Sucessão
shortfic
by Dohko!
"
True ease in writing comes from art, not chance,
As those move easiest who have learned to dance.
'Tis not enough no harshness gives offence,
The sond must be an echo to the sense.
Soft is the strain when zephyr gently blows,
And the smooth stream in smoother numbers flows;
But when loud surges lash the sounding shore,
The hoarse, rough verse should like the torrent rear:
When Ajax strives some rock's vast weight to throw,
The line too labours, and the words move slow:
Not so, when swift Camilla scours the plain,
Flies o'er th'unbending corn, and skims along the main.
"
-= Papa Alexander, An Essay on Criticism =-
"
Le silence et la modestie sont qualités trés commode
à la conversation. "
-= Montaigne =-
Sinto meu coração bater mais forte a cada instante que
vejo aqueles diante de mim. Sinto também o ar mais vívido
e mais alegre, ao mesmo tempo que se torna mais denso e triste diante
destes que me rodeiam, sinto, tão apenas sinto. O calor e o frio
destes olhares, o gosto doce e amargo de suas próprias emoções
a invadirem meu pequeno ser. Sinto, tão apenas sou capaz de sentir.
Fosse eu um poeta, um menestrel, teria eu palavras melhores para descrever
o que sinto.
Não sendo, apenas digo-lhes que
sinto. Sinto meu coração bater mais forte, mais rápido.
Quase a perder o ritmo diante da emoção que aflora nos
segundos que se passam perante meus olhos. Sinto a emoção
tomar conta de mim, meus olhos a me traírem com a visão
dos que me rodeiam. Imagino se cada um deles é capaz de sentir
o que sinto neste instante, mas olhos diferentes de minha emoção
mos são refletidos pelos olhos de minha alma.
Evidente, diz uma parte de mim mesmo,
que eles sejam diferentes. Pois seja essa a diferença a que torna
todos iguais diante dele. Seja essa a diferença que os torna
tão especiais e interessantes. Não para pensar, não
para friamente analisar... apenas para compartilhar o tempo por mais
tempo que se possa imaginar. Seja então essa a diferença
que os torna iguais, para que nunca pensem da mesma forma e para que
nunca cometam os mesmos erros pelas mesmas formas da mesma conclusão.
Sinto, tão apenas sinto, meu sangue
ferver e esquentar quando deles me aproximo. Sinto a vida fluir por
minhas veias, espalhando-se por células famintas e desesperadas.
Sinto o desespero de cada parte de meu ser, desespero por não
conhecer, medo do desconhecido, daqueles que diante de mim agora estão.
Não posso evitar, apenas sinto. Sinto que eles não me
farão maior mal que eu próprio não faria a mim
mesmo, mas disso conclusão alguma teria. Pois são todos
diferentes, e são iguais nessa diferença que sinto apenas
em seus olhares.
Sinto, como se apenas eu pudesse sentir
e descrever o que há diante de mim, a morte se esparramar por
minhas artérias, drenando o excesso de minha emoção,
do meu próprio eu. Sinto como se vivesse e morresse com aqueles
olhares, com aqueles diferentes e iguais perante a mim, e então
pudesse apenas refletir em um olhar sem vida e sem morte a minha própria
alma. Mas nenhum deles seria capaz de compreender o meu olhar, nenhum
deles seria capaz de compreender quem eu sou ou mesmo quem eu serei.
Pois nem mesmo eu saberia dizer ao certo,
pois todos são iguais e todos são diferentes. E que seja
essa a diferença que torne todos iguais e que me torne diferente,
pois dela não pressinto a emoção a qual sinto diante
dessas pessoas e desses olhares. Viajo dentro de mim mesmo, à
procura deste ser que acredito ser eu mesmo, mas nada encontro além
da vida e da morte que me cerca como uma mãe e um pai protetores.
Mas nada posso fazer além de continuar a procurar a diferença
quie me torna igual ou a semelhança que me torna diferente dentro
de mim mesmo para que eu seja quem eu acredito ser, não... reduzo-me
a uma linha e reduzir-me-ei então a meras palavras. Não
busco quem eu sou ou quem eu serei. Não busco a diferença
ou a semelhança, não busco nada além de respostas
das quais não sei as perguntas... ou seriam as perguntas das
quais eu sei a resposta?
Nada disso realmente importa, pois eles
estão ao meu redor. E sinto, tão apenas sinto, a vida
e a morte a fluir por todo meu corpo, mantendo-me aquecido e frio simultaneamente
à diferença e à semelhança que tenho para
com eles. Sinto como se eu fosse o tudo e o nada, como se nada e tudo
fizessem parte do que eu sou e do que eu não. Pois eles me confundem,
e eu próprio me confundo. Redijo então aqui as minhas
poucas palavras, talvez muitas para alguns, mas decerto poucas para
uma alma; e me perco então no que eu próprio estou a pensar.
