Tempestade de Ilusões
by
Ami Ikari & X/MADS!Capítulo 14: Ventos de Outono
"He didn't know what was going to happen to him when he released all of the power, but what happened to him didn't matter. The only thing that mattered was that this thing not awaken."
-= Alan Harnum, Thy Fate Shall Overtake =-- ... você já... - começou a voz.
- ... sim. - respondeu a outra, interrompendo. A voz era calma e masculina, e havia muito receio no que dizia, como a temer pelas suas respostas. Como a temer a pessoa diante dele.
- Por quê? Por quê? - perguntou a primeira, indignada e revoltada.
- ... eu não sei. - lamentou-se o rapaz, levemente abaixando sua cabeça. Seu cabelo, apesar de não ser longo, era o suficiente para que seus olhos não fossem fitados pelo olhar dela.
- ...
- Eu realmente não sei. Mas gostaria de saber. - disse o rapaz, enxugando uma lágrima. - E-eu queria ficar...
- Por favor... - pediu a outra voz, querendo que a última frase fosse a última decisão tomada.
- Mas eu tenho que ir. Você sabe disso. - respondeu o garoto, uma força interna a reverberar em sua voz. Soluços se seguiram até que ele conseguisse obter uma reação diante daquele diálogo pouco produtivo.
Num átimo de sua dor, ele a abraçou. Sendo seguranda tão firmemente em seus ombros, a garota apenas foi capaz de retribuir o abraço. Lágrimas escaparam de seu rosto, até que ele resolvesse separar o que começou.
- Você sabe que eu preciso fazer isso... - disse entre soluços.
- Prometa que voltará. - pediu a garota, suplicante. - Por favor...
- Por favor... - pediu então rapaz, não conseguindo olhar para os olhos úmidos da garota. - Não me faça prometer o que eu talvez não possa cumprir. - pediu ele, evitando os olhares.
- Por favor...
- ... e-eu vou tentar. - respondeu ele, incerto do que fazia. - Você sabe que... que eu não vivo sem você.
- Obrigada... - disse fracamente a garota, pouco depois dele tomar uma distância dela. Os seus olhos então viram a sombra do rapaz desaparecer pela noite, as estrelas não sendo suficientes para iluminar o caminho dele nas trevas. Mas ele sabia que aquilo não bastaria também.
Ele nunca voltaria. Ambos sabiam disso, bem no fundo de seus corações.
- Obrigado digo eu... - murmurou o rapaz, encarando o caminho na sua frente. - Nunca vou te esquecer.
- Senhor... - falou então a voz feminina.
Senhor.... senhor???
- Senhor?... - chamou a voz novamente.
- O quê?... - pronunciou a voz um tanto sonolenta e atordoada do rapaz. - Onde?...
- Estamos no ponto final. - disse a voz feminina.
Nesse momento, Martin sacudiu levemente a sua cabeça e tentou ficar melhor desperto. Abrindo os olhos, ele encontrou uma mulher vestindo um uniforme, o que o surpreendeu por alguns instantes. Em seguida, ele olhou ao seu redor, logo percebendo onde estava.
- Já? - perguntou ele, levantando-se vagarosamente.
A comissária apenas afirmou com um gesto da cabeça, o que provocou um sorriso por parte de Martin. Inalando o ar fresco que sentia percorrer em seus pulmões, o jovem chinês nascido no Brasil alcançou rapidamente sua pequena bagagem composta por uma pesada mochila preta de acampamento e um simples cajado castanho de madeira.
O sonho já começava a desaparecer da mente do ficwriter, uma vez decidido que não iria escrever fanfics naquele momento. Ajeitando a mochila em suas costas, ele acabou por ver que a comissária já estava a ir. Por um momento, ele ponderou no que deveria fazer. Uma decisão rápida o deixou satisfeito e sua voz preencheu a pequena cabine do trem.
- Espere um pouco... - disse Martin, procurando por sua carteira num dos vários bolsos da mochila. Quando enfim a encontrou, a funcionária, Ms. Chinko, segundo o que ele podia ler, sorriu.
- Anoo... não, obrigada. - disse ela. - Nós agradecemos a preferência.
- Bem... obrigado. - agradeceu Martin, mais aliviado. Ele enfim notara que pegara a carteira que tinha apenas moedas. - Hmm... até logo.
Pouco depois de se despedir, Martin caminhou animadamente até a estação do trem. E então aconteceu. Um frio intenso percorreu sua espinha, fazendo os pêlos de seus braços arrepiarem-se por completo.
- A-TCHOO!!! - espirrou ele, já correndo para dentro da pequena estação. Havia neve e gelo por todos os lados que ele conseguia observar e uma cadeia de montanhas um pouco mais distante da linha ferroviária.
Mas ficar dentro da estação, ao lado do aquecedor, era o melhor lugar que o descendente de chinês poderia encontrar. Olhando o relógio na parede, ele percebera que havia passado quase o dia inteiro desde que resolvera 'fugir'. Ele então abriu um sorriso, enquanto voltava a observar a neve que começava a cair afora.
Ele finalmente estava ali. Com um movimento quase brusco, ele derrubou sua própria mochila no chão. Rapidamente, ele retirou de dentro dela um enorme e grosso casaco verde-escuro. Quase cerimonialmente, Martin procurou por mais alguns agasalhos e blusas, mas apenas encontrando uma de lã. Vestindo primeiro a blusa azul-marinho, ele demorou pouco até estar preparado para enfrentar o frio que havia fora da estação.
"Conheçam agora a mancha verde-escura de Hokkaido!" pensou ele, brincando consigo mesmo. A mochila sequer pareceu incomodar as suas costas, ele mantendo um passo constante na neve fofa e gelada em seu caminho. Entretanto, o entusiasmo inicial de estar num dos lugares mais gelados ao qual ele poderia ir com o dinheiro que tinha logo havia sido quebrado.
Tudo o que conseguia olhar era um branco intenso e sem fim. Ele então voltou à estação do trem e ficou ainda mais surpreso. Estava tudo deserto e o aquecedor era a única pista que havia ali de que ALGUÉM vinha ali de tempos em tempos. Erguendo uma sobrancelha, Martin então se lembrou que sequer sabia em que cidade estava. Isso se tornou muito óbvio quando ele percebeu que não havia qualquer placa de sinalização por perto.
Perguntar à comissária já estava fora de questão. Ele podia já ver o trem elétrico distanciar-se rapidamente por seus trilhos. Porém, resoluto que não poderia ficar ali para sempre, o brasileiro começou a andar. Descendo alguns lances de escada, ele logo encontrou a mesma visão anterior. Um branco infinito a espalhar-se pelo horizonte.
Se não fossem as montanhas, ele sequer teria idéia de onde ter um referencial. "Geez... nem cinco minutos acordado e já estou no meio do nada???" pensou ele, imaginando o que poderia tê-lo amaldiçoado com aquele senso de direção. Claro, ele tinha, por outro lado, uma tática infalível quanto a se perder no meio do mundo. Caminhar sempre numa direção, por exemplo. Ele haveria de encontrar, cedo ou tarde, alguma coisa.
Confiante, Martin começou a sua jornada...
*THUD*BONK*PLOFT*
... e em seguida terminá-la caído no chão gelado.
