Tempestade de Ilusões
by
Ami Ikari & X/MADS!Capítulo 12: Fábulas
"Yesterday is but today's memory, tomorrow is today's dream."
-= Kahlil Gibian =-Livros. Uma boa definição do que seriam livros é que sejam depósitos de conhecimento. Neles, colocamos a nossa história, para que jamais nos esqueçamos dela. Colocamos as nossas ciências, para que as idéias não sejam perdidas. Nelas... também colocamos as ficções. Muitas delas talvez sejam melhor conhecidas como fábulas. Histórias fantásticas de tempos passados, onde os deuses reinariam sobre a Terra e todos os homens. Não importava a religião que eles acreditavam, qualquer ser que conseguisse estar acima de qualquer outro era um herói. Acima disso, um semi-deus. E então, você encontraria os deuses acima desses semi-deuses.
Mas fábulas eram histórias. Histórias que nossa imaginação nos conta para explicarmos um fato que não compreendemos por completo. Por essa razão, as fábulas permaneciam como uma resposta imutável até que alguém contrariasse com as secas, duras e gélidas palavras da ciência. Mas para fazer ciência, você também precisava de imaginação, para pensar num meio diferente do que aqueles que foram percorridos. De uma forma geral, tudo estava preso àquele elemento tão humano em nossos corações e mentes.
Imaginação.
Mas para algumas pessoas, essas fábulas continham um pouco de verdade. A verdade nunca está totalmente revelada. Pode ser que a ciência esteja nos ludibriando e então perceberemos que as fábulas continham uma verdade maior do que pensávamos que pudesse ter. Uma pessoa com certo grau de paranóia poderia se perder nesses pensamentos. Afinal, todos buscamos a verdade, certo? A verdade que sempre está lá fora...
Entretanto, algumas pessoas tinham direito à verdadeira e única Verdade. Os fatos, toscos e brutos, estariam sempre presentes deles, não importava o quanto poderia se dizer através deles, mas o que eles eram. Os fatos eram... fatos. Nada podia mudar os fatos. Dependia, no entanto, da imaginação de cada um para analisar aqueles fatos. Um fato não passa a ser um evento sem que o tempo aja em sua presença. Um fato não significa nada sem que exista o Tempo.
Para Moon Fox, esse era o principal motivo de ser quem ele era. Para proteger aquele tempo, para que os fatos não fossem se tornar terrivelmente abomináveis. Para que a verdade fosse mantida. Para que os eventos pudessem ocorrer, liderando a todo para um tempo melhor e mais justo. Porém, o que levava os fatos a se tornarem fatos era o relacionamento entre as pessoas. O que uma faria diante da outra... e dependeria o fato das reações de cada pessoa. Por esse motivo, o Destiny Kishi isolou-se diante da Biblioteca do Tempo. Ele precisava saber a verdade, não importava como. Ele precisava saber a verdade. Ele ansiava por ela.
Resoluto em sua decisão, ele passou a pensar sobre o que Art havia dito. Mesmo que Dark Angel tivesse vindo àquele plano... tudo estaria destruído segundo os fanfics de Henrique 'Ranma' Loyola. Não haveria viagem a Tóquio ou coisa parecida, já que Tóquio não estaria de pé. Entretanto, isso significava que Art não havia dito toda a verdade. Ele não era o principal causador das suas histórias tornarem-se realidade. Ele não tinha o poder para tanto. Pelo menos, não até aquele momento.
E mesmo que ele fosse o 'responsável' pelas mortes dos bilhões que estiveram escravizados sob as garras de Garot... ele não teria sido nada mais do que um instrumento do Destino. Determinação começou a brilhar nos olhos do brasileiro, os fatos sendo colocados de uma forma tão lógica em sua mente que ele duvidava que fosse diferente a conclusão.
Ainda que ele tivesse presenciado a tudo por meio de seus fanfics... ainda que tudo fosse verdade... ele tinha tanta responsabilidade disso quanto Art. Ele era um observador, não um assassino. Um observador. A determinação cresceu sob seus olhos, sua decisão tendo sido tomada. Com passos rápidos e seguros, ele saiu da câmara da Biblioteca do Tempo.
Seus olhos não viam mais os livros ao seu redor. Ao contrário, vislumbravam-se apenas com o caminho da verdade. Caminhando, ele demorou pouco até chegar à entrada daquele cômodo. Não ficou surpreso quando viu a figura masculina ali de pé. Os cabelos prateados pareciam querer esconder o verde de seus olhos, ou talvez o que aqueles olhos poderiam dizer a seu respeito. Vestindo um uniforme semelhante ao o seu, Art parecia ser uma serpente prestes a dar o bote em sua presa.
No caso, o próprio Moon Fox.
- Espero que já tenha se decidido, Moon Fox. - comentou Art, mantendo sempre sua voz neutra. - Nós temos pouco tempo se planejamos que tudo ocorra conforme o planejado.
Henrique não piscou os olhos, tampouco desviou o seu olhar. Ele sabia o que Art estava a planejar. Sem diminuir o seu passo, ele sabia que Art o seguiria até o Salão de Prata. Art desejava uma resposta.
Todavia, haviam mais segredos sob as palavras de Art do que ele jamais poderia imaginar... e, infelizmente, alguns dos segredos estavam sendo desvendados pelo seu raciocínio de ficwriter aliado às lembranças selenitas de Moon Fox. Pela primeira vez desde o seu despertar, Henrique agradeceu aos kamis por lembrar de tudo, embora ainda preferisse permanecer na santa ignorância dos abençoados pelo esquecimento.***
- Ok... - falou Sailor Mercury, respirando fundo. - Estão todos bem? Aliás, estão TODOS aqui?
Uma rápida olhada no local diria tudo. O pátio da Juuban High School estava parcialmente destruído, pedaços de concreto espalhados pelo chão evidenciando a gravidade do problema que as Senshi tinham nas mãos. UM novo inimigo havia sido capaz de fazer tudo aquilo e elas não puderam fazer nada, apenas esperar que aqueles malditos pingüins desaparecessem junto com seus foguetes e rezar para que aquele estranho guerreiro que aparecera repentinamente fosse aliado DELAS e não mais um inimigo a ser combatido. Porém, apenas o fato dele ter lutado contra a guerreira não significava que ele estava do lado das Senshi. ESSE era um grande problema. Realmente, rezar por um dia tranqüilo não significava muito para os kamis que estivessem olhando por Tóquio.
Esfregando seu braço, Sailor Moon pareceu pensativa por alguns instantes. As demais começaram a andar pelos destroços na tentativa de encontrar alguma pista do misterioso 'aliado' de Urano que havia surgido durante a invasão dos pingüins, rezando para que NÃO encontrassem nenhum corpo (de um ser humano, lógico, porque de pingüins tinha de monte) sob os restos de concreto que impediam a entrada de qualquer pessoa no pátio da escola. E, finalmente, após gastar um pouco de fosfato a mais para que seu cérebro funcionasse mais racionalmente, Sailor Moon falou uma frase que deixou Sailor Mercury preocupada.
- Cadê o Ricardo?
Os olhos azuis da mercuriana arregalaram-se quando ela lembrou que o primo de Martin havia desaparecido durante a batalha, ou melhor, que ela havia se ESQUECIDO dele durante toda aquela confusão. Só se lembrava de tê-lo visto sendo pisoteado pela multidão de alunos desesperados querendo sair da escola e, depois disso, nada mais...
