Tempestade de Ilusões
by
Ami Ikari & X/MADS!Capítulo 11: Arauta da Morte
"The supreme happiness in life is the conviction that we are loved."
-= Victor Hugo =-Vazio.
Era estranho pensar que pudesse repentinamente sentir um vazio. Era estranho... o vazio em seu peito manifestou-se mais uma vez. Mas ele não se importava com aquilo. O vazio sempre estaria ali, e ele estava certo disso. Não havia, portanto, motivos para tentar lutar contra ele. Mas essa estranha sensação surgira repentinamente. Ou melhor, depois de algum tempo observando a janela do quarto.
MADS sorriu para si mesmo. Estava começando a adentrar num dos seus humores de reflexão. Nada tão filosófico como os tradicionais 'Quem sou eu' e 'Para onde eu vou'. Algo simples. Algo que sempre estivesse presente em seus pensamentos. "My dear one... when shall I be allowed to meet thee?" perguntou ele, nunca esperando por uma resposta.
Seus olhos pareceram levemente úmidos, mas ninguém iria notar aquilo. Por um momento, ele chegou a se perguntar o que viera fazer tão longe de casa. Mais de três meses já haviam se passado e ele certamente já conseguira aventuras para três vidas inteiras. Chegou até mesmo a pensar se aquilo tudo ainda era um sonho. Um sonho tão grande que ele era capaz de sonhar dentro desse sonho. Um sonho... quem sabe? Talvez ele já estivesse morto, tendo tido uma parada cardíaca quando recebera o e-mail da administração do câmpus da USP. Talvez estivesse num coma tão profundo que ele criara tudo aquilo para se divertir. Mas era espantosa a realidade.
Dentro de seu coração, Martin sabia que aquilo não era um sonho. Ele podia SENTIR o calor do Sol, o frio da manhã, a brisa suave da primavera... tudo muito bonito... e vivo. Só que havia ainda um vazio.
O ficwriter suspirou, girando a cadeira na qual estivera sentado tantas horas para ler e escrever fanfics. Em pouco tempo, ele já estava mais próximo da janela. De lá, ele surpreendeu-se ao ver uma garota. Sentada debaixo de uma árvore, se não a mesma da qual Paolla havia se acidentado, ela parecia uma personagem de romance.
Era bonita... e, sem dúvidas, inteligente. Seus cabelos negros a confundiam diante da sombra da árvore. Sem saber o porquê, Martin continuou a observá-la. Seu vestido longo e vermelho-claro, com algumas fitas rosadas e rendas brancas, parecia torná-la uma imagem do passado. Principalmente com a fita vermelha a prender seu cabelo e os sapatos vermelhos delicados e reluzentes. O ficwriter sabia que gostava daquela imagem, trazendo uma inexplicável sensação de nostalgia.
Ela era muito bonita. No momento, estava provavelmente assistindo os vídeos dos CDs do seu curso; o que contrastava a imagem do passado com a presença do computador negro em suas pernas estiradas. Meias brancas e longas pareciam tentar reforçar ainda mais aquela sensação de nostalgia.
Inadvertidamente, o brasileiro voltou a suspirar. Quase engasgou quando Jennifer Kanotori olhou diretamente para sua direção, quase como se soubesse quanto tempo ele ali estivera. Sorrindo, ela obrigou Martin a forçar um de volta, mas ele apenas relaxou quando a garota voltou sua atenção aos vídeos em seu laptop.
"Isto está indo longe demais..." pensou Martin. Impulsionando a cadeira giratória, mais uma de suas alegres aquisições ao templo shinto, o garoto voltou a estar diante de seu computador. Ele o olhou, quase desafiando-o ou querendo descobrir o que fazer. Ficou assim por quase dez minutos, quando enfim tomara uma decisão.
Enchendo seus pulmões, ele tomava o ar que precisava para ir adiante com aquilo. Em pouco tempo, alcançara sua mochila, tirando dela uma folha de papel e uma caneta prateada. Uma caneta fina, com traços dourados e dotada de tinta escarlate. Um produto típico da pirataria paraguaia.
Martin apenas a usava em ocasiões muito, muito especiais. Talvez fosse esse o motivo pela qual ela raramente funcionava. De qualquer forma, ele respirou novamente, colocando em seus pulmões a coragem de sua decisão. Certo de que não haviam observadores por perto, ele tratou de escrever. Nem por um momento escapou-lhe da mente a imagem da garota do passado.***
Algumas vezes na vida, as coisas dão certo. A vida é repleta de fracassos, mas não apenas deles. Esses fracassos parecem servir apenas para mostrar a importância e o valor que devemos dar aos nossos sucessos, só que isso não muda uma coisa. A deliciosa sensação do sucesso. As amargas derrotas parecem existir apenas para que nos tornemos mais fortes, mais destemidos, como se nos preparassem e nos purificarmos para receber o sucesso.
E qual sucesso maior do que a própria existência?
Essa era a opinião da escritora naquele momento. Seus pensamentos, às vezes sombrios e às vezes alegres, nunca deixavam aquele tema tão inusitado, tão inspirador que era a vida. Mas muitas pessoas ainda não dão valor a esse grande sucesso que obtiveram. Ao sucesso que obtiveram acima das outras milhares de possíveis existências. Todo mundo um dia foi um vencedor, e isso não deveria ser esquecido. Todos venceram a barreira da inexistência, ganhando seu próprio lugar no mundo, nem que fosse por alguns segundos, alguns instantes, alguns anos.
Mas talvez alguns deveriam jamais ter realizado tal proeza. Era essa também a opinião daquela escritora quando ela virou seu rosto. No seu campo de visão, ela encontrava duas pessoas a discutirem arduamente sobre o destino deles próprios. Ou de centenas de outras vidas. Todavia, ela não se interessava realmente naquela conversa, pois sabia perfeitamente o que iria fazer e como iria agir. Com os pensamentos resolutos, ela virou bruscamente sua cabeça, fazendo com que seus cabelos ruivos parecessem como chamas vivas no salão de prata.
Seus passos permaneceram mudos àquelas duas pessoas que discutiam com tanta firmeza e determinação, mas isso não a incomodava, enquanto ela percorria o caminho até uma das salas mais reservadas de seu grupo. O amor da vida de sua única amiga, no entanto, parecia sequer se incomodar com a relutância do brasileiro em colaborar voluntariamente com seu plano. Parecia, isso sim, estar se divertindo com a mente do recém-despertado selenita.
Caminhando mais lentamente, Kare ergueu sua mão direita, revelando um orbe negro diante de si. Este permaneceu flutuando ao seu lado, revelando imagens de vários lugares da residência. A Destiny Kishi ficou mais confiante e segura ao perceber que mais um dos traidores estava no poder de Art, já que isso iria facilitar ainda mais a convencer Moon Fox de fazer a sua parte.
Entretanto, os passos lentos e silenciosos da selenita pararam imperceptíveis diante de uma cena deveras intrigante, para não dizer muito preocupante. Numa histeria quase frenética, ela nunca imaginara que chegaria o dia em que ela poderia encontrar a Storyteller em tal estado. Neko estava muito nervosa, berrando para os orbes de luz que apareciam e sumiam diante de sua visão. O suor era visível em seu rosto, revelando a preocupação que conseguira ter em menos de meia hora.