- Pelo menos encontrei uma placa... - disse ele, massageando sua testa, ao mesmo tempo que levantava a placa do chão. - Muito bem, placa. Agora me diga para onde eu devo ir.
A placa, felizmente, não respondeu. Entretanto, Martin logo encontrou a base dela e a posicionou aproximadamente com a referência. Limpando a neve formada na placa esverdeada, ele enfim encontrou ALGO que pudesse ser útil.
"Vila ... a 1 km." traduziu ele com o pouco que sabia de kanji. "Pelo menos números são sempre números...", resignou-se ele, começando sua jornada novamente. Com passos decisivos, ele decidiu que seria melhor chegar à tal vila antes do anoitecer. Ele não queria de forma alguma virar um picolé humano quando tinha um aquecedor a poucos metros dele. Claro, a sorte dele também estava cada vez mais próxima da vontade de Murphy.***
Porém, nem mesmo Murphy poderia prever o que aconteceria durante aquela caminhada de Martin. Sem uma pressa aparente, ele sabia que também não poderia sair correndo no frio intenso diante daquela neve que caía. Entretanto, o branco que havia diante dele apenas serviu de cenário para que sua mente se ocupasse de alguma coisa.
Seus passos estavam agora em modo 'automático' e ele sequer percebia quantos passos estava a dar. Os pensamentos tinham sua prioridade novamente e devaneios começaram a percorrer os túneis dentro de sua mente. Era voltar uma vez mais para o mundo que havia dentro de si, o mundo que ninguém além dele conhecia. Os olhos de Martin pareceram ficar vagos, enquanto as linhas de pensamento já se tornavam mais consistentes.
Estranhamente, não era o seu assunto favorito que surgira diante daquele branco intenso. O frio tampouco pareceu incomodá-lo tanto quanto na saída do trem. A sua vida, no entanto, foi o que chamou a atenção. Ele até sorriu diante dela, como se quisesse que o que tanto diziam fosse realidade. Que sua vida passaria diante de seus olhos e ele passaria ao outro mundo.
Num lugar tão gelado, era até capaz dele se tornar uma futura imitação de múmia inca com uma etiqueta 'Made in China' na testa. Mas era agradável a morte, em sua opinião. Claro, mais agradável é não a ver tão cedo. Entretanto, a melancolia e a nostalgia causada pela neve causavam um efeito contrário à da espera pela morte.
Martin preferiu perder-se novamente em suas lembranças. Coisas tão pequenas e bobas que formavam o seu passado. Claro, nada era bobo ou pequeno desde que ele colocara seus pés no Japão. E um fato em particular se tornou um marco em sua mente. Se bem que ele pouco duvidava que Paolla também não estivesse a definir um marco em Tóquio. Embora ele não tivesse contado, ele estava certo de que aquela era a melhor decisão.
Já bastava que a ficwriter tivesse sofrido o suficiente nas mãos da morte. Não havia a necessidade em tormentá-la com a sua própria experiência. "Sem contar que achariam que seria um caso de inveja minha..." retrucou ele para si mesmo, rapidamente voltando ao assunto. Ele se lembrava claramente daquele dia. E não fazia realmente tanto tempo desde que aquilo ocorrera...
... e talvez fosse natural que ele tentasse buscar agora um pouco de silêncio. Martin sabia desde o começo que a estadia no Japão não seria uma boa e simples experiência. Apesar dos três meses na escola ter melhorado (e muito) o seu relacionamento com todas as pessoas que ele conhecera durante aquela viagem, em especial a Paolla; Martin também sabia que aquilo não era o suficiente para amenizar as paredes que ele erguera ao redor de si.
Seu mundo imaginário precisava ser destruído antes de qualquer um tentar aproximar-se do que ele tanto guardava nos labirintos de seus pensamentos. Vez ou outra, sempre e nunca, ele discutia todo e qualquer assunto ao mesmo tempo. Esse momento, por exemplo. Não estava ele a pensar na própria vida? Como viera então a analisar o que estava a fazer?
A resposta era simples, no entanto. Ele não desejava realmente falar de sua vida. Bem dentro de si mesmo, Martin conhecia cada pedaço de seu ser. E sabia que uma força guiava seus pensamentos para mantê-los ocupados. Apenas para não que não se concentrasse no real objetivo. O escapismo sempre lhe parecera agradável e ele agora experimentava pela primeira vez.
Sim, primeira vez. Qualquer um poderia contar nos dedos as vezes que Martin viajara realmente. Ou quantas vezes ele viajara sozinho. Entretanto, aquela era realmente a primeira vez em que ele se encontrava solitário. Distante de tudo. Ou, pelo menos, parcialmente. Perdendo seu olhar no meio da imensidão do oceano de neve, Martin sorria diante da sua capacidade de julgar a si próprio. De analisar a si mesmo.
Era até melhor que ir a um analista e PAGAR para alguém ouvir seus problemas. Por outro lado, Martin também gostaria que houvesse uma pessoa ao seu lado. Apenas para que pudesse certificá-lo que não estava só naquele mundo de gelo. A sensação durou pouco, até ele perder-se novamente em seu mundo ilusionário. Se duvidasse, ele seria capaz de imaginar uma mansão a se erguer diante dele... uma lareira quente e aconchegante a chamar o seu nome, enquanto abrigava-se do frio de uma intensa tempestade de neve e...
... e era impressão dele ou estava realmente começando a nevar um pouco forte demais?
Um tanto incerto, Martin sequer percebeu quando começara a andar um pouco mais rápido ou quando exatamente começara a manter os braços cruzados em sua caminhada. O frio estava definitivamente começando a aumentar e ele não desejava morrer de hipotermia quando sabia onde havia um aquecedor. Assim sendo, como ele não conseguia observar um traço sequer da vila, ele decidiu por voltar à estação de trem.
Claro, isso não teria sido um grande problema se a neve não tivesse apagado os seus passos mais distantes. Entretanto, Martin sabia que não bastavam muitos para saber a direção que havia tomado. Afinal de contas, ele apenas caminhara numa linha reta e não haveria problemas em seguir uma linha reta de volta para a estação de trem.
Isso obviamente teria sido fácil demais, na opinião dos deuses da sorte do brasileiro. Além disso, já haviam trabalhado demais ao seu favor nos últimos meses. Ele não havia sido triturado por Kino Makoto depois que ela leu os fanfics de SM-NDK, ele não havia ficado de recuperação em nenhuma prova (e considerando que sequer sabia qualquer coisa de japonês além do romanizado), ele até estava no JAPÃO! E com bolsas de estudo! E sem precisar fazer ABSOLUTAMENTE _NADA_!
Então, os deuses da sorte resolveram que era hora de terem um descanso. Mesmo porque eles já deviam alguns favores ao Deus dos Pingüins, desde que interferiram em prol do brasileiro. Enfim, um descanso sempre era bom. Revitaliza as energias... e sequer precisavam perguntar ao seu protegido a sua opinião! O que era ainda melhor...
Assim sendo, quando Martin caminhava na direção da estação de trem, suas pegadas estavam sendo apagadas pela nevasca cada vez mais rápido. Chegou um ponto em que ele sequer poderia olhar para trás e conseguir diferenciar as suas últimas pegadas. Isso, evidentemente, complicava demais a situação do brasileiro, principalmente quando a neve começou a acumular demais na frente de seus óculos.
