou uma mão no queixo e olhou para os rapazes assustados. - Eu só tenho uma coisa a dizer.
      - E essa coisa não seria 'desculpem, rapazes, não sei cozinhar', seria?
      - Vamos com calma aí, Daniel. Eu não cozinho muito bem, mas vocês não vão morrer de fome. - falou Tieko, tirando um livro de dentro da mochila. - Deve existir algo que eu possa fazer com este livro de receitas.
      Os olhos de todos ficaram incrivelmente GRANDES e poucos se arriscaram a continuar olhando para a novata.
      - AGORA nós podemos ficar assustados? - perguntou William, engolindo com dificuldade o último pedaço de panqueca.
      - Não. Alguma outra pergunta que vocês queiram fazer? Falem agora ou calem-se para sempre.
      - ... - e o silêncio mórbido (tm) caiu sobre a sala, quase fazendo barulho.
      - Como eu pensei... - ela continuou, rindo, enquanto pegava os pratos vazios e os levava para a cozinha. - Ei, eu esqueci de falar que...! EI!!! Voltem aqui!
      Mas ninguém estava na sala de jantar para ouvir o que ela ainda tinha a dizer. Todos haviam corrido para a sala de TV, brigando para conseguir a posse do controle remoto, como os gritos mostravam. Algo como 'hoje é a MINHA vez de escolher o canal!' ou 'não é não, passa logo esse controle prá cá, seu...' e coisas do tipo.
      Suspirando, mas ainda com um sorriso, Tieko pegou um avental azul claro de dentro de sua mochila e o colocou, olhando para a IMENSA pilha de louça que a esperava dentro do tanque.
      - Pelo menos eu não tenho aula hoje. - ela disse, tentando ser um pouco mais otimista. Logo a água começou a cair sobre os pratos, levando parte do mel que ainda estava sobre os pratos.
      - Mas você tem alguma coisa importante para fazer hoje? - Arthur perguntou, entrando na cozinha e colocando um prato e um copo dentro da pia.
      - Eu... não... quer dizer, eu... ia... - gaguejou Tieko, sentindo as bochechas ficando quentes e vermelhas. - ... fazer um bolo... prá mais tarde...
      - Posso ajudar?

***
      Algumas horas depois, um estranho grupo de adolescentes caminhava como se fossem um único ser, arrastando-se de moita em moita, de caixa de correio em caixa de correio e... ah, vocês entenderam, tentando esconder-se do casal que caminhava na direção da mercearia mais próxima.
      - Eu não falei prá vocês? Eu ouvi eles conversando na cozinha, de manhã. - sussurrou Bradley.
      - O Arthur podia esperar pelo menos um dia para conhecê-la melhor antes de convidá-la para sair, não acham? - sussurrou William.
      - Putz... vocês me lembram mais duas velhinhas fofocando sobre a vizinhança. - comentou Rick, entediado. - Eu vou estar na livraria, passem lá prá me chamar quando terminarem com isso.
      - Estraga-prazeres. - eles disseram, quando Daniel e Rick foram para a livraria. - Vamos continuar seguindo os dois e...
      - Sabe que eu até concordo com o Rick? - falou uma voz que vinha de trás dos fofoqueiros. - Que tal deixá-los em paz?
      Bradley e William só conseguiram olhar para a 'machona' que estava atrás deles. Ela usava um boné de baseball que escondia seu cabelo loiro, fazendo-a parecer-se ainda mais com um menino, mais calças jeans, uma camiseta verde e uma jaqueta de couro com o símbolo da Universidade Fallen bordado.
      - McKinnion! - exclamou Bradley, um pouco assustado. - Vá cuidar do que lhe interessa.
      - Ah, mas isso é justamente o que estou fazendo. Por que vocês estão tão interessados em saber o que está acontecendo entre Crossroads e Aikawa? Deixem-os em paz!
      - Peraí. Não me diga que...
      - Isso mesmo. Sou a veterana responsável por Aikawa nos primeiros dias dela em Mornington. Agora, que tal sumirem daqui? VÃO!
      Tieko e Arthur ouviram a voz de McKinnion e voltaram para onde ela estava.
      - Obrigada, Catherin. - falou Tieko, parecendo um pouco chateada. - Desculpe por causar tantos problemas.
      - Ei, essa é a minha função. O Instituto Fallen recebe um monte de estudantes de fora e a gente aprende a respeitar os recém-chegados. Eu mesma fui uma, então sei como a vida pode ser difícil com pessoas como eles. - respondeu Catherin, com as mãos dentro dos bolsos. - Me chame de Cat. Estão indo fazer compras ou só dando uma volta pela cidade?
      - Para ser sincera, estávamos procurando um lugar onde eu poderia encontrar os ingredientes para fazer um bolo. - falou Tieko, tirando um pedaço de papel de dentro da bolsa. - Mas nenhuma loja até agora vende o que eu preciso.
      - Deixe-me dar uma olhada nisso... hm... acho que sei onde encontrar isso. - e ela olhou para Arthur com o canto do olho. - Parece que já fez boas amizades aqui-
      - Ah, sim. Você foi a minha primeira amiga aqui, Cat.
     
