Tempestade de Ilusões
by
Ami Ikari & X/MADS!Capítulo 13: Fantasmas do Passado
"For I am a part of him. The part that fell in love with her the moment he met her. The part he buried deep within his heart after her rejection. I am lost under endless layers of pride and stubbornness; a prisoner of his ego. Lost, but not gone. "
-= Stephanie Gonzales, A Part of Him =-Droga. Droga. Drogadrogadrogadroga!
Esse pensamento constante no brasileiro não poderia ser repreendido. Quer dizer, mesmo que ele fosse azarado a ponto de ficar NAQUELE LUGAR DE JUUBANGAI quando havia uma TÓQUIO INTEIRA para estar, ele conseguia superar mesmo a mais INACREDITÁVEL quantidade de má sorte. Claro, embora ele tivesse sido atacado por pingüins assassinos com foguetes nas costas que somem repentinamente num *pop* no meio do aeroporto, embora ele tivesse sido salvo desses assassinos em miniatura por heróis que seriam apenas LENDAS URBANAS, embora ele tivesse conversado com essas lendas urbanas e embora ele tivesse tido a SORTE de ser escolhido para ir ao Japão com direito a uma BOLSA DE ESTUDOS... Daniel 'Tolaris' NUNCA iria esperar por aquilo.
- <MAS COMO EU NÃO POSSO PASSAR SEM MEU PASSAPORTE???> - gritava o brasileiro para o segurança do aeroporto.
Isso porque metade do aeroporto estava vazio devido à fuga maciça de pessoas SEM MOSTRAR PASSAPORTE ALGUM durante a confusão. Não que Daniel 'Tolaris' tivesse perdido o seu durante a ocasião, mas ele simplesmente NÃO conseguia acreditar no que o segurança estava dizendo. Cloud, por outro lado, não conseguia parar de rir desde que dissera 'Tsukino-ke'.
- <São normas de segurança internacionais, desculpe.> - respondeu o segurança, aparentemente calmo, mesmo após toda aquela confusão.
- <Sei...> - suspirou Daniel, abrindo sua mochila para pegar o passaporte. "Claro... Murphy TINHA que dar o ar de sua graça hoje. Tava demorando até demais." - <Tó.>
O segurança pegou o passaporte verde das mãos do brasileiro e o folheou, procurando pelo visto de entrada no Japão. O silêncio que caiu sobre o local fez com que Daniel temesse pelo pior, ou seja, que o seu visto não fosse aceito. Era tudo o que faltava para fazer com que esse dia fosse conhecido como o 'dia em que Murphy conseguiu manifestar todo o seu poder em uma pessoa só'. A tensão era evidente nele, que quase podia jurar que estava ouvindo o rufar de tambores como música de fundo do filme que seria a sua viagem ao Japão. Classificação? Filme-catástrofe, do jeito que as coisas caminhavam... e com o menor orçamento já visto no cinema 'trash'.
- <Muito obrigado e sejam bem-vindos ao Japão.> - agradeceu o segurança, apenas folheando rapidamente os papéis fornecidos por Edson. O que fez Daniel pensar sobre uma certa 'diferença' de tratamentos para estrangeiros como ele. Gaijin, se preferir o termo.
Claro, Daniel 'Tolaris' estava acima dessas complicações da sociedade moderna. Ele já tinha muito com o que preocupar do que com suas relações com o burocrata. Sua vida, por exemplo. Aquele incidente não iria afetar muito a sua avaliação sobre o mundo. Não mesmo. Meio que respirando um pouco mais 'forte' que o normal, Daniel não iria se deixar alterar por aquilo.
Tsukino-ke? Ele podia sobreviver. NE?
*PLÉIM*
Tolaris sentiu como se alguém tivesse batido com as baquetas de uma bateria sobre um prato, anunciando o final de todo o suspense. Inconscientemente, ele agradeceu a todos os kamis por terem lhe dado esse 'presente', possibilitando que saísse do aeroporto sem maiores problemas. Pelo menos, não haviam mais do que uma dúzia de olhares na sua direção.
Seus primeiros passos em Tóquio, entretanto, foram acompanhados de um pensamento peculiar.
"Eu sabia... Calcule as probabilidades de todas as coisas darem errado em um só dia e Murphy logo cuidará para que você esteja enganado... e que pelo menos algo dê certo. Afinal, se é verdade que, se a possibilidade de algo dar errado for muito remota, ela dará... o contrário também vale."
Edson, por sua vez, seguia atrás. Rindo, é claro.***
Paolla Matsuura, a ficwriter brasileira em viagem de estudos em Tóquio, corria sem parar na direção do Templo Hikawa, um belo sorriso estampado em seus lábios. Não fazia muito tempo que ela havia saído do hospital, devido a um acidente, mas ela corria como se nenhum ferimento um dia tivesse ocorrido em sua nuca. Suas funções vitais estavam perfeitas, assim como seus movimentos, seus reflexos, sua coordenação, coisas praticamente impossíveis após um ferimento que atingira uma região importante para o controle dos movimentos corporais.
Dotada de uma destreza que ela não se recordava de possuir, a brasileira descendente de japoneses brincava com seus próprios movimentos, desviando, durante o seu trajeto, de postes e das pessoas, pulando vários degraus da escada que levava ao Templo Hikawa [*1]. Em breve, ela estaria frente a frente às suas novas amigas...
- AGORA eu te peguei!!! - gritou uma voz masculina, enquanto algo parecido com um bastão dirigia-se ofensivamente na direção da garota.
- Nani..?! - exclamou Paolla, tendo somente o tempo necessário para rolar para longe do golpe do shinai. - Ei, Yuuichiro! Sou eu! Paolla...!
- Não adianta, você não vai me enganar! KYAAAAAAAAAA!!!
"Jóia. Primeiro eu sou atacada no bosque por um guerreiro desconhecido e agora eu sou atacada por um guerreiro CONHECIDO." pensou Paolla, tomando impulso para saltar por cima de Yuuichiro e tentar pegar o shinai das mãos dele antes que alguém se machucasse. No caso, ela mesma. "Qual das duas alternativas será que eu prefiro?"
Agindo de forma que ela jamais poderia fazer em sã consciência, a ficwriter pulou, agarrou a ponta do shinai e puxou a ponta para baixo enquanto dava um salto mortal, esperando que Yuuichiro tivesse o bom senso de largar a arma antes que ele desse uma cambalhota em pleno ar, sobre sua cabeça.
"Pensando melhor, será que não tenho a opção de n.d.a.?"***
No interior do templo, Rei estava a mostrar a história que Ami lhe passara alguns dias atrás para Chris e Maury, aguardando com um sorriso nada agradável o momento em que Mo chegaria no trecho que causara toda a fúria de Makoto. Na porta do quarto da sacerdotisa, um senhor de idade tentava abafar inutilmente algumas risadas.
Lentamente, a expressão do rosto do canadense começou a mudar, o que indicava que ele já estava lendo AQUELE pedaço da história. Chris, por sua vez, também estava com a expressão facial alterada, mas para dar boas risadas... antes que se conscientizasse de que tudo o que estava escrito naquele... fanfic, era isso o que Rei havia falado, era incrivelmente REAL. Rei havia dito que eles se baseavam nas reportagens internacionais, mas nada que foi publicado poderia possibilitar a reprodução de uma cena com tamanha fidelidade ao que havia acontecido de fato.
E ele precisava adicionar o endereço eletrônico para seu bookmark. Urgentemente.
Surpreendentemente, pequenas nuvens de fumaça começavam a aparecer pelo quarto, vindas da cabeça de Mo, visivelmente... alterado. A reação dele fez com que a sacerdotisa começasse a pensar melhor em alguns detalhes. Makoto havia ficado muito brava quando lera a história, o que custara uma sessão-perseguição para Martin, recém-chegado ao Japão.
