Tempestade de Ilusões
by
Ami Ikari & X/MADS!Capítulo 20: Shattered Illusions
"And he remembered the fire blazing from his hands, seeing the winged men who held the guns and perched high above the floor annihilated from existence by the white-hot power. By his power. The darkness had fallen then."
-= Alan Harnum, Waters Under Earth =-- Makenai, ne, Art-kun? - disse com ironia o garoto sobre um pilar de cristal, faixas verde-escuras a balançarem sob o vento presas em sua cintura e um olhar frio em seu rosto.
A resposta de Art à afronta do selenita foi a de se erguer e chutar para longe o corpo de Firebird. Ele não esperava que Seph fosse aparecer apenas no instante em que fosse levar Kyn e Firebird para o Salão Prateado, embora estivesse satisfeito que o Destiny Kishi tivesse aparecido. Mas ele ainda tinha muitas cartas escondidas na sua manga (não literalmente), não hesitando em utilizar qualquer meio para atingir seus objetivos. Como Pluto mesmo dissera várias vezes, os fins justificavam os meios.
- Vocês vão voltar comigo. - disse Art, não como uma ordem, mas como um fato a ser realizado em breve. - Ou querem ver seus outros 'amiguinhos' traidores como Firebird serem mortos pelos métodos da Santa Inquisição humana? Kyn? Seph?
Ambos os Destiny Kishi permaneceram imóveis por um tempo. Dessa vez, Art estava optando por utilizar uma tática menos física, mas muito mais perigosa. Sem mencionar frustrante, pois Kyn já desconfiava que Art não conseguiria reunir o poder suficiente para fazer Crystal Tokyo aparecer daquela forma, mesmo com seus vinte mil anos de experiência. Tudo estava dando errado e a conversa de Art apenas demonstrava que ele estava muito acima do que ela poderia conseguir atingir.
Ele estava decidido a levá-los para o Salão Prateado desde o início, sendo talvez a única razão de não ter matado nenhum dos três ainda. A situação estava realmente crítica. Porém, Paolla notou também um fator deveras interessante sobre a mudança do comportamento de Art após o súbito aparecimento de Seph.
Estaria ele com medo? Medo de que seu plano falhasse devido à presença do uraniano? Qualquer que fosse a resposta, Kyn agora tinha tempo o suficiente para pensar. Aceitar ainda era a sua melhor opção, ainda que fosse obrigada a colocar aquelas tiaras terríveis que pertenceram um dia aos seus sonhos. Mas claro que era apenas parte do aviso de Silver Sky e Moon Fox, duas das pessoas que ela tinha certeza de estarem nas mãos de Art, Neko e Kare. Com isso, já seriam oito dos dez Destiny Kishi trabalhando para a concretização do plano de Art. Metade sendo o suficiente para trazer aquele caos no arquipélago japonês.
Mas oito... oito talvez pudessem equilibrar novamente a Linha Temporal, ainda que distorcida pela visão de Art sobre Crystal Tokyo. Era algo arriscado... mas seriam cinco contra três. Cinco. A metade novamente. Ela se recusava a acreditar que Moon Fox e Silver Sky estivessem trabalhando para Art sem ser contra a própria vontade. Ao menos, era o que deduzia do sonho que não era mais um simples sonho.
- Com medo de quem possa vir atrapalhar a sua festa, Art-kun? - Seph perguntou com ironia em sua voz, finalmente saltando de cima do cristal para cair ao lado de Kyn. - Mesmo com seus vinte mil anos de experiência, você não conseguiria ganhar de Moon Dragon.
- Sabe tão bem quanto eu que prudência nunca é demais, Seph. - disse Art, sorrindo. - E ainda estou com a vantagem de Firebird, Moon Fox, Silver Sky e Aleph.
- Aleph? - estranhou Paolla, não se recordando dele em seus sonhos.
- Hai. - respondeu Art. - Nenhum deles irá se machucar (muito) se vierem comigo por livre e espontânea vontade. Como preferirem, pois eu tenho ainda meus meios de levá-los à força. Sabem muito bem do que sou capaz.
Como se para demonstrar, ele ergueu uma vez mais sua mão direita, causando o súbito despertar de Firebird ao mundo dos vivos. Um enorme choque se passava em sua mente e Kyn não duvidava que Moon Fox, Silver Sky e... pelos kamis, Aleph estivessem sofrendo o mesmo. Ele convulsionou, o que obrigou Paolla a agir mais como ela mesma, correndo para verificar o estado atual de Firebird.
Uma aura dourada o envolveu, pouco depois desfazendo a sua transformação. O choque então foi repercutido na brasileira, observando que o venusiano não era ninguém menos do que seu amigo Edson Makoto Kimura. O que ele estava fazendo ali, ela não precisava mais perguntar. Daniel também havia vindo misteriosamente para o Japão, assim como Ricardo, ela mesma, Martin... Se Ricardo fosse Silver Sky e Martin fosse Moon Fox, as últimas palavras de Art explicariam o desaparecimento. Daniel somente poderia ser Aleph e isso apenas pioraria o quadro.
Mas claro que isso seria uma hipótese absurda. Todos os Destiny Kishi se conhecerem pela Internet e repentinamente serem tragados ao mundo real por meio de uma mágica esquecida por milênios para lutar contra o mal de tudo que há. Embora essa frase fosse estranha, a mente de Kyn parecia estar não ignorando isso por completo. Todos eles eram escritores, tiveram um interesse em comum relacionado à escrita. Mas eles e boa parte do mundo.
Só que boa parte do mundo não sofria de estranhos desaparecimentos, embora Martin tivesse realmente deixado uma carta. Mas se fosse Moon Fox, teria deixado a carta apenas para não preocupar os demais, tendo caído na armadilha de Art sem saber sobre esse enorme poder que agora possuía. Eram tantas variáveis que parecia que até mesmo o Rio do Tempo estivesse fluindo com suas possibilidades pela sua cabeça.
- Já se decidiram? - perguntou Art, mostrando impaciência.
- ... Eu vou. - respondeu Paolla, revertendo a transformação. - Mas pare de machucá-los. Fire... Cloud já está muito machucado e seu corpo não resistirá outra dessas coisas. Você o quer VIVO, não é?
- Enquanto não me derem motivos, não farei algo que os machuque. Você principalmente, Kyn-chan. - disse Art, virando-se então para Seph. - E você? Vai abandonar a todos?
- Não sou como você, Art-kun. - respondeu Seph, revertendo a sua transformação. - E não quero esses 'souvenirs'.
- Eu concordo. - disse Art, afastando-se da direção que Seph caminhava, observando cuidadosamente seus movimentos. Depois da rasteira de Paolla, ele não duvidava mais nada dos traidores. Por mais que machucasse seu coração ao fazer isso.
Cauteloso, a forma revertida de Seph passou por Paolla, aproximando-se do corpo caído de Firebird. Olhando para a amada de Firebird, a única coisa que foi capaz de fazer sob o olhar observador de Art foi retirar um pequeno cristal branco de suas roupas. Erguendo Firebird com um solavanco, ele aproveitara o movimento para jogar o cristal próximo à garota. Em seguida, ele se aproximou de Paolla.
- Oi, Tieko. - cumprimentou o garoto, seu rosto parecendo incapaz de um dia voltar a sorrir na presença de Art.
- ... oi, R-kun. - respondeu Paolla, quase que mecanicamente. Ao menos, parte de sua teoria estava se revelando verdadeira. Faltava agora descobrir quem eram Aleph, Moon Fox e Silver Sky. E que as coincidências não lhe causassem tanto mal quanto os déjà vu's anteriores.
