Tempestade de Ilusões
by
Ami Ikari & X/MADS!

Prólogo

 

      A solidão afligia a alma daquele pequeno ser que caminhava nas areias do Saara. Embora ninguém mais estivesse presente naquele clima tão árido e quente, o pequeno ser sequer se importava com isso. No momento, ele marcava com suas pegadas aquela areia branca e fina tão cálida, enquanto procurava pelo elemento vital daquele deserto.
      Como todos sabem, a água é fundamental para a existência. Pode ser ela consumida de qualquer forma naquele ambiente tão cruel. Todavia, o lagarto estava mais atento a um fator único em sua vida. Sobreviver. O deserto podia ser seu lar, mas não o tornava menos perigoso. Para tanto, ele precisava do líquido, precisava de água.
      As areias do Saara, no entanto, são cruéis. Por elas, tempestades de areia já passaram durante mil e uma noites, sendo trespassadas por infinitas histórias. Em qualquer lugar do mundo, a crueldade dos desertos estava presente, cada um com suas histórias. A maioria delas não era uma história de amor ou de romance, mas de tragédias e de aventuras. Todavia, em qual delas não foi mencionado o evento mais comum da vida, a ilusão?
      Quem nunca viu um filme ou leu num livro sobre as miragens do deserto? Sobre as tempestades de areia que devastariam uma cidade inteira? A areia que cobriria o herói e o privaria da luz eternamente? Bem, embora as tempestades fossem cruéis e as miragens sádicas à vida... quem nunca ouviu falar?
      A mídia nunca nos permitira isso, correto? A televisão, os jornais, os rádios... todos informavam tudo para todos. Sem exceção, ou talvez muito raras, nós conhecemos a vida de diversas formas. Já vivemos a vida de um personagem, já vivemos uma vida de aventuras, romance, mistérios... até, quem sabe, morremos.
      Entretanto, como poderemos saber tão bem a dor de uma paixão perdida se jamais tivemos uma? Como podemos sentir as saudades de alguém se jamais nos emocionarmos? Poderia então alguém ter vivido tudo isso, sentido todas as emoções de sua vida... e então compartilhar conosco?
      Partilhar seria maravilhoso, não? Partilhar a dor que nos consome, a alegria que nos alimenta, a felicidade que nos extasia... seria tão maravilhoso compartilhar, não? Afinal, como poderíamos ensinar aos outros se não dissermos o que nos ocorreu? Como poderíamos fazer parte da História se ignorarmos a nossa própria experiência?
      Ainda assim... mesmo que restar a vontade, como poderemos transmitir aos demais? Como fazer realmente que os outros compreendam o que sentimos ou o que imaginamos sentir? Sim... uma tarefa difícil. Uma tarefa para a catarse e a imaginação. Todavia... que seria do nosso mundo se não tivermos um pouco de imaginação? Um pouco de crença na magia? Na verdadeira magia da ilusão?
      Não nos iludiremos por sermos enganados... mas por crermos na magia. Num mundo tão repleto pela informação... qual é o espaço que deixamos para nossas ilusões? Para os nossos sonhos?
      Deixemos então de lado toda a verdade que nos atormenta... e entremos fundo neste mundo tão maravilhoso e perfeito... das ilusões. Entremos confiantes no mundo dos sonhos, para então descobrirmos o que é real... e o que é ainda uma ilusão. Não tentemos ser como o lagarto, a ignorar as dunas de areia e as miragens que encontraremos... deixem a imaginação tomar posse de seu corpo para este novo velho mundo das ilusões.
      Okaerinasai, minna-san.
      Este é o nosso mundo...