"Será que isso..." pensou Rei, coçando levemente a cabeça. "Não... não deve... não PODE ser real. Eles devem estar nervosos porque essa cena não os agradou. Hai. Deve ser isso. Só pode ser isso..."
Espantando parte de seus pensamentos, Rei abraçou seu namorado, beijando-o apaixonadamente e deixando que Maury... se 'alterasse' o quanto quisesse. Bem, pelo menos, era isso que Rei esperava que estivesse acontecendo quando Maury começou a amassar o fanfic e a comer as páginas da cena. Mas aquele momento era mágico, aliado à surpresa que Chris fizera à ela, chegando sem avisar ao templo. Nada iria estragar aquele abraço, aquele beijo... aquele barulho. Barulho?
*BLAM*
- YUUICHIIIIIIIROOOOOOOOOO!!!!!!
Hmm... Nada mesmo, exceto o som de algo caindo violentamente no chão e a voz da hospede de Ami gritando o nome de Yuuichiro de modo desesperado.
"De modo DESESPERADO?!?!?!?!" pensou Rei, abrindo os olhos rapidamente e já procurando por alguma resposta sensata. Não que ela tivesse tido alguma resposta sensata para os acontecimentos dos últimos anos.
- O que foi isso?! - exclamou Chris, saindo de seu momento romântico.
- *CHOMP*CHOMP* O *CHOMP* Yuuichiro deve ter tentado *CHOMP*CHOMP* 'defender o templo' de novo... - resmungou Maury, saindo de seu momento de... 'alteração' e correndo para fora do templo. - E deve ter se dado mal.
Os três correram o mais rápido que suas pernas permitiam, rezando para que a 'tranqüilidade' a que Rei se referia não tivesse sido quebrada. Ou, pelo menos, para que nenhum fugitivo da seção Pólo Sul do zoológico de Tóquio estivesse com foguetes, presos às costas, pronto para atacar.
Felizmente, a cena que viram não era tão trágica assim...
- Yuuichiro!!! - gritou Paolla, largando o shinai e correndo na direção do rapaz caído no chão. - Eu não queria fazer isso! Acorda! Fala alguma coisa! - e pegou a cabeça tonta de Yuuichiro nos braços...
- Anoo... a-alguma coisa... - ... para largá-la em seguida, com uma gota gigantesca na cabeça.
Chris e Mo inclinaram levemente a cabeça, olhando para a garota que supostamente havia derrubado o 'projeto-de-defensor-do-templo', vendo uma certa... familiaridade em seus traços.
- Ela é bem parecida com a Ami, não acham? - comentou Rei, com uma gota em sua cabeça.
- Até demais... - respondeu Mo, olhando fixamente para a garota.
- Nada mal para uma 'pacata escritora brasileira'. - comentou Chris, observando ainda a forma caída de Yuuichiro. Ainda que ele fosse um 'projeto-de-defensor-do-templo', ele teria se saido melhor com amadores.
A brasileira ficou um tempo olhando para os rostos atônitos dos dois desconhecidos e, por um instante, sentiu um arrepio, como os que sentia quando vinha a maldita sensação de... déjà vu.
- Oi? Hm... tudo bem com vocês? - ela gaguejou, tentando encontrar alguma forma de se comunicar com os dois. - Rei-san...
- Nani? Ah, sim, desculpe. Estes são Chris Stover e Maury Sillery, do Canadá. - falou Rei, batendo levemente no ombro de cada um à medida em que os apresentava. - Ela é a Paolla.
- Viagem de intercâmbio? - perguntou Chris, olhando para o rosto da ficwriter de um modo que a deixou bastante nervosa.
- Hn? Hai. Vim para estudar na Universidade de Tóquio. - respondeu Paolla, afastando o corpo a medida em que Chris se aproximava tentando observar seu rosto mais cuidadosamente. "Ele... Rei-san o chamou de Chris... só pode ser ele..." - Muito prazer! - ela exclamou, estendendo a mão direita na direção de Chris, deixando-o sem ação.
Um observador mais atento notaria que a mão da ficwriter estava tremendo levemente. Suas lembranças estavam voltando pouco a pouco, desde o dia da... fusão. E era isso o que ela temia, que suas reações acabassem por revelar a verdade para todos mais rapidamente.
Um observador mais atento ou então um menos chocado com a queda do projeto-de-senpai(?) do templo shinto.***
As ruas de Tóquio mais uma vez haviam se tornado um lugar muito perigoso para se caminhar, especialmente para os pedestres. Um Network Vehicle corria em alta velocidade, fazendo curvas teoricamente impossíveis de serem realizadas, segundo a Física Clássica, deixando seus ocupantes em um estado de pânico quase que total.
Dentro do carro, o 'projeto de Engenheiro Mecânico' vindo do Brasil tentava entender como aquela garota, aparentemente frágil, delicada, bonita e gentil, podia ser uma selvagem ao volante, gritando de susto a cada curva fechada e a cada semáforo vermelho que encontrava pela frente, sendo acompanhado na sinfonia pelo seu companheiro de viagem, de batalha e, agora, de ameaça constante de vida.
- Cuidado!!! Kiriko-san, o poste! O posteeeeeeeeeeeeee!!!!!! - gritou Edson, fechando os olhos.
- {Eu não sobrevivi àquele episódio no estacionamento da Unicamp para morrer AQUI!} - berrava Daniel, agarrando-se ao seu cinto de segurança. - {Cloud, faça alguma coisa!}
- {O que você acha que estou fazendo?! Estou entrando em pânico!!!} KIRIKO-SAAAAAAAAAAAAN! O SINAL ESTÁ FECHADO!!!
"Se eu escapar dessa, eu JURO que NUNCA MAIS falo mal da Paolla dirigindo! Eu JURO! Pode anotar isso, Murphy!" pensou Daniel, tentando se lembrar de uma oração para os desesperados.
- <Calma, meninos, calma... eu sei o que estou fazendo.> - falou Kiriko, sorrindo como uma guia sorriria aos seus estudantes.
- <SABE MESMO?!?!?!> - gritaram Daniel e Edson, simultaneamente.
- <Claro... ei, cadê o freio?>
- Ki... Kiriko-san, você já dirigiu este carro antes?!
- <Bom... é a primeira vez que Asuka-chan me empresta este carro... MAS estou certa de que chegaremos inteiros.>
- AAAAAAAAAAAAAAAAHHHHHHHHH!!!!!!!!!!!!! - gritou Edson, seus olhos maiores do que um pires.***
- ITETETETETETETETETETETETETE! - gritou assustada uma voz.
Ou talvez 'assustada' não seja o mais apropriado para um grito de dor. Contudo, ninguém poderia culpar a manifestação de surpresa presente em sua voz... afinal de contas, quantas pessoas no mundo acordam sentindo trinta agulhas de injeção no braço?
Bem, o caso não era para tanto, mas Ricardo com certeza teria agradecido por alguma anestesia local ao menos. E foi exatamente naquele instante em que pensou na anestesia que ele concluiu que não seria muito recomendável à saúde debater-se daquela forma durante uma injeção.
- Itte... - disse ele, bem baixo. Cerrando seus olhos e evitando que sua cabeça estivesse de frente ao braço dolorido, ele não queria sequer imaginar qual era o estado das suas veias depois daquela sua atuação de 'isso tá DOENDO!' muito brilhante.
- Gomen... - disse então uma voz. Apesar de ter sido apenas uma palavra, aquilo era pronunciado de forma bem calma e tranqüila. - Daijoubu?