- Sailor Senshi! Procurem pelo Ricardo, RÁPIDO!!! - gritou Sailor Mercury, iniciando um rastreamento com seu computador. "Vamos, vamos... esteja vivo para que eu consiga localizá-lo pelo calor de seu corpo..."
Ao escutarem o grito de Sailor Mercury, as Senshi aumentaram a velocidade de busca, levantando tijolos, pedaços de concreto, madeira, metal, qualquer coisa que estivesse em seu caminho e que pudesse estar SOBRE o brasileiro. Por mais pesados que os destroços fossem, Sailor Jupiter poderia erguê-los com facilidade, tamanho o desespero que se instalara em sua mente. Sailor Venus, por sua vez, olhava cuidadosamente em todos os lugares em que uma pessoa em pânico poderia se refugiar no meio de uma batalha.
- Não... - murmurou Sailor Moon, em um aparente estado de choque, olhando para um lado do pátio. - De novo, não...
A Senshi de Mercúrio sentiu seu sangue gelar quando ouviu as palavras de Sailor Moon e direcionou seu computador na direção para a qual ela olhava. Duas formas apareceram na tela, ambas vermelhas; uma mais forte, Sailor Moon, e outra mais fraca. Pelo formato da imagem, a pessoa deveria estar deitada. Pisando com cuidado sobre o concreto, Sailor Mercury aproximou-se da líder das Senshi, que tinha seus olhos marejados. Sob uma pilha de entulho, uma mão podia ser vista. Uma mão arranhada e ensangüentada.
Sailor Uranus e Sailor Jupiter retiraram o entulho com uma calma que escondia um temor que nenhuma desejava ver concretizado, enquanto Sailor Neptune afastava Sailor Saturn do local. Sailor Mercury permanecia próxima à pilha de entulho, com seu computador programado para controlar os sinais vitais daquele que estava soterrado.
Pouco a pouco, o entulho sendo retirado, as Senshi puderam ver quem estava soterrado. O uniforme da Juuban High School estava com alguns rasgos, mas nada que denunciasse ferimentos expostos. Quando finalmente tudo havia sido retirado de cima do corpo, Sailor Mercury tocou no pescoço do rapaz, procurando seu pulso. Suspirando de alívio, ela reverteu sua transformação e sinalizou para que as outras também o fizessem. Era a hora das alunas da Juuban High School chamarem a ambulância para um amigo ferido, não mais das Senshi.***
Na casa de Ami, Paolla permanecia sentada perante ao computador de Ami, checando seus e-mails. O Cassiopéia havia sido guardado temporariamente, por sugestão da própria Ami, que permitira que Paolla usasse o computador e a conexão pelo tempo que quisesse. O que havia acontecido em seu quarto agora estava guardado em sua memória, adormecido, pelo menos por enquanto. Naquele momento, tudo o que ela queria eram notícias de casa.
Não eram muitos e-mails a serem recebidos em sua conta da Netscape. Provavelmente, em menos de vinte minutos estaria offline e de volta aos seus estudos. Seus olhos perderam parte do brilho quando recebeu a mensagem da pessoa que era seu namorado quando saíra do Brasil. Era a resposta ao e-mail que enviara poucas horas antes de sofrer o 'acidente'... e a confirmação do que já sabia.
Principalmente depois da 'fusão', ela sabia que o que havia feito era o melhor para o bem estar da pessoa que amava. Não desejava colocar a vida dele em risco, não desejava mais mortes, desilusões, nada. Digitando algumas palavras, a ficwriter agradeceu a compreensão daquele cujo coração estava sendo partido a cada minuto que se passava sem a sua presença ao seu lado; daquele que teria tudo para pedir mais uma chance, para jurar que nada abalaria ou modificaria seus sentimentos por ela, mas que simplesmente concordara com todas as suas palavras. Era melhor assim.
Sentindo seus olhos ficarem úmidos, ela rapidamente passou para o próximo e-mail, vindo do primo de seu amigo Daniel.
"Hiya, Fernando... o que me traz de novidade?"From : kwabara@hotmail.com
To : "Tieko" <plimy@netscape.net>
Subject : .
Date : Sun, 18 Jun 1995 23:06:53 -0400Oi, Tieko!
Só escrevi para avisar que o Tolaris chega amanhã de
manhã em Tóquio, junto com o Cloud!See ya!
ass:Kwabara
______________________________________________________
Get Your Private, Free Email at http://www.hotmail.comMensagem curta (que tinha mais cabeçalho do que conteúdo e mostrando o quanto uma pessoa poderia ser sucinta para esses assuntos), mas que serviu para encher o coração da brasileira com um pouco da alegria antes perdida. Era hora de ir ao Templo Hikawa para contar a novidade para Martin.
Ela desligou o computador e correu ao seu quarto para pegar sua bolsa e deixar um bilhete para Ami. Se bem que sua anfitriã costumava passar no templo antes de voltar para casa, mas precaução nunca era demais. Quando a ficwriter abriu a bolsa para pegar uma caneta, uma foto caiu de dentro de sua agenda. Uma foto de tempos felizes...
Uma parte de sua memória a lembrou que possuía controle sobre o gelo. Mesmo sem estar transformada, ela desejou que esse poder retornasse às suas mãos, só mais uma vez, só mais uma vez...
E a foto foi rodeada por uma camada de gelo, tão densa que apresentava uma coloração azul. Quando Mizuno Ami voltasse para sua casa, encontraria a foto congelada de um casal feliz. A foto congelada na tentativa de paralisar o tempo... pena que Paolla sabia que o Tempo jamais poderia ser parado.***
- Hnn...
A tontura parecia diminuir, mas sua cabeça ainda latejava de dor. Colocando a mão sobre sua cabeça, demorou um pouco até conseguir ter a coragem de abrir os olhos. Parecia que um caminhão havia atropelado ele.
A súbita sensação de que ele não estava numa cama reforçou a idéia de que não havia sido tudo um sonho... seja lá o que quer que tivesse acontecido. Mas tampouco ele estava num hospital e havia um forte cheiro de fumaça pelo ar.
Ao abrir os olhos, a tontura pareceu piorar por alguns instantes, mas logo a sua visão se tornou menos turva. Havia uma forte luz em sua direção, o que não facilitou muito para a sua recuperação. Entretanto, não demorou muito até que pudesse ver tudo claramente.
Ele piscou intensamente seus olhos no momento que percebeu onde ele estava. Uma pergunta apenas ecoou por sua mente, sendo repetida por sua voz.
- {Onde estou?}
A pergunta não era banal. Diante de seus olhos, as ruínas cinzentas de algum lugar. Ele estava, naquele momento, no meio de alguns destroços. Ao ver tais ruínas, ele surpreendeu-se por ainda estar vivo. Todavia, ele não se lembrava de qualquer coisa que pudesse explicar as razões dele estar no meio daquela destruição.
- Daijoubu? - perguntou uma voz.
Ele quase entrou em pânico quando ouviu a voz atrás de si. Virando-se bruscamente, ele encontrou a figura feminina. Na verdade, uma garota bem familiar. Sacudindo um pouco a cabeça, ele tentou entender o que a garota dissera antes. Seus olhos azuis demonstravam uma certa preocupação e não fugiu de sua atenção que era uma garota loira.