A simples preocupação de Neko era o suficiente para que Kare também se preocupasse, que diria então encontrar tal cena diante de seus olhos. Mas o auto-controle da selenita conseguiu domar a fera do desespero em sua alma, obrigando Kare a pensar antes de dizer qualquer outra palavra. Talvez ela pudesse prestar mais atenção ao que Neko gritava tanto, mas estes mesmo a confundiam em sua mente, ocasianando numa espécie de torpor e tontura dentro de seus pensamentos. Aquela vertigem foi tornando-se maior, maior, maior...
- URUSAAAAAAAAAAI!!! - gritou Kare, não aguentando mais as vozes em sua mente. A garota foi obrigada a até mesmo tampar com as mãos os seus ouvidos, enquanto suas pernas não agüentavam mais o peso de seu próprio corpo e a deixavam cair no piso de metal.
Todavia, aquilo parecia ter surtido um efeito. Neko conseguiu que apenas uma gota de suor fosse a responsável a quebrar o súbito silêncio naquela sala. A selenita fechou seus olhos, tentando se acalmar, enquanto Kare tentava vencer todo aquele barulho inexistente. Não demorou muito até que uma encontrou nos braços da outra a força para continuar as suas vidas.
- O... o que aconteceu? - perguntou Kare, ciente que obtivera a atenção da Storyteller e que ambas estavam mais calmas. - O que está acontecendo, Neko-chan?
A garota de cabelos prateados hesitou um pouco em dizer, mas sabia que mais cedo ou mais tarde, todos acabariam por saber o que havia acontecido. Decidida, Neko achava que Kare merecia uma resposta depois de ver o seu desespero em controlar a Linha do Tempo. Antes, porém, ela tomou uma grande quantidade de ar para seus pulmões, acalmando primeiro a si mesma e criando a coragem necessária para relatar.
- Eles tinham acabado de trazer o traidor. - mencionou Neko, desviando o seu olhar de Kare. Quase como se não quisesse admitir o que estava acontecendo, como se quisesse negar a verdade. - Eu fui me certificar de que ele não iria escapar e quando eu voltei...
- O que aconteceu? - perguntou Kare, notando a intensa hesitação da selenita. Não era típico dela demorar tanto a responder, a menos que fosse algo realmente grave. O que começou a preocupá-la.
- Você estava certa... - disse Neko, seus olhos já lacrimejantes novamente. - Eu não devia ter provocado eles, mas... mas...
- O QUE ACONTECEU? - perguntou Kare novamente, desta vez sacudindo os ombros de Neko com suas mãos. - Por tudo que é sagrado, Neko-chan, me DIGA o que aconteceu!
- Martin sumiu. - respondeu Neko, aliviada como se alguém tivesse tirado um enorme peso de suas costas.
Aquilo arrebatou Kare como se um teravolt de eletricidade encontrasse o seu corpo. Havia sido uma notícia deveras surpreendente, tanto que a obrigou a soltar Neko de uma só vez. A selenita quase caiu no chão, tentando encontrar uma solução para aquilo. Teoricamente, era impossível que uma pessoa pudesse sumir daquela forma. Principalmente dos orbes de visão.
COMO Martin então havia sido capaz de sumir?
Os orbes de visão permitiam que eles pudessem presenciar os fatos que aconteciam em todo o universo, para que então pudessem observar o que estava indo de acordo com os Livros do Tempo. Nenhuma pessoa que estivesse dentro da Linha Temporal poderia ter a habilidade para escapar daqueles orbes. A própria Guardiã do Tempo somente conseguiria desviar-se deles por alguns instantes, isso se ela realmente quisesse isso.
COMO então explicar o sumiço de Martin? Pela expressão de Neko, sem dúvidas que já fazia um bom tempo desde que ele sumira. E aquela garota era simplesmente a que melhor sabia utilizar os orbes de visão!
- Você tem certeza? - perguntou Kare fracamente, quando finalmente reganhara as forças para falar.
- Hai. - revelou tristemente a sua amiga. - Estive procurando por ele desde que voltei da sala dos casulos... eu... gomen nasai, Kare-chan...
- Onde você o viu pela última vez? - perguntou Kare, tentando encontrar alguma pista sobre o paradeiro do chinês.
- ... ele... ele estava no seu quarto, olhando para as árvores...
- As árvores? - perguntou Kare, estranhando. Aquele não era o comportamento que ela esperava, mas... os pingüins certamente abalariam uma mente comum...
- H-hai... gomen, Kare-chan... - falou Neko novamente, deixando as lágrimas caírem no chão. - E-eu vou... vou consertar isso...
Kare voltou seu olhar na direção de Neko, que estava ajoelhada em sua direção, mas com a cabeça abaixada de vergonha. Aquilo compadeceu o espírito de Kare, porém não explicava o sumiço do chinês dos orbes de visão. E ela mesma estivera certa de que o ataque prematuro não havia sido de tanta importância para alterar a Linha do Tempo daquela forma.
- A culpa não é sua, Neko-chan. - falou Kare, assegurando a confiança de sua amiga e a abraçando. - Mas devemos fazer com que nada mais dê errado, ou Art vai acabar perdendo a cabeça.
Neko fez um 'sim' com a cabeça, todavia permanecia incerta sobre o que seria feito em relação ao acontecimento.
- O que vamos fazer? - perguntou a Storyteller.
- Prosseguir com o plano. - murmurou Kare, tomando a Silver Pen caída no chão de prata. Era a hora dela agir.***
Idiota. Idiota. Idiota.
Idiota!
Apesar de parecer um pensamento fixo em sua mente, o chinês não podia deixar de insultar a si mesmo por ter feito aquela pergunta. Afinal de contas, o que que tinha na cabeça dele quando ele resolveu perguntar??? AR???
De uma forma ou de outra, ele agora só conseguia mostrar um sorriso idiota na direção dela, agora que havia acabado toda e qualquer idéia para começar uma conversa. Idiota.
O silêncio que se seguia era agora ainda pior do que a falta de assunto. E o chinês sabia perfeitamente que isso não era um bom sinal. Aliás, ele sabia que era ainda mais do que aquilo. Era um péssimo sinal. Olhando para os lados e disfarçando o seu nervosismo e desespero, ele buscava urgentemente um assunto para o qual falar. Ele simplesmente não estava conseguindo agüentar aquela guerra de nervos. Idiota.
Claro, a ausência de pingüins era algo que o alegrava, embora isso também pudesse fornecer uma gama inesgotável de insultos ao GreenPeace ou seja lá quem quer que comandasse os pingüins assassinos. Num surto de inspiração, ele decidiu que deveria insistir com o assunto já morto.
- <Mas... você tem certeza disso?> - perguntou ele, incerto do que ela responderia agora. Claro, falou uma parte de sua mente, vai responder a mesma coisa que antes.
- Hai. - respondeu a garota, terminando definitivamente aquele assunto em questão. Ainda que não entendesse ou percebesse que o garoto estava com sérias dificuldades em encontrar mais assuntos diante da negativa.
- Anoo... - continuou Ricardo, ainda amaldiçoando a si mesmo. - <Mas como você ainda não sabe o que vai fazer na universidade?>
- <Bem... é que não pensei muito no assunto.> - respondeu Makoto, colocando pensativamente seu indicador no queixo. - <Talvez alguma coisa em que eu possa continuar a cozinhar...>
- <Você gosta muito de cozinhar, ne?> - perguntou Ricardo, encontrando um assunto. "Você é um gênio!" congratulava ele a si mesmo.
- Hai! - respondeu Makoto, com um sorriso. - <Nada é mais prazeroso do que ver os amigos gostando de sua comida.>
- <Acredito...> - concordou Ricardo, lembrando-se que 'certas' pessoas poderiam até estragar o apetite se tentassem colocar o pé novamente na cozinha. Claro, pensando na loira...