No entanto, ele continuou a caminhar. Repetindo para si mesmo para ser sempre teimoso, ele continuou a caminhar pela neve, não se importando com o peso da mochila, mas se arrependendo de não ter comprado material de acampamento para colocar dentro de uma mochila de acampamento. Por outro lado, suas lamúrias e resmungos duraram por pouco tempo.
A neve começava a cair cada vez mais rápida e forte, obrigando o brasileiro a diminuir o ritmo de seus passos. Seus pés congelavam dentro das botas (com sola alta) que comprara e sequer começava a sentir as pontas dos dedos de suas mãos. Respirava pesado, embaçando também seus óculos com o próprio ar que expirava.
Martin não podia dizer quando ou como, mas ele estava certo de que estava na direção certa. Suas esperanças estavam centradas na estação de trem, enquanto também aproveitava para amaldiçoar a pessoa que calculara tão mal aquela distância até a vila. Entretanto, suas maldições também não surtiram efeito quando ele começou a sentir que suas pernas não se moviam.
Olhando para baixo, Martin constatou o porquê de não estar sentindo suas pernas. Ele já estava caído no chão, ajoelhado diante dos ventos gelados que sopravam. Observando ao longe e em qualquer direção, ele agora não via mais a cadeia de montanhas e nem nada. Apenas o branco da neve a estender-se num infinto amaldiçoado até os horizontes.
Suas esperanças começavam a morrer, enquanto nada via além da imensidão branca. Martin também sabia que se não se movesse acabaria sofrendo de hipotermia... afinal, não haviam tantos agasalhos que pudessem manter seu corpo aquecido. Agindo por puro instinto, ele descarregou a mochila de suas costas e a colocou na frente do vento.
Piscando os olhos com dificuldade, ele tentava posicionar-se o melhor possível para se proteger do vento, pouco se importando para a neve que se acumulava sobre ele. Numa posição quase fetal, Martin esperava ao menos que alguém da vila estivesse a passear por aqueles arredores. Claro, uma esperança fútil e boba a se pensar durante uma nevasca.
Ele, no entanto, não tinha forças para continuar a caminhar, ainda que sua vida dependesse disso. Mas a idéia não era má, sequer se era para um funeral decente. Assim sendo, suas mãos quase congeladas abriram com certa dificuldade a mochila e de lá tiraram um objeto negro. Infelizmente, não era carvão ou qualquer coisa que pudesse mantê-lo aquecido no momento.
Com os olhos presos no laptop que ganhara daquela viagem doida de intercâmbio, Martin observava atenciosamente a seqüência de iniciação do computador. Não demorou muito até ele ver a imagem de um pingüim rudimentar desenhado na tela. Seus dedos pareciam estar mais frios, como se estivessem a premeditar as ações que seriam tomadas. Digitando rapidamente sua senha, ele já estava com o sistema operacional que seus colegas tanto falavam na apresentação do reitor.
Por outro lado, Martin também estava certo de que precisava trocar urgentemente aquela imagem em ASCII de pingüim. Digitando apenas alguns comandos decorados, uma música começou a preencher o ambiente como resposta. Não era lá a música que ele ouviria quando morresse, mas certamente era alta o suficiente para mantê-lo acordado (e chamar a atenção de alguma outra alma perdida). Dessa forma, Martin colocou o laptop ao seu lado, encostando-se na mochila e ouvindo pacientemente a música.
"Born to be wild... Queria saber se alguém achou possível usar essa música desta forma..." pensou ele, fechando seus olhos para o mar de gelo.***
Quando somos crianças, costumamos criar mundos de ilusão. Mundos inteiros, onde tudo o que podemos imaginar pode acontecer. Esses mundos de ilusão são apenas feitos de ilusões. Não podem nos machucar, mas podem nos assustar. Podem ser ilusões tão perfeitas que chegaremos ao ponto de perguntar se é realmente uma ilusão. Porém, nunca perguntamos.
Nós brincamos com as ilusões. Mas... e se, por um simples instante, as ilusões forem reais? E se quando cairmos de uma cama voadora, a queda for real? E se as ilusões não forem realmente ilusões?
Não importa. É ilusão, não é?
E era simples chegar à conclusão de que algo era uma ilusão. Cristais espalhados por toda a parte, uma luz fraca a irradiar-se de dentro deles, mas o suficiente para iluminar um caminho coberto por paralelepípedos de prata... luzes multicoloridas a dizerem que o negro diante de si não passava do éter do espaço. Isso era uma ilusão.
Caminhar no caminho prateado era então como caminhar numa ilusão. O som de seus passos podia ser ecoado ao longe, como se caminhasse no vazio, ao mesmo tempo que indicavam que era uma simples e grande ilusão. Quando ele havia estado lá, o brasileiro não sabia. As estrelas coloridas ao longe a observá-lo tampouco poderiam saber. Mas ele continuou a caminhar.
Por quanto tempo, ele não sabia, mas caminhou. A estrada de prata era estreita e infinita, porém ele não se cansava. Não conseguia se cansar. Não olhava para qualquer outro lugar que não fosse o horizonte de prata e os poucos conglomerados de cristais espalhados por aqui e ali.
Mas ele estava feliz. Não havia dor. Não havia sofrimento. Estava feliz. Só que ele não sorriu. Era tudo ilusão. Tudo...
Então, como a quebrar a fascinação de uma ilusão, uma luz branca projetou-se do infinto. Uma luz a emergir na estrada de prata, a chamá-lo e a dizer que havia uma saída. Ele não recuou, mas tampouco parou. Continuou a caminhar sob o mesmo passo compassado. A luz então começou a desaparecer, ficar cada vez mais fraca.
Isso não importava para ele. Não importava se o caminho de prata iria desaparecer também, que tudo ruiria sob o peso de seu corpo. Era tudo ilusão. Assim, ele continuou a caminhar. Feliz. Uma sensação de felicidade transbordava de seu corpo. Sabia apenas que deveria estar feliz. Feliz por não sentir dor. Por não sofrer.
- Você mudou seus ideais. - disse então uma voz. Era da luz.
O brasileiro não respondeu, apenas continuou caminhando. A luz, no entanto, reagiu diante de sua presença, começando a tomar uma forma. Era humanóide, disso ele tinha certeza. Aos poucos, os traços ficavam melhor definidos, mais... femininos. Uma mulher adulta. Ela era alta e tinha cabelos verde-escuros longos e lisos. Seus olhos eram dotados de uma cor violeta quase mórbida, mantendo sempre uma expressão séria diante do brasileiro.
Ela era bonita. Sobre seu corpo, uma roupa que não parecia ser dela. Um vestido longo e verde, a saia coberta por fitas e laços verde-claros. Em seu torso, o vestido era mais justo e branco, tendo um decote suave em seu colo. Sem mangas, seus braços eram vestidos apenas por longas luvas que pareciam variar entre o branco e um verde muito claro. Aproximando-se mais, ele percebia que o vestido não era branco, mas da mesma tonalidade fraca de verde que havia nas longas luvas de cetim.
Era um vestido que parecia brilhar por si próprio, tanto quanto o colar de pérolas negras em seu pescoço. Com os brincos perolados, formavam a única porção de joalheria que ela ornava. Quando ele voltou ao olhar dela, o brasileiro percebeu que não havia maquiagem sobre seu rosto, dando uma serenidade maior em seu olhar sério em sua direção.