Um tanto incomum era seu longo cabelo ou mesmo a roupa que usava. Parecia que usava uma roupa de marinheiro modificada para mulheres... mas foi quando ele observou a tiara que ela usava em sua cabeça... ou mesmo as asas brancas enormes em suas costas, que ele percebeu.
- {Isso é um sonho?} - perguntou ele, a dor de cabeça apenas piorando a cada instante.
- Daijoubu? - repetiu a garota.
Ele continuou olhando em sua direção, até distinguir outras figuras próximas daquele anjo. A loira timidamente colocou a mão sobre a sua testa, logo depois virando-se e dizendo algo para as outras garotas. Ricardo sacudiu mais uma vez a sua cabeça, como se quisesse se lembrar de alguma coisa. Foi um choque quando ele conseguiu reconhecer a todo aquele grupo de garotas.
Sailor Senshi.
Se as descrições não estivessem erradas, elas deviam ser as Sailor Senshi! Seus olhos tornaram-se enormes diante da revelação, mas sua mente ainda teimava em continuar a questionar sobre o que estava acontecendo. Fracamente, ele pensou um pouco e conseguiu produzir alguma coisa que as Senshi pudessem entender.
- <O que aconteceu?> - perguntou ele, sua voz fraca e suave como um sussurro. Entretanto, a loira sorriu diante das reações do garoto.
- <Você ficará bem em breve...> - respondeu a garota de cabelos azuis.
Depois disso, Ricardo apenas conseguiu perceber uma vertigem atingir a sua cabeça como um raio. Sua visão turvou-se mais uma vez, as vozes das Senshi pareciam desesperadas sobre seu estado de saúde quando ele desfalecia.
Mas no pequeno momento em que permanecera consciente, Ricardo estivera a pensar. Não se era possível que as Senshi existissem. Ou mesmo sobre elas serem tão parecidas com as descrições dos fanfics. Não, a pergunta que ecoava em sua mente era muito mais abrangente. Uma pergunta que responderia à todas aquelas anteriores.Afinal, qual era o limite entre a realidade e a ficção?
***
E essa era exatamente a pergunta que Henrique fazia mentalmente para si mesmo. Ali, parado diante do grande espelho de Sailor Pluto, ele se sentia no limite entre a realidade e a ficção, a ponto de não conseguir mais discernir o que era real e o que era apenas fruto de sua imaginação.
A voz suave de Art repetia palavras que ele não estava interessado em escutar, palavras vazias, sem qualquer significado para o adolescente que havia sido arrancado de seu mundo. Ele apenas olhava para as imagens que apareciam no espelho, ainda com a mente fixa em um único assunto. Em como que havia conseguido escrever tantas histórias com tamanha fidelidade ao que um dia fora real.
Moon Destiny Kishi estava perdido em seus pensamentos, totalmente alheio ao discurso inútil de Art, observando novamente os detalhes do laboratório de Lucifer, até que uma imagem lhe chamou a atenção. A imagem de dois jovens presos. Era... era como se tudo o que ele havia escrito fosse realidade, como se as suas palavras postas no papel determinassem o destino daqueles dois jovens.
Cerrando o punho, por um momento Henrique se amaldiçoou por ter escrito aquela história. O que antes era apenas uma forma de expressar sua imaginação, havia se transformado, naquele momento, no causador dos males que aqueles dois estavam sofrendo. E ele não podia ficar parado diante daquilo. Não depois de se lembrar, de saber quem realmente era.
- Art. - falou Henrique, interrompendo o discurso de Earth Destiny Kishi. - Seja claro. O que você pretende REALMENTE fazer?
- Você é o First Writer, Moon Destiny Kishi. O melhor de todos nós. Suas palavras podem determinar o destino das pessoas e...
- Eu falei para você ser _CLARO_, Art. - interrompeu Henrique, visivelmente nervoso.
- Tudo bem. - suspirou Art. - As ações de Lucifer estão provocando uma distorção nas Linhas Temporais e precisamos corrigir isso.
- Como nos velhos tempos. E qual a história que você quer escrever para que tudo volte ao normal? Você sabe que não podemos simplesmente eliminá-lo do mapa para que a distorção acabe. - comentou Henrique, a mão apoiada no cabo de sua katana. - A nova storyline deve ser concisa e coerente, sem entrar em conflito com a antiga, e deve ser escrita antes que seja tarde demais.
- Eu sabia que você ia falar isso. Acompanhe-me.
Henrique 'Ranma' suspirou. Andar de uma sala para outra estava ficando tedioso, especialmente quando ele percebeu que estava sendo levado para a mesma sala de onde havia saído. Lá estava uma grande mesa, a mesma da época do Milênio de Prata, com dez cadeiras, uma para cada Destiny Kishi, uma para Sailor Pluto e uma que sempre ficava vazia. Sobre a mesa estava uma pilha de papéis especiais, feitos por artesãos de Plutão sob encomenda da Senshi do Tempo para que tudo o que fosse escrito neles, com a tinta das Silver Pen, tornasse-se realidade.
Um gesto de Art fez com que ele se sentasse e começasse a ler o que já havia sido escrito por Art, Neko e Kare. Lentamente, a expressão de seu rosto foi mudando, até que ergueu a cabeça na direção dos três Destiny Kishi.
- Vocês sabem quem são os outros Destiny Kishi atualmente, estou certo?
- Certo. - respondeu Kare, apoiando-se na mesa, ao lado de Henrique.
- Devo supor que tudo o que está escrito aqui é uma mera tentativa de reunir todos os demais, correto? - continuou Henrique, sua voz ficando cada vez mais irônica.
- Hai. - respondeu Neko.
- Se querem mesmo corrigir a distorção das Linhas Temporais, precisam de TODOS os Destiny Kishi... e vocês quase MATARAM Mercury Destiny Kishi! - exclamou Moon Destiny Kishi, olhando fixamente para Neko. - Agora diga-me, Art, qual a storyline que você planejou?!
Art sorriu. Aquela era a reação esperada por ele.
- Somente o poder máximo do Ginzuishou poderá corrigir essa distorção e Serenity só conseguirá isso no futuro, em Neo Crystal Tokyo. O Destiny Timeline Restore não tem energia suficiente para alinhar novamente todos os universos.
- Você quer dizer que... - começou Henrique, compreendendo o plano de Art.
- Isso mesmo. Devemos acelerar o surgimento de Neo Crystal Tokyo.
Henrique empalideceu e ficou em silêncio durante alguns instantes. Ele ainda se lembrava das palavras de Sailor Pluto, Neo Crystal Tokyo era uma civilização que só poderia surgir quando a paz estivesse presente em todos os países, no coração de todas as pessoas. No século XX, ela não passaria de uma utopia que entraria em colapso, sem uma rainha que, com a sabedoria que somente o Tempo seria capaz de trazer, fosse amada pelo povo e trouxesse a união para todo o planeta. Não era a hora de Neo Crystal Tokyo surgir... se tudo o que ele havia escrito fosse verdade, Usagi... a Princesa Serenity não estava madura o suficiente para se tornar a Neo Rainha Serenity e a utopia encontraria seu fim pouco depois de começar.
A humanidade não estava preparada para o mundo 'cor-de-rosa' que Art queria fazer. Não naquele século.
- Você enlouqueceu? - foi a única resposta de Henrique diante do absurdo que havia escutado.
- Moon Fox, entenda, é a única maneira de evitar o caos total! - exclamou Neko, aproximando-se.