Sinto, tão apenas sinto, a frustração
de não saber como lhe explicar o que eu sinto. Sinto então
que nada posso fazer ou trazer além de confusão. Fosse
eu poeta... fosse eu um poeta, saberia eu que palavras usar, que palavras
escolher para explicar-lhe o que sinto. Eles todos me são especiais,
todos são especiais. São todos tão diferentes...
são todos tão parecidos. Posso apenas dizer-lhe isso então,
numa frustração sem nascimento ou morte, que aprecio ter
escrito toda a confusão. Pois do turbilhão de palavras,
sinto que compreendo mais a mim mesmo e as pessoas que me cercam. Sinto-me
mais aliviado, como se apenas por ter-lhe como ouvinte ou leitor, meu
particular confissor, que estou preparado.
Sinto meu coração bater
mais forte, sinto minha respiração tornar-se mais pesada.
Mas também não sinto nada mais. Nada mais eu sinto, pois
as palavras me tiraram o peso invisível e leve que eu não
sabia onde estava. Sinto, como se toda a confusão ali passasse
e parasse, e observo aqueles diante de mim, cujos olhares se tornam
perplexos ao se tornarem meus confissores, meus particulares ouvidos
e olhos e almas e tudo e nada... minha própria confusão
já me confunde no caos dos meus pensamentos.
Mas eu fujo! Eu fujo sem saber que estou
fugindo, mas logo percebo e me coloco diante dessas pessoas. Coloco
firmeza em meus passos, coloco indiferença em meu olhar e torno
a colocar uma expressão inexpressível em meu próprio
rosto. Aquele sou eu, e também não o sou. Sou um caos,
sou uma constante. Sou tudo e nada, pois assim eu sinto em minha confusão.
Assim eu me sinto com essas palavras de mentiras verdadeiras e verdades
desfeitas, um tanto perdido agora que apenas sinto e não mais
olho.
Um tanto perdido, por não observar
quem está ao meu lado, quem está ao meu redor. Sinto,
mas não posso lhe descrever com exatidão meus sentimentos,
sequer a emoção de ali estar. Minha casa, meu lar... meu
tudo e nada simultâneo, a origem do meu caos e do meu equilíbrio.
Sou um, sou dois... sou dois sendo um. Não sei, mas sei que sei.
Sei o que devo fazer com a mesma certeza que tenho de que sei que não
sei o que farei. E passo então a me repetir, a tornar-me confuso
novamente. Que esta carta não caia em mãos ou olhos que
não confie... mas sei que acabarão, pois nada tenho ao
certo.
Peço então que não
contes ou reveles minha alma, meu ser, minha confusão inerte.
Peço que nunca deixes de acreditar nestas palavras que volteiam
e rodeiam e tornam tudo mais num nada de mar de rosas sem fim ou começo
mas que revelam ser nada além de rosas negras, brancas e vermelhas
e vejo que me perco novamente. Perdoai este escritor que não
sabe o que sente... fosse eu um poeta... fosse eu um poeta, saberia
o que escrever.
Calo-me então e deixo que reflitas
sobre quem sou ou quem serei, pois disso nada sei com a mesma certeza
que sei que sei que não saberei até me ver ou me perder.
Descubras qual detentor dessas linhas tortas e diretas seria capaz de
revelar quem ele é e quem ele não é, da mesma forma
que mostra e não mostra sua postura e seu silêncio.
Vou calar-me, pois nada mais preciso
dizer para que saibas quem sou ou quem serei. E vou-me, vou-me agora
ao encontro das pessoas que me fazem tão feliz e infeliz. Ao
encontro do caos equacionado dos que dirigem o tempo sem fim do Tempo
da minha própria vida e morte.
Ah... fosse eu um poeta... fosse eu um
poeta, saberia o que eu sinto.
F
I M
Notas
do Dohko!
Não direi eu quem é, mas digo-lhes que minha culpa isto
não é. Quisera eu ser um poeta, para entender. Não
ser um poeta para compreender então. E repito-me diante das palavras
confusas e sem sentido que não me pertencem. Err... qualquer
coisa, a culpa é de Saotome. Acabei de escrever o MST de DK3
e meio que fiquei quase cinco dias sem escrever Tempest.
Ah! A culpa também é de
Ami-san, para quem achar que é culpa demais para uma pessoa.
^^;;;
Thanks for your time, minna-san! ^_^
Dohko!
17 de Fevereiro de 2000
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