- Agora que já se despediram do mundo inteiro, podemos ir? - perguntou ironicamente Art, embainhando sua nova tachi no lugar de sua antiga katana. Claro, não cabia na bainha.
Porém, se não nos esquecemos de Murphy, seu próprio avatar estava mostrando sinais muito fortes de confiança. Isso não era bom para Murphy, pois devemos nos lembrar de que ele não gosta que as coisas sejam 'fáceis' para todos, pois a vida não é fácil. Assim, alguma coisa teria que acontecer para que seu avatar não se esquecesse dele.
Essa coisa surgiu na forma de um enorme feixe de luz vindo na sua direção. Como se fosse dotado de um sexto sentido aguçado, Art saltou, observando abaixo de si uma cratera deveras desagradável. Principalmente porque era onde ele estava alguns instantes atrás. Virando-se ainda em pleno ar, ele observou a palma estendida de Moon Dragon na sua direção, além de um outro batalhão selenita preparado para disparar ataques ainda mais desagradáveis em sua pessoa. Isso por si só já era muito desagradável. Ele perdera tempo demais conversando ao invés de agir.
- CHOTTO MATE! - gritou uma voz feminina do alto do famoso topo do pilar de cristal. Os olhos dos Dragon Kishi começaram a rolar. Algumas coisas não mudavam. - Ferir pessoas inocentes e trazer Crystal Tokyo antes de mim não é algo que um selenita deve fazer! - continuou Sailor Moon, fazendo os mesmos gestos de sempre. - Yurusanai yo! Ai to seigi no seera-fuku Bishoujo Senshi SE-RA-MUN! Tsukini kawatte, oshiokiyo!
Nisso, Art já não estava ali e nenhum dos seus três novos cativos. Os Dragon Kishi vasculhavam naquele lugar qualquer indício por onde ele tivesse ido, enquanto Sailor Moon... bem, ela estava começando a considerar a hipótese de aplicar a introdução 'atire primeiro e se apresente depois'.***
Passos. Passos suaves, porém determinados. Um sorriso se formou em seu rosto, enquanto observava a formação de cristais diante de si. Seus olhos então voltaram-se para o teclado na sua frente, voltando então a digitar quase que furiosamente. Os passos, entretanto, estavam cada vez mais próximos de sua pessoa. Todavia, isso era esperado.
A porta se abriu em seguida, causando uma súbita parada de sua escrita rápida. Virando-se, seu sorriso apenas aumentou, enquanto olhava na direção das Senshi. Havia chegado a hora.
- Ikuzo, Pluto-san. - mencionou a Senshi de Netuno.
- Hai. Pluto Destiny Power...
Mesmo durante sua transformação, Pluto Destiny Kishi ocupava sua mente com outros pensamentos. Pensamentos sobre o que estava digitando por dois dias consecutivos. Não dormia direito, mas sabia apenas de uma coisa fundamental. Faltava pouco tempo.***
Faltava pouco tempo. Uma ironia do destino, de Murphy, da vida, de tudo e de todos. Faltava tempo para eles. Faltava muito tempo. Seu corpo doía muito, como se tivesse sido colocado numa prensa. Por outro lado, estava com uma enxaqueca infernal desde que aquela tiara havia sido colocada em sua cabeça. Quantas vezes Art já não o havia 'disciplinado'? Ele decerto já perdera as contas. Mas sua paciência estava quase chegando aos limites... porém, ele continuava. Ele tinha esperanças. Esperanças em seu plano... qualquer que fosse ele.
- Ohayo, Aleph-kun. - cumprimentou uma voz alegre demais.
Mars Destiny Kishi apenas resmungou uma espécie de cumprimento, enquanto depositava a caneta prateada sobre a mesa. Seus olhos apenas encararam Art como se fosse matá-lo... e então observar suas esperanças serem estilhaçadas como um frágil cristal.
- Tieko! - gritou em reconhecimento o ficwriter brasileiro. Paolla, por sua vez, estava a observar os rostos dos Destiny Kishi atentamente, como se procurasse por alguém.
Pela descrição, os dois Destiny Kishi desconhecidos eram Henrique e Hélio. Tolaris havia sido chamado como Aleph por Art, o que então deixava dúvidas sobre o paradeiro de Martin. Ele não era Moon Fox... então por que havia sumido? "Isso está ficando estranho demais..."
Entretanto, foi naquele momento que ela observou que Tolaris estava com olhos do tamanho de um pires. No momento seguinte, tudo o que ela queria perguntar havia sido respondido. O frio de um metal a circular sua testa. Ela não queria acreditar, mas sua mão trêmula, tateando a temida tiara que fazia Art controlar os Destiny Kishi, deixava poucas dúvidas sobre a causa do espanto de Mars Destiny Kishi.
Virando-se, ela via o mesmo ocorrer com Seph, que caíra no chão com um golpe de Earth Destiny Kishi. Antes mesmo que ela ou alguém dissesse qualquer coisa, Art ergueu sua mão. Mas nenhum deles gritou de dor.
- Eu não queria ser obrigado a acionar as tiaras de Raguel quando ele percebesse. - explicou Art, chutando o uraniano para perto dos outros. - E estão esperando o quê, ficwriters? Escrevam. - ordenou ele, saindo do recinto prateado. Seus olhos agora mostravam uma ligeira preocupação. Uma que talvez apenas Kyn tivesse percebido.
- Foi realmente um BELO plano o seu, Tolaris. - comentou sarcasticamente Henrique, estreitando seu olhar para os seus três novos companheiros de cela/escrita.
- Bem, o que vale é a intenção. - defendeu-se o brasileiro, agora pensativo. - O que vamos fazer?
- Escrever. - respondeu Kyn, sentindo a presença de Neko e Kare. Deviam estar vigiando o grupo por um bom tempo, para não terem eles feito alguma coisa. Mas aparentemente, todo o esforço havia sido em vão.
O gesto de Tieko, erguendo os ombros quando respondeu a pergunta feita, foi uma das únicas coisas que fizeram Daniel esboçar algo que poderia ser um sorriso em outros tempos. Tempos de paz, quando aquele gesto traria boas risadas de ambos os amigos. Suspirando de dor, cansaço e desânimo, o brasileiro pegou sua caneta e começou a traçar algumas linhas de uma história que ele temia não ter o fim que todos desejavam. Ao seu lado, a garota sorriu como fazia antes de tudo acontecer. Talvez o último sorriso que seria visto em seu rosto antes do fim.***
- Kuso... - resmungou Moon Dragon pela quarta vez em sete minutos e três segundos. Esse era o exato tempo que estivera procurando por alguma indicação do Senhor dos Cristais sobre onde era o tal Salão Prateado.
Por outro lado, o que era inacreditável era também a recuperação espantosa da garota caída próxima aos escombros do aeroporto. E das formações de cristal. Preocupada, Ami ocupava sua mente com os pequenos detalhes, reconstituindo pouco a pouco o que havia ocorrido antes de terem chegado. A análise do ar, do sangue e tantas variáveis estava começando a parecer um pequeno jogo de quebra-cabeças para a selenita.
Ela realmente estava preocupada com o bem-estar de Paolla. Porém, haviam outros ali que Ryu se preocupava. Em especial, com o que estava acontecendo com o mundo que conheciam. Muitas pessoas talvez já tivessem se ferido como a garota, embora ele não acreditasse muito na hipótese de algum cristal se formar bem no meio de seu abdômen.