- Meu nome é Henrique... - ele resmungou, levantando-se da cadeira. - ... e não vou escrever uma linha sequer dessa história absurda. Se quiserem que eu trace UMA linha... - ele continuou, ficando em posição de defesa. - ... terão que me obrigar a tal.
- Então prepare-se, Moon Fox! - gritou Neko, rodopiando como uma bailarina e parando com o dedo apontado na direção de Henrique. - Neptune... TSUNAMI!!!
Uma violenta onda de água surgiu do nada e teria atingido o adolescente, se ele não tivesse saltado para fora do alcance do ataque de Neko. Quando sentiu novamente o chão sob seus pés, cruzou rapidamente os braços, fazendo surgir uma esfera de energia em seus punhos.
- Moon Time CRASH!
A energia atingiu Neko em cheio, arremessando-a na direção da parede. Por um momento, Henrique hesitou, pensando se tudo o que estava acontecendo era real ou mais um sonho que estava tendo. Ele podia sentir a energia correndo em seu corpo, fluindo como parte de seu ser. Era algo impressionante...
- Earth Power HURRICANE!
Logo após ouvir a voz de Art, Henrique sentiu seu corpo ser envolvido por uma lufada de vento e ser atingido por pedras cortantes que eram arrancadas do chão pela força do vento. O tempo que ele perdera apenas naquele pequeno pensamento era grande demais para guerreiros, mesmo para aqueles que não foram treinados para combates. Essa lição Henrique aprendeu da pior maneira possível.
Em seguida, ele desfaleceu.***
Inacreditável.
Ele apenas conseguia encontrar essa palavra para descrever o que seus sentidos percebiam. Inacreditável.
Daniel 'Tolaris' quase chegou a se beliscar, apenas para ter certeza de que estava acordado e não, dormindo. Mas não o fez. Ao mesmo tempo, ele desejava que aquilo fosse realidade. Fixando seu olhar nos dois jovens na sua frente, ele ainda não conseguia acreditar que aqueles fossem dois dos heróis do mundo. Não conseguia crer em seus olhos que aqueles fossem Saturn e Uranus Dragon. Dragon Kishi, segundo ele dizia, eram fruto da imaginação de Ranma.
Mas eles estavam ali. E o salvaram de uma louca psicótica.
"Definitivamente, preciso de um psicanalista..." concluiu ele novamente. Era inacreditável.
Daniel 'Tolaris' ainda lutava para fazer com que sua respiração voltasse ao normal, assim como seus batimentos cardíacos, acelerados quase a ponto de fazer com que seu coração saltasse pela boca.
Algo semelhante ao que ocorrera quando aquele cachorro enorme abocanhou seu joelho enquanto andava de bicicleta pela rua, mas acrescido de uma dose muito, mas MUITO maior de adrenalina. Por sua vez, Edson Makoto Kimura se ocupava em tentar fazer com que a jovem guia de intercâmbio ACORDASSE de seu leve sono... para não dizer desmaio.
Porém, seus esforços em fazer com que seu organismo reagisse à 'normalidade' novamente imposta ao aeroporto, semi-destruído, estavam sendo em vão, quando olhava para as duas figuras à sua frente. Ele mal podia acreditar em seus olhos!
- <Saturn Dragon?> - murmurou Daniel, em um tom de voz alto o suficiente para que o rapaz com a faixa negra na testa virasse em sua direção. - <Uranus Dragon?> - e o outro rapaz também virou em sua direção.
Saturn Dragon olhou o brasileiro com assombro, até que se lembrou das reportagens da Newsweek e da Times. Ele havia se divertido muito com elas, principalmente porque nunca havia conseguido uma foto de si próprio quando transformado. Uranus Dragon apenas sorriu e fez que sim com a cabeça.
- <Vocês estão bem?> - perguntou Uranus Dragon, aproximando-se dos três. E aparentemente notando que aquele era o único grupo de pessoas doido o suficiente para permanecer naquele local durante um ataque de... pingüins.
- <Estou inteiro... acho que é um excelente sinal.> - respondeu Daniel, ainda abismado com o que via. - <Obrigado por nos salvar.>
- <É a nossa função, não é?> - sorriu sarcasticamente Saturn Dragon, enfim saindo de seus pensamentos. - <Cuidem-se!> Ja na!
Daniel apenas conseguiu olhar para os dois guerreiros, enquanto eles desapareciam de sua vista.
- Ja... - começou Daniel, até se lembrar de dois detalhes chamados Edson e a guia. - {Clooooooud! Você tá legal?!}
- {Na medida do possível. Agora, quanto a ELA...} - respondeu Edson, ainda segurando uma guia desmaiada. - {O que devemos fazer?}
- {Pegue a listagem dela, veja onde raios eu vou ficar e aproveite para telefonar para a central de intercâmbio.}
- Nani yo?! {Por que eu?!}
- 'Cause you're the only one here who knows how to speak Japanese, my dear Cloud. - cantarolou Daniel, pegando o que antes era um monte de listas com o nome de alunos e entregando-o para Edson. Não sem antes ler cuidadosamente os nomes que estavam em romanji. - Este é o meu nome. Agora leia o que está escrito depois dele, sim?
Edson pegou a lista e olhou para seu amigo com olhos espantosamente curiosos. Era a primeira vez em uma semana que ele estava vendo Daniel tomar uma atitude que não fosse cômica ou ao menos absurda. Ele estava falando SÉRIO! Era algo a ser lembrado... pelo menos pelas próximas quatro semanas.
- Hai. {Ok... Graminho, Daniel Rezende... Tsu... tsu...} - gaguejou Edson, rindo no final do processo de gaguejar. - HAHAHAHAHAHAHAHAHAHAHA!!!!
- {Tá rindo do que, cara?! Fala logo!}
- {...hahahahahaha... aqui tá escrito...} - continuou Edson, fazendo pausas para pegar fôlego. - {Tsukino-ke.}
- AAAAAARRRRRRRRGGGGGGGHHHHHHHHHH!!!!!!!!! - foi o grito que pôde ser escutado por todo o aeroporto. E não era um grito de dor.
Claro, talvez apenas aquele lutador de sumô que estava preso na saída de emergência do aeroporto tivesse escutado além dos dois. Fora isso, ninguém estava a prestar muita atenção aos gritos e esperneios de Daniel. Principalmente aos vários 'Por que EU???' que ele começou a esbravejar.***
Por outro lado, Chris Stover e Maury Sillery estavam de volta ao Japão depois daquela atribulada viagem de intercâmbio da qual haviam participado. Olhando para a agora rotineira paz de Tóquio, os dois amigos sorriam ao observar para o Templo Hikawa. Cada um trazia um sorriso que ia de orelha a orelha, imaginando principalmente o que iria acontecer quando o pessoal os visse... e sem saquinhos de amendoim!
Haviam partido do Canadá sem avisar ninguém... seria uma grande surpresa quando Rei e Makoto os vissem chegando repentinamente. Uma agradável, e cheia de ossos quebrados, surpresa, adicionava Chris para si mesmo.
Calmamente, eles subiram as escadas do templo, assoviando. O que eles nunca esperariam encontrar seria alguma ameaça às suas vidas LÁ, no templo shinto... isto é, não até receberem uma pancada em suas nucas, proveniente de uma shinai empunhada por um aprendiz chamado Yuuichiro.