- Ohayo! - cumprimentou Usagi, aproximando-se da dupla. - <Vocês não atrasados?> - arriscou a Tsukino em seu inglês.
- Iie. - respondeu Makoto, sem deixar de piscar surpresa os seus olhos. - Você chegou cedo, Usa-chan.
- ...
Aquilo certamente havia sido uma notícia... avassaladora. Para Tsukino Usagi chegar cedo à escola, algo GRAVE deveria estar acontecendo. Ami não estava ao lado dela, o que fez Makoto se lembrar que ela iria passar no hospital antes de vir à escola. Portanto, COMO Usagi havia acordado CEDO e chegado CEDO??? Aquilo não fazia muito sentido para nenhuma das duas garotas e sequer para os madrugadores escolares que observavam curiosos aquela figura tão... distinta.
Ricardo, por sua vez, apenas deduziu que, o que quer que estivesse nos fanfics da Exodus, a verdade universal sempre estaria presente. E isso o fez ficar preocupado. Usagi estava tentando processar a informação dada por Makoto, o que era uma tarefa realmente difícil, pois não havia nada que ela podia encontrar em sua experiência escolar sobre chegar cedo. Claro, devorar o almoço antes da hora seria uma boa idéia, mas ela estava também preocupada.
Ela havia acordado em sua rotina normal, não? O despertador já tinha tocado uma hora antes, ela saíra correndo de casa com o café-da-manhã ainda na boca... Havia algo que não se encaixava, principalmente depois de uma noite em que ela dormira tarde ao ajudar sua família para a chegada do novo estudante de intercâmbio. Porém, a verdade estava lá, diante dela e com um enorme sorriso de vitória. Ela havia chegado cedo.
Claro, isso possibilitou que a loira apenas fosse capaz de fazer uma única ação quando ela percebeu que não poderia fazer nada para mudar aquela verdade e que uma estranha sensação estava invadindo o seu corpo.
*blinks*blinks*
- CEDO??? - exclamou vitoriosa a japonesa loira. - YATTA!
Obviamente, a alegria de Tsukino Usagi não poderia durar muito. Como era previsto pela Lei de Murphy, algo ia dar errado. Ricardo até já contava com isso quando percebera a chegada da loira e estava, naquele momento, rezando intensamente que os pingüins não viessem atacar a escola justamente no seu primeiro dia de aula.
Claro, Murphy o escutou.
- PEN-PEEEEEEEEEEEEEEEEN!!!!! - foi o grito generalizado que Ricardo NÃO queria ouvir.
- {Droga...} - resmungou o chinês, já se aquecendo para uma corrida.
Makoto, por sua vez, permaneceu no mesmo lugar, curiosa sobre o que teria sido aquele grito tão desafinado e não-familiar. Porém, a garota que queria fazer rolinhos de ficwriter acabou por desviar sua atenção para a apreensão da loira, ao mesmo tempo em que via Minako e Ami correndo do pátio para a direção delas.
A visão de Mizuno Ami preocupada já era algo a se acrescentar ao fato de Tsukino Usagi ter chegado cedo. A garota de cabelos castanhos resolveu então olhar a data daquele dia e marcá-lo como um dia negro. Kino Makoto estava então começando a tentar descobrir o que teria ocasionando naquela dupla preocupação naquele dia, a começar por perguntar-se o que ela fizera de errado ao atender o pedido de Martin e levar o primo dele à Juubangai. Ou melhor, ao mostrar para R-kun a lista de alunos recém-matriculados. Ou ainda melhor, o que ela teria feito de errado para merecer AQUILO.
O AQUILO, no caso, era uma chuva de pára-quedistas estranhos no pátio da escola. As quatro Senshi começaram a correr na direção do pátio, assim como a maioria dos alunos. Ricardo, por sua vez, estava checando ainda se estava vestindo tênis de sola alta. BEM alta.
- FOGUETES! - gritou então a voz esclarecedora de Umino Gurio.
Obviamente, ele foi a primeira pessoa a ser pisoteada por uma turba de alunos desesperados e a procurarem a saída. A segunda pessoa, no caso, foi Ricardo, que não contava com uma rápida reação do corpo discente. Ou do docente, já que a senhorita Sakurada estava em cima dele a gritar para que os alunos saíssem pacificamente da escola.
- {Era pedir muito por um dia de paz...} - Ricardo lamentava baixinho sob os vários pés japoneses.
Entretanto, bastaram apenas alguns minutos de barulho e confusão para que a escola se encontrasse quase deserta. As últimas pessoas a saírem haviam sido Osaka Naru e Umino Gurio, sendo também os últimos a pisotear o chinês, que amaldiçoava o seu dia infeliz.
Idiota.***
Tóquio, Japão. Uma das cidades candidatas a formigueiro humano do século, ela não deixava de transparecer toda a sua glória e intensa cultura. O misto da tecnologia da mais alta ponta com as tradições milenares era um fator contrastante e de intensa observação naquele país tão pequeno.
Fora as maravilhas que poderiam ser ditas a respeito da cidade capital do país, um porém poderia ser dito a mais. Quase como a construir suas próprias lendas urbanas, todos sabiam da existência de guerreiros fantásticos a zelarem pela paz mundial naquela cidade.
E era disso que Edson Makoto Kimura mais tinha medo. De algum dia encontrar esses guerreiros, essas lendas urbanas. Era até uma contradição, dado que ele era um ficwriter e que gostava particularmente daquele assunto. Ele até PESQUISARA as Senshi e os Dragon Kishi! Claro que Noble Kishi eram apenas invenções do MADS, um meio encontrado por ele para homenagear os guerreiros distintos.
- {Preocupado com alguma coisa?} - perguntou a voz ao seu lado.
- {Não, Tolaris.} - respondeu Edson, tentando novamente ajudar seu amigo. - {Você encontrou?}
- {Ainda não...} - respondeu o brasileiro. - {Se você encontrar um cara de olhos azuis-acinzentados e cabelo preto, me avise. Pode ser o Ranma querendo pregar um susto em mim.}
- {Acho isso difícil...} - comentou Edson, voltando a procurar pelo guia de intercâmbio de Tolaris.
Até que ele avistou uma LINDA jovem no imenso aeroporto. Aparentemente perdida, ela segurava um monte de papéis e parecia procurar por alguma coisa. Edson arrastou Daniel consigo, querendo ao menos praticar uma boa ação naquele dia e rezar para que tudo desse certo no decorrer de sua estadia em Tóquio. Foi com passos velozes e irregulares que ambos os brasileiros conseguiram driblar o intenso tráfego de pessoas para chegar até a morena.
- Está perdida? - perguntou Edson, assustando temporariamente a garota. Seus olhos rosados o fitaram, revelando a Edson que ele estava diante da criatura mais bela de todo o universo.
Isso se ele não estivesse dormindo.
- Iie. - respondeu a garota, sorrindo na sua direção. Nesse momento, Edson percebeu que ela vestia uma estranha camiseta. O padrão, no entanto, era um desenho familiar a ele, o que o obrigou a praticamente procurar pelos papéis de Tolaris.
Daniel, por sua vez, estava feliz em se manter alheio a tudo aquilo e a rezar para que Murphy não o visse no meio de tanta gente baixinha...
- O que está procurando? - perguntou a jovem garota, fazendo que Edson não deixasse de comparar a voz dela como a mais bela sinfonia que ouvira em toda a sua vida. - Posso ajudar?