- Daijoubu... - disse ele, repentinamente se lembrando de um detalhe MUITO interessante.
Ele não sabia japonês.
*blinks*blinks*
- Un. - continuou a voz, pertencente a uma garota. Uma garota?
Um tanto que confuso, Ricardo deixou-se guiar por seus instintos e arriscou olhar na direção de seu braço provavelmente moído. No entanto, nada na vida o havia preparado para observar o que estava diante dele. Como se o mundo repentinamente abrisse sob seus pés, ele vislumbrava quase assustado para uma cena tipicamente de livros de ficção científica.
Não era a garota que tanto o assombrava, ele até mesmo se esquecera da dor em seu braço ou ainda de despertar a curiosidade sobre o emplastro que a enfermeira(?) colocava em seu braço. O que arrepiou os pêlos de sua nuca havia sido a enorme janela diante de si.
Feita de um material transparente, 'janela' era o único termo que o brasileiro encontrava para definir a parede em tons de dourado diante de si. Não havia qualquer detalhe que demonstrasse a divisa entre a parede real do quarto e a 'janela', ou ainda qualquer senso lógico diante das edificações impossíveis à arquitetura humana atrás daquela parede translúcida.
Prédios, edifícios... ou mesmo esculturas. Era tudo tão vago e estranho, tudo tão... familiar. Ele sequer conseguia encontrar palavras para descrever o que via diante de si. Era como se ele tivesse acordado de um sonho e não saber mais o que era real e o que era ainda seu sonho. Ele continuou a piscar seus olhos, incerto do que via. Incerto do que acreditar.
- Onde estou? - perguntou Ricardo, mesmo desejando não saber.
- No hospital. - respondeu a garota, de uma forma tão vaga e elucidativa quanto ele poderia querer. Antes, porém, que o brasileiro fizesse uma segunda pergunta, ela já havia se retirado do quarto.
Um feixe de luz havia iluminado-a, um holofote vertical e semelhante a um daqueles seriados antigos de ficção. Mas de uma forma muito mais real e inacreditável. E foi naquele instante que Ricardo percebeu que não havia qualquer forma de sair daquele quarto de hospital. Não havia uma única porta e ele estava certo que deveria estar a várias dezenas de metros acima do que se poderia chamar de 'solo'.
A imagem da janela permanecia ainda como um mistério para ele. Era quase como se estivesse a viver nas nuvens, o que ele não duvidava pela presença abundante delas no cenário. Desviando novamente sua atenção para tudo que o cercava, ele notou que o quarto era realmente típico de um hospital. Não havia qualquer coisa ali que não fosse umas cadeiras e a cama na qual estava deitado.
Roupas? Bem, ele descobriu estar vestindo uma típica camisola CURTA de hospital. Felizmente, ela conseguia cobrir o que era necessário. Mas isso voltou a chamar sua atenção sobre o quarto. Por que ele era tão grande? Que cenário era aquele diante de si?
A resposta veio então diante de si como um raio. Era como se ela estivesse sempre ali, apenas esperando o momento em que ele fizesse a pergunta certa. Ficou tão claro naquele instante que ele teve que resistir à vontade de estapear a sua própria testa.
Era um sonho! Só podia ser isso. A alusão ao 'Star Trek', a Cloud City de 'Star Wars'... e até as perguntas a serem feitas por 'X-Files'! Claro, ele decididamente estava começando a ouvir demais seu primo. "Sonho idiota...", pensou Ricardo, enquanto analisava sobre a possibilidade de sair dele. Ou encontrar alguma coisa melhor a ser feita além de ficar deitado numa cama de hospital de um mesclado de obras fictícias.
- Yume?... - perguntou agora uma voz. Desta vez, Ricardo não escondeu a sua surpresa. Era a sua voz.
- Quem está aí? - perguntou o rapaz, gritando para as paredes.
- Sore wa... himitsu desu. - disse calmamente a voz, ao mesmo tempo que a luz começava a faltar no ambiente.
Gradualmente, a luz diminuía... até que não havia nada além da escuridão diante dos olhos de Ricardo Gen. Suspirando, ele agora ficou curioso sobre o que sua mente lhe reservava.
Ao mesmo tempo, estava assustado. Não era o tipo de sonho que ele costumava ter. Ou sequer imaginar.***
Pesadelo. Aquilo era mais um pesadelo.
Diferentemente de Ricardo, Hélio Perroni Filho estava a sofrer de um sonho muito menos agradável e tranqüilo. Antes fosse uma visão de um hospital, antes fosse apenas a escuridão. Antes fosse qualquer coisa. Menos aquilo. E justamente com ele.
Quer dizer, ele sempre havia sido uma pessoa normal a viver uma vida normal e a ter hábitos completamente normais. Ele não saía de um 'padrão' da sociedade e sequer fazia questão de tentar ser 'diferente'. Afinal, era o que ele acreditava que importava.
E não o que os outros poderiam vir a pensar dele. Todavia, nada em sua vida o havia preparado para tanto barbarismo e sangue. Quer dizer, ele havia acabado de ultrapassar o limite da realidade e da ficção dos filmes de violência, da imprenssa marrom, de tudo. Ele sabia disso no momento em que vislumbrava o sangue em suas mãos.
Não era algo extraordinário, apenas sangue. Sangue em abundância. Ele gritaria, se pudesse. O sangue vinha de um rombo em seu intestino. E aquilo doía. Muito. Demais. Mas era diferente das 'lembranças'. Ele estava agindo dentro daquele pesadelo. Daquela imagem irreal da verdade, daquela ilusão de sua mente. E aceitar aquilo como 'verdade' estava se tornando cada vez mais difícil. Muito mesmo.
Antes isso não teria sido um esforço muito grande, afinal era apenas abaixar a cabeça e deixar que as coisas acontecessem. Se Henrique estava certo durante a sua 'visita', Hélio tinha a certeza de que lutar apenas iria piorar as coisas. E ele não queria imaginar como seria se ele assim o fizesse. Já doía demais sem o fazer.
- Por que essas coisas acontecessem comigo? - perguntou ele, enquanto manuseava o sangue em suas mãos. - Por quê?
O líquido parecia jamais faltar e jamais deixar de sair. Não era algo como os filmes B de terror. Ele saia numa velocidade até 'normal' na sua opinião e não um esguicho incontrolável de sangue a alta pressão. Era como se suas plaquetas (isso era hora de lembrar de biologia?) estivessem a impedir o fluxo maior dele. E tampouco era como um ferimento ralo em que o sangue escorreria vagarosamente.
Suas mãos pareciam estar sendo lavadas com seu sangue durante seus movimentos, algo que ele apenas notara naquele instante. Chegou ao ponto dele realmente esquecer o que estava fazendo e o que estava pensando. Algo inacreditável para ele em seu estado normal. Chegar a um momento em que ele não passaria de um invólucro de carne. Apenas isso. Um invólucro de carne viva para a sua alma.
Entretanto, aquele havia sido o instante em que sua alma havia deixado seu corpo. Havia deixado aquele invólucro.
- Porque eu sou você. - respondeu então uma voz. Isso o assustou.
Era a sua voz.
- Quê? - perguntou Hélio, um pouco assustado. Quer dizer, ficar assustado chegou inclusive a ser até mesmo surpreendente, depois de tudo que ele já havia visto.
Hélio permaneceu imóvel por alguns minutos, seus olhos vasculhando no cenário negro diante de si. Nada, a não ser a negra imagem congelada de uma batalha de um tempo inexistente. O silêncio perdurou, como se o que ele tivesse ouvido não passasse de um fruto da sua imaginação, o que estava começando a mexer com seus próprios nervos.