- Vocês não vão incomodar a paz desse templo novamente, malditos invasores!!! - gritou Yuuichiro, com um colete acolchoado, semelhante aos usados por jogadores de baseball, protetores de joelhos e cotovelos usados no hockey e capacete de kendo. Claro, magnificamente empunhada por ele, a espada de bambu parecia MUITO intimidadora...
Chris e Maury decidiram processar a informação, que chegava aos seus cérebros, em partes:
01. Eles haviam levado uma SENHORA pancada nas nucas.
02. Detalhe: por uma SHINAI.
03. O agressor era Yuuichiro. Isso já seria um bom motivo para risadas, MAS, continuando...
04. Ele estava usando uma roupa deveras esquisita. Provavelmente para se defender de possíveis ataques.
05. Incomodar a paz do templo novamente, ele disse?!
06. Conclusão: Yuuichiro precisava de uma lição para aprender a respeitar os amigos.
- Yuuichiroooooooo! Não nos reconhece mais?! - gritou Chris, acenando para o fantasiado, enquanto Maury tomava a shinai.
- Nani?! Chris? Maury? - perguntou surpreso Yuuichiro, lembrando-se então que aquele era um templo shinto e não um dojo.
- Que bela maneira de receber velhos amigos... - gemeu Maury, esfregando a nuca e jogando a shinai para longe. - Acho que você precisa se lembrar melhor da gente. - continuou Maury com um sorriso deveras estranho.
- Aconteceu alguma coisa? - perguntou Chris, com o mesmo sorriso pateta de Maury.
- Nada não, é que... - começou Yuuichiro, antes de ser bruscamente interrompido por um grito feminino proveniente da porta do templo. Um grito muito familiar e agradável, pelo menos para Chris.
Algumas horas mais tarde, Mo ainda viria a cutucar uma massa humana e plana colocada no chão do templo. Sim, surpreendentemente, a massa gemia.***
Sangue. Destruição. Morte. Corpos. Cadáveres. Monstros. Lutas.
O cenário extremamente pessimista que cobria ao seu redor, marcado pela violência de uma guerra que deveria permanecer como uma lenda, um mito; estava cada vez mais demonstrando que podia ser mais realista do que poderia imaginar. Mais do que isso, ele tinha a certeza do que estava a presenciar aos seus pés. Youmas, bakemonos e selenitas.
A maioria ainda estava viva, pois o processo mágico da decomposição não havia sido iniciado. Mas ele estava ali. De pé. Seus punhos estavam cerrados ao redor da espada que trazia em suas mãos, quase como se segurasse o seu fio da vida. No entanto, embora ele fosse o único a estar ali de pé... o único a realmente sobreviver sem nenhuma maior sequela, ele não estava bem.
Em seus olhos, as lágrimas de um guerreiro. Não levou muito tempo até que a eletricidade começasse a percorrer por seu corpo, vaporizando as centelhas de vida que permaneciam acesas nos seus inimigos. Nada tão grandioso, mas que ele sabia que era o suficiente para limpar aquele campo de batalha. E seus olhos não transmitiam a piedade que ele dera aos youmas e bakemonos, mas, isso sim, o remorso de não conseguir fazer o mesmo por seus colegas selenitas.
Seus passos eram lentos, mas precisos na sua direção. Sem cambalear ou titubear, o jovem selenita caminhou diante de seus companheiros de batalha. Não levou muito tempo, embora ele fosse agora indiferente àquele fator. A dor lacerante em seu corpo era praticamente ignorada pela vontade férrea do selenita, seus olhos fixos em duas formas caídas.
Aproximando-se da primeira forma, seu corpo começou a reclamar quando se ajoelhou, sangue espirrando de suas feridas no abdômen. Sem pressa, ele no entanto ergueu o selenita caído, suas forças sendo mantidas apenas pelo milagre de sua determinação.
Ele havia jurado... e iria cumprir o que prometera.
Embora seu sangue estivesse se misturando com a do outro selenita, embora o sangue misto estivesse a cair no chão como um rio vermelho... ele continuou a caminhar até a outra figura caída. Um outro selenita. Armaduras youmas repousavam vazias ao seu lado, elmos de combate semi-destruídos completavam o cenário das armas já quebradas e espalhadas por todo aquele canto da Lua.
Ele respirava, no entanto. Sua vontade igualmente férrea o mantivera sentado durante o campo semi-destruído, suas costas apoiadas numa larga e bastarda espada selenita. Suas mãos pareciam ter pouca força e era certo que não conseguiria sequer erguer a katana que repousava nelas. Uma braçadeira com o símbolo real da Lua estava rachada em seu braço, enquanto a figura permanecia cabisbaixa e a respirar pausadamente.
Sangue selenita escorria de sua testa, seus cabelos negros já bagunçados com o sangue em processo de coagulação, enquanto seus olhos já não podiam mais ser distinguidos pelo selenita que se mantinha de pé. Com cuidado, ele abaixou-se, posicionando do outro lado da espada o corpo do outro selenita.
- Nós vencemos... - murmurou com a voz fraca e baixa o selenita que permanecera sentado.
- Hai. - disse apenas o guerreiro selenita. - Nós vencemos, Moon Fox.
- Eu sabia que conseguiríamos. - comentou o Destiny Kishi da Lua, seu olhar triste sendo dirigido ao seu companheiro de armas. - Eu sabia que seríamos capazes, Silver Sky.
- A batalha em Selene já deve estar chegando ao final. - disse apenas o outro. - E o final do Milênio de Prata também.
- Arrependidos? - perguntou a voz ainda mais cansada e fraca do outro selenita. Com um pouco de esforço, conseguindo colocar seus olhos cegos na direção da capital selenita.
- Iie. - respondeu Silver Sky.
- Lutamos pelo que acreditamos. - continuou Moon Fox, também virando seu rosto mesma direção que Chronos. - E sempre assim iremos fazer.
- Sempre. - disse Jupiter Destiny Kishi, observando um brilho no horizonte, na mesma direção que os outros dois selenitas.
- Hai. - murmurou Chronos, sentindo a presença do Ginzuishou percorrer por seu corpo. - Sempre.
No instante seguinte, o trio selenita já havia sido banhado pela luz que marcaria o final do Milênio de Prata... mas o começo de uma era de esperança... e paz. Uma esperança por uma vida melhor e mais justa.
- Sayonara... - disseram os três ao mesmo tempo, antes de caírem nos braços do maior trunfo dos selenitas.
Paz na Terra.***
Paz?
Aquela era a pergunta de Hélio Perroni Filho. Era a terceira vez que presenciava aquela cena. O verdadeiro final do Milênio de Prata. Era também a terceira vez que presenciava tamanha dor, principalmente em seu abdômen. Era tudo tão... real.
Ao mesmo tempo, também não parecia. Afinal, como poderia ser? Aquilo poderia ser muito bem um sonho pregado pela sua mente... mas repetida três vezes? Claro que tinha que ser verdade. Ne?
Haviam, no entanto, muitas perguntas a serem respondidas, e outras tantas a serem questionadas. Hélio, porém, estava começando a ficar impaciente com toda aquela história... além de ficar curioso sobre os motivos que levariam a sua mente a entrar naquele estranho looping.
A sensação daquele juramento que 'fizera' sob a pele de Silver Sky mantinha-se cada vez mais forte, amenizando cada vez mais a dor em seu corpo. Instintivamente, ele passou a sua mão sobre seu abdômen, massageando com cuidado. Estava quase a definir um padrão sobre tudo aquilo.