- Ah-ha! - bradou triunfante o ficwriter, encontrando enfim os papéis que procurava. Neles, a clara figura que ele encontrara na camiseta branca da garota. O logo da International Interchange. - Voce está procurando pelo brasileiro Daniel Rezende Graminho, ne?
- H-hai... - respondeu surpresa a garota, não esperando por aquele tipo de encontro. - Como sabe?
- Meu amigo aqui é o Daniel. - respondeu Edson, indicando o Daniel-que-sorria-como-um-bobo-diante-da-namorada(?)-do-amigo. - E devíamos estar esperando pela guia... presumi que fosse você, pela camiseta.
A garota então olhou para sua própria roupa, lembrando-se que estava a vestir o uniforme da empresa. Sorrindo, ela comemorava a sua primeira e bem-sucedida recepção aos estudantes de intercâmbio.
- Un. Atashi wa Kirisawa Kiriko desu ka. - cumprimentou ela, satisfeita que ambos sabiam japonês. - Por aqui, por favor.
- Huh??? - foi a única reação de Daniel 'Tolaris' quando Edson o arrastou no meio da multidão. E com um sorriso deveras perturbador em seu rosto... quase... perigoso?
Mas a opinião de Tolaris teve que ser reformulada quando um fator deveras perturbador rompeu no aeroporto. Ou melhor, para o que seus olhos estavam sequer acreditando. Embora sendo arrastado por Edson no meio de tanta gente, Daniel ainda era alto o suficiente com seus quase dois metros de altura para poder visualizar o seu pior pesadelo. Claro, ele não estava bem certo daquilo até notar que NÃO estava dormindo.
Todavia, a visão de pequenas manchas brancas e negras a caírem do céu estava começando a se tornar cada vez mais surrealista no momento em que Daniel encontrara-se no meio do salão do aeroporto com mais da metade das pessoas a olharem apavoradas na mesma direção que ele. Onde podiam ser vistos os aviões, havia agora uma enorme quantidade de sorrisos nada amigáveis.
"E eu pensei que MADS que era o louco..." pensou ele quando os gritos de pânico começavam a brotar no aeroporto.
- PEN-PEN!!!! - gritavam os pingüins pára-quedistas.***
- PEN-PEN!
Os olhos de Henrique 'Ranma' Loyola quase brilharam ao ouvir aquilo. Desviando sua atenção de Art, o ficwriter correu até onde ouvira as vozes, enquanto o selenita em comando ia atrás dele. Foi com surpresa que ele encontrou vários orbes de luz a brilharem e a flutuarem diante das duas garotas. Neko e Kare, se ele se lembrava bem.
- O que está acontecendo? - perguntou o promissor escritor quando encontrou ali as várias imagens de pingüins. - O que estão fazendo?
- O necessário para manter a Linha do Tempo. - respondeu enigmaticamente Art da Terra, puxando cuidadosamente Moon Fox pelos seus ombros. - Ainda existem algumas coisas a serem explicadas, Moon Fox.
- Pode acreditar que sim, Art. - ameaçou o recém-despertado selenita.
Henrique decidiu por acompanhar o jogo que Art estava tramando, pelo menos para descobrir o que estava fazendo ali. A imagem de Lucifer. Ou Dark Angel. Ou quem quer que fosse... a imagem DELE ainda não lhe era um motivo forte o suficiente para trazê-lo à FORÇA para as lembranças do passado.
Em pouco tempo, ele encontrava-se num quarto iluminado ao lado de Art. Bastaram alguns segundos para que ele se lembrasse que aquele havia sido o quarto que ele ocupara na época do Milênio de Prata. As lembranças, embora fossem claras em alguns trechos, relutavam em manter-se totalmente claras, deixando os detalhes muito mais obscuros e quase desinteressantes. Mas a mente do ficwriter sabia que detalhes eram importantes se ele queria entender o que Art estava a planejar.
- Você ainda tem muitas perguntas a responder, Art. - comentou Moon Fox, sentando-se em sua velha cama. Inacreditavelmente, mantinha-se tão macia quanto ele podia se lembrar. Era como se o tempo não tivesse passado dentro do Salão Prateado. Com exceção de Art, Kare e Neko, os únicos a demonstrarem que realmente algum tempo havia se passado.
- Tenha paciência, Moon Fox. - respondeu Art com certo jogo de palavras. - Paciência era a sua melhor virtude.
- Paciência você deveria ter para o meu Despertar. Responda. Eu ainda sou o First Writer e tenho direito de saber. - retrucou Henrique, já ficando mais irritado a cada momento. Art estava finalmente conseguindo uma reação dele, se o que queria era deixar seus dedos com coceira e vontade de agarrar uma certa katana.
- Eu já dei a minha resposta, não? - perguntou Art, referindo-se à imagem que mostrara ao selenita.
- Iie. - devolveu Moon Fox. - Acredito que três Destiny Kishi sejam mais do que o suficiente pra cuidar do que quer que Lucifer esteja planejando. POR QUE me Despertar?
- ... entendo. - comentou Art, percebendo que teria que ser mais explícito com suas palavras. Era como Moon Fox deseja as coisas, então por que não satisfazer as vontades dele? Pelo menos, por enquanto. - Aquele que te mostrei não é o Lucifer deste universo.
- E..?
- Ele invadiu este universo e... bem, você sabe como é a história.
- Como assim?
- Eu me refiro a tudo que vocês escreveram, Moon Fox. - falou Art, sua voz mais grave e severa. - Eu me refiro a 'Tsuki no Senshi Dragon Kishi'. Eu me refiro a 'Nemesis' e sua saga. Eu me refiro a 'Angels'. Eu me refiro a todos esses... 'fanfictions'. Acredita mesmo que um Destiny Kishi não Despertado não consiga ainda observar o que acontece no mundo?
- ... M-mas... como? Eu não tinha acesso aos orbes e...
- Isso não importa! - cortou o selenita. - Você conseguiu perceber. Você escreveu. Você impôs o final do Império Estelar. Você... acabou com bilhões de vidas.
- N-nani yo? - perguntou Henrique, flexionando uma sobrancelha.
- Já se esqueceu o que teve que acontecer para que os Dragon Kishi, 'seus personagens', retornassem a este planeta azul? - perguntou Art sarcasticamente. - É por isso que preciso que esteja comigo, Moon Fox. Se não para nos ajudar a combater Dark Angel, então que seja para que nenhum mal atinja a Linha Temporal por causa de algum... 'fanfiction' seu.
- ...
Henrique permaneceu mudo diante das acusações de Art, mas ele também não poderia saber se o que o selenita dizia era verdade. Todavia, uma voz bem pequena e baixa repetia-se dentro de sua alma, dizendo que o que ele dizia era verdade. Henrique sabia perfeitamente que Art jamais mentiria com tanta veemência e resolveu acreditar naquelas palavras.
- Basta... - sussurrou ele, porém algo que Art pudesse ouvir.
- ...
- Eu já entendi. - declarou Moon Fox, incerto do que deveria fazer.
- ... está conosco? - perguntou arriscadamente Art, sabendo que esse não era realmente o melhor meio para conseguir aliados.
- Eu preciso de tempo. - falou Moon Fox. - Preciso ir à Biblioteca.
Dito isso, o guerreiro selenita começou a percorrer um caminho conhecido apenas por ele. Nem mesmo Art arriscou seguir o Destiny Kishi, todavia o plano iria prosseguir sem maiores problemas.
Ele sorriu quando Moon Fox desapareceu numas das paredes de prata.