Sem saber o porquê, ele começou novamente a mexer em seu próprio sangue, desta vez por gestos de proteção. Colocando sua mão sobre a ferida, ele estava começando a provocar dor em seu próprio corpo para garantir a si mesmo que ainda estava vivo. E acima de tudo, consciente do que estava acontecendo. Obviamente, ele não precisava fazer isso a cada segundo.
Ainda não chegara ao ponto de ser masoquista. Entretanto, o silêncio era quebrado apenas pelo som do sangue a mover-se em suas entranhas, enquanto seus intestinos começavam a locomover-se ao mundo exterior. Algo desagradável de ser ouvido quando se está respirando.
- Quem está aí? - arriscou Hélio novamente. Ele estava certo do que havia ouvido, mas queria ainda que sua mente não pregasse tantas peças. Ou que ele começasse a deixar de ser quem ele conhecia.
Infelizmente, o silêncio era a única resposta que o brasileiro recebia. Por um instante, Hélio chegou a pensar que fosse uma paranóia sua... bem, considerando que absolutamente TUDO que ele estava vendo até o momento já era um motivo para qualquer paranóia que ele quisesse.
- Covarde... - murmurou Hélio, encarando o vazio numa direção qualquer. Virando-se então para um dos cenários/lembranças/o que quer que fosse menos doloroso, Hélio obteve sua resposta.
- Eu sou você. - disse a voz.
- Até que enfim... - respondeu Hélio sarcasticamente. - Apareça.
Desta vez não veio um intervalo tão grande de tempo para uma resposta. Um tanto repentino, emergiu daquela escuridão uma explosão de luzes, deixando o brasileiro cego momentaneamente. Era uma intensa descarga de bioluminescência, disso ele estava certo. A luz havia diminuído sua intensidade aos poucos depois que sua visão regularizava-se.
Uma forma começou a se formar no centro de toda aquela luz, uma forma humana. Hélio estreitou seus olhos, mais curioso sobre quem ou o que seria aquela forma humana do que questionar a si mesmo sobre o que estava fazendo num antro de loucura daqueles. A sua observação não demorou muito, no entanto. A forma já estava ficando mais nítida, assim como a luz desaparecia por completo, restando apenas uma pequena aura esverdeada em torno do corpo.
O brasileiro tampouco ficou surpreso quando ficou apto a distinguir por completo a figura. Ou ele próprio. Para ser mais específico, era a forma humana daquele que o atormentara durante as últimas horas daquele sonho sem fim. A forma daquele que chamavam de Silver Sky.
"Que nome mais idiota...", concluíra Hélio na primeira vez que ouvira. No entanto, as visões haviam demonstrado que era um nome... apropriado àquela pessoa tão distinta. O Cavaleiro do Tempo começou a andar em sua direção, ainda que parecesse que não saísse de lugar algum ou chegasse a algum outro.
- Ora, ora, ora... - disse Hélio, um sorriso estranho em seu rosto. Seus olhos, no entanto, fitavam diretamente para os de Silver Sky. - Vejam só QUEM resolveu aparecer.
- Já começou. - disse o outro fracamente. - Não vai levar muito tempo.
- Corta essa de Akira. - disse secamente Hélio. - Creio que umas explicações viriam bem a calhar... não acha?
- E por que precisa de explicações? - perguntou Silver Sky, sorrindo sarcasticamente na direção do brasileiro. - Você não consegue explicar o que consegue ver na sua frente?
- Uma segunda opinião sempre é bem-vinda. - retrucou Hélio, não gostando do rumo da conversa. - E acredito que, depois de tudo o que senti neste inferno de Dante, uma resposta seja merecida.
- Faça então as perguntas. - desafiou Silver Sky, mantendo seu sorriso. - Eu responderei a todas elas.
- Por quê? - perguntou Hélio, estranhando a atitude do selenita. Não que ele o conhecesse antes, é claro.
- Eu sou ti e tu és mim. - respondeu o outro da forma menos agradável, o sorriso amigável já desaparecendo. - Não passamos por isso antes?
- Não. - disse Hélio. - O que está acontecendo por aqui?
- Você não quer saber. - respondeu o selenita.
- Se eu não quisesse, não teria perguntado. - devolveu Hélio, já irritado com os últimos acontecimentos. Sequer havia percebido que o cenário já havia sido trocado e que não tinha mais as feridas de batalha.
Silver Sky ficou quieto por alguns minutos, seus olhos jamais abandonando o olhar perplexo do brasileiro. Hélio sentiu-se um pouco desconfortável naqueles minutos, como se o selenita estivesse avaliando para alguma coisa. O Cavaleiro do Tempo, no entanto, parecia não perceber aquilo, enquanto procurava algo dentro da alma do escritor.
Enfim, para quebrar a parede de silêncio que se abrira diante deles, o selenita suspirou em desapontamento. Tanto tempo, vida e determinação... e sequer alguém poderia quantificar a perda sofrida. Era desanimador para ele aquele estado, permanecendo escondido por tantos anos. Era desanimador estar diante de algo e nada poder fazer.
Agora, ele tinha a chance de fazer alguma coisa. De agir. Como nos velhos tempos do Milênio de Prata. Porém, ele hesitou.
- Para falar a verdade, eu também não sei. - respondeu finalmente o selenita, pouco antes de um segundo suspiro. Seus olhos ficaram úmidos diante da mudez do brasileiro, seus braços logo conduzindo o mesmo pelo novo cenário que se abrira diante deles.
Os olhos azuis de Hélio apenas puderem perceber a diferença de cenário com a diferença da iluminação, sempre rara, de seu ambiente anterior. Desta vez, era algo inesperado pelo brasileiro. Uma enorme quantidade de rocha ergue-se sobre seus pés e rapidamente estavam numa paisagem quase terrena. Um canyon enorme e quente.
- Houve um dia em que a utopia quase chegou a existir. - disse repentinamente o selenita, enxugando algumas lágrimas. - Era o chamado Reinado do Ouro. Não havia guerra, ódio ou qualquer coisa que representasse o lado negro da Força. - brincou ele, sorrindo levemente. - Era um bom lugar para se viver.
- E então vieram os kalyrianos. - interrompeu Hélio, lembrando-se do que Henrique havia escrito para os fanfics.
- Sim. Então, vieram os kalyrianos. - confirmou Silver Sky, seus olhos entrando numa profunda seriedade, como se ele estivesse observando o final do Reinado do Ouro naquele instante. - A utopia desmoronou e vinte anos de domínio kalyriano se seguiram.
- Um breve período de tempo, considerando a própria longevidade selenita. - comentou o brasileiro, querendo não acreditar no que havia escrito. - Ao término dos vinte anos, surgiu a libertação do reino selenita por meio de um híbrido chamado Endymion, um meio kalyriano e meio selenita. O nome do primeiro Dragon Kishi foi então dado a todos os herdeiros do Reino da Terra, uma homenagem ao libertador.
- Dez em História Geral. - disse o selenita, sorrindo para o brasileiro. - Eu preciso continuar?
- Mas... como isso é possível? - perguntou Hélio, surpreso. - É tudo ficção... uma história de mentira para um mundo de mentira.
- Iie. - disse Silver Sky, segurando um riso. - Minhas memórias sempre foram suas. - revelou o Destiny Kishi, abrindo um enorme sorriso. - Não tenho culpa se você usou o que sabia antes do tempo certo.
- Pera aí! - manifestou o ficwriter, já encontrando um lapso em tudo aquilo. - Não fui EU quem escreveu toda essa história do Reinado do Ouro! Foi Henrique quem escreveu!
Silver Sky sorriu de novo.