Exatamente como previra, a dor veio novamente. As cenas de batalha voltaram a preencher no negro que ocupava depois da sua 'morte'. O reflexo de seu rosto na katana ensagüentada talvez fosse a imagem que mais marcasse a sua mente, quase como a afirmar para ele próprio que ele era um assassino.
Quase como o renascido Nemesis.
- Você não é como Nemesis. - disse uma voz dentro daquele cenário e sem uma aparente fonte.
- ... o quê??? - perguntou Hélio, notando que suas palavras não eram pronunciadas por 'Silver Sky', mas apenas refletidas em sua mente e no cenário sangrento. - Quem está aí?
- Quem eu sou não importa. - continuou a voz. - Mas quem você é.
- Essa é fácil. - respondeu com um sorriso sarcástico o ficwriter brasileiro. - Eu sou Hélio Perroni Filho.
- Errado. - devolveu friamente a voz. - Você é Jupiter Destiny Kishi.
Hélio apenas conseguiu produzir uma imensa gota de suor, olhando com desdém para uma direção qualquer.
- Certo. E você é Deus. - retornou com sarcasmo o ficwriter.
- Quase... - disse a voz, agora com uma direção. - Mas eu escrevo melhor do que Ele. Sem linhas tortas.
Hélio virou-se na direção da voz, sendo ela estranhamente familiar. Seus olhos azuis abriram-se de espanto ao notar a figura que caminhava na sua direção. Não era ainda a SUA concepção do que seria um anjo, mas era inegável que a figura de Moon Fox caminhando de um vórtex de luz branca no espaço negro da Lua para a sua direção fosse difícil de ser comparado com as imagens bíblicas. E ele nem era um daqueles católicos fervorosos...
- Moon Fox? - chamou Hélio, com muita surpresa.
- Já me viu morrer? - perguntou o guerreiro selenita, dobrando levemente os seus lábios em desapontamento.
- ... Henrique? - chamou agora Hélio, confundindo o que a figura falava com o ficwriter brasileiro que desaparecera pouco antes dele... hmm... entrar naquela loucura coletiva de pingüins em Vitória?
- Indeed. - confirmou com um sorriso o ficwriter, suas roupas estranhamente voltando ao 'normal'.
- Ceeeeeeeeeeeeeerto. - disse Hélio. - Quando eu acordar, vou querer saber que droga andaram colocando no meu corpo para ter essas alucinações.
- Se acordar antes de mim, avise para pararem de colocar no meu também. - respondeu após um suspiro o outro brasileiro.
Por um instante, Hélio pensou sobre o que iria responder. Quer dizer, pensou com maior profundidade. A pessoa na sua frente que supostamente se chamava Henrique agia do mesmo modo que o Henrique que ele conhecera. Nunca tendo visto o seu 'irmão de teclado', era difícil realmente acreditar que o rapaz fosse realmente quem dizia ser. Principalmente depois daquelas... 'cenas'. Além disso, Henrique parecia estar aceitando aquelas condições absurdas da realidade.
Por outro lado, Hélio era o único que se gabava de ter os parafusos da cabeça no lugar na Exodus.
- Olha, eu sei que tudo isso parece uma GRANDE besteira... além de ser absurdamente ESTRANHO, para dizer o mínimo. - disse Henrique com uma franqueza evidente em sua voz. - Aliás, eu nem sei COMO estou falando com você neste instante. Mas você sabe tão bem quanto eu que, por mais absurda que seja...
- ... a história, é bem possível que ela seja verdade. - completou o ficwriter. - Sim, eu sei, 'Sherlock Holmes'. Quando todas as impossibilidades são descartadas, o que resta é a verdade, por mais absurda que ela seja. - terminou Hélio de recitar o personagem londrino. - Mas podem haver ainda outras possibilidades ainda não pensadas, meu caro.
- Certo. - devolveu com sarcasmo o brasileiro. - Explique-me como foi que surgiu toda essa palhaçada de 'Destiny Kishi', como que NÓS podemos fazer parte dessa palhaçada e, por favor, diga-me que isso somente conseguiria ter saído da cabeça do MADS!
- ... como vou saber? Estou conversando com um pedaço da minha mente que deve ter criado a ilusão de Henrique Loyola e Moon Fox... talvez um avatar para o que resta da minha sanidade.
- ... você não acha isso um tanto mais complicado? - perguntou Henrique, flexionando a sobrancelha. - Quer dizer, desde QUANDO você tem alguma graduação em psicologia???
- Vou lá eu saber??? - devolveu Hélio, visivelmente impaciente. - Eu quero é saber como saio desse pesadelo.
- Che! O pesadelo ainda nem começou. - comentou Henrique. - ... hatenai yume ga hajimaru. Agora começa o sonho sem fim...
- ... eu não sei japonês! - exclamou surpreso Hélio.
- Nani yo? - perguntou Henrique surpreso.
- Você não entendeu? EU NUNCA poderia saber o que raios é hatenai-blá-blá-blá! - declarou Hélio, apontando acusadoramente para a figura do brasileiro. - Você TEM que ser real e TEM que ser Henrique!
- Jeez... você precisa assistir mais BGC. - falou apenas o Destiny Kishi da Lua.
- Droga! Você sabe o que isso significa??? - perguntou Hélio, furioso. - SABE O QUE ISSO SIGNIFICA???
- Diga-me, Einstein.
- Isto NÃO pode ser um sonho! - gritou Hélio, segurando seus cabelos com as mãos.
- Na verdade, você está parcialmente correto. - declarou Henrique. - É mais uma das artimanhas de Art e devemos estar atentos a tudo... preste atenção às suas 'lembranças'.
- O quê? Quem é Art? Não vai me explicar? - perguntou Hélio, erguendo abruptamente a cabeça na direção do vórtex de luz.
Quer dizer, para onde ESTAVA o vórtex de luz.
Com os olhos ainda surpresos, ele começou a respirar pesadamente, enquanto uma dor iniciava-se em seu corpo.
- Se eu sair daqui... vai ser a custo de muita terapia intensiva. - murmurou o ficwriter para si mesmo, enquanto uma escuridão envolvia novamente o seu corpo.
"Não tenha medo." pensou Hélio.
Quer dizer... ALGUMA COISA pensou dentro dele! ELE não teria pensado naquilo. Medo? DO QUÊ???
- AAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAARGH!!!***
- Hóspedes? - perguntou Chris, surpreso. - DE NOVO???
- Estou começando a achar que templos shinto são redes de hotelaria no Japão. - comentou Maury, coçando sua cabeça e olhando na direção de Chris.
- SEM JOLT! - gritaram ambos.
Hino Rei, por sua vez, limitou-se a abraçar Chris mais uma vez e retomar mais uma vez sua vida àquela 'loucura conjugal'. Não demorou muito, no entanto, para que Chris mudasse seu humor. Mais uma vez.
- Quem são?
- Talvez garotas bonitas vindo de outro sistema solar e prestes a dominar o planeta? - arriscou Maury.
- Nah! - respondeu Chris. - Provavelmente garotas bonitas vindo de outro sistema solar e prestes a dominar o planeta e com um carregamento ENORME de Jolt.