Tudo ia conforme o plano...***
- Shabon Spray... FREEZING! - gritou Sailor Mercury, disparando seu ataque. A névoa cobriu em instantes os confusos pingüins no pátio da Juubangai, enquanto isso fornecia o tempo necessário às Senshi.
Para se apresentarem. (^^;;;)
- Mesmo que a escola seja um lugar chato, não posso permitir que destruam a paz daqueles que querem estudar! - gritou uma voz vinda do telhado e a realizar certas... 'poses'. - Ai to seigi no sera fuku bishoujo Senshi Sailor Moon! Tsukini kawatte oshiokiyo!
Nesse momento, podia ser vista a maior concentração de pingüins e Senshi a efetuarem a tão conhecida Gotas de Suor Gigantes (tm). Todavia, embora a cena pudesse ser terrivelmente conhecida pelos pingüins, não havia sido ainda a cena que os derrotaria. Antes mesmo que as Senshi pudessem perceber, centenas deles começaram a aquecer os foguetes nas costas deles.
O som de explosões e o cheiro de fumaça invadiram os sentidos de todos os presentes naquele estranho e impróprio campo de batalha. Sequer a luz do Sol conseguia penetrar na densa fumaça negra que cercava o colégio de Juubangai. Os ocupantes dentro dela, no entanto, permaneciam confusos no misto do ataque de Sailor Mercury com o dos pingüins, cada um confundindo o outro. As Senshi permaneceram quietas, esperando apenas que Sailor Mercury conseguisse algum dado em seu visor.
Usagi, por sua vez, sabia que ataques 'comuns' não seriam de muita valia. Satori Ryu já havia dito o que acontecera no Templo Hikawa e, pela sua própria experiência, Sailor Moon podia dizer que os pingüins não desapareceriam até que eles quisessem. Certa disso, ela se manteve quieta enquanto Ami trabalhava freneticamente com seu visor e seu computador.
- Não consigo uma boa leitura. - sussurrou Ami, informando as três Senshi ao seu lado. - Vamos ter que esperar a fumaça se dissipar.
Venus, Jupiter e Moon apenas fizeram um 'sim' com a cabeça, esperando silenciosamente para o final dos eventos. Claro, isso poderia não ser compartilhado pela opinião geral no recinto.
- WORLD SHAKING!!!
Uma esfera de luz dourada foi arremessada na direção da grande redoma de fumaça, vinda de uma direção oposta à das Inner Senshi. Em pouco tempo, a fumaça começava a se dissipar. Ami reflexivamente tomou o scanner em suas mãos, refazendo a leitura. Da direção do ataque, Sailor Uranus saltava com a Space Sword em mãos. Atrás dela, seguiam Sailor Neptune e Sailor Saturn.
Os ataques das três Outer Senshi logo fizeram que o número de aves presentes fosse diminuído significativamente, mas por pouco tempo. Umas outras dez ou doze aves acabaram por disparar em desespero os foguetes. A cortina de fumaça ergueu-se novamente, enquanto as Senshi pulavam de seu esconderijo para juntar-se às outras. Quando ouviram o barulho das explosões a destruírem parte da escola, todas permaneceram muito atentas aos sons e formaram um círculo para melhor se protegerem.
- A fumaça é muito densa. - informou Sailor Mercury. - Eu não consigo uma leitura apropriada.
- Então é hora de usar a violência. - falou Haruka, erguendo a espada numa posição de defesa. - Sailor Neptune?
- Estão planejando alguma coisa. - respondeu Michiru, olhando futilmente para seu espelho. - Não consigo descobrir nada também.
- Isso é grave. - constatou Ami, logo depois prestando maior atenção às leituras de energia que recebia. - Estou com um padrão bem estranho de energia. Eles parecem... ser uma única criatura.
- Como uma colméia? - perguntou Venus, preparando seu ataque no meio das nuvens de fumaça.
- Iie. - respondeu Mercury. - Como se fosse uma colônia...
A diferença era clara para Mizuno Ami. Os pingüins pareciam mais agir de acordo com uma Vontade maior, como seu uma força maior os impelisse a cada ação. Eram como células de um ser muito maior que estava a observar pacientemente as Senshi. Claro, a conclusão de Ami mostrou-se um pouco equivocada, até que ela obteve uma leitura melhor.
- ESTÃO SE AGRUPANDO! - gritou ela, empurrando a todas no chão.
Um instante depois, podia ser visto uma enorme asa negra tremendamente musculosa a tentar agarrar as Sailor Senshi. O movimento, embora lento, havia sido forte o suficiente para espalhar as nuvens de dentro da redoma que se formava na escola de Juubangai. A visão tornou-se clara, assim como as análises de Sailor Mercury. Porém, isso pouco importava às Senshi no momento que avistaram a criatura.
Apenas Sailor Moon conseguiu reconhecer. Era a tática que ela presenciara dos pingüins, agrupando-se numa única e bizarra criatura. Todavia, mesmo ela era capaz de observar que não estava sozinha. Em poucos instantes, várias outras asas começaram a atacar as Senshi, que agilmente se esquivavam. A ação era o que bastava para permitir uma visão perfeita de dentro da redoma de fumaça, enquanto formavam-se grossas paredes de fumaça ao redor da escola.
- Pen pen... - falou uma das criaturas, pouco antes de cercarem as Senshi no pátio escolar.
- ... algum plano? - perguntou Usagi, um tanto receosa do que aconteceu previamente. - Nós não podemos nos aproximar muito deles.
- Eu tenho um. - declarou Makoto. - Vamos arrancar as penas desses pingüins. - terminou ela, concentrando eletricidade em suas mãos.
- ESPERE! - pediu Ami, impedindo o ataque da Senshi de Júpiter. - Isso pode acionar os foguetes.
Claro, os pingüins pareciam ter entendido o que a Senshi de Mercúrio declarara e pouco depois uma nova cortina de fumaça se erguia, assim como desabava mais um pedaço da Juuban High School. A determinação cresceu nos espíritos das Senshi, que estavam cada vez menos dispostas a se preocuparem com o patrimônio público.
- Silence Glaive Surprise! - gritou Sailor Saturn, produzindo uma esfera de energia. Mirando sua arma no chão, este começou a causar uma trilha de destruição, limpando também o campo de visão das Senshi.
O ataque dos pingüins/criaturas mutantes continuou, transformando o colégio num campo de batalha entre foguetes e ataques elementais. Todavia, isso acabou durando por pouco tempo, quando as Senshi começaram a sentir que estavam em muito menor número. As mutações gigantes dos pingüins pareciam não acabar de aparecer. A cada um que caía, mais três tomavam o seu lugar e em pouco tempo elas estavam com as energias esgotadas.
No átimo da batalha, Sailor Moon utilizou o seu 'Silver Moon Crystal Power Kiss', mas isso de pouco adiantou. Aos poucos, elas mesmas começaram a se encurralar diante dos destroços da escola, cada uma tentando encontrar um ponto fraco de todo aquele absurdo ataque relâmpago. O golpe de Sailor Moon, no entanto, havia sido o necessário para que conseguissem tempo para Sailor Mercury conseguir uma análise mais positiva.
- Acho que encontrei uma coisa. - revelou Sailor Mercury, observando ainda os últimos parâmetros das equações que fizera.
Infelizmente, ela não conseguira tempo para partilhar de sua descoberta. Um dos pingüins remanescentes começou a brilhar num tom esverdeado, pouco antes de soltar uma densa camuflagem sobre seus irmãos maiores. Um silêncio rompeu-se no pátio semi-destruído do colégio, enquanto as Senshi tentavam descobrir o que as novas leituras que Ami conseguira. Algo desagradável pela expressão de seu rosto.