- Moon Fox já não disse quem ele era? - falou ele, certo de sua resposta. - Ainda assim, você escreveu perfeitamente a história da origem dos dragões... mesmo que não soubesse de todos os pormenores daquela confusão.
- Huh? - estranhou Hélio, erguendo uma sobrancelha. - Mas se é assim como você diz, por que eu consigo ver você fora de mim? Como se isso tudo fosse alheio ao que sinto?
- Porque embora eu seja você e você seja eu, ainda somos diferentes. Não sei explicar, mas esse é o fato. - disse o selenita, pouco antes de cerrar seus olhos para a vegetação que começava a cobrir o canyon. - Faça uma explicação que lhe convenha e a chame como quiser. Fusão, se preferir o que usavam. Magia selenita. Bruxaria. Ou o que eu mais prefiro. A verdade do Maboroshi no Ginsuishou.
- O Fantasma do Cristal de Prata? - traduziu o ficwriter, surpreso por aquilo ser verdade. Era apenas uma suposição para o repentino fim das manifestações em Tóquio e Londres. Youmas, como classificaram os jornais locais. - Ele existe?
- Sim. E atualmente pertence, como você já sabe, à Tsukino Usagi, a.k.a. Sailor Moon, a.k.a. Princesa Serenity.
- E o resto? - perguntou um tanto temeroso da resposta o garoto. - O resto também é verdade?
- Excetuando alguns 'detalhes' dos fanfics de Martin, sim. O resto é verdadeiro. Existem os dragões, o Reino Negro, Dragon Kishi e etc, etc, etc... a migração para Hades, no entanto, está um pouco mais lenta do que o fornecido por vocês. Contudo, não os culpo, uma vez que é algo recente demais para que soubessem o que virá a acontecer.
- O futuro? - estranhou Hélio. - Mas... não sabemos apenas o passado através das suas memórias e das de Moon Fox?
O selenita sorriu mais uma vez. O brasileiro era muito parecido consigo próprio, sempre a questionar pelos detalhes. No entanto, as diferenças ainda eram evidentes demais para dizerem que eram a mesma pessoa. Silver Sky não hesitou em responder, em mostrar todos os trunfos que possuía, o que tornava os Destiny Kishi tão especiais.
Afinal de contas, ele bem sabia que aquele mundo de ilusões era composto pela vontade de Art. Ele tinha pouco tempo para falar, pouco tempo para salvar a determinação do terrestre.
- O futuro... é feito pelo que escrevemos. - revelou Jupiter Destiny Kishi. - O que escrevemos, fazemos e agimos... não sei se o que escrevo é o futuro ou se o futuro é o que eu escrevo, apenas sei da relação entre eles. Eu... NÓS somos Jupiter Destiny Kishi. Hélio Perroni Filho, Silver Sky... nomes não definem uma pessoa, uma alma, uma vida. Somos um e somos todos.
Hélio, por fim, ergueu novamente sua sobrancelha. Estava começando a parecer que seu antigo 'eu' era mais bêbado do que ele poderia pensar.
- Certo... respostas objetivas, por favor. - falou ele sarcasticamente, notando agora um outro evento a se desdobrar diante de si.
O corpo de Silver Sky estava começando a ficar translúcido. Como a de um espírito, de um fantasma.
- Tudo o que você vê é subjetivo. Sua vida é subjetiva. - disse o selenita, sua voz sempre presente. - Nada é objetivo, meu caro.
- Hey! Onde você está indo? - perguntou Hélio, tentando em vão agarrar o braço do selenita.
- Estou com sono...
- Hey!
- Ja na...
- HEY! - gritou Hélio, quase caindo do canyon gramado. Balançando os braços, ele conseguiu voltar a uma posição de equilíbrio. Mas a dúvida persistia, não importava quantas vezes ele a repetisse ou quantas vezes fossem dadas as respostas.
O que estava acontecendo?***
Essa era a mesma pergunta que duas outras pessoas faziam naquele instante. Bem, não que ninguém mais se perguntasse, mas estas pensavam simultaneamente ao constatarem algo deveras agradável.
Estavam vivos.
- {Eu estou vivo?} - perguntou Daniel, surpreso e piscando incredulamente seus olhos.
Os fatos voltavam vagarosamente ao seu cérebro, após o tranco que obtivera com a freada brusca do automóvel. Pouco a pouco, ele estava a checar se estava REALMENTE vivo e se não havia nenhum ferimento em seu corpo. Satisfeito, ele olhou com certo arrependimento para a janela do Network Vehicle. Mais precisamente, para uma casa.
- {VIVO! VIVO! EU ESTOU _VIVO_!!!} - gritou então uma voz estupefata e animada, que chamou a atenção de Tolaris. - {VIIIIIIIIIIIIVOOOOOOOOOOOO!!!}
- ... - foi a única reação de Kirisawa Kiriko, a nova guia de intercâmbio, diante de toda aquela... exaltação.
Entretanto, Tolaris não partilhava da mesma alegria que Edson. Havia um fator de risco muito grande se o que havia entre a realidade e a ficção era uma tênue linha imaginária para os escritores de SM-NDK. Em especial depois dos vários e-mails (totalmente em português, por mais inacreditável que parecesse) do MADS. A reputação de Tsukino Usagi antecedia a sua pessoa.
- <Esta é a sua nova casa, Daniel-san.> - indicou Kiriko, sorrindo inocentemente. Daniel apenas conseguiu notar que aquilo estava perigosamente rumando para algum 'Karate Kid 7' muito doloroso se aquela forma de tratamento continuasse. E isso era perigoso para a sua saúde, se o que MADS escrevera nos e-mails não era ficção.
Mas se era ficção ou não, Daniel estava pouco se importando. O fanfic já era muito convincente para ele. Até demais, depois do episódio do aeroporto. E ainda que ele tivesse visto Saturn Dragon EM PESSOA, ele também estava prestes a entrar num Inferno Astral por Walter Mercado (tm).
Entretanto, embora aquilo fosse realmente mexer com o que restava da sua sanidade mental, ele estava curioso. Principalmente com o que se escondia atrás daquela porta inocente daquela casa inocente e em especial o que havia por trás daquele barulho ensurdecedor em japonês. E embora ele soubesse muito pouco, ele conseguiu distinguir com muita clareza um 'CHEGARAM' no meio de sons de panelas caindo, despertadores, miados de gato, pratos sendo quebrados e alguns irreconhecíveis, na sua humilde opinião.
*DING*DONG*
- OHAYO! - gritou então uma voz tão animada que quase fez Daniel saltar de volta ao Brasil. - Irashaimase!
Daniel não conseguiu se conter naquele instante e, diante da risada intensa de Edson, apenas conseguiu chorar. Era verdade. Aquela era a tão famosa Tsukino-ke. Olhando para ele, havia uma sorridente garota japonesa com cabelos loiros presos em duas tranças enormes que iam até o chão e com dois 'odangos' na cabeça. Daniel chegou até a desejar que ela NÃO tivesse os olhos azuis da Tsukino Usagi dos fics. Infelizmente, quando ela os abriu para ver o brasileiro que gargalhava incontrolavelmente no chão, o mundo de Daniel rachou ao meio.
- <Olá.> - cumprimentou Kiriko, não imaginando que sua primeira experiência com intercâmbio fosse daquela forma. - Tsukino-ke, ne?
- HAI! - respondeu Usagi alegremente. Brasileiros gostavam de sua comida, lembrava ela a si mesma. - <Meu nome é Tsukino Usagi. Sejam todos bem-vindos à nossa casa!>
- Eu vou esperar por aqui... - disse Edson, num breve intervalo de sua risada e mal conseguindo andar para o Network Vehicle.