- O que eu fiz de errado? - perguntou enigmaticamente a mulher, seus olhos mostrando alguma emoção em seu coração. Estavam úmidos, mas continuavam sérios na direção do rapaz. - Diga-me...
- Nada. - respondeu ele, incerto do que poderia abalar uma mulher tão altiva quanto ela parecia ser.
- Por que está aqui, então? - perguntou ela, aproximando-se dele. O rapaz, por sua vez, permaneceu um tempo calado, enquanto diminuia seu passo até parar diante dela.
- Eu... não sei. - respondeu o garoto. - Não sei nem onde estou.
Uma ilusão, repetia ele dentro de si mesmo. Mas o olhar dela dizia o contrário. Um sorriso pareceu formar-se em seus lábios, o que lhe agradou.
- Você está comigo... - disse a mulher, segurando as mãos do rapaz entre as suas. - ... meu filho.
- Você é minha mãe? - perguntou o rapaz, um tom inocente em sua voz.
- Sim. - respondeu a mãe do rapaz. - Mas num outro tempo, em um outro lugar. Eu era sua mãe...
- Nunca se deixa de ser uma mãe. - falou o garoto, abraçando filialmente a mulher. - ... o que faz por aqui?
- Você quem veio aqui. - disse a mulher.
- E onde estou? - perguntou ele, separando o abraço.
- Não importa. - respondeu a mulher. - Você deve voltar.
- Mas... qual é o seu nome, mãe? - perguntou ele, não desejando partir. Estava feliz ali. Queria ficar ali para sempre...
- Fate. - respondeu a mulher que todos chamavam por Sailor Pluto. A Guardiã do Tempo.
Fate. Destino. De alguma forma, aquilo pareceu ser familiar ao brasileiro. Mas ele ainda assim queria ficar. E sabia que ela entenderia... era a sua mãe.
- Não. - disse ela, já respondendo à tentativa que o rapaz fizera em perguntar. - Você não pertence a este lugar. Ainda não.
- O que devo fazer então? - perguntou o garoto, virando-se para o caminho de prata.
- Seguir seu coração. - respondeu a sua mãe. - Como sempre fez.
O rapaz suspirou, já sabendo que não conseguiria mais respostas. Sem olhar para trás, ele não queria saber quanta felicidade perdia. A voz suave de Fate, no entanto, chegara aos seus ouvidos, pouco antes dela desaparecer num orbe de luz prateada.
- Seja forte... - desejou ela.
- Falar sempre é fácil... - murmurou ele, quando soube que a mãe não estava presente. Novamente, ele suspirou. O caminho de prata era longo.***
Dizem que nunca podemos nos esquecer de uma experiência traumática. Por outro lado, também sempre dizem para nunca caminharmos na direção da luz quando chegamos perto da morte. Mas se sempre fizéssemos isso, então por que tantos morrem num único dia?
Viver era ainda uma dádiva que muitos outros também tinham. Sentir o calor invadir-lhe o corpo, afastando o frio de uma nevasca era certamente algo agradável. Não sentir mais frio era agradável. Essa era a opinião de Martin Siu, no exato momento em que ele não estava mais a sentir frio debaixo de si. Entretanto, havia um silêncio muito grande onde quer que estivesse e ele chegou a cogitar se estava morto.
Afinal, haveria de ter várias outras formas de caminhar para a luz. Ou não caminhar para ela. Todavia, pensar apenas nesse assunto acabou por lhe trazer uma leve dor-de-cabeça. Uma tontura também se seguiu, e ele recusou a tentar abrir seus olhos para um mundo utópico. Se estava morto, ele preferia que aquele não fosse o Céu.
- Hnn... - murmurou ele, tentando se acostumar a uma gravidade que parecia inexistente antes.
O frio já não o incomodava e isso era o suficiente. Para ser franco consigo mesmo, ele sequer estava sentindo frio. Foi então que ele percebeu que alguma coisa estava em cima dele. Algo macio e quente... parecia ser uma manta. Agradecido agora aos seus deuses da sorte que resolveram intervir, o ficwriter decidiu então abrir os olhos.
Ao mesmo tempo em que tentava manter-se sentado onde estava, Martin ficou surpreso com o que via diante de si. Ele, com toda a certeza, não se lembrava de algum dia estar naquele... lugar. Ao seu redor, parecia que estava num quarto. Vazio, apenas havia o futon em que estava sentado e a manta a lhe fazerem companhia.
Olhando para o teto, ele percebia que era o sistema de calefação que o mantinha aquecido debaixo daquelas cobertas. Entretanto, isso não bastou para que deixasse de sentir um pouco de frio em suas costas. Movendo-se então, ele logo alcançou as paredes com apoio para suas costas, ao mesmo tempo que se enfurnava dentro das mantas. Também foi nesse instante que ele enfim percebeu que seu corpo ainda tiritava por causa da neve.
O que provava que aquela nevasca não havia sido uma ilusão. Todavia, o curso que sua mente resolveu tomar para pensar e refletir havia sido a mais comum. Sobre como ele havia parado ali e onde era o ali.
Mas Martin não levou muito tempo para se perder naquelas linhas de pensamento, seus ouvidos logo percebendo que alguém se aproximava da porta. Passos normais, mas um pouco mais leves do que ele poderia pensar. A porta logo deslizou-se, revelando então quem havia se aproximado.
Era uma garota. Ela tinha o cabelo longo e solto, dotado de um vermelho muito claro e brilhante. A franja em forma de coração ajudava a criar uma expressão quase pueril na garota, assim como seus olhos brilhantes, azuis e tão claros que pareciam a cor de um límpido céu. Ela parecia ser da altura de Martin, mas estampava um belo sorriso em seu rosto.
A garota vestia um kimono que variava entre camadas de rosa-claro e branco, aparentemente sendo confortável o suficiente para caminhar tranqüilamente pela casa (mesmo com a nevasca que agora podia ser ouvida pelo lado de fora). Ela fechou seus olhos por um instante, aumentando o sorriso e o tom melodioso da sua voz chegou até os ouvidos do ficwriter.
- Que bom que acordou. - disse ela, aproximando-se com uma bandeja. Havia um bule de chá e algumas bolsas de água quente. - Já estávamos indo chamar o médico da outra vila.
- Hmm... mas onde estou? - perguntou Martin, incerto de como agir.
A garota, por sua vez, parecia não se incomodar muito com a presença dele, enquanto servia cuidadosamente o chá numa caneca. Martin ficou um tempo sem respostas, até que ela começou a entregar as bolsas de água quente em sua direção. Com um sorriso, ela parecia não querer dar as respostas, como se tivesse medo que ele fugisse naquele instante ao saber.
- Por favor? - pediu ele, ajeitando as bolsas ao seu redor.
- Shiraha Dojo. - disse ela, após um suspiro.
- Hmm... melhor. Obrigado por cuidarem de mim. - comentou Martin, bebendo um pouco de chá. A garota, por sua vez, ficou um pouco surpresa com a reação dele. Ou melhor, a não-reação. - Esse chá é bom...
- Obrigada. - disse ela. - Você não conhece a vila, ne?
- Hmm... não. Quando saí da estação de trem, estava tentando vir para cá... até que fiquei cansado de andar. - respondeu o brasileiro, bebendo mais chá. - Como vim parar aqui, ainda não sei. Mas estou grato por estar.