Repentinamente, um movimento na fumaça híbrida foi ouvido. O som de alguém ou alguma coisa caindo no chão do pátio seguiu-se e então aconteceu. Uma explosão de ventos emergiu daquele simples local, tomando de surpresa todos os pingüins e as criaturas mutantes. As Senshi permaneceram seguras em seu esconderijo, mantendo apenas seus olhares no redemoinho que se formava na escola. O som de algo movendo-se rapidamente dominou por alguns instantes dentro do redemoinho, até que toda a fumaça começara a se dissipar.
Demorou pouco tempo na verdade, mas havia sido o suficiente para que uma figura saísse das sombras. Aquilo não havia sido esperado. Quando a fumaça havia se dissipado por completo, as Senshi puderam observar duas distintas figuras próximas a uma árvore. Cada uma olhava diretamente para os olhos da outra, quase como se desafiasse a outra forma a atacar. No chão, uma visão macabra que apenas poderia ser comparada à época em que tiveram que enfrentar o Conselho de Garot. Corpos decapitados estavam espalhados em toda parte. Corpos de pingüins. Ninguém estava com pena deles, porém.
Estranhamente, vestiam o mesmo padrão de roupas. Faixas esvoaçantes em torno da cintura, uma jaqueta da mesma cor que as faixas e calças pretas semelhantes às sociais. Por baixo da jaqueta, um tecido branco a contrastar com a calça. Embora as cores fossem diferentes, havia também a presença de braçadeiras em seus braços direitos. Nelas, o mais interessante observado pelas Senshi foi o símbolo gravado, trazendo lembranças dantes esquecidas. Urano e Saturno.
Na figura de faixas verde-escuras, a insígnia de Urano; enquanto que a outra, de faixas violetas, trazia consigo o símbolo de Saturno. No entanto, o suposto uraniano calçava botas negras de cano alto, as quais passariam invisíveis por causa das calças, se não fosse pelas dobras que indicavam onde começavam. A de faixas violetas, entretanto, calçava sapatilhas negras, mais confortáveis para a artista marcial, como as Senshi concluíram devido à presença da katana em seu uniforme.
Por um instante, as Senshi ponderaram se deveriam atacar de imediato, já que a figura não era desconhecida, sendo a que atacara Martin alguns dias atrás. O impulso involuntário de dispararem para ambas as figuras havia sido detido apenas pela curiosidade. As duas figuras, embora tão semelhantes, pareciam estar a se confrontar.
- O que você PENSA que está fazendo? - perguntou a garota de cabelos ruivos. - SAIA DO MEU CAMINHO!
A figura de Urano permaneceu impassível, quase como se não tivesse ouvido o que a guerreira saturnina dissera. Quieto, ele segurava apenas uma das várias cabeças soltas de pingüins. Nem mesmo Kare conseguira perceber quando foi que o guerreiro conseguira tempo o suficiente para realizar aquela proeza. Claro, ela ainda tinha um ás na manga de seu uniforme.
- Bem... vamos ver como você vai fazer com isso... - declarou Kare, retirando a sua própria katana da bainha. Ao mesmo tempo, um observador atento teria visto ela pressionar algo em sua cintura.
A figura de Urano ergueu seu rosto no instante que a garota elevara a espada na sua direção. Saltando, ele gesticulava ferozmente a sua mão, embora isso não parecesse estar atingindo a Destiny Kishi. Em silêncio, no entanto, ele teve que observar as centenas de foguetes sendo acionados. Mentalmente, ele amaldiçoou por ter confiado demais numa luta justa, repentinamente puxando um fio transparente.
- PULEM! - gritou a figura de Urano, olhando diretamente para as Senshi. Em seguida, ele saltara no exato instante em que todos os foguetes começaram a ser disparados.
Aproveitando esse mesmo instante, Kare girou a lâmina da katana, cortando assim o fio que o guerreiro havia atado em sua mão. Entretanto, ela estava certa de que poderia conseguir um tempo para formar um plano improvisado para cuidar dele. Porém, essa ilusão mostrou-se falsa quando Kare repentinamente sentiu sua mão esquerda atada.
Surpresa, ela tentou chutar a presença do traidor; tomando-o de surpresa. Ele bateu numa parede semi-destruída do colégio, colocando a mão sobre o abdômen por alguns instantes. Kare aproveitou esse tempo para cortar novamente o fio que se prendia em suas mãos. Ao mesmo tempo, ela guardou sua katana. Sabia que aquele não iria ser o jeito mais agradável, e sequer o mais eficiente, para cuidar de um Destiny Kishi.
Se o traidor estava desperto, ele podia se lembrar de suas fraquezas e isso era inadmissível naquele momento. Um único momento seu de fraqueza e ela acabaria sendo vaporizada pelas Senshi, que ainda lutavam contra a fumaça.
- Destiny... DESTRUCTION! - gritou Kare, arremessando uma esfera de energia negra na direção do Destiny Kishi.
Ele, no entanto, era rápido o suficiente para se desviar da energia, que acabara com uma das últimas paredes ainda de pé da escola. Ao mesmo tempo, uma aura dourada começava a se formar ao redor de seu corpo. Ele ergueu abruptamente a sua mão direita para os céus, concentrando uma energia semelhante ao 'World Shaking' de Sailor Uranus. Essa energia formou uma coluna ao redor dele, pouco depois concentrando-se em sua mão.
- Golden EARTHQUAKE! - declarou o oponente de Kare, produzindo um tremor de terra enquanto avançava em sua direção.
Saturn Destiny Kishi era, no entanto, muito mais experiente que o selenita traidor. Ela conseguira se desviar do veloz ataque de Uranus Destiny Kishi, que apenas rasgara parte das suas faixas. Num contra-ataque relâmpago, ela produziu uma segunda esfera negra, cancelando o ataque de Uranus.
Mas se ele se lembrava...
- SHINNE! - gritou Kare, concentrando uma grande quantidade de energia negra em suas mãos.
Por puro reflexo, Uranus afastou-se da direção de Kare, como ela imaginava que iria acontecer. Entretanto, ao invés de arremessar a energia na direção do Destiny Kishi ou ainda nas Senshi, ela arremessara no chão, pouco antes de sumir do colégio de Juubangai.
O Destiny Kishi restante só conseguiu estapear a sua própria testa quando percebeu o que acontecera. As Senshi, no entanto, não perderam muito tempo e já encurralavam o rapaz. Não demorou muito até que o silêncio fosse quebrado, embora fosse um pouco estranho para as Senshi que esse aliado não tivesse corrido ou sumido como a maioria...
- Quem é você? - perguntou Sailor Moon com autoridade em sua voz.
O garoto não se recusou a responder, mas manteve a sua voz humilde e calma perante à figura da Senshi. Ele observou, no entanto, diretamente para os olhos de Sailor Moon, esboçando um tímido sorriso em sua direção.
- Watashi wa Seph desu. - respondeu elegantemente o selenita, erguendo-se e estendendo sua mão na direção de Sailor Moon. Todavia, não era um gesto de desafio ou de ataque, mas uma antiga reverência de um tempo passado. - Jikan no Senshi Uranus Destiny Kishi.