- {Hey! Onde você vai?} - perguntou Daniel, agora mais aflito. Edson não era uma daquelas pessoas que deixavam os amigos diante de uma catástrofe... era?
- <Vou esperar no carro.> - respondeu Edson, agora certo de que todos se entenderiam. Ao mesmo tempo, Daniel respondia à sua própria pergunta.
"É. Safado.", concluiu Daniel, vendo o 'amigo' se afastar da área de perigo e desastres.
- Anoo... então vou levá-lo até o hotel. - concluiu Kiriko, segurando perigosamente as chaves do veículo prototipado. - Assine esses papéis para mim, por favor. - pediu a guia, enquanto Usagi tomava a pilha em suas mãos.
- Anoo... alguém tem uma caneta? - perguntou a loira, como se estivesse recebendo um pacote do correio. Não que fosse muito diferente disso, convenhamos...
Daniel 'Tolaris', por outro lado, apenas conseguiu ficar batendo a cabeça no chão. A parede estava perto demais do seu triste destino.***
- ITETETETETETETETETETETETETE! - gritou assustada uma voz.
Ou talvez 'assustada' não seja o mais apropriado para um grito de dor. Contudo, ninguém poderia culpar a manifestação de surpresa presente em sua voz... afinal de contas, quantas pessoas no mundo acordam sentindo trinta agulhas de injeção no braço?
Bem, o caso não era para tanto, mas Ricardo com certeza teria agradecido por alguma anestesia local ao menos. E foi exatamente naquele instante em que pensou na anestesia que ele concluiu que não seria muito recomendável à saúde debater-se daquela forma durante uma injeção.
- Itte... - disse ele, bem baixo. Cerrando seus olhos e evitando que sua cabeça estivesse de frente ao braço dolorido, ele não queria sequer imaginar qual era o estado das suas veias depois daquela sua atuação de 'isso tá DOENDO!' muito brilhante. "Isso me é familiar...", pensou ele.
- Gomen... - disse então uma voz. Apesar de ter sido apenas uma palavra, aquilo era pronunciado de forma bem calma e tranqüila. - Daijoubu?
- Daijoubu... - disse ele, repentinamente se lembrando de um detalhe MUITO interessante.
Ele não sabia japonês.
*blinks*blinks*
- Un. - continuou a voz, pertencente a uma garota. Uma garota?
Repentinamente, Ricardo teve uma estranha e MUITO forte sensação de déjà vu. Aliás, estranha e muito forte MAL chegavam a descrever a confusão que se erguia em sua mente.
- <Você nos assustou, Ricardo.> - disse a voz, mas agora em inglês.
Isso tranqüilizou o brasileiro por alguns instantes. Até ele resolver olhar na direção da voz. Era a MESMA garota dos seus sonhos.
Quer dizer, não que ele TIVESSE realmente prestando TANTA atenção assim, mas que era bem parecida, isso era. Por outro lado, enfermeiraas sempre lhe foram muito parecidas, então ele não deveria estar tão espantado. Certo? Certo.
- <Estou no hospital?> - perguntou ele, sua voz bem fraca. - <O que aconteceu comigo?>
- <A Juuban High School caiu em cima de você.> - respondeu uma terceira voz, porém familiar ao brasileiro descendente de chineses. Ele sorriu quando se virou na direção dela. Mizuno Ami. - <Sem contar que foi pisoteado por quase todo o corpo discente e docente da escola.>
- <Umino também foi pisoteado.> - comentou uma quarta voz. Ricardo não sabia naquele instante se deveria ficar contente ou apavorado como seu primo. Era Kino Makoto. - <Não que o tenhamos encontrado no meio dos destroços.>
- Vou deixá-los a sós. - disse então a enfermeira, piscando levemente um olho na direção de Ricardo. Esse ficou sem entender coisa alguma.
- <Nada mal para um primeiro dia de aula, hein?> - comentou Ricardo, estando a sós com as duas japonesas. - <Onde estão os outros? Comemorando meu funeral?> - perguntou ele.
- Iie. - respondeu Ami, despercebendo o sarcasmo. - <Usagi-chan foi tratar de um assunto na casa dela... mas ela apenas foi quando a ambulância havia chegado.>
- Hai. - confirmou a garota de cabelos castanhos. - <E Minako-chan a acompanhou, para depois ir ao Templo Hikawa e avisar seu primo.>
- <Legal... e o que sobrou de mim?> - perguntou Ricardo, ainda incerto se deveria olhar para seu próprio corpo.
- <Nada grave. Felizmente, não teve nenhum osso quebrado, perfuração ou coisa parecida.> - relatou Ami, fixando seu olhar de modo estranho no brasileiro. Um olhar que apenas Paolla Limy Matsuura havia presenciado até então. Olhar de Médico (tm). - <Mas como perdeu muito sangue, irá ficar em repouso até ficar melhor.>
- <Perdi quantos litros?> - perguntou Ricardo, estranhando a seriedade da voz. - <Estou seco como uma ameixa e por isso que não consigo me mover?>
- <Não, isso é por causa da anestesia que colocaram. Você começou a se debater muito no meio do caminho e os para-médicos tiveram que 'acalmá-lo'. Mas ficou com uma bela cicatriz no seu torso.> - respondeu Ami.
Foi então que Ricardo decidiu olhar para si mesmo. Aquilo não era bom. Se a trilha de sangue que havia nas bandagens revelava o comprimento da cicatriz, ele estava bem certo de uma coisa.
- {Legal... agora Cousin vai dizer que eu só preciso raspar o cabelo para me parecer com o Sagat.} - disse Ricardo, enquanto se posicionava melhor na cama para conversar com as garotas. - {Como se já não bastasse essa cicatriz em forma de lua crescente no dedo.}
- Anoo... <aconteceu alguma coisa?> - perguntou Makoto, curiosa sobre o que o brasileiro parecia estar resmungando.
- Hee-hee. - produziu Ricardo, colocando a mão direita sobre a nuca e sorrindo como um bobo para a garota. - <Coisas entre primos.>
- <Sei...> - disse Makoto, um Olhar Perigoso (tm) lançado na direção do hospitalizado. - <Que coisas?>
- <Bem, como vocês devem ter notado, ele tem uma cicatriz triangular de queimadura na base do polegar esquerdo...> - disse Ricardo, indicando com a palma para baixo, a mesma posição em sua mão. - <... eu tenho essa cicatriz em lua crescente na base do meu indicador.> - comentou Ricardo, mostrando a cicatriz, na mesma mão.
- <Martin te cortou e você queimou ele?> - perguntou Makoto, assombrada com o tipo de tratamento dado a 'primos' no Brasil.
- <Não, não, não...> - disse Ricardo, balançando freneticamente as suas mãos na direção da garota. - <A irmã dele que o queimou e eu me cortei quando descascava uma maçã.>
- <A irmã?> - estranhou Ami, que nem ouvira falar da família do chinês até então. A expressão de espanto de Makoto não era menor.
- <Ele tem irmã?> - perguntou Makoto, agora encontrando uma boa solução para os comportamentos... estranhos de Martin. Bem que ela desconfiava de alguma coisa quando seus fanfics não mencionavam qualquer irmã ou irmão. Apenas primos. Não que alguém ali realmente tivesse, mas...
- <Sim... ele não disse?> - estranhou Ricardo. - <Ele tem duas irmãs, na verdade. Ele é o mais velho dos três e a irmã mais velha está estudando em São Paulo.> - terminou Ricardo, satisfeito que conseguira um diálogo DECENTE com a Gangue da Coelha (tm).