- Sabe... não são muitas pessoas que vêm aqui. - disse ela, sorrindo um pouco mais. - Shiraha Yuurin desu.
- Yoroshiku. Martin Siu desu. - cumprimentou Martin, fazendo uma leve reverência. - Hmm... você disse que isto aqui é um dojo?
- Sim. - respondeu ela, também movendo a cabeça. - Mas não temos tido muitos estudantes...
- So ka... - falou Martin, um tanto pensativo. - Mas... como foi que me encontraram?
- Ah! Você estava caído perto do portão do dojo. - respondeu Yuurin.
- Perto do portão? - estranhou Martin, não se lembrando de ter caminhado por perto de portão algum. - Eu não vi nenhum quando me perdi...
- Bem, nosso dojo fica entre as montanhas e a vila. - disse a garota, um tanto confusa. - Você deveria ter passado pela vila quando parou por aqui.
- Estranho... - disse Martin, não gostando daquilo. Ele não estava TÃO míope a ponto de nao enxergar uma cidade. - Segundo a placa, eu devia estar na direção certa e...
- Placa? Que placa? - interrompeu a garota.
- A da estação de trem. - explicou Martin, tentando se lembrar de como havia caído perto de um portão e sequer ter percebido. - Estava caída e eu...
- Mas a placa foi derrubada pelo prefeito da vila. - disse Yuurin, não entendendo muito do que havia acontecido. - Ela estava indicando a direção errada e por isso tiveram que derrubá-la até chegar uma nova.
- Oh. ISSO explica. - comentou Martin para si mesmo, que se lembrava de como havia chegado à conclusão de que a placa indicava alguma coisa certa. Vandalismo? COMO aquilo foi parar em sua cabeça? "Podiam ao menos ter retirado a placa de lá..."
- Hmm... ele acordou, ne? - disse então uma terceira voz no quarto.
Martin ergueu sua cabeça na direção da porta, encontrando uma senhora de idade - que, felizmente, não era nenhuma nanica deformada - a fitar em sua direção. Seu cabelo era grisalho, amarrado num coque acima da cabeça, enquanto seus olhos negros pareciam desconfiar do brasileiro. O olhar era um tanto hostil, mas Martin considerou isso natural, já que ele era um estranho na casa. Ela vestia um kimono semelhante ao de Yuurin, porém era inteiramente branco, com a exceção de uma faixa azul simples em sua cintura.
- Ohayo, obaa-san. - cumprimentou Yuurin. - Este é Martin Siu. - disse ela, apresentando ambos. - E esta é minha avó.
- Dozo yoroshiku...
- Shiraha Natsume. - disse a avó de Yuurin.
- Yoroshiku, Shiraha-san. - terminou Martin com uma reverência.
- Você já sabe onde está? - perguntou Natsume, sua voz ainda um tanto severa na direção do jovem.
- Shiraha Dojo. - respondeu Martin, certo que o melhor seria se respondesse às perguntas claramente. - Estou grato por me acomodarem aqui.
- Ele não tem medo, obaa-san. - disse Yuurin, sorrindo para Natsume.
Isso, é claro, começou a preocupar o chinês. Afinal, DO QUE ele deveria ter medo?
- Ou é um tolo ou um estrangeiro. - analisou Natsume, já saindo do quarto. Martin, por sua vez, ficou um tanto pensativo sobre o que farias as pessoas terem medo de uma senhora de idade e de sua neta.
- Não ligue muito para o que obaa-san diz. - comentou levemente Yuurin, também se retirando. - Fique quanto tempo quiser. É bem-vindo ao nosso dojo.
- Domo. - agradeceu Martin, observando sua solidão novamente.
"Hmm... talvez eu seja os dois." adicionou Martin a si mesmo, a conclusão de Natsume não tendo saído de sua cabeça. Nisso, ele bebeu um pouco mais de chá. Precisava de alguma coisa para amenizar aquela dor-de-cabeça...***
Por outro lado, a confusão sempre servia para que estejamos preparados para o desconhecido. Começamos então a absorver o máximo de informação possível, como um indício de nosso instinto de sobrevivência. Essa havia sido a conclusão final do brasileiro, observando as paredes ao seu redor.
Olhando pela segunda vez onde estivera deitado por sabe-se-lá-quanto-tempo, o brasileiro sentiu um frio percorrer sua coluna. Alguém estava se aproximando, ele sentia isso apenas de não ouvir nenhum passo. Isso apenas aumentou a percepção de seus sentidos e a adrenalina de seu sangue, como se agora estivesse disposto a fugir daquele lugar.
"Onde quer que eu esteja." adicionou o brasileiro ficwriter a si mesmo. Quase ao mesmo tempo, uma porta abriu-se de uma das paredes de prata, revelando uma pessoa a entrar naquele quarto tão distinto.
Vestindo algo semelhante de seus sonhos, Hélio começava a se questionar se ele ainda não estava dormindo. E que a dor em breve viria, acompanhada de muito sangue, irracionalismo e brutalismo.
- Enfim acordou... Jupiter Destiny Kishi. - falou a garota, uma faixa violeta a esvoaçar de sua cintura, ainda que não houvesse vento suficiente para tanto. - Estivemos esperando que despertasse.
- Kare? - chamou Hélio, estranhando até mesmo os pensamentos passados que rompiam em sua mente. - Onde...
- Está conosco novamente, Silver Sky. - disse uma terceira voz, vinda de trás de Kare. Desta vez, os pensamentos acudiram mais rapidamente a Hélio.
- Neko. O que as duas estão fazendo? - perguntou o rapaz, ainda estranhando que o endereçassem como antigamente. "Peraí! Desde QUANDO eu estou acreditando nessa coisa sem sentido???"
- Esperávamos que você acordasse, Silver Sky. - repetiu Kare. - Temos muito a conversar.
- Sei... - disse Hélio, desmerecidamente. - O quê, por exemplo?
- O motivo que nos obrigou a despertá-lo mais cedo.
Hélio permaneceu mudo por um instante, caindo num instante de ponderação. Não muito longo, dado que seus pensamentos estavam agora mais límpidos e velozes. Talvez pela ausência da dor? Bem, ele sabia que explicações eram bem-vindas e que as que havia obtido por meio... 'daquilo' estavam longe de serem o suficiente.
- Desembuchem. - falou ele rispidamente. - Sem enrolação.
- Oras, seu... - começou Kare, não gostando do tom de voz do garoto.
- Espere, Kare-chan! - interrompeu Neko, adiantando-se até o brasileiro. - Eu entendo a sua pressa, Silver Sky. E devo admitir que o tempo é precioso neste instante tão perigoso.
- O que aconteceu? - perguntou então o brasileiro, curioso sobre o que estava a acontecer. - E o que estou fazendo aqui?
- Nós o trouxemos aqui porque precisamos de sua ajuda, Silver Sky. Não tentaríamos sequer despertá-lo, mas as necessidades fazem a ocasião. - disse Neko, já notando uma breve irritação por parte do desperatdo. - O que o traz aqui é um grande problema com a Linha do Tempo e precisamos de sua ajuda para consertar o fluxo do tempo.
Hélio, nesse instante, ergueu uma sobrancelha. Estavam precisando da ajuda DELE? E para consertar o TEMPO??? "Definitivamente, essas duas precisam de ajuda psiquiátrica."