Então, a terra começou a tremer. De novo. Instintivamente, todos os presentes (e conscientes) olharam para o enorme pilar de cristal no centro do pandemônio. Ele quem estava tremendo. Ryu se preocupou com que tipo de besta infernal do zoológico iria aparecer, entretanto não havia sido nada tão infernal a aparecer quando o cristal parou de tremer.
Um pequeno brilho dourado envolveu uma das facetas do cristal, pouco depois desaparecendo. Dentro dele, todos podiam perceber que era oco. Mas cabia dar loucura aos físicos locais a explicação de como um cristal oco podia permitir os raios solares passarem por através dele sem refletirem nos quatro ocupantes do cristal.
- Expresso ao Salão Prateado! Última chamada! - gritou a voz conhecida por muitos deles. Adiantando-se, todos podiam perceber as faixas bordôs esvoaçantes presas em sua cintura... e um uniforme do qual não se esqueceriam tão cedo. - Vocês vêm ou não?
Chris Stover apenas sorriu, vendo ali sua oportunidade de ajustar algumas contas. Claro que ele não esperava que Ami saísse na sua frente e chacoalhasse daquela forma o condutor.
- ONDE ESTÁ KYN?!?! - demandou a garota, erguendo uma pessoa maior do que ela. A outra pessoa, por sua vez, estava ocupada em gaguejar palavras diante do mundo que tremia frente aos seus olhos.
- ACALME-SE, Sailor Mercury. - pediu Sailor Jupiter, aproximando-se do enorme cristal. E percebendo novamente que as pessoas ali dentro não eram vistas do lado de fora. - Ela deve estar no Salão Prateado.
Quando conseguiu colocar seus pés no chão, o 'condutor' olhou para trás, de onde as três figuras restantes se apresentaram diante da luz. Tsukino Usagi não podia estar mais sorridente.
- Sailor Neptune! Sailor Uranus! Sailor Saturn! - exclamou ela em felicidade. Quanto mais, melhor era a opinião de Chris ao vê-las.
- Anoo... não temos tanto tempo para apresentações, mas devemos nos apressar antes que o estágio final se conclua. - manifestou o 'condutor', a quem Moon Dragon se dirigia.
- Chronos, eu presumo? - disse ele, esboçando um sorriso.
- Silver, eu presumo? - devolveu Pluto Destiny Kishi, abrindo espaço para que os demais entrassem.
Ryu apenas meneou a cabeça, não querendo discutir sobre assuntos de nomes e personalidades, e caminhando para dentro do cristal. Ele não sabia exatamente o porquê, mas acreditava que podia confiar no garoto. Principalmente pelo leve tom de urgência em sua voz, quase imperceptível diante de sua face sorridente. Porém, quando Saturn Dragon se aproximou, sua feição alegre mudou. Ele ergueu um braço, impedindo a passagem do Dragon Kishi para dentro do cristal.
- Você não. - disse Chronos, tentando explicar o mais rápido possível diante do olhar quase psicopata do selenita canadense reencarnado. - Preciso que você e Sailor Saturn permaneçam aqui.
- Por que EU? Para que? - perguntou sem muita paciência o Dragon Kishi, observando apenas que a Senshi mencionada já estava fora do cristal.
- Porque ambos são do Lado Negro. - mencionou Pluto Destiny Kishi, indicando as sombras existentes. Era o elemento dos dois Saturn. - E também porque não quero que o lugar todo caia em cima da minha cabeça antes do tempo. Se um cara vestindo uma armadura parecida com a de Endymion escapar, vocês estarão preparados para enfrentá-lo.
- Quem é esse cara?
- Art da Casa de Endymion, Saturn Dragon-san. - respondeu o filho de Fate, pouco antes da faceta do cristal formar-se novamente.
Observando a terra tremer uma vez mais, Chris se aproximou de uma das 'moitas cristalinas' e a chutou, estilhaçando-a. Ao longe, podia ver Sailor Saturn se aproximando da mesma garota que ele ia procurar. "Grande... tanta pesquisa jogada para o ralo abaixo." resmungou ele, tentando ainda entender o PORQUÊ dele ter sido escolhido para ficar.***
Tempo, tempo, tempo... ele não tinha muito tempo. Isso era uma lástima. Principalmente se considerasse todo o tempo em que as ilusões permaneceram. Art devia ter colocado os cristais há muito, muito tempo nos lugares certos, no tempo certo. Ele apenas esperava o momento adequado para que sua Crystal Tokyo surgisse.
Seu olhar estava sério e profundo, pensando cuidadosamente o que deveria ser feito. As pessoas ao seu redor não puderam deixar de notar aquele fato, embora não tentassem quebrar o silêncio ou o bom humor que Chronos, o condutor de cristais, tinha para levá-los até o Salão Prateado. Mas que a mudança de humor era extremamente brusca, isso era.
- Martin? - chamou Sailor Mars, notando o filete violeta de luz arqueando sobre os olhos dele. Mas o cabelo estava ligeiramente diferente... quase como se estivesse esverdeado. Rei nem tinha certeza do porquê de tê-lo chamado daquela forma... mas achou tão... natural.
- Hai? - respondeu Chronos, para a surpresa geral.
- MARTIN?! - exclamou a surpresa Sailor Jupiter.
- Hai? - respondeu Chronos pela segunda vez, pouco antes de franzir a testa. - Hmm... esse jogo não é adequado para esse momento. - advertiu ele.
- Como...
- Explicações mais tarde. - ele interrompeu Rei, observando os feixes multi-coloridos a passarem ao lado das facetas do cristal. Era um elevador BEM estranho, mas era rápido. Ao menos para várias pessoas sem teleporte.
- Que tal agora? - ameaçou Makoto, estralando os dedos. Agora entendia o porquê de ter deixado Saturn Dragon para trás...
- Eu disse 'DEPOIS'. - falou Martin, encarando a Senshi pela primeira vez. - Estamos próximos de um colapso temporal com uma Crystal Tokyo mais do que estranha e você quer saber AGORA como, quando e por que eu me tornei Pluto Destiny Kishi? Faça-me o favor... - murmurou ele, não deixando a ironia em sua voz. - E estou com uma enxaqueca horrível depois de dias escrevendo sem dormir...
- E por que escreveria por dias sem dormir? - perguntou Ryu, observando a tênue saúde do ficwriter manifestar-se.
- Dois podem jogar o mesmo jogo que Art. - respondeu Martin, sorrindo quase que diabolicamente. Ao mesmo tempo, uma caneta prateada apareceu em suas mãos. - Já chegamos. À esquerda estão os casulos de tratamento mental. Não duvido que Art tenha feito alguma coisa com os demais. À direita ficam as portas da Biblioteca do Tempo e no centro, os cômodos. Perguntas?
- Quem vai para onde? - foi a resposta de Usagi, perdida com o número de informações 'metralhadas' por Chronos. Nem mesmo sabia o que era a tal Biblioteca do Tempo, quando mais os casulos e o que mais o Salão reservava...
- Dragon Kishi à direita. Preciso acessar a Biblioteca para garantir a estabilidade do Tempo. Art deve ter colocado alguma defesa por lá para que eu não acessasse. - pediu Martin, observando Akai e Ryu concordarem. Embora nem soubessem direito do que ele estava a dizer. - Mars, Jupiter, Venus e Moon à esquerda. Preparem-se para qualquer surpresa de Art. Gostaria que verificassem que não há ninguém por lá. Se houver, NÃO abram os casulos. Neptune, Uranus e Mercury vão pelo meio, até o último cômodo. Lá é onde escrevemos e onde deve estar a maioria do pessoal. Esqueci alguém?