- <Você conseguiu se cortar ao descascar uma maçã?> - estranhou Ami, fazendo Ricardo voltar a um assunto não muito agradável. Pimenta nos olhos dos outros é colírio.
- <Err... mal de família.> - explicou ele, meio incerto de como dizer. E ele não estava completamente errado... afinal de contas, a irmã caçula do Martin havia feito a mesma coisa ao queimá-lo. - <Braços esquerdos repletos de cicatrizes.>
- <Foi daí que Martin passou a escrever fanfics?> - perguntou Makoto, agora voltando ao seu assunto predileto. Motivos para fazer rolinhos primavera de um certo ficwriter.
- <Antes fosse... ele nunca escreveu mal e quando ganhou a conta de Internet da faculdade...> - Ricardo assobiou, como se aquilo marcasse o fim de um Martin e começo de outro. - <... chegou repentinamente com um fanfic ENORME com mais de trezentos kilobytes.>
- <Aquele primeiro fanfic?> - perguntou avidamente Makoto, algo que Ricardo estava passando a não gostar.
- <Err... aquele foi do Ranma. Depois veio de H-kun e então o de Cousin.> - respondeu Ricardo, começando a descobrir o porquê de Martin estar tão apavorado naquele primeiro telefonema internacional. - <Vocês podem diferenciar o que cada um escreve pelo estilo e pelas notas. Mas como é a Tieko quem traduz... sei lá. O mais fácil é perguntar para Cousin, que tem todos os detalhes e discussões.>
- <Sim... eu vou 'perguntar' para ele.> - disse Makoto, que fez Ricardo engolir sua própria saliva.
- <A-hem... o paciente precisa descansar.> - falou Ami, interrompendo o 'interessante' assunto. Ainda que ela também tivesse que perguntar algumas coisas ao brasileiro.
- <Sim... eu estou muito cansado.> - disse Ricardo, enfiando-se debaixo das cobertas. E já descobrindo que não havia sido uma boa coisa a se fazer com um corte gigante no tórax. - Itte...***
E o Destino realmente pregava peças. Murphy talvez fosse seu maior aliado, juntamente com o Deus sádico que havia no universo. Pelo menos, essa era a convicta conclusão que Tieko tivera naquele dia. Principalmente porque ela não esperava encontrar Rei no templo, ou ainda Chris. Ou Maury. Ou ainda um guerreiro defensor e SURDO do templo a bradar uma shinai em sua direção.
Definitivamente, estava sendo um EXCELENTE dia. Não havia pingüins até aquele momento.
- Anoo... o Martin está? - perguntou ela finalmente, notando que faltava pouco para o meio-dia. Hora do almoço para ele.
- Não sei... - respondeu Rei, não tendo visto o ficwriter desde que vira Chris. - Eu cheguei faz pouco tempo. Cancelaram as aulas de hoje devido a alguma confusão.
- Aaww... pensei que tivesse cabulado a aula para me ver. - murmurou brincando Chris.
- Eu ainda acho que você quem fez a confusão. - devolveu Rei, abraçando-o mais uma vez. Forte.
- Devo ser ainda o rapaz mais sortudo deste planeta inteiro. - disse Chris. - Mas onde o Martin está? Quero conhecer o homem por trás dos fanfics.
- Siiiiiim... EU também. - disse Maury, mastigando mais algumas folhas. - MUITO.
- Ele deve estar no quarto dele. - disse Rei, liderando a tropa para o objetivo. - Ou então em alguma loja de informática.
Paolla, no entanto, esperava que não fosse a última hipótese. Da última vez que ELA o acompanhara numa daquelas lojas, ela passou a compreender o porquê de alguns homens terem tanto pavor das mulheres com o mesmo problema de Rei. Vício em compras.
Claro, enquanto Rei mantinha o seu para roupas e sapatos; Martin mantinha um estranho ritual perante a softwares e hardwares. Com um agravante, ele RARAMENTE comprava e gastava quase uma hora inteira em cada loja! E começar a procurá-lo nas lojas não era uma idéia muito agradável. Ainda mais se ele estivesse disposto naquele dia para gastar um pouco da sua sagrada bolsa de estudos.
Aliás, a única coisa que aquilo servia para ele era para visitar as lojas. Paolla, por um momento, esqueceu-se da agitação que a fizera correr até ali, ocupando a sua mente com aquelas pequenas preocupações. Quando percebeu, ela sorriu para si mesma. Era bom deixar de se preocupar com coisas tão... estranhas quanto uma vida passada num mundo que apenas existia na imaginação dos ficwriters do mundo afora. Por outro lado, a chegada de Tolaris também era algo muito estranho.
Paolla estava começando a ter a sensação de que tudo aquilo não estava sendo apenas casual. Havia uma mão, e muito pesada para seu gosto, a controlar o Tempo. Infelizmente, quem fazia ou como era feito ainda permaneciam um enigma para a garota, que preferiu não apressar as respostas em sua própria cabeça.
A brasileira estava certa de que, onde quer que Kyn tivesse se enfiado nas profundezas de sua psiquê, ela viria com a resposta às suas perguntas. Na hora e no lugar certos. "Mas não custava nada adiantar um pouco..." pensou ela, ao mesmo tempo em que Rei acabava de bater à porta do quarto do hóspede brasileiro do templo.
*toc*toc*
- Martin? - chamou Rei, tomando o cuidado para não elevar muito a sua voz. Chris e Maury, por outro lado, pareciam ansiosos. Maury em especial, que mantinha um estranho brilho em seus olhos, assim como segurava uma bola BEM grande de papel mastigado.
Chris, felizmente, não estava com o mesmo comportamento que seu compatriota, mas deixava visível a sua curiosidade. "Seja lá qual ela seja.", pensou Paolla. Mas certamente parecia muito mais interessado no corpo de Rei, abraçando-a por trás desde que começaram a caminhar dentro do templo.
- Martin? - chamou Rei novamente, mostrando à Paolla que o ficwriter não havia respondido ao primeiro chamado.
Um silêncio ergueu-se ali por alguns instantes, até que Rei continuou a chamar o brasileiro. Maury estava ficando cada vez mais desanimado, enquanto Chris parecia indiferente a tudo. Porém, para Paolla, uma estranha e forte sensação de déjà vu estava a se erguer. Entretanto, AGORA ela sabia a razão de todas aquelas sensações, provenientes de Kyn.
Era exatamente a definição de déjà vu, por mais estranha que parecesse. Paolla sabia que o que vivenciava não havia ocorrido, mas havia uma presença dentro de sua memória indicando tudo aquilo como se fosse uma lembrança de um passado que viria a acontecer. Era estranho, mas ela estava começando a se acostumar com aquilo... claro que ela preferia que não tivesse esse 'dom' ou que ele viesse um pouco mais na frente da linha do tempo para evitar a desconfortável sensação de seu estômago se revirando.
"Deve ser parte do treinamento de Kyn." concluiu Paolla, prestando agora atenção aos chamados insistentes de Rei. Claro, paciência tinha limites e se Martin não estava atendendo a todos eles, haveria de ter uma explicação. Por outro lado, ele poderia não estar se sentindo bem. Por estranho que parecesse, ela não havia realmente conversado direito com ele desde o incidente da árvore.
Distante, o brasileiro parecia uma peça fora do tabuleiro de xadrez. No entanto, sempre estivera em um lugar ou outro do campo de visão de qualquer um. Depois de três meses estudando um idioma juntos, ela podia já dizer que Martin não era o tipo de pessoa que se escondia das outras... pelo menos, até onde ela conseguiu perceber. Mas era como o ficwriter gostava muito de dizer: "Quanto mais você pensa que conhece uma pessoa, menos você realmente a conhece."