- O que aconteceu com o Tempo? - perguntou ele, curioso.
- Muita coisa aconteceu. - respondeu um tanto enigmaticamente Kare, fitando o Destiny Kishi. - Mas, em especial, a morte de Fate-sensei e a balbúrdia causada por Dark Angel.
- Sailor Pluto? Morta? Dark Angel? - estranhou Hélio. Estariam elas a se referir aos... fanfics?
- Você não sente? - estranhou então Neko, observando com maior cuidado o brasileiro. - O poder ainda está presente em você. - disse ela, após uma breve análise. Hélio, por sua vez, não gostou de ser 'cheirado' daquela forma. - Grite 'Jupiter Destiny Power' e a maior parte das confusões irão desaparecer. - disse secamente Neko, esperando que isso a fizesse ganhar a confiança do ficwriter.
"Grande... um nome idiota e uma frase de transformação mais idiota ainda." pensou Hélio, instintivamente erguendo a mão para estapear a garota e fazê-la entrar para o mundo real. Entretanto, sem que Hélio percebesse, uma caneta apareceu do nada em suas mãos. Levou pouco tempo para que raios convergissem para a sua mão direita, formando aquela caneta prateada.
Examinando com cuidado, uma estranha sensação de déjà vu invadia a mente de Hélio, enquanto notava que no corpo dela estava gravado o símbolo de Júpiter. Porém, a curiosidade havia sido maior naquele instante tão confuso para Hélio Perroni Filho que ele decidiu por obedecer as instruções dadas por Neko. Segurando a caneta misteriosa, ele movia gentilmente sua mão até o peito, numa seqüência de gestos apenas conhecida por ele.
Felizmente, não eram nada parecidos com os de Sailor Moon, como ele constataria das reportagens. No entanto, ele se surpreendeu quando começou a dizer as palavras, que agora vinham elétricas em sua voz.
- Jupiter... - começou Hélio, ganhando cada vez mais confiança em suas palavras. - ... Destiny... - continuou ele, intensificando sua voz a cada sílaba pronunciada... até que Hélio usasse o que restasse de ar em seus pulmões. - ... POWER! - terminou ele, a caneta começando a produzir várias esferas cocêntricas de luz esverdeada ao redor dele.
As esferas esmeraldinas duraram por pouco tempo, rompendo-se então em várias e pequenas luzes cintilantes ao redor dele. As roupas que ele vestia eram tragadas para o nada, enquanto seu corpo etéreo era absorvido e absorvendo uma quantidade intensa de eletricidade. Em pouco tempo, Hélio abriu seus olhos, encontrando em si o uniforme que vira em seus sonhos.
O uniforme que usara diante da queda do Milênio de Prata.
O uniforme de Jupiter Destiny Kishi.
A faixa em sua cintura balouçava com a vida que reinava em seus olhos, como se fosse dotada de pura eletricidade. Ao mesmo tempo, lembranças e pensamentos de uma vida anterior fundiam-se com uma incrível velocidade ao já vivenciado por Hélio. Ele agora já não tinha mais dezenove anos de experiência de vida como antes, mas muito mais do que uma pessoa com sua idade física poderia ter.
Piscando os olhos, finalmente acordava Kouten da Casa de Juno.
- Como planejam consertar a Linha do Tempo? - perguntou Silver Sky, sua voz sendo visivelmente diferente da confusa e irritadiça de Hélio, mas muito mais fria e insensível diante das duas garotas.
- Nós vamos... - começou Neko.
- ... adiantar Neo Crystal Tokyo. - concluiu Kare, cada uma delas sorrindo enigmaticamente para o selenita. - Está conosco...
- ... Guardian of the First Silver Book? - finalizou Neko.
A resposta de Silver Sky, no entanto viera muito mais rápida do que qualquer uma das duas poderia ter premeditado. A katana havia sido desembainhada e estava a encostar perigosamente o pescoço de Kare, enquanto a mão esquerda do Destiny Kishi encontrava-se diretamente no pescoço da outra.
- Vocês por acaso ficaram SENIS com o tempo??? - perguntou ele, irritado. - Ou pretendem destruir o que Dark Angel já não destruiu???
- É o único meio... - disse Neko.
- E QUEM disse uma asneira dessas? - demandou Jupiter Destiny Kishi, resoluto em mudar o que já havia sido alterado por elas.
- EU disse. - falou convicta uma quarta voz, vinda de trás de Silver Sky. Mas mesmo com ambas as mãos ocupadas, ele não precisava se virar para saber com quem estava a falar.
- O rato enfim saiu da toca, ne? - comentou sarcasticamente Silver Sky, arremessando as duas garotas com um pulso de energia elétrica. - O que está tramando agora, Art? - perguntou ele, direcionando seu olhar.
- O que for necessário para preservar o Tempo. - disse Art, sua voz não se alterando com a katana a almejar seu coração. - Assim como você.
- EU nunca iria cometer a besteira de bagunçar no Tempo.
- Tampouco eu iria! - defendeu-se Art, observando que razão era presente no espírito irritadiço de Silver Sky. - Eu não tive escolhas...
- Sempre há escolhas. - falou Silver Sky, guardando a katana. - Só porque nós instintivamente fizemos as melhores delas, não quer dizer que não as fizemos.
- Você está certo, Silver Sky. - comentou Art, sorrindo. - Estou grato que tenha me compreendido.
- Eu NÃO disse isso. - bravejou o Destiny Kishi, enquanto observava uma vez mais que Neko e Kare estavam desmaiadas. - O seu caso tem muitas outras opções. Nós escrevemos a História do Tempo. E eu vou consertar a besteira que vocês três fizeram. - terminou ele, começando a caminhar confiante por entre as paredes.
- Espere! - gritou Art, impedindo que o selenita se afastasse mais.
- O que foi, Art? - perguntou Silver Sky, virando-se levemente.
- Você se esqueceu disto... - falou Art, sorrindo de uma forma estranha. - Earth Power HURRICANE!
- Nani? - estranhou Hélio, surpreso ao encontrar uma lufada de vento seguida por vários fragmentos de rocha cortante. Tomado de surpresa, ele nada fez além de erguer os braços na direção do ataque de Art. - O que você PENSA que está fazendo? - perguntou ele, irritado e desembainhando suas duas katanas. Desta vez, estava preparado para lutar.
- Você ainda consegue me surpreender, Silver Sky... - disse Art, parecendo estar satisfeito. - Faz tempo que não uso isto.
- Chega de enrolação! - gritou o Destiny Kishi, eletricidade começando a envolver ambas as espadas. - Jupiter Thunder STORM!
- Soil Graveyard... RISE! - gritou então Art.
A eletricidade produzida por Silver Sky foi ineficiente diante do golpe mais forte de Art. Uma coluna de terra havia se erguido do solo, causando um tremor no recinto de prata. Em pouco tempo, ela estava enorme e a absorver o golpe contínuo de Jupiter Destiny Kishi. O corpo de Art brilhava como a manter a coluna como sua defesa. Porém, ela também era uma forma de ataque. Ela começou a se curvar, para o espanto de Silver Sky.