Tuxedo Kamen ergueu sua mão.
- ... você vai com Sailor Moon. - respondeu Martin, já se dirigindo para a Biblioteca. - Se Art aparecer, deixem-no inconsciente. Preciso dele para restaurar de vez o Tempo.
- E por que então deixou Saturn Dragon lá... 'fora'? - perguntou Rei.
- Como eu disse, não quero esse lugar caindo na minha cabeça.
Em poucos instantes, Chronos já se afastava com os Dragon Kishi na direção da Biblioteca do Tempo. Tempo... era tudo o que ele queria.***
Dizem que há males que vêm para o bem. Art estava começando a acreditar naquele ditado. Como, quando e por que Chronos havia Despertado eram questões que ele não estava preocupado em responder. A única coisa de concreta que realmente havia era que Chronos estava Desperto. E correndo como antigamente pelos corredores prateados, sempre em busca de alguma coisa.
A visão fornecida pela esfera diante de si acabara por eliminar um dos mistérios que cercava o desaparecimento de Martin para Art. O selenita devia ter Desperto precocemente durante o encontro com Kare. Art sabia que não havia sido realmente uma boa idéia... mas Chronos estava onde ele queria. O antigo líder dos Destiny Kishi acabara de cair em sua armadilha... que ironia era a vida. Art voltou a sorrir, mais uma vez de felicidade.
Seus sonhos estavam prestes a se tornar realidade concreta. Chronos dirigia-se naquele instante para a sua direção.***
Outros bens, quiçá, então venham para o mal. A princípio, era o que Chiba Mamoru estava começando a concluir. Claro que ele estava satisfeito por ter sido dado o caminho da esquerda. Afinal de contas, eram só casulos. Casulos vazios, ainda por cima. O lugar era quase um deserto, não fosse a presença deles mesmos. Sem inimigos, sem muito o que fazer. A lógica dizia então para sair e ir ajudar os outros.
Mas quem disse que isso seria fácil? A vida certamente não era fácil. Os casulos, felizmente, permaneciam vazios. Não havia qualquer outra presença além da deles e isso continuava a ser um bom sinal.
- Sparkling Wide PRESSURE! - gritou Sailor Jupiter, desferindo uma vez mais seu ataque. Em vão.
Tuxedo Kamen então suspirou. De novo. Já fazia um bom tempo que estavam ali, próximos aos casulos. Claro que quando eles tentaram sair e perceberam que havia um tipo de força elástica a impedirem a saída deles, a primeira reação foi a de destruir o obstáculo. Isso não seria um problema grande, afinal era só derrubar uma das paredes. Mas quem iria imaginar que o lugar era uma BOLHA que estava diminuindo gradativamente de tamanho?!?
- Venus Love Me CHAIN!
E Tuxedo Kamen suspirou de novo.***
Isso certamente estava começando a ficar divertido. Ao menos, essa era a opinião de Kare ao observar o grupo de seis ficwriters decidirem o que iam escrever. Ela, por sua vez, não tinha nada a temer sobre o que eles viriam realmente a escrever e tentar alterar a realidade como eles mesmos fizeram.
Por outro lado, ela estava começando a ficar preocupada. Desde que descobrira o pequeno truque de Moon Fox, Neko não havia parado de escrever com sua caneta sobre o rumo dos acontecimentos. Porém, observar a discussão dos traidores não estava rendendo tanta diversão quanto ela esperava. Até que ela percebeu a existência de alguma coisa extra no Salão Prateado.
Olhando para Neko, ela sabia que Neptune Destiny Kishi também havia pressentido a presença. Acionando rapidamente uma esfera de visão, Kare procurava pelo Salão Prateado qualquer coisa que pudesse ter provocado tal perturbação... não era algo corriqueiro, pois conseguia inclusive superar a perturbação que sentia desde que Crystal Tokyo começara a se instalar.
- Chronos. - ela ouviu Neko murmurar. - Ele está indo para a Biblioteca do Tempo.
- Hai. - concordou Kare, avistando o selenita, acompanhado por dois Dragon Kishi. - Não está sozinho também. As Senshi estão aqui. - disse ela, observando que estavam demolindo a sala dos casulos.
- Mas... - estranhou Neko, forçando seu olhar para a esfera. - ... estão dentro de uma bolha?!?
- Isso não é meu. - defendeu-se Kare, prestando agora atenção.
- Nem meu. - observou Neko, percebendo então a quem pertencia. - Art?
Kare então olhou assustada para Neko. Art não faria uma armadilha daquelas sem as avisar. Faria?***
Quando Sailor Mercury, Sailor Neptune e Sailor Uranus pensaram que iam direto para uma das áreas mais bem guardadas e que iriam encontrar os inimigos mais rapidamente ao terem sido designadas àquele caminho, sem mencionar que era o mais provável também para que Ami encontrasse sua irmã, elas decerto não imaginaram um dia que iriam ter que ser ignoradas pelo inimigo, que corria desesperadamente pelo corredor.
*blinks*blinks*
E muito menos elas pensaram que o inimigo iria ricochetear em pleno ar numa barreira invisível. Barreira? Agindo quase que por instinto, Sailor Uranus tomou sua Space Sword e correu na mesma direção que o inimigo. As duas garotas sequer prestaram atenção, estando muito mais preocupadas com o que havia acontecido.
- Space Sword BLASTER! - gritou ela.
Seu golpe, por outro lado, não surtira efeito. A energia concentrada brilhou por alguns instantes na barreira, permitindo que pudessem observar que esta diminuía a cada instante. Uma velocidade cada vez maior, na sua opinião. Naquele momento, Neko pareceu perceber que não estavam sozinhas.
- Vamos, precisamos soltar os outros! - concluiu Neko, correndo para sua posição anterior.
- NEKO! - gritou Kare, não acreditando no que ouvira sua amiga dizer.
Por outro lado, ela tampouco estava acreditando que Art não as deixasse também sair do lugar. Sem muita escolha, ela olhou para as três Senshi. Por algum motivo, Chronos não havia trazido Sailor Saturn e Saturn Dragon. Qual era?
- Sem perguntas. - pediu ela, correndo atrás de Neko. - Vocês querem salvar o pessoal ou não?
Depois disso, Sailor Uranus mexeu seus ombros, guardou sua Space Sword e continuou a correr. Neptune suspirou e a seguiu. Sailor Mercury, por sua vez, nem havia parado para ver o que acontecia.***
- ...
Essa havia sido a reação geral diante da máquina de escrever humana Ricardo Gen, a.k.a. R-kun, a.k.a. Seph, a.k.a. Uranus Destiny Kishi, a.k.a. Cousin por seu primo. Desde que acordara, ele sequer parecia estar se incomodando com o golpe de Art, preocupado apenas em pegar sua Silver Pen e escrever, escrever, escrever. Naquele exato instante, ele havia acabado de escrever sua décima folha.
O único que aparentemente estava tentando acompanhar o que quer que havia dado na cabeça de Ricardo era Henrique, que se apresentou aos demais como Moon Fox. Silver Sky se apresentou em seguida, depois de mostrar um Tolaris todo arrebentado por suas mãos e se direcionando para Firebird. Paolla, por sua vez, não conseguia acreditar no que havia acontecido para que os ficwriters de SM-NDK estivessem relacionados com um passado em comum.
- Geez... não vou nem precisar me espantar se descobrir que Martin é Chronos. - comentou a ficwriter, observando a papelada de Ricardo.
- Ele é. - murmurou Ricardo, continuando a escrever furiosamente.