- Vocês não mudam nunca, ne? - perguntou Rei, após um suspiro. - Mas tem uma garota... ainda não sei de onde ela é, mas é bem estranha.
- Uma garota? - perguntou Maury. - Hmm... espero que Makoto entenda sobre impulsos masculinos.
- Não se preocupe, Mo. Yuuichiro não deve ser ciumento. Mas vai ficar chateado se você o trair. - brincou Chris, logo recebendo um tapinha 'gentil' de Rei para que controlasse mais os SEUS 'impulsos mentais'.
- Quem é a garota? - perguntou Mo, desviando o assunto.
- Hmm... Jennifer Kanotori. Ela chegou ontem. - respondeu Rei, notando o quanto aquela pergunta seria... capciosa se Makoto soubesse. - O outro hóspede é um brasileiro.
- Hmm... brasileiro, canadense, brasileiro... a próxima estação de estudantes de intercâmbio deve ser canadense. - comentou Chris. - Espero que tragam Jolt.
- Eu espero que não tragam amendoins. - retrucou Rei. - Mas como foi a viagem? Por que não avisaram?
- Bem, ultimamente Hooze teve algumas 'visões'. - explicou Chris com uma seriedade incomum. - Algumas até assustadoras.
- Nem sabemos direito o porquê, mas ela praticamente nos jogou dentro do avião para vir ajudar vocês. - continuou Mo.
- Pelo que vimos no aeroporto... - disse Chris, desenhando com as mãos a forma de um pingüim no ar. - ... vocês vão precisar.
Rei refletiu por um instante. O formato desenhado por Chris era o suficiente para ela se recordar do dia anterior, quando ocorreu o ataque dos pingüins-fogueteiros-que-fazem-pop. Só pelo fato deles terem atacado em três lugares próximos em Juubangai indicava alguma coisa... mas quando Chris mencionou o ataque no aeroporto, Rei começou a se perguntar se o ataque também não poderia ter sido realizado em outros lugares. Lugares onde não havia proteção ou heróis vestidos de marinheiro...
Ou charmosamente vestidos para matar. Como ela adicionou ao se lembrar da roupa de Strike Fiss. Todavia, isso não mudava uma coisa em todo aquele problema. Desde que os brasileiros haviam chegado que nenhum pesadelo aterrorizou a sua mente com imagens apocalípticas durante o seu sono. Isso a tomou desprevenida... quase vulnerável àqueles seres estranhos.
Ami ficara de analisar o que quer que os pingüins fossem ou talvez quem estivesse atrás deles, mas somente iria chegar ao templo em uma hora, quando elas se reuniriam. Isso colocava a situação em seu status quo, já que ela sequer conseguira uma leitura do fogo. Preocupada, ela apenas poderia se sentir relaxada e tranqüila quando encontrou Chris na frente do templo.
Entretanto, isso não mudava a situação. E não mudava a sensação de que algo estava errado.
- Você está tão séria... - comentou Chris.
Quando Rei se virou e encontrou seu namorado a fazer uma careta diante dela, era apenas natural que ela desse uma pequena risada. Mas ela subitamente parou, como se soubesse que algo ruim estava prestes a acontecer.
- Eu pensei que depois de Dark Angel... teríamos um pouco de paz. Só um pouquinho... - desabafou a sacerdotisa.
- Nah! Você não conseguiria aguentar MAIS UM DIA de monotonia, aguentaria? - desafiou o canadense. - Eu estava quase morrendo de tédio lá no Canadá. Principalmente com Mo reclamando que não aguentava mais um dia sem ver a Makoto.
- Hey! Eu não era o único a 'reclamar' da ausência de certas pessoas! Pelo menos, eu não enfiava a cabeça dentro das caixas de correio para ver a correspondência. - defendeu-se Maury. - Aliás, e a garota? Onde está?
- Deve estar no quarto ou perto do bosque. - respondeu Rei. - Mas quase ia me esquecendo de dizer: o brasileiro escreve histórias sobre nós.
- Nani yo? - perguntaram ambos os canadenses.
- Minha fama deve estar indo bem longe no mundo... - comentou Chris, pensativo. - Só espero que não seja por galerias de fotos hentai.
- Longe disso. - comentou Rei, rindo um pouco. - Ele disse que pega as informações pelas revistas. Você deveria ler as histórias dele, Chris.
- Por quê? - perguntou o citado, erguendo uma sobrancelha. - Muito ruins? Ecchi? - perguntou ele novamente, já sentindo a SdMpFB (Síndrome de Makoto para Ficwriters Brasileiros) ferver seu sangue.
- Iie. - respondeu Rei, divertindo-se com a situação. - Mas bem... realistas. Eu acho que Ami-chan deixou uma cópia do fanfic no meu quarto. Vem comigo. - disse Rei, puxando o canandense.
Maury ficou a ver os dois 'pombinhos' se afastarem, mantendo ainda um ar pensativo sobre sua face.
- Só espero que EU não esteja no meio dessas histórias... - comentou ele, preocupado com o tom de voz que Rei havia usado.
- Uma surpresa você terá. Sim... uma surpresa. - respondeu uma voz atrás dele.
Maury virou-se com surpresa, apenas para encontrar o avô de Rei. Com um sorriso BEM estranho. Não sabendo o porquê, Mo começou a sentir uma vontade imensa de pedir à Makoto preparar rolinhos primavera...***
Seus olhos esmeraldinos fitaram com certo desalento para os dois corpos diante de si. Aquilo não era realmente esperado... e ele detestava quando algo fugia do controle. Quer dizer, não que a reação de Moon Fox não fosse esperada para ser daquela forma... mas ele não imaginava que o jovem pudesse se lembrar tão claramente de como aplicar um golpe à base dos Elementos. Art resignou-se em balançar a cabeça, desapontado com o curso que seu plano estava começando a tomar.
Sua vitalidade demonstrada instantes antes durante a súbita emanação de poder do selenita diante de si já desaparecia diante da seriedade de seus olhos analisadores. Ele presenciara muito naquele mundo, muito mesmo. Não seria um pirralho como Moon Fox que iria derrotá-lo. Não mesmo.
Mas ele sentiu... no cerne de suas percepções, ele sentiu que ele havia lutado contra o verdadeiro Moon Fox. Mesmo que por um breve instante, ele havia sentido. A vitalidade, a força, a determinação... não havia como enganar. Ele havia monitorado cada um dos traidores. Cada um deles.
Não estava enganado. Moon Fox estava realmente desperto debaixo da mente fragilizada de Henrique. Por alguns instantes de ponderação, Art fitou mais uma vez os dois brasileiros confinados em seus casulos de prata. Eles estavam começando a ficar perigosos.
Seu plano era bem simples... qualquer um entenderia. Claro, aqueles que soubessem das tarefas de um Guardião do Tempo iriam fervorosa e imediatamente unir-se à sua causa. Mas não fora essa a reação de Henrique... Art agora estava certo que havia deixado a mente do garoto muito fragilizada... Moon Fox devia estar no controle absoluto da mente do brasileiro, manipulando-o levemente para crer que fosse ele o senhor das ações. Mas Art sabia que não. Estavam todos... todos os traidores estavam dormindo. Bastava apenas atingir um certo grau de fragilidade mental para que os adormecidos viessem à tona.
Mas Henrique... Henrique havia mostrado que não era preciso de um grau tão alto de fragilidade. Moon Fox sempre havia sido perigoso. Se não tivesse perdido os sentidos, Art estava certo que ele iria recompor o Conselho. E isso seria inadmissível. Inadmissível.