- Será que aconteceu alguma coisa? - perguntou Rei, preocupação estampada em sua voz.
Chris, por sua vez, desatou seu abraço com Rei, mexendo na maçaneta. Não precisou sequer forçar para observar algo que ele suspeitava.
- A porta está aberta... - disse ele, já observando o interior de seu antigo quarto de intercâmbio. - ... e não tem ninguém aqui.
"Só espero que ele não tenha ido fazer compras..." adicionou Paolla, também notando o porquê da ausência de respostas. Por outro lado, Rei não parecia estar tão tranqüila quanto antes. Estava até... estranha. Chris foi o primeiro a perceber aquilo, logo atando sua mão direita com a dela.
- O que foi? - perguntou ele,. demonstrando preocupação genuína.
- N-nada... - disse Rei, já evidenciando que não estava a dizer o que realmente queria dizer.
- Nada nunca te fez ficar assim. - falou Chris, apertando suavemente as mãos da sacerdotisa. - O que foi?
- Não é nada... é que eu pensei que Yuuichiro ou vovô fossem me avisar caso ele tivesse saído. - explicou Rei, tratando de relaxar um pouco. Durante três meses, Martin nunca havia saído do templo sem avisar alguém e por isso ela estranhara tanto.
- Bem, vai ver ele saiu com a... garota. - disse Maury, piscando maliciosamente seus olhos. - Vingança é um prato TÃO saboroso...
- Nani yo? - perguntou Paolla, não entendendo o que Maury queria dizer com aquilo. Quer dizer, ela ESPERAVA não ter entendido.
- Acho que Mo vai querer descobrir as veias literárias dele. - disse Chris, rindo levemente. - Mas vai levar ANOS até ele terminar uma página inteira. - terminou ele numa gargalhada.
Paolla riu levemente, mas a expressão séria de Rei fez com que todos parassem. Mesmo Chris não arriscou a fazer alguma piada ou ter um de seus acessos únicos de nonsense. A miko caminhou determinada até a janela do quarto, como se algo lá chamasse a sua atenção. Próxima à janela, ela podia ver a árvore de onde Paolla havia sido atacada, assim como várias outras lembranças desagradáveis vinham para sua mente. Aquele quarto tinha muitas histórias para contar...
Porém, quando ela se virou para dar alguma explicação à sua súbita nostalgia ao grupo, Hino Rei encontrou um envelope em tons de creme ao lado da torre do computador de Martin. Curiosa, ela se aproximou do objeto, tomando em suas mãos. Ao lado do envelope havia um pequeno tsuru prateado de origami, um dos passatempos preferidos de Martin. Depois de fanfics, é claro.
- Uma carta? - estranhou Paolla, notando algo... peculiar. - E escrita com o próprio punho dele?
Esse último detalhe era o que mais intrigava Paolla, uma vez que durante TODA aquela estadia no Japão, Martin NUNCA havia escrito uma carta que não tivesse passado pelo Wordpad® antes. Surpresa, ela sabia que aquilo também NÃO era um déjà vu. E tinha a forte sensação de que Martin tampouco havia ido às compras.
- É para a Jennifer? - perguntou Maury, curioso e com seu sorriso malicioso estampado na face. Vingança era realmente um prato doce...
- Iie. - respondeu Rei, tomando a carta novamente. - É para a Paolla.
- E porque ele ia escrever uma carta para ela? - perguntou Chris, desconfiando de que talvez não fosse uma má idéia ajudar Maury na sua vingança particular.
- E com o próprio punho? - adicionou Paolla, curiosa ao tomar a carta.
- O que diz? - perguntou Rei, enquanto Paolla abria o envelope.
- Calma... - disse ela, desdobrando a folha de papel. - Já vou ler.
Dito isso, os olhos de Paolla passaram rapidamente por toda a carta, pouco depois voltando-os ao início da carta. Não era longa e sequer ocupava uma folha inteira. O que surpreendeu Paolla, visto que Martin era também conhecido na Net devido aos seus e-mails gigantescos. Sem contar uma das várias assinaturas digitais dele.Aikawa Tieko-san, a.k.a. Paolla Limy Matsuura
Surpresa com a carta? Creio que sim. Eu, ao menos, estou... já fazem quase três anos que não escrevo uma carta com minha própria letra. Ainda mais uma deste tamanho. Certo, ela não é tão grande... mas o que realmente importa é que estou escrevendo. Ou melhor, enrolando. Deve estar se perguntando agora o porquê de toda essa enrolação e o que diabos devo estar aprontando ao escrever uma carta e sequer estar presente para entregar... ou colocar no correio convencional.
Embora eu goste muito de ser breve em assuntos como o que pretendo discutir, eu creio que levantei com o pé esquerdo hoje. Vamos então à velha técnica MADSiana de "deixe a pessoa tão curiosa que ela comece a gritar". (I'm joking. A carta não poderia ser tão grande mesmo.) De qualquer forma, eu gostaria de agradecer à sua paciência durante todo o seu tempo gasto com a Exodus FanFictions. Sei que não deve ter sido fácil traduzir os textos para o inglês ou mesmo nos aturar com nossos pequenos mistérios.
Por outro lado, estou certo que, embora você tenha tido algumas noites de insônia, tenha tido horas agradabilíssimas ao lado de seu monitor. Ainda assim, eu agradeço. Mas talvez seja todo esse tempo com o coração-mole que tenho que acabamos por nos aproximar demais durante esses três meses de estudo... devo admitir que cheguei a cogitar no que faria caso não sobrevivesse no período que permaneceu na UTI. E que não foi agradável, tenha certeza disso.
Porém, isso serviu para que viesse a refletir melhor sobre o 'carpe diem'. Não, antes que chegue a cogitar, eu não estou escrevendo para dizer que fui dar a volta ao mundo ou coisa parecida. Não tenho dinheiro para tanto, lembra-se? Bem, voltando ao assunto, esse período de reflexão perturbou a minha paz interior e devo dizer que isso não é bom. Pelo menos para mim, você pode pegar o meu novo fanfic com Eiki-san. Uns agradáveis 3.6Mb de fanfic em português. Mesmo MADS-estilo, mesma MADS-formatação.
Happy doom! ^^
Ah! Lamento muito não poder estar aí presente, mas preciso resolver algo antes que MADS aqui se torne ainda mais MADS do que o possível. E garanto que será pior do que alguns megabytes de fanfic. Peço que avise a todos que estou bem e que não estou a cometer uma loucura (apenas um momento para pensar melhor e clarear as idéias). Aliás, pediria que pedisse desculpas à Dra. Mizuno-sensei. Infelizmente, não vou poder participar do jantar de comemoração... mas aproveite em meu lugar.
Ja na, tomodachi !Martin Siu
Ps.: Compre uma caixa de diskettes. Estão em promoção no shopping. ^_~Ao chegar ao final da carta, poucas foram as reações do quarteto presente no quarto de hóspedes, mas muito uniformes. A presença de gotas de suor, assim como expressões de surpresa e um misto de 'o que ele está querendo dizer' foram as principais. Podiam quase pensar que Martin estivesse apenas escondido no armário, apenas para ver a reação deles.
Maury, por pura curiosidade, foi o único a constatar que o dito estava sem ocupantes humanos.[*1] Nota do MADS: Não, ela não subiu numa cerca e começou a correr. Embora seja um meio para evitar obstáculos 'comuns', isto AINDA é um fanfic de Sailor Moon. SM-NDK, mas Sailor Moon. Mesmo porque Saotome me mata se eu colocar mais uma referência a Ranma ½. ^^;;;
Página integrante da Jikan no Senshi Destiny Kishi
Criada em 2001 por X/MADS!