Isso, é claro, causou certos tipos de reação bem distintos. Silver Sky começou a bater sua cabeça na parede, resmungando algo parecido como 'o mundo está perdido agora'. Moon Fox continuou a ler, indiferente à revelação. Aleph, por sua vez, continuou a gemer de dor. Firebird continuou também a ficar inconsciente, embora Seph tivesse deixado um cristal branco perto dele.
Kyn, por sua vez, agiu como ela esperava que iria agir. Em outras palavras, não ficou surpresa com o fato de Martin ser Chronos. Por outro lado, havia UMA coisa a ficar surpresa.
- E como você sabe disso?
- Nós planejamos isso tudo. - resmungou Seph, não parando por um único instante. Até que Silver Sky o segurou pelo colarinho e o ergueu do chão.
- Como assim 'PLANEJAMOS'???
- Nesse momento, ele trouxe as Senshi e os Dragon Kishi para cá. Eu devia vir aqui para verificar o que havia acontecido, mas não esperava ganhar o mesmo 'souvenir' que vocês. - avisou Seph, soltando-se de Silver Sky e voltando a escrever. - Preciso descobrir onde Art está, para que ele não esteja no caminho de Chronos. Por isso que estou escrevendo tão rápido. E também para garantir que não hajam muitas pessoas feridas!
A resposta a isso foi quase única. Quem estava consciente e sem muitos ferimentos pegou uma Silver Pen e se uniu à escrita rápida, dinâmica e quase incompreensível de Uranus Destiny Kishi. Firebird e Aleph continuaram inconscientes como antes.***
- Você não está agindo como se isso tudo fosse novo. - observou Moon Dragon, enquanto corria ao lado de Chronos e Akai.
- Hai. - respondeu Chronos, pensando ainda no que Art reservava.
- Explique-se. - ordenou Moon Dragon, parando subitamente. - Não quero que alguém morra por causa de um capricho de escritor.
Chronos sabia que aquele momento chegaria. Um mínimo de explicação, seja para Moon Dragon, seja para um leitor invisível a observar os escritos dos Destiny Kishi. Não importava o tempo essencial gasto, ele precisava dos dois Dragon Kishi.
- Cousin já havia Despertado. - disse Chronos, aproveitando para recuperar parte de seu fôlego. - Foi quando a Juuban High School desmoronou num ataque de Saturn Destiny Kishi. Eu Despertei uns quatro dias atrás e aproveitei-me da vantagem selenita para encontrar algum Destiny Kishi. Não foi difícil encontrar o Senhor dos Cristais... ele somente poderia estar procurando pelos cristais, pressentindo a instabilidade do Tempo.
- E como você sabia que ele havia Despertado? - questionou Akai.
- Eu não sabia. - respondeu Martin. - Mas se o Tempo estivesse próximo a um colapso, ele iria Despertar. Foi uma aposta.
- Você é louco... - murmurou Akai, não acreditando no que havia sido feito. - E se ele simplesmente não Despertasse?
- Eu sou o MADS. Mesmo assim, eu viria aqui sozinho se necessário fosse. - respondeu ele com a mesma simplicidade que diria 'vou comprar uma maçã'. - De qualquer forma, eu o encontrei. E planejamos por dois dias o que faríamos. Ontem escrevemos o começo do fim.
- Começo do fim?
- Para que eu não descobrisse, Silver. - respondeu uma voz masculina adiante. - Foi muito esperto, Chronos. Moveu seus peões sem que eu percebesse. Mas agora é tarde.
- Nunca é tarde, Art. - respondeu Chronos, fitando seu olhar ao selenita. E ao que havia atrás dele.
"Eu sabia que não seria tão fácil... mas ISSO?!?" resmungou mentalmente Pluto Destiny Kishi, observando uma tropa de pingüins, tartarugas e... uma enorme máquina de cristal que estava mais para o Baby de Robocop que outra coisa que ele se lembrava.
- Deixe-me apresentar os MEUS amiguinhos, Chronos. Pen-Pen, Kappa e... Apollyon. - disse Art com ironia em sua voz. Apollyon era a tradução grega de Satã, o inimigo de todos.
- Art é meu. - falou apenas Moon Dragon, observando pela primeira vez a resposta de todas as suas tormentas.
- Vai ter que me pegar primeiro, Silver. - afirmou Art, enquanto sua horda corria pelo maior engano estratégico dele.
Ainda estavam num corredor. E Chronos sorriu por causa disso.
- Sem problemas. - declarou Silver, percebendo o mesmo erro tático. A pressa era a inimiga da perfeição.***
Se havia uma coisa que vinte mil anos poderiam garantir a uma pessoa, essa coisa era a certeza de conquistar o coração de quem estivesse com ela durante esse período. Era o que Neko mais acreditava, o que ela mais nutria com sua paixão, com suas esperanças, com sua paciência. Correndo pelo corredor prateado, tudo o que conseguia pensar era uma pessoa. Art.
Art, Art, Art... o nome de seu eterno amor. Ela estivera vinte mil anos com ele, trazendo-o lentamente das sombras que a morte de Kyn provocara em sua alma. Paciente, sempre paciente, ela ficou ao lado de Art. Ficou ao lado de quem ela amava. Neko nunca exigiu alguma coisa em troca. Estava satisfeita em ficar ao lado de seu amor. Sabia que, um dia, ele retribuiria. Um dia... bastava apenas paciência.
Dias se passaram. Semanas, meses, anos. Séculos, milênios. E finalmente chegou o dia em que Art voltaria a viver, apaixonado como nunca. Por Kyn. Pela reencarnação de Kyn. Quando Sailor Venus surgiu ao mundo, as esperanças brotaram no coração de Art como nunca. Palavras esquecidas pelo tempo voltaram à sua memória, palavras que trariam a punição certa aos traidores. Um rancor esquecido foi lembrado, uma paixão adormecida explodiu em chamas calorosas, uma tenacidade em seu olhar rejuvenesceu-o.
Art. Ela perdera o seu Art. Um Art que jamais havia sido dela. Lágrimas já se formavam em seus olhos, quando ela então encontrou o quarto de Art. Ela não quis entrar. Nunca entrou e não seria agora que entraria. Mas tinha certeza plena de uma coisa, enquanto dirigia-se ao centro do Salão Prateado. A certeza de ter ouvido um coração se partir.
Seu coração.
Controlar as lágrimas era a pior parte.***
Controlar as lágrimas era sempre a pior parte. Essa também era a conclusão de Firebird, acordando para o mundo mais uma vez. Mais do que seu corpo dolorido, era seu coração que estava ferido. Uma ferida que doeria até o final dos tempos.
- Até que enfim acordou... - murmurou uma voz ao seu lado. Ele reconheceu Silver Sky de imediato. - Não temos muito tempo, mas precisará escrever para que Crystal Tokyo não surja. Não agora.
- Eu não tenho vontade de escrever. - murmurou Firebird, ainda perdido em suas emoções.
- Não se trata de vontade, trata-se de obrigação. - falou apenas o selenita, estendendo um braço. - Uma obrigação de todos nós. Art não está mais nos olhando.
Firebird entendeu aquelas palavras. Não era pela vontade dele. Era a sua obrigação escrever. E ele escreveria... escreveria para que o causador de sua tormenta tivesse uma ainda pior. Ele aceitou o braço amigo de Silver Sky, notando então que esse estava em pior estado que ele próprio. Mas estava firme, resoluto e...
- Temos que sair daqui! - gritou uma voz feminina vindo da porta, interrompendo os pensamentos de Firebird.