Por outro lado, ele ainda precisava de Moon Fox. Em seu total despertar. Aquilo o colocava numa situação realmente difícil. O corpo relaxado do brasileiro indicava que não estava mais rejeitando as lembranças de sua morte, e isso também se tornou um fator de preocupação para Art. Decidido, ele tocou no casulo de Moon Destiny Kishi. Agora, não haveriam mais lembranças. Nem Conselho.
Olhando para o lado de Henrique, Art encontrou o corpo retorcido de Hélio. Sinal de que ainda estava sofrendo o processo do Despertar... mas isso não indicava que Silver Sky estivesse totalmente desperto. Mas diferente de Moon Fox, Silver Sky era uma pessoa racional. Ele saberia que sua causa era nobre e justa. Iria com toda certeza unir-se a ele. Quiçá conseguisse convencer o outro brasileiro.
As relações de amizade terrestre eram algo fascinante... e se Art estava certo, Silver Sky iria recorrer a essa 'amizade' para que Moon Fox colaborasse consigo. Resoluto de que seus planos estavam encaixando-se novamente em seus lugares, Art decidiu caminhar de volta ao Salão do Conselho. Seus passos foram rápidos, no entanto. Estava começando a ficar impaciente com os acontecimentos.
Impaciente para a chegada de Crystal Tokyo.
Com toda essa pressa, nao levou muito tempo até que ele se encontrasse diante das duas escritoras do Milênio de Prata que sempre manteriam-se ao seu lado. Fiéis.. leais... mas muito letais. Art sempre mantinha um olho aberto na direção das duas Destiny Kishi. Embora pudessem ser fiéis e leais à sua causa, não podiam ser tão confiáveis quanto Kyn.
- Art? - chamou a de cabelos tão prateados quanto os seus. - O que vamos fazer?
- Vamos nos organizar com calma, Neko. - explicou Art, seus olhos de serpente retomando a mesma frieza que os anos de solidão o proporcionaram.
- Moon Fox não vai colaborar. - constatou a ruiva de olhos prateados.
- Hai. - concordou Earth Destiny Kishi. - Mas ele vai escrever... por bem ou por mal.
- Isso pode arruinar a execução do processo. - mencionou Neko, seus olhos violetas fitando o Guardião do Livro Real. - É muito arriscado.
- Mas ele vai QUERER escrever. - afirmou Art, para o espanto das duas selenitas. - Aguardem e verão. Mas... localizaram Martin?
- Iie. - relatou Neko. - Ele simplesmente escapou dos orbes de visão e sequer conseguimos...
- Ignorem-no. - disse rispidamente o líder. - Ele não pode fazer qualquer mal neste instante.
- Mas... - Kare começou a retrucar, quando Art a interrompeu.
- Ele não tem como atrapalhar os nossos planos. - disse Art, preocupado ainda com a reação de Moon Fox. - Mas talvez seja melhor acelerar um pouco mais os nossos planos. A distorção criada por Dark Angel está ficando cada vez mais forte com a ausência de sensei.
- Hai... - concordou Kare, também pensativa. - Se ela estivesse conosco, o Tempo voltaria a fluir nor...
- IIE! - interrompeu novamente Art, não querendo que seus pensamentos fossem poluídos com outras preocupações. - Ele JAMAIS voltaria ao seu curso anterior! Os fatos não permitem!
As duas garotas ficaram mudas diante da irritação de Earth Destiny Kishi. Aquilo era tão incomum que elas tiveram até mesmo MEDO de respirar... como se isso servisse de motivo para que Art as destituísse do cargo. Isso, é claro, somente poderia ser feito de uma forma e ambas sabiam que não conseguiriam sobrepujar o poder de Art. Mesmo estando juntas.
Por outro lado, mesmo que conseguissem, elas não saberiam realmente o que fazer. Durante milênios, Art as manteve com as esperanças de um mundo melhor para a humanidade, mesmo depois das épocas mais negras... ele sempre voltava a afirmar que o mundo se tornaria algo muito belo. Ele mesmo mostrara o brilhante futuro de Crystal Tokyo para elas! Contrariando as ordens de Sailor Pluto para jamais mostrar o Livro Real, Art mostrara que confiava nelas. Não?
Por essas razões e outras tantas que elas resolveram acatar com as ordens dadas pelo selenita. Dark Angel havia sido uma pessoa a realmente bagunçar a mente daquele companheiro de escrita. Estavam certas de que ele sempre iria lutar pelo que era melhor para todos... e que a culpa somente poderia ser de Dark Angel.
Principalmente com a ausência de Sailor Pluto. Sem a Guardiã do Tempo, o que poderiam fazer?
- Desculpem-me. - disse repentinamente Art, após um suspiro. - Eu sei que não me comporto dessa forma normalmente... desculpem-me. - pediu Art novamente. - Eu... eu acho que estou com uma terrível dor-de-cabeça. Façam o que acharem melhor... eu vou para meu quarto.
Dito isso, o selenita caminhou lentamente. Esporadicamente, apoiava as mãos nas paredes de prata, numa cena decadente e triste para as duas selenitas. Cabisbaixo, parecia não estar se sentindo bem com toda aquela responsabilidade de liderança.
- Vamos nos concentrar nos traidores. - disse Neko, um tanto baixo e quebrando o súbito silêncio naquela sala.
Art, por sua vez, congratulava-se e dizia mentalmente que merecia um Oscar por suas atuações.***
Muitas vezes ouvimos falar da morte. Quem nunca ouviu os vários relatos daquelas pessoas que 'escaparam' da morte? Que haviam visto um grande túnel de luz branca... uma saída sendo aquela luz tão chamativa no final do túnel... ou ainda dos espíritos que rondavam por perto, presos no mundo terreno por algum motivo... e, naturalmente, muitos de nós duvidam que isso realmente tenha acontecido.
Até que aconteça conosco. Mas evitando essa filosofia barata de vida e fazendo sua leitura ser algo mais agradável e proveitosa, pergunto o que acham da morte. Gostam dela?
Satori Ryu não saberia responder a essa pergunta. Ele não tem como GOSTAR da morte... mas sabe que sem ela não haveria a vida. Satori Ryu. Dezoito anos, cabelos negros e longos, não muito alto, nem baixo. Possuidor de olhos rubros e misteriosos e promissor artista marcial. Vida noturna sob o alter-ego de Moon Dragon, um dos muitos defensores 'da justiça e do amor'. Mas um guerreiro.
Isso é algo inegável. Ele é um guerreiro. Como tal, ele sabe que a morte é a morte. Só. Não é para ser ou não gostada. É morte. Só.
Mas nos últimos dias, se não meses, ele estivera a ter sonhos deveras estranhos. Ele raramente comentava isso para alguém, mas mesmo Minako era capaz de perceber o quanto ele estava mudando. Seu comportamento já não era o mesmo de quando ele era mais 'jovem'.
Seria amadurecimento?
Ou a preempção da morte?
De uma forma ou de outra, ele estava preparado. Ele era Moon Dragon.
Ele era o primeiro Dragon Kishi. O líder deles.
Ele era Satori Ryu.
Seus olhos vermelhos fitaram num repente para o Sol que se punha.
Vermelho.
Como sangue...
Página integrante da Jikan no Senshi Destiny Kishi
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