Como a completar o que dizia, ele girou seu pulso, deixando cair algo no chão. Enquanto todas prestavam atenção ao objeto, Seph aproveitou o momento para escapar. As Senshi, por outro lado, sentiram-se deveras ofendidas ao olharem para um pedaço de concreto de Juuban High School.***
Livros. Não apenas um ou dois livros. Não eram também algumas dezenas de livros. Tampouco eram centenas de livros. Eram milhares. Milhares e milhares de livros, tantos livros que fariam o número de estrelas parecer uma simples unidade. Bilhões de livros, todos organizados.
E ele sabia de cor e salteado do que se tratava cada um deles. A essência de cada um deles... Dentro de si, o conhecimento de todos aqueles livros. Ao mesmo tempo, as maldições e as responsabilidades que esses livros traziam. Muitos deles, os demais não tinham acesso. Apenas ele tinha total acesso à Biblioteca do tempo. Apenas Moon Fox poderia ler todos aqueles livros. Todos aqueles incontáveis livros...
Henrique vislumbrava toda aquela quantidade de livros, nunca imaginando que pudesse haver tantos livros reunidos. Ou mesmo tanta concentração de cristais num só lugar. Um tanto receoso, porém, ele caminhou diante de alguns dos corredores. Havia um caminho que apenas ele sabia dentro daquele recinto.
Caminhando como se ele tivesse percorrido aquele trajeto recentemente, Henrique logo encontrou-se diante de uma porta dentro da Biblioteca. Aquela porta somente podia ser aberta por ele e sabendo previamente o que iria encontrar, o garoto sorriu. Ele estendeu a sua mão na altura dos ombros, abrindo sua palma na direção da porta. Murmurando algo incompreenssível aos ouvidos humanos, a porta começou a abrir.
Logo depois, o brasileiro entrou no mundo dos livros.
O seu mundo.***
- {Droga! Droga! Droga!} - resmungava Daniel pela terceira vez.
Claro, ninguém poderia culpar o brasileiro por esse vocabulário. Afinal, ele tinha fortes e bons motivos para tanto. A menos, é claro, que ninguém considere sete mísseis versões miniaturas dos alemães V-2 a voar pelas suas cabeças como um motivo forte o suficiente para que Daniel manifestasse a sua indignação e irritação. Principalmente quando um deles passou raspando na sua cabeça.
De qualquer forma, a única coisa que importava para Daniel, Edson e Kiriko no momento era sair da frente daqueles projéteis. Aos poucos, o aeroporto inteiro se esvaziava. Um tanto desorganizado, caótico e desesperador, mas esvaziava. Entretanto, o que começava a preocupar o trio era que eles subitamente perceberam que eram um dos poucos grupos a não conseguir sair daquele aeroporto.
Correndo de um lado para o outro, sendo empurrados por uma turba desesperada para o lá e o cá... Daniel estava começando a se perguntar o porquê dele não estar tentando encontrar alguma solução inteligente para aquilo. Afinal de contas, ele era um futuro engenheiro e não poderia perder assim tão facilmente a sua cabeça.
"NÃO literalmente, foguete estúpido!" reclamou mentalmente o brasileiro, enquanto um outro projétil voava rente à sua cabeleira. Foi então, nesse momento tão estranho e desesperador, que ele teve um Plano (tm). Não era ainda um PLANO de GRANDES proporções ou coisa parecida... apenas um... plano. Mas devia servir. Devia funcionar. Afinal, ELE tivera um plano no meio de um esmagamento de dois lutadores de sumô que estavam de férias. TINHA que ser um bom plano, ne?
- <Eu tenho um plano!> - declarou Daniel, chamando a atenção de Edson e Kiriko. Que estavam de mãos BEM atadas.
- {O que você disse?} - perguntou Edson, pouco antes de perceber que falara em português. Não levou muito tempo até ele repetir a mesma pergunta na língua internacional, porém.
- <Qual é o plano?> - perguntou Kiriko, arrastando o trio para mais uma das saídas bloqueadas de gente do aeroporto. Era realmente inacreditável que as saídas de incêndio pudessem ficar tão lotadas, em sua opinião.
Por outro lado, talvez os pingüins tivessem resolvido atacar JUSTAMENTE naquele dia porque era o embarque dos clubes de sumô para o Primeiro Grande Campeonato de Sumô Juvenil em nível internacional. Não que isso realmente importasse para algum dos três ali presentes.
- <Primeiro, eu preciso de dois rolos de papel de alumínio, fita adesiva metálica, dois metros de fio condutor, dois clipes de metal e uma luva de borracha.> - falou Daniel.
*blinks*blinks*
- <Para que você precisa de tudo isso?> - perguntou curioso Edson, recuperando-se do choque inicial.
- I'm gonna blast their circuits. - respondeu Tolaris, exibindo um sorriso de vitória.
- Good plan. - comentou Kiriko, com um sorriso deveras sarcástico em seu rosto. - <Mas ONDE você acha que vamos conseguir tudo isso???>
- <... Não tinha pensado ainda sob esse aspecto...> - revelou Daniel, colocando pensativamente a mão sobre o queixo.
Entretanto, enquanto Edson e Kiriko produziam gotas gigantes de suor em suas testas, o plano de Daniel não parecia ter sido despercebido por completo no aeroporto. Repentinamente, uma risada histérica foi ouvida por todo o aeroporto, servindo como uma catálise para tornar o local deserto.
Era algo quase demoníaco e muito assustador. Edson, Kiriko e Daniel ficaram imóveis no meio do saguão principal, curiosos sobre o que poderia ser. Por puro reflexo, Daniel foi obrigado a agir quando um som estranho, mas familiar de tantos anos de televisão e cinema, atingiu seus ouvidos.
O brasileiro jogou seu próprio corpo na direção dos dois japoneses, arremessando-os ao chão. Antes que qualquer um deles pudesse dizer qualquer coisa, uma enorme explosão foi ouvida por todos. Uma densa fumaça negra envolveu o local, enquanto uma onda de calor terrivelmente quente passou pelas costas do brasileiro. O som de vidros se estilhaçando foi ouvido a seguir, obrigando Daniel a abraçar ainda mais os seus dois protegidos.
Naquele momento de pura tensão, ele sequer imaginara o que estava a fazer, mas estava grato por tê-lo feito. Ele não queria imaginar o que teria acontecido se seu amigo (ou a namorada(?) dele) tivesse morrido sem que ele fizesse alguma coisa. Ele ficou ainda mais grato quando uma figura humana aparecera no meio da fumaça.
"Um bombeiro!" pensou Daniel. A princípio, ele estava aliviado, pois conseguiria que todos fossem salvos naquele instante. Todavia, ele começou a se preocupar no instante que a figura humana NÃO parecia estar vestindo uniforme de bombeiro. Quer dizer, ele REALMENTE duvidava que QUALQUER bombeiro do mundo fosse se sujeitar a usar faixas esvoaçantes em sua cintura. Principalmente porque eles poderiam ser o próximo foco de incêndio.
Chegando a essa conclusão, Daniel teve tempo apenas de tentar empurrar seus amigos para trás de si, usando seu próprio corpo como escudo. Não levou muito tempo até ele se arrepender amargamente daquilo. "Idiota!" gritou sua mente, "Você deveria era ter FUGIDO com eles!" continuava a voz chata da sua mente que sempre falava depois que era tarde demais.
Isso acentuou-se terrivelmente quando Daniel viu a ponta de uma katana na direção de seu pescoço. Uma katana de VERDADE, frisava ele. O metal da lâmina ainda refletia algumas das explosões que as miniaturas de V-2 estavam a provocar no aeroporto. Daniel arriscou um olhar para o suposto 'bombeiro' e se surpreendeu quando encontrou uma figura deveras... perturbadora.