Os olhares logo se dirigiram para Sailor Mercury, seu olhar resoluto na direção de todos e seu coração aliviado ao encontrar Kyn. As gêmeas de Mercúrio abraçaram-se levemente, não demorando devido à urgência do momento. Mas o olhar triste de Kyn indicava um detalhe despercebido pela pressa da mercuriana. Ela suspirou, enquanto entendia o porquê do nível baixo de segurança na sala.
Aproximando-se de Saphir para o abraço, ela percebera que Art havia ligado as Tiaras de Raguel com o mecanismo das mesmas.
- Não podemos sair, oneechan. - falou Mercury Destiny Kishi, indicando a peça dourada de joalheria. - Morreríamos se tentássemos.
- Morreremos também se não tentarmos. - avisou uma segunda voz vinda da porta. Os olhares então se tornaram mais do que espantados, vindo dos Destiny Kishi. - Art nos prendeu aqui.
A explicação de Neko apenas foi aceita por eles quando perceberam a umidade em seus olhos levemente vermelhos. Julgando também pelos movimentos de Neko, percebiam o reflexo de uma pessoa que acabara de ter seu coração partido. E também de uma pessoa traída. Nem por um instante ela cruzara o olhar com Kyn, apenas esperando pelas reações dos demais.
Seph foi o primeiro. Ele largou a Silver Pen, sua mão cansada de tanto escrever, enquanto desalento era a única coisa que restava em seu olhar. Ele parecia não estar esperando por aquela ação de Art, embora Neko agora estivesse desconfiada sobre o que ele estava escrevendo com tanto afinco.
- Não temos outra solução. - disse ele, como se soubesse de tudo antecipadamente. Por outro lado, ele estava começando a ficar mais misterioso que o próprio Chronos.
Sua Silver Pen desapareceu num orbe de luz prateada, enquanto ele caminhava na direção dela. Não demorou até que Kare chegasse, juntamente com Sailor Uranus e Sailor Neptune. Quando estavam todos reunidos, Seph apenas permanecera diante dela, como se estivesse pensando ainda nas novas variáveis com que tinha que trabalhar.
- Você sabe como se tira essa coisa? - perguntou ele, indicando as tiaras. Neko meneou a cabeça, um gesto repetido por Kare.
Seph suspirou em seguida, assim como os outros. Se não conseguissem tirar as tiaras, não haveria como saírem de lá. Ainda assim, Seph tinha suas teorias. Ele fechou seus olhos, como se fosse tentar alguma coisa, para a surpresa geral. Suas mãos tatearam pela tiara em sua cabeça, como se estivessem procurando por um fecho, algum elo. Suavemente, ele circulava a tiara com os dedos, parando então suas mãos próximas aos seus ouvidos.
Respirando com calma, ele deslizava a palma de suas mãos pela tiara, uma dor suportável a penetrar sua mente. Mas valera o esforço, após alguns minutos preciosos. Ele conseguira retirar a tiara.
- Como você...
- Violência resolve pouquíssimas coisas na vida. - respondeu ele, vitorioso. Sua testa suava muito, mas agora estava certo de que poderia passar ao menos pela porta. - É quase como a fábula do macaco e da cumbuca.
Os demais, observando isso, imitaram sem hesitação os movimentos de Seph. Porém sem deslizarem os dedos por volta da tiara, é claro. Quando Silver Sky conseguiu retirar a dele, um sorriso macabro estava estampado em seu rosto. Principalmente ao arrancar violentamente a tiara de Aleph, acordando-o imediatamente com gulfadas de sangue.
- Preciso guardar isso como souvenir... - comentou ele, tomando a liderança para escapar das armadilhas de Art.***
Makenai. Não perder. Não desistir. Nunca parar. Não ser um perdedor. Como seria bom se pudesse obedecer àquela simples expressão. Como seria bom... Porém, seu olhos não viam ainda como fazer isso realidade. Ataques de nada adiantavam, seu oponente sequer precisando manchar suas mãos com sangue ou presenciar o espetáculo da morte. Como se estivesse certo de que a vitória estava garantida por aquele caminho.
- Não adianta. - lamentou-se. Seus olhos não queriam admitir isso, mas ele tampouco via como iriam escapar.
Sua bengala já havia aumentado de tamanho, mas não estava suportando a pressão da bolha. Ele estava certo de que não levaria muito tempo até que a bolha quebrasse o bastão e os esmagasse em seguida. Sailor Mars e Sailor Venus já estavam ficando cansadas, Sailor Jupiter tendo caído de exaustão. Nenhum dos golpes havia funcionado, sendo absorvido pela bolha. Ele havia sido o único a realmente estar conseguindo um avanço na bolha. Mas também sabia que não levaria muito tempo até que seu esforço resultasse em tragédia.
- Mas nós vamos conseguir. - ele ouviu alguém dizer. - Nós vamos.
Olhando para o lado, ele se orgulhava de sua Tsukino Usagi. Sua Usako. Ela também não desistira, não até que o momento inevitável chegasse realmente. O feixe de luz, energia e esperança atingia a bolha. Nem que fosse necessário superalimentar a sua prisão, Sailor Moon estava disposta a colocar sua vida nisso. Para que todos saíssem ilesos daquele cárcere invisível.
E ele também não iria desistir. Segurando firme a bengala, Tuxedo Kamen iria providenciar o espaço necessário para Sailor Moon. Ou morrer tentando. Ela, afinal, era o motivo de sua vida.
Makenai...***
Penas, cascos e sangue. Muito sangue. Sangue que iria começar a dificultar a batalha. O corredor de prata jamais teria presenciado tamanho sangue em toda a sua existência. Chronos então entendia que aquele erro tático de Art não havia sido proposital. Ele simplesmente não tinha motivos para não o fazer.
Atrás de Moon Dragon e de Mars Dragon, ele apenas observava pacientemente, vez ou outra devolvendo um Pen-Pen ou um Kappa de volta para o corredor da morte. Seu poder de combate não podia sequer ser comparado aos dos Dragon Kishi, portanto não havia a necessidade de ir atrapalhá-los. Seus olhos fitaram diretamente os de Art, como se ambos estivessem esperando o resultado daquela batalha. Seja para então decidirem entre eles mesmos, seja para a onda massiva de energia liberada fazer isso por eles.
Art estava confiante. Apollyon era seu maior trunfo, o que instigava a curiosidade de Chronos. A enorme máquina de cristal sequer se mexera, como se aguardasse o final de todos os Pen-Pen e Kappa. Como se a única função deles fosse a de enfraquecer os dois Dragon Kishi perante sua fúria avassaladora. Isso estava começando a preocupar o Destiny Kishi. Ele sequer sabia qual era a força daquela máquina de cristal. Uma energia proveniente de cristais em seu interior a faziam funcionar e ele estava certo de que encontraria muitos problemas caso os Pen-Pen e Kappa conseguissem seu objetivo. Mas ainda era uma máquina selenita.
A Linha Temporal... aos poucos estava começando a desviar, como se aceitasse a nova realidade oferecida por Art. "Dois podem jogar o mesmo jogo..." repetiu Chronos, segurando novamente sua Silver Pen. Ele a olhou por um instante mais, lembrando-se do plano de fuga que ele havia preparado. Seph lhe dera o cristal sem fazer qualquer pergunta e agora esperava que ele não tivesse usado o fragmento que devia possuir. Todos seriam necessários para restaurar o Tempo.