"Err... não era bem sobre ISSO que eu estava falando, mas...", ela pensou, mudando levemente a expressão do rosto. - Vamos fazer um trato. Eu ajudo a comprar as coisas de que você precisa e eu ganho um pedaço do bolo.
      - Feito. Espero que goste de bolo de chocolate com cobertura de brigadeiro.
      - Brigadeiro? Agora você me deixou curiosa... - Cat sorriu, caminhando junto ao casal.

***
      Rick chegou da cidade algumas horas depois, com uma sacola da livraria onde ele havia ido. Daniel estava com ele, carregando uma bola de vôlei que comprara na loja de artigos esportivos. Tudo estava silencioso no dormitório, exceto por alguns barulhos estranhos que vinham da cozinha.
      Curiosos, os dois entraram cuidadosamente na sala de jantar e olharam para a cozinha, sem entrar nela, contudo. Cat estava sentada à mesa, lendo algumas revistas, enquanto uma nuvem de farinha saía da cozinha.
      - Oi, Cat. - cumprimentou Daniel, colocando a bola no chão e segurando-a com o pé. - Procurando a Samantha?
      - Nope. Agora sou responsável pela Tieko. - ela respondeu, virando a página. - Foram fazer compras também?
      - Fomos. O Rick comprou uns livros que ele queria. C.J.McKinnion, se não estou enganado... Rick, pare de ler um pouco!
      - Eles não explodiram a cozinha ainda, então está tudo bem... hein? - falou Rick, fechando o livro. - Tava falando comigo.
      - Estava. O que está lendo mesmo?
      - O último livro de C.J.McKinnion, já te disse isso.
      Cat sorriu e deixou a revista sobre a mesa.
      - Ei, os dois dentro da cozinha! Eu pensei que iam fazer um bolo, não começar a Terceira Guerra Mundial!!
      - Fazer o quê? - perguntou Daniel, chutando a bola para dentro da sala de TV.
      - Um bolo de chocolate! Não se preocupem, estamos bem! - gritou Tieko, sem sair da cozinha. - Só tivemos que usar um pouco mais de farinha do que a receita mandava, mas acho que tudo vai terminar bem!
      Subitamente, a porta da frente se abriu e todos olharam em sua direção, rezando para que não fosse o zelador. Cat sabia que o Sr. Smith não gostava da presença de garotas no dormitório masculino e que elas estariam em grande encrenca se ele as visse ali... mas ele raramente visitava os prédios.
      - Yo, Martin! - cumprimentou Rick, quando um rapaz de feições orientais entrou no prédio.
      - Nihao... o que está acontecendo aqui? - ele perguntou, vendo algo branco saindo da cozinha. - Aquilo é um fantasma ou a Melinda voltou?
      - A Samantha foi transferida para o Laboratório de Computação, então outra garota veio para ficar no lugar dela. - respondeu Daniel.
      - Ah... oi. - falou Tieko, tossindo um pouco e tentando tirar um pouco da farinha do rosto. - Eu sou Tieko Aikawa, prazer em conhecê-lo...

***
      Chronos parecia estar adormecido na cadeira do Salão Prateado. Seus olhos estavam fechados e a Time Staff, repousando em seu colo, enquanto diversos acontecimentos ocorriam nas Linhas Temporais. Mas a sua atenção estava em um espelho em especial.
      Moon Fox, Aleph e Firebird entraram no salão e olharam para esse espelho. Aleph suspirou, com os braços cruzados.
      - Sabe... de vez em quando eu tenho saudades desse tempo. Quando só tinhamos que nos preocupar com as notas da faculdade... - ele disse, suspirando mais uma vez. - Temos mais responsabilidades agora.
      - Parece que ela já encontrou os nossos correspondentes, Aleph. - falou Moon Fox, sorrindo. - E também o de Chronos.
      - Só espero que isso não signifique que toda a história de Kyn irá se repetir. - comentou Firebird.
      - Não vai. Daniel e Henrique Luders só estão ali porque EU assim escrevi. - continuou Moon Fox, brincando com sua Silver Pen. - Só por precaução, claro. Já verifiquei aquela Linha do Tempo, ela está limpa de qualquer youma ou coisa do gênero que possa aparecer para criar qualquer confusão.
      - Nem mesmo o líder dos Destiny Kishi pode contigo, Moon Fox. - sorriu Aleph. - Mas o que aconteceria se um youma aparecesse por ali?
      - Ela tem a energia de Kyn em seu corpo, então ela pode se transformar em Mercury Destiny Kishi, assim como Arthur. Os nossos correspondentes não podem fazer a mesma coisa, mas o Chronos arrumou tudo certinho, enviando seis Guardiões junto com ela.
      - Acho que esta é a primeira vez que não estamos protegendo o Tempo ou a Neo-Rainha Serenity. - comentou Firebird.
      - Concordo, Cloud. - falou Moon Fox, usando um nickname há muito esquecido. - Mas sempre temos que estar preparados, pois existem Senshi naquela Linha do Tempo e, onde há Senshi, sempre haverá a Princesa Serenity.
      - Mas sempre haverá guardiões para ela. A nossa missão é apenas cuidar para que tudo esteja em seu devido lugar... - terminou Aleph, olhando mais uma vez para o espelho.

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