O instante de surpresa, no entanto, foi o suficiente para que o Destiny Kishi fosse soterrado pelo golpe de Art. Earth Destiny Kishi, por sua vez, apenas conseguiu olhar satisfeito para o mar de rochas ao seu redor, sua respiração cansada e muito pesada.
- Cuidem do traidor. - ordenou Art, aparentemente ao vazio. Todavia, como a responder o chamado, uma voz coletiva saiu de uma das paredes.
- Pen... pen. - disseram os vários pares de olhos.***
Num lugar menos remoto e perigoso, um compatriota de Hélio estava a ponderar também. Entretanto, embora Martin gostasse de ficar pensando horas e horas, não havia um assunto em particular que pudesse chamar a sua atenção. Claro, excetuando-se o fato dele estar inconformado por não ter visto um DOJO inteiro ao seu lado.
Segurando a caneca (novamente) cheia de chá, suas mãos estavam levemente vermelhas devido ao calor, enquanto seus olhos fixavam-se num ponto qualquer da parede diante de si. Já estava se sentindo bem melhor, o que era pelo menos uma boa notícia. Todavia, ele também sabia que não poderia ficar ali sentado durante sua vida inteira... assim sendo, ele terminou de beber o chá, não deixando de pensar sobre o que iria fazer.
Não demorou muito, parecendo que seu corpo agradecia a cada gole do líquido, e Martin logo se encontrava a tentar se levantar. Como se a testar se estava realmente bem, ele levantou-se com cuidado, aproveitando para estralar alguns de seus ossos. Em especial, a brincar com os dedos, como se houvesse um teclado de computador invisível na sua frente.
Satisfeito com o que obtivera, ele ensaiou alguns passos, até começar a se adiantar até a porta. Em poucos passos, ele estava diante dela. Deslizando a porta, ele observou a sua mochila ao lado, mas a ignorou por alguns instantes. Não querendo ser mal-agradecido, ele queria ao menos conversar com Natsume. Pelo menos, para agradecer.
Seguindo pela direita, ele não tinha muita certeza de onde estava indo. No entanto, ele caminhava, quase a vagar como um fantasma dentro da casa dos Shiraha. Repentinamente, ele diminuiu seus passos, inseguro do que estava a ouvir. A princípio, parecia apenas ser sua imaginação, mas ele estava certo de que estava realmente ouvindo um som deveras familiar.
Curioso, ele decidiu por seguir aquele som, embora soubesse também que não seria muito... educado de sua parte. O som lhe era até melodioso, tantas vezes que ele havia escutado e até mesmo produzido. A cada passo dado, ele estava mais convicto de que o que ouvia era o som produzido por um teclado de computador. Pouco tempo foi gasto até ele se encontrar diante de uma porta de madeira, diferente das outras que ele observara.
Olhando ao redor, ele notava que haviam algumas outras poucas portas como aquela. Provavelmente, ele acabava de encontrar uma seção especial da casa... talvez a área dos dormitórios. Mas ainda que estivesse certo de que o que estava a fazer ali era errado, o som era instigador demais para sua natureza já curiosa. Por um instante, ele fez menção de bater à porta, mas logo desistiu. Haviam meios melhores e com menos embaraço do que aquilo. Certo disso, ele começou a caminhar para o quarto onde estava.
- Aconteceu alguma coisa? - perguntou uma voz. Yuurin.
Martin ficou então nervoso, como uma criança que havia sido flagrada ao roubar biscoitos. Virando-se na direção da garota, Martin optou por dizer a verdade. Claro, isso não queria dizer que ele precisava REALMENTE olhar diretamente para os olhos dela. A parede atrás dela era igualmente interessante na sua presente opinião.
- Anoo... - começou ele, ainda incerto de como dizer. - Eu estava a procurar por você e sua avó para agradecer... daí ouvi um som estranho e...
- Ah! É a minha irmã. - explicou Yuurin, novamente esboçando um sorriso. - Yuki-chan é quem cuidava do dojo...
- Hmm... pensei que era o som de um teclado, mas...
- Ah! Mas é do computador. - disse Yuurin. - Depois que os alunos pararam de vir, ela passou mais tempo com o computador.
- Pararam de vir? - repetiu Martin, agora curioso sobre o que afastava tanto as pessoas dali.
- ... As pessoas não gostam muito de Yuki-chan. - disse apenas Yuurin. Mas era claro pelo seu olhar que não era apenas aquilo. - Desde que nossos pais morreram, obaa-san e Yuki-chan tomaram conta do dojo e de mim. E quando os alunos foram embora, Yuki-chan raramente sai de seu quarto.
- So ka... - disse o ficwriter. - Será que eu posso conversar com ela?
Yuurin, naquele instante, ficou um tanto insegura. Ela olhava para a porta e para um lugar qualquer do dojo, como se perguntasse com os olhos o que deveria fazer. Martin percebeu então que estava passando dos seus limites como hóspede.
- Anoo... por outro lado, talvez seja melhor conversar com Shiraha Natsume-san. Ne? - perguntou Martin, esboçando seu primeiro sorriso no lugar.
- N-não... Obaa-san está ocupada agora... - disse Yuurin, já sabendo que Martin estava tentando mudar de assunto. - Além disso, Yuki-chan precisa sair de vez em quando. - terminou ela, sorrindo. Aproximando-se da porta, ela a bateu levemente, chamando a irmã. - Yuki-chan? Temos visita.
Vindo um silêncio, Martin ponderou se não era melhor insistir em procurar Natsume ou talvez até passear pelo dojo ao lado de Yuurin. Entretanto, essa não parecia ser a opinião de Yuurin, que abriu a porta.
- Yuki-chan? - chamou Yuurin, abrindo a porta para um quarto muito mal iluminado. A única luz era a proveniente de algo que chamaria a atenção de Martin em poucos instantes.
Martin ficou atrás de Yuurin, saciando sua curiosidade em relação ao quarto, encontrando uma garota de costas a digitar quase que freneticamente num teclado. Entretanto, ele quase teve um ataque cardíaco quando analisou mais cuidadosamente o computador diante de si.
- U-uma workstation ALPHA??? - disse ele, surpreso e chamando a atenção da garota ruiva.
- Quem é você? - perguntou a irmã de Yuurin.
- Martin Siu. - apresentou Yuurin, satisfeita que sua irmã tivesse tirado finalmente os olhos daquele monitor depois de um mês. - E esta é minha irmã, Yukiko.
- Yoroishiku... - respondeu Martin, quase que automaticamente. Com uma curiosidade que intrigava Yukiko, o ficwriter observava quase que maravilhado a workstation.
Não era apenas um 'mero' computador. Era uma workstation. E ALPHA! Uma das mais rápidas que se podia encontrar pelos catálogos especializados. Todo em tons de grafite escuro, o computador parecia estar deslocado naquele dojo. Entretanto, ainda que Martin estivesse a tentar lembrar-se de alguma especificação de uma workstation com o mesmo design, ele não poderia deixar de reparar que havia um decalque na máquina.
O contorno em branco de um corvo. Ele tinha a certeza disso, tendo visto o símbolo algumas vezes na Internet. Todavia, isso apenas atiçou mais sua curiosidade em direção a Shiraha Yukiko. Recapitulando momentaneamente os últimos acontecimentos da computação nos últimos anos, Martin não esperava que pudesse encontrar uma workstation ALPHA numa região tão remota.