Sob o olhar curioso de Art, Chronos começou a desmontar sua Silver Pen. Não demorou até que ele retirasse de dentro dela um pequeno cristal, um sorriso formou-se em seu rosto, fazendo Art recuar instintivamente. Ao mesmo tempo, os últimos Kappa e Pen-Pen haviam sido eliminados. A máquina denominada Apollyon começou então se mover, uma energia vermelha a circular por seu corpo como se fosse seu próprio sangue.
O sangue dos bichinhos de estimação de Art, por sua vez, estavam realmente dificultando os movimentos dos dois Dragon Kishi. Segurando o cristal, Chronos aproximou-se de Mars Dragon.
- Teleporte. - sussurrou ele, entregando o cristal. - Leve-o até Sei.
Akai acenou com a cabeça, compreendendo. Segurando sua katana com a mão direita, ela correu para um ataque físico em Apollyon. Este desviou-se facilmente, o que indicava que iria dar trabalho, na opinião da Dragon Kishi. Não havia uma solução fácil. Assim, ela arremessou o cristal na direção do monstro, que parou-o como se este nada fosse.
No instante seguinte, Apollyon e uma esfera de três metros ao redor de si desapareceram. Mars Dragon inclusive.
Art recuou dois passos. Aquilo não era para ter acontecido. Foi então a vez de Silver sorrir naquele dia.***
Tééééééééédio. Era o que Chris Stover estava repetindo um minuto depois que o grupo descera. Ou subira. O que for, para o Salão Prateado. Nada acontecia e Sailor Saturn parecia estar mais do que satisfeita ao cuidar da garota que encontraram ali. Resumindo tudo, a única coisa que era possível fazer era ficar andando de um lado para o outro chutando os cristais que haviam ao redor.
Olhando com cautela, ele observava a edificação cristalina que se sobrepunha ao cenário destruído do aeroporto. Parecia até mesmo um parque de cristal, cuidado por um jardineiro muito estranho e peculiar. Por outro lado, os cristais se desfaziam muito rápido em pó quando ele os golpeava com a Kurounoken. Mas era um tééééééééédio enorme ficar ali de 'guarda'.
Murphy, é claro, escutou suas preces. Sua resposta, no caso de Chris Stover, veio na forma de uma série de luzes, uma máquina enorme de cristal e uma Mars Dragon caindo na sua direção após um salto anterior.
- Que diabos é ISSO?!? - questionou ele, não encontrando nenhuma armadura parecida com a de Endymion naquela... coisa.
- A cura de seu tédio. - respondeu Akai, saltando uma vez mais.
Sei da Casa de Onyx somente se perguntou como Akai sabia que ele estava entediado quando conseguiu se esquivar das chamas de fogo que o 'bicho' havia jogado em sua direção.***
- Shinning BLAST! - gritou Satori Ryu, soltando uma esfera de luz na direção de Art. Por muito pouco este não havia escapado.
Sua armadura já estava trincada, um rombo enorme dela aberto pelo último golpe do Dragon Kishi. Visivelmente preocupado, Earth Destiny Kishi não imaginava que Chronos teria aquele tipo de trunfo escondido nas mangas. Este, aliás, já havia desaparecido do local de combate, deixando-o a sós com o Dragon Kishi.
O que era bastante desagradável. Nos últimos cinco minutos, sua vestimenta nobre estava reduzida a quase trapos, sua nova tachi não sendo tão eficiente contra a Ginnoken de Ryu ou mesmo a habilidade que esse tinha. As chances de vitória se tornavam mínimas, para o desprazer de Art. Ao mesmo tempo, ele não sabia por quanto mais tempo seria capaz de se esquivar dos golpes de Moon Dragon, que se tornavam cada vez mais rápidos e perigosos para a sua saúde.
Isso era agora uma ironia... vinte mil anos de treinamento e experiência apenas para poder conseguir se esquivar dos golpes de um Dragon Kishi. Recuando aos poucos, Art ainda tinha um pequeno ás no jogo. Ele não iria permitir que seu plano fosse destruído por Moon Dragon, nem por qualquer outra pessoa.
Tudo o que precisava fazer era morrer. Aquela seria sua última cartada. Era tudo ou nada.
- CRYSTAL WEAPON! KASUNAGI NO TSURUGI! - gritou ele, sua tachi erguendo pedaços do piso prateado, seu poder elevado quase ao máximo.
Rochas, cristais, tudo começou a tremer. O teto não suportou, enquanto Ryu tentava a algum custo manter seu equilíbrio. Tudo vibrava, e ele percebeu então qual era o poder daquela tachi. Earth Destiny Kishi não tinha o mesmo temor que Chronos sobre o lugar cair sobre sua cabeça. Não demorou até que Moon Dragon fosse soterrado pelas paredes do Salão Prateado. E então, Art sorriu para seu destino. As pedras ainda caíam, enquanto ele olhava para o túmulo de Moon Dragon.
Sua alegria, porém, durou tanto quanto a vida de uma vida unicelular. Fachos de luz começaram a brotar das pedras, revelando por baixo de todas aquelas rochas um Moon Dragon quase ileso a tirar a poeira de sua camiseta.
- Sua sorte foi que Chronos apenas pediu que você ainda conseguisse respirar... - resmungou o Dragon Kishi, cerrando seus punhos e guardando a Ginnoken em sua bainha. - Agora você não tem como escapar... 'Art-kun'.
A voz de Satori Ryu ficou ainda mais tenebrosa, enquanto o céu plutoniano revelava a paz de Caronte ao alto. Se fosse Hades, Art estava certo de que relâmpagos iriam cair para anunciar a sua queda. Engolindo a seco, ela apenas tinha uma saída.***
Calma. Paciência. Harmonia. Essas eram as virtudes que podiam presenciar em Seph, enquanto ele caminhava com calma na direção da Biblioteca do Tempo. Nenhum dos outros Destiny Kishi conseguiam entender como ele havia conseguido tanta assimilação com o passado do Milênio de Prata, muitas coisas ainda sendo obscuras para a maioria, com exceção de Neko e Kare.
Aliás, Kyn notava que havia uma certa tensão no grupo, que resolveu deixar as duas Destiny Kishi ignoradas para trás. Era como se houvesse um acordo mútuo momentâneo durante aquela crise. Seph limitou-se a fazer poucas perguntas, não questionando a sorte que tinham. Quanto mais Destiny Kishi eles tinham a seu lado, maior eram as chances de conseguirem restaurar a Linha Temporal. Kyn concluía que restava apenas convencer Art e tudo estaria resolvido. Não seria fácil, porém.
As últimas revelações de Neko indicavam que essa Crystal Tokyo de Art era algo planejado por muitos anos. Uma Crystal Tokyo onde ambos, ele e ela, poderiam viver na utopia de seus sonhos. Fazê-lo desistir desse sonho seria como pedir para que ele desistisse do motivo que o mantivera vivo por vinte mil anos. Algo difícil até mesmo para ela imaginar.
Porém, Neko acabara de perder aquele mesmo objetivo. Sem amor, sem objetivo, sem esperanças. O que a fazia então estar próxima deles? Eles que queriam destruir o sonho de Art. Não havia sentido naquilo, a menos que tudo fosse parte de um plano de Earth Destiny Kishi para que então os destruísse. Mas isso também não fazia sentido. Nada daquilo fazia sentido.
Entretanto, ela mesma estava começando a desistir de encontrar algum sentido em toda aquela balbúrdia temporal. Quais eram os motivos de Neko e Kare, ela sequer tentava suspeitar. Seguir Seph e o plano estranho de Chronos era a única opção que restara. Como mera curiosidade, Paolla observou seu relógio, notando que havia já passado um tempo considerável desde que Crystal Tokyo começara a surgir.