A mão parecia ter sido cortada com uma gilete, mas a garota que segurava a katana parecia não se importar muito com aquilo. Bem, Daniel não iria ser o primeiro a comentar aquilo para ela. Mas o que perturbava Daniel realmente era o fato dela ser... familiar. Claro, metade das pessoas que conhecia parecia familiar, então... por que aquela estranha sensação?
Déjà vu. Foi tudo o que a mente de Daniel 'Tolaris' conseguiu produzir quando a katana aproximava-se a grande velocidade.
*CLING*
- Nã-nã... - disse uma voz. Para Daniel, parecia a voz de Deus, um salvador ou até mesmo Satã. Mas ele estava grato por ainda respirar sem o auxílio de um buraco no meio da garganta.
Kiriko, por sua vez, já estava desmaiada por algum tempo e Edson parecia não estar prestando atenção alguma para o que estava acontecendo. Isso, é claro, deixou Tolaris deveras perturbado. Seria ele o ÚNICO naquele aeroporto a estar com a sanidade intacta???
Quando a fumaça dissipou-se, revelando que apenas restavam a garota, o salvador, o trio e mais de cinqüenta pingüins no aeroporto, Daniel obteve sua resposta. No ínterim, ele aproveitou para amaldiçoar Murphy e sua lei. Mas, devido a alguma estranha e misteriosa força, Daniel resolveu prestar atenção ao seu salvador. Na verdade, tentar centrar sua atenção para a dupla de espadachins que estavam fervorosamente atacando um ao outro no meio do saguão. A visão então o deixou pálido.
O garoto que lutava com a garota das espadas era a descrição PERFEITA de Saturn Dragon, se ele se lembrava bem dos fanfics que o primo de seu primo escrevera. A presença da faixa negra com o símbolo de Saturno desenhado em branco nela em sua testa serviu para re-afirmar a sua opinião. O garoto, trajando uma camisa negra com um dragão dourado desenhado nela sem mangas e meio justa, calça cinza escura, com guardas metálicas em seus braços... ele somente poderia ser Strike Fiss, o príncipe de Saturno!
- {Isso se o que Henrique escreveu é verdade.} - adicionou Daniel, bem baixo a si mesmo.
Todavia, era bem verdade que aquele suposto Strike Fiss devia ter salvo a sua vida colocando a própria katana no curso da lâmina da garota das espadas. Aliás, o uniforme que ela vestia... embora parecesse familiar, Daniel não conseguia se lembrar de NENHUM fanfic que pudesse fazê-lo se lembrar dele. As roupas... eram tão estranhas, mas tão familiares. A frustração cresceu dentro do coração do brasileiro, até que ele resolveu desistir de tentar se lembrar.
Foi então que começou a prestar atenção ao que estava acontecendo com os foguetes. Um garoto com um uniforme semelhante ao de Strike Fiss, mas em tons de azul escura, estava a segurar duas facas em suas mãos, enquanto uma grande quantidade de terra estava atingindo os foguetes e aos pingüins.
- URANUS EARTH TREMBLE! - gritou o Dragon Kishi, enfiando suas duas facas no chão. Um tremor de terra espalhou-se pelo aeroporto, destruindo qualquer vidro que ainda não tivesse sido quebrado.
Daniel começou a ter uma terrível sensação naquele instante que uma viagem a Tóquio estava começando a ser perigosa demais para a sua saúde. E que ele NÃO ia gostar daquilo. Edson, aparentemente, resolveu colocar naquele momento a sua atenção ao que acontecia ao seu redor.
- {Quem são eles?} - perguntou Edson, causando uma gota de suor em Daniel 'Tolaris'.
- DESTINY DESTRUCTION! - gritou repentinamente uma voz.
- <ABAIXEM-SE!!!> - gritou então uma segunda voz.
Os dois brasileiros tiveram tempo apenas de ver uma grande quantidade de energia engra sendo disparada em sua direção. Entretanto, quando eles pensaram que aquele seria o fim deles, a Sorte sorria para o lado deles. Em outras palavras, eles estavam gratos que haviam DOIS Dragon Kishi a lutarem e a defenderem suas vidas. No caso, o corpo de Uranus Dragon, que estava a bloquear a esfera de energia, enquanto Strike Fiss voltava para a sua luta com espadas.
Kare, entretanto, não estava gostando de sua situação. O aparecimento de Seph também havia sido algo imprevisível e nesse momento, ter dois Dragon Kishi a aparecerem no aeroporto, estava complicando todos os planos. Pensar que tudo corria normalmente até o despertar de Moon Fox...
Moon Fox?
Uma simples, mas persistente idéia veio-lhe à mente. Na verdade, uma conclusão um tanto precipitada. Moon Fox poderia ser a pessoa por trás de todos aqueles acontecimentos estranhos. Se assim fosse, como Art permitiria que o selenita viesse a estragar seus próprios planos? A resposta era clara para Kare. Das duas hipóteses, ela apenas poderia escolher uma. Ou Moon Fox estava a escrever sem o consentimento de Art, ou então... ou então Art estava disposto a livrar-se dela!
A conclusão não era tão absurda quanto se poderia pensar. Afinal de contas, ela não era uma das mais bem quistas dentre os Destiny Kishi e ela já havia realmente escrito um trecho com a Silver Pen. Apenas isso bastava para que, depois de todos terem escrito, o feitiço fosse concretizado. Mas... por que Art iria matá-la? Essa pergunta repercurtiu na sua mente de tal forma que acabou por resultar num corte lateral em seu rosto.
Voltando a prestar maior atenção ao Saturn Dragon, Kare abandonou por ora os seus pensamentos sobre o aparecimento dos Dragon Kishi. Segurando sua katana, ela estava certa que suas habilidades com a espada não seriam suficientes contra o príncipe de Saturno. Segura disso, Saturn Destiny Kishi saltou para trás, aproveitando o movimento para guardar a sua espada. Strike Fiss vinha logo após ela, sua Kuronoken perigosamente avançando em sua direção. Foi então que ela encontrou a brecha perfeita para o ataque.
- HOJI NO KEN! - gritou a Destiny Kishi, surpreendendo o selenita.
Com o movimento das mãos, ela produzira um flash negro em seu corpo, fazendo que Strike Fiss hesitasse em seu ataque. Seu olhar analisador continuou a observar os gestos da guerreira, disposto a tentar compreender o porquê dela parecer ter o mesmo tipo de poder que ele. Não demorou muito até que a luz negra concentrou-se nas mãos de Kare, que então retirava da luz a sua própria katana negra. A visão da espada da morte surpreendeu o príncipe de Saturno por alguns instantes, que mostraram então serem demais preciosos.
Kare apoiou seus pés numa coluna do aeroporto, saltando na direção do selenita. Apesar de Strike Fiss colocar sua espada em guarda, a katana negra de Kare tocou a sua testa, o que causou num súbito enfraquecimento de Saturn Dragon. Mas ele não seria derrotado facilmente.
- FISS! - gritou ele, reproduzindo um dos seus primeiros ataques. A energia, no entanto, foi o suficiente para arremessar Kare para longe.
Ela começou a respirar pesado, pouco depois ela falou com sua voz alta o suficiente para que todos a ouvissem.
- Eu vou ser a Arauta da Morte... - disse ela, desaparecendo num vórtex de energia negra.
Daniel 'Tolaris' decidiu que, naquele momento, ele devia começar a procurar por um psicanalista.
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