Ainda que a tecnologia tivesse sofrido uma 'explosão' desde que o projeto NovaStar havia sido iniciado, gerando muitos jogos, aplicativos e máquinas que somente seriam viáveis ao público em alguns anos; Martin não podia deixar de se surpreender. Ele mesmo já tivera a vontade de comprar uma daquelas workstations, apenas para melhorar o desempenho de seu Eiki-san.
Claro que elas eram caras demais, ainda que sob a encomenda básica. Além disso, havia ainda o problema de que normalmente não se encontrava revendedores para máquinas tão avançadas quanto aquela sob um preço abaixo dos quinze mil dólares. "Geez... dava para jogar 'Final Fantasy 7' com uma resolução ABSURDA!" adicionou Martin, referindo-se a um dos lançamentos que ouvira falar.
- Interessado em Karasu-san? - perguntou Yukiko, sua voz sendo um pouco mais áspera e ofensiva que a de Yuurin.
- Gomen... - desculpou-se Martin, finalmente olhando para Yukiko. Ela era uma garota com idade semelhante à de Yuurin, mas um pouco mais velha.
Seus olhos eram azuis como os de Yuurin, porém muito mais intensos, como duas safiras a fitarem friamente sua direção. Havia em seus olhos uma sombra opalada, enquanto seu cabelo diferenciava-se muito mais do de Yuurin, sendo curto e de um vermelho mais escuro. Ele era cortado em um estilo quase masculino, ao mesmo tempo que rebelde e com mechas de comprimentos variados. Em seus lábios, a leve presença de batom púrpura, já gasto pelo tempo.
A presença de insônia, típica de quem costumaria ficar trabalhando muito tempo em computadores, era algo estranho em seus olhos. E vestindo uma calça de couro preta justa com uma camiseta folgada de algodão branca, Yukiko sem dúvida apresentava a jovialidade marcante de sua irmã. Calçava botas pretas longas de mesmo material que a calça, enquanto uma jaqueta curta, mas folgada, estava sobre a camiseta.
A jaqueta foi o que mais chamou atenção de Martin em sua figura, sendo também de couro negro, e meio afivelada no pescoço. De alguma forma, as roupas dela a faziam parecer ainda mais deslocada do dojo, porém não tanto quanto o próprio computador. Brincando consigo mesmo, Martin repetia a si mesmo para não bancar o Marty Genkage de seus fanfics. Ele certamente não seria perspicaz o suficiente para analisar uma pessoa. Ao contrário, ele talvez fosse a pessoa que menos seria capaz de fazer isso.
- É uma workstation ALPHA, ne? - perguntou Martin, percebendo que estivera a olhar para a garota por muito tempo em silêncio.
- Hai. - respondeu Yukiko, voltando seu olhar para o monitor. Para o desalento de Yuurin. - Gosta de Karasu-san?
- É... um bom computador. - respondeu Martin. - Deve ter saído muito caro. É RISC ou CISC?
- RISC. - disse apenas Yukiko, não perdendo uma janela de dados. - Não poderia ser diferente.
- Está programando em Assembly? - perguntou Martin, incerto de como alguém se sujeitaria a analisar tantas páginas de código.
- ... Hai. - respondeu Yukiko, agora voltando sua atenção para Martin. Seus olhos fitavam diretamente em sua direção, enquanto o bacharelando de computação mantinha seus olhos presos nas informações disponíveis na tela do monitor. - Você está bem interessado em Karasu-san, ne?
- ... hai. - respondeu Martin, virando-se e encontrando inesperadamente os olhos de Yukiko. Reflexivamente, ambos voltaram os olhos para o monitor. - Gosto dessas máquinas. E você não me parece o tipo que cria códigos de criptografia... - adicionou ele, já se lembrando o que o corvo deveria significar.
- Raven, ne? - perguntou ele, fazendo Yukiko parar de olhar o monitor. Definitivamente. (E para a alegria de Yuurin.)
- Como?
- O corvo. - respondeu Martin, indicando o decalque que ela colocara em Karasu. - E o nome. Você pertence ao Raven?
- ... quem é você? - perguntou ela então, já respondendo com isso a pergunta do brasileiro. Ela tampouco poderia imaginar que ele fosse uma pessoa qualquer que sabia alguma coisa de computação.
- Sou um 'Bacharelando de Ciências da Computação'. - respondeu Martin, virando-se então para uma direção qualquer. - Mas sou um grande fã de Mailing Lists. Até undergrounds como Raven.
- Pode nos deixar a sós, Yuu-chan? - pediu Yukiko, gesticulando levemente. Ao mesmo tempo, Martin acabara por perceber que ela usava luvas de couro, também pretas, com fivelas.
- Claro. - respondeu Yuurin, saindo pela porta. Pela expressão em seu rosto, Martin podia até mesmo apostar que ela iria correr para contar à avó da 'novidade do ano'. - Até logo.
- Então... gosta de computadores, hein? - disse Yukiko, após certificar-se que sua irmã já havia ido embora. - Você é bom?
- Geez... sou um dos piores programadores. - respondeu Martin, levando a mão até a nuca. - Mas o que você está fazendo?
- Hmm... tem uma máquina do outro lado que está com a segurança bem alta. Criptografia de 32 bits para o arquivo de acessos. - disse ela, tentando ainda encontrar uma brecha dentro do sistema. - Isso não é nenhum problema para um programa que tenho, mas tenho que colocá-lo lá antes.
- Entendo... e você não consegue colocá-lo sem uma senha, ne?
- Hai. O servidor parece ser do tipo Data Flow e os pacotes executáveis são colocados dentro de uma analisador.
- Hmm... e já tentou sobrecarregar o servidor? - perguntou Martin, sua curiosidade atiçada. - Quer dizer, não vi muito de máquinas Data Flow, mas se você conseguir passar alguma 'mensagem sublinear'... a memória fica bem saturada e pode ser que o analisador trave ou simplesmente ignora alguns pacotes. - explicou ele, já sabendo que aquilo não seria algo simples. E que provavelmente não funcionava.
- Sobrecarregar o serviço de e-mail? - perguntou Yukiko. - Hmm... talvez de uma outra forma. Krow deve saber como fazer então.
- Boa sorte, então. - disse Martin, já não sabendo o que estava a fazer ali naquele instante.
Assim sendo, ergueu-se um repentino silêncio no quarto. Um tanto desconfortável, enquanto Yukiko digitava algumas mensagens para Krow. Nesses momentos tão estranhos, a única coisa que Martin tinha certeza de fazer era sair o quanto antes delas. Dessa forma, ele silenciosamente se dirigiu até a porta. Ainda tinha que falar com Natsume.
Entretanto, seus passos não foram despercebidos.
- Sabe que você tem boas idéias, MADS? - comentou Yukiko, não se virando para o ficwriter. - Eu sou Coronis.
Martin Siu, a.k.a. MADS & cia, parou um pouco antes de sair do quarto. Desta vez, muito mais confuso do que antes. Cambaleando um pouco, ele ponderou sober o que Coronis poderia vir a significar. Por outro lado, ele não sabia como responder à pergunta que ela fizera antes. Se Yuuri já havia dito que ele era Martin Siu... por que ela perguntaria quem ele era?
"Ela... sabia?" pensou ele, vagando novamente pelo Shiraha Dojo. "Ela sabia quem eu era?"
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