- Qual é o plano de Chronos, Seph? - perguntou Paolla, percebendo que este não falara do plano desde que houve a interrupção. Por outro lado, Seph estava a agir como se conhecesse muito bem cada passo do inimigo.
- Seguir até o fim. - respondeu Seph. - Ainda que sob diferentes condições, o nosso plano conseguirá seguir até o final. E então, Art perde Crystal Tokyo.
- Como sabiam do nosso plano? - perguntou Neko, um pouco distante no fundo da fila de guerreiros.
- Art é previsível. - respondeu Seph, como se aquilo respondesse todas as questões. - Ele iria aproveitar para realizar seus sonhos quando percebesse o falecimento de Fate-sensei. Qual era esse sonho, nem Chronos sabia. Apenas que seria a causa de uma perturbação no Tempo.
- E por que VOCÊS estão aqui? - foi a vez de Moon Fox perguntar, não se esquecendo do soco de Neko.
- Eu vou ficar ao lado de Neko. - respondeu Kare, erguendo sua katana negra. - Algum problema?
- Esse é o meu motivo. - respondeu Neko, antes que Moon Fox retrucasse as ameaças de Kare. - Kare é minha única amiga e não quero que ela morra por um capricho de... vocês sabem quem.
- Não é só isso. - cutucou Silver Sky, recuperando aos poucos parte de sua energia.
- ... eu não quero morrer... - respondeu bem baixo a selenita, abaixando seu olhar.
- Ninguém vai morrer. - afirmou Firebird, piscando um olho. - Somos os mocinhos aqui, ne?
- Não existem mocinhos com MADS, Cloud. - lamentou Henrique, observando Seph diminuir seu passo. - Para a nossa 'grande' felicidade.
- Não foi ele quem escreveu essa história, no entanto. - revelou Seph, percebendo que o Tempo estava começando a se estabilizar. Na realidade de Art. Mal sinal. - Nós estamos apenas tentando evitar o inevitável.
- Isso é TÃO reconfortante... - comentou sarcasticamente Aleph, ainda amparado por Sailor Uranus. Claro que ele teve primeiro que pedir educadamente para não ser amparado por Silver Sky ou iria ganhar mais hematomas do que com a tiara. - Qual é o final?
- Hai. - concordou Paolla, percebendo que aquele era um detalhe importante. - Qual é o final que vocês escreveram, Seph?
Finalmente, Seph parou diante do corredor prateado. Haviam tomado a direção oposta da que levou as Senshi e as duas Destiny Kishi à sala de cativeiro. Iriam tentar um atalho, segundo Seph. Tudo segundo Seph. Ainda que confiassem nele, estava muito cercado de mistérios. Mistérios demais que o faziam tão suspeito quanto Art.
- Não muito agradável. - respondeu ele. - Chronos deixou em aberto.
- ... como assim 'em aberto'? - perguntou Henrique. - Isso não é do feitio de MADS.
- Ele é Chronos também. - respondeu Seph. - Sailor Mercury?
A Senshi de Mercúrio, que estivera ao lado de Paolla até então, adiantou-se até o Destiny Kishi. A expressão de seu rosto indicava que estava até aquele momento trabalhando numa rota de fuga.
- Quem mais está aqui?
- Sailor Moon, Sailor Mars, Sailor Venus, Sailor Jupiter e Tuxedo Kamen foram verificar uns casulos. A comunicação está sofrendo muita interferência por aqui e não sei como estão. - ela respondeu. - Moon Dragon e Mars Dragon foram com Chronos para uma biblioteca.
Seph permaneceu pensativo por alguns instantes. Havia muita gente e ele tinha agora pouco tempo para verificar a condição dos demais. Tudo o que precisava fazer era levar os Destiny Kishi até o centro do Salão Prateado. Mas sua intuição dizia que havia algo errado. Muito errado. Ele ainda tinha que verificar se a bolha na qual estavam presos não estava impedindo também seu caminho até lá. "Burning MANDALA!!!..."
- ??? - estranhou Ricardo, não imaginando que agora estivesse tendo alucinações. Seria a voz do passado tentando indicar alguma coisa? Que fogo seria o suficiente para estourar a bolha?
Se fosse, ele estava em sérios apuros. O único que tinha poder relacionado a fogo era Aleph e este não estava em suas melhores condições. Por outro lado, talvez fosse uma indicação de que deveria encontrar Sailor Mars para tal tarefa... "Venus Love Me CHAIN!!!..."
De novo. De novo a mesma voz. Agora ele estava ficando perdido... o que era para fazer? Que tipo de trecho era aquele em que ele deveria ficar confuso? A Linha Temporal! Aquela era a resposta. Ela estava aos poucos se ajustando à realidade de Art. Ele devia agir rapidamente, a Linha do Tempo revoltando-se contra a linha seca e rígida a qual ele havia submetido com sua escrita. Que decisão tomar? "Sparkling Wide PRESSURE!!!..."
Que raios de voz inútil era aquela? Ricardo não estava agora conseguindo entender... olhando para os demais, eles pareciam esperar alguma resposta dele, mas nenhuma parecia vir. O plano começava a desmoronar e ele não tinha muito tempo. Por que então estava parado?
- Ilusões. - falou a voz serena de Moon Fox. - Tudo não passa de ilusões. Ilusões de um mundo perfeito. Ilusões de pessoas perfeitas. Ilusões de vidas perfeitas. Tudo não passa de ilusões.
- Agora o garoto ficou 'afetado'... - comentou Aleph, erguendo uma sobrancelha. - Do que está falando, Ranma?
- DISTO! - gritou ele, arremessando seu punho na parede à direita.
*CRASH*
- Burning MANDALA!!! - gritou a voz de Hino Rei.
Destiny Kishi e Sailor Senshi, sem qualquer exceção, ficaram todos espantados ao observar a parede quebrar como vidro diante do golpe de Moon Fox. Porém, mais do que isso, ficaram espantados ao encontrarem o grupo de Senshi batalhando contra uma muralha invisível.
- Tudo não passou de uma ilusão... - murmurou tristemente Moon Destiny Kishi. Na sua frente, Senshi dominadas pelo melhor segurança de Fate.***
Dor. Sensação desagradável variável em intensidade e em extensão de localização, produzida pela estimulação de terminações nervosas especializadas em sua recepção. Dor. Ele estava começando a se acostumar com dor. E isso o assustava. Dói saber que não será capaz de sentir dor. Dói saber que será capaz de ignorar a dor de seu corpo. Dói saber que está se tornando uma máquina. Menos que um humano. Que está se tornando algo menor.
Dói. Dói no coração. Forte, aguda, lenta era a dor em seu coração. Lágrimas não eram possíveis de se formar em seus olhos. Muitas já haviam sido derramadas. Estava se tornando uma máquina. Uma máquina sem emoções. E doía ver pessoas sofrerem e você não.
Doía saber que era menos do que essas pessoas. Essa havia sido a sua conclusão, observando nove fortes pessoas caindo prostradas no chão ao sentirem uma dor intensa em seus cérebros. Uma dor intensa e quase no limiar da aceitação humana. Quase como a explodir seu cérebro. E ele não sentia. Ele simplesmente não conseguia sentir.
Com pesar em seu coração, ele apenas foi capaz de libertar as outras pessoas de suas prisões. De suas ilusões. Elas também sentiriam dor. E ele novamente não sentiria. Não mais. Não nunca mais. Isso doía saber. Sem dor, não há indício de vida.
A escuridão reinava agora em seu coração. Sem vida.
Página integrante da Jikan no Senshi Destiny Kishi
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