***
      No alto das estrelas, onde a imaginação não possui limites para crescer, as ilusões, os sonhos e as esperanças, todas elas residindo numa estrela da sorte. Numa estrela dos desejos. Na primeira estrela a brilhar no céu... o vasto cosmos era completamente ignorado pelo lagarto. Naquele instante, o lagarto não pensava em nada mais além de sobreviver.
      Todavia, aquele não era um lagarto comum. Tampouco era o mágico lagarto de tantos folclores. Mas ele era especial.
      O calor morno das mãos daquela pessoa, embora fosse preenchido mais por solidariedade e amor à natureza que pura maldade, estava a machucá-lo intensamente. As mãos pertenciam a uma outra pessoa especial. Uma pessoa que reconhecia que aquele não era o lugar do pequeno lagarto.
      Este apenas conseguiu observar um turbilhão de cores, enquanto sua visão era obscurecida pelos movimentos rápidos da pessoa. Em poucos instantes, porém, ele encontrou a liberdade. O frio úmido da noite era tudo o que o pequeno lagarto precisava, na verdade um membro anfíbio dos Urodelos, ou um Plethodon jordani jordani, como faria questão de mencionar aquela pessoa. Indo em busca da liberdade, ou talvez em busca de seu longínquo lar, o Plethodon jordani jordani, ou simplesmente uma salamandra negra com cara vermelha, sequer se importaria com aquela pessoa ou seu extenso e pomposo nome científico.
      Todavia, olhos azuis e contentes observaram a fuga espetacular da salamandra da casa japonesa. Pouco depois, um brilho emanou daqueles olhos, ouvindo finalmente o sinal que estivera esperando. Virando-se para um monitor branco de computador, sua mão parecia saber o caminho a ser percorrido quando tocou o mouse, também branco.
      Naquele momento, Mizuno Ami havia desconectado seu modem da Internet. Rapidamente, ela verificou os arquivos que acabara de conseguir da rede. Era certo que havia ainda uma saudade a consumir seu coração, mas as doces palavras de sua paixão haviam sido o suficiente para amenizar a dor de sua ausência. Todavia, todas as vezes em que estava naquele estado emocional tão atípico de uma mercuriana, Ami gostava de se perder nos labirintos da rede.
      Naquele momento, ela havia se deparado com algo muito interessante. Por simples curiosidade, ela havia guardado os arquivos em seu computador, já sabendo que não seria necessário estar gastando pulsos telefônicos para o que ia fazer com os arquivos.
      "Estando off-line terei mais paciência para ler esses textos.", pensou ela, enquanto observava ainda a pasta que ocupava uma generosa porção da memória de seu computador.
      Ao contrário dos costumeiros arquivos sobre informática e ciências, ela havia pego alguns contos de ficção. Porém, esses eram especiais. Nunca, nos seus anos como Sailor Senshi, ela havia imaginado que pessoas em diferentes partes do mundo escreviam histórias baseadas nas notícias divulgadas pela imprensa... principalmente histórias nas quais ela e suas amigas eram as protagonistas.
      Eram chamados de fanfics por seus autores. Ela vira um deles na escola, circulando pelas mãos de seus colegas.
      - Com certeza, as pessoas que escrevem isso não conhecem a dura realidade de ser uma Senshi... - suspirou Ami, abrindo um dos arquivos.
      Era tarde da noite quando a Senshi de Mercúrio começou a ler o primeiro dos textos. E, pelo tamanho deles em bytes, ela levaria mais de um dia para terminar de lê-los. Ela sorriu diante disso...
      Era um excelente desafio para uma mercuriana.

***
      Longe de Tóquio, ou, para ser mais exato, longe do Japão; dois jovens digitavam furiosamente em seus computadores, cada um em sua casa. Obviamente, existiam muitas outras pessoas digitando furiosamente em seus computadores, mas aqueles dois não digitavam com o simples furor de um trabalho. Eles digitavam com um prazer quase inesgotável.... e não, eles não estavam numa sala de chat a discutirem sobre 'aquilo', hentai.
      Eles eram dois ficwriters. Mas o mais curioso era que não eram dois ficwriters quaisquer. Eles eram justamente os autores de alguns dos textos que uma garota de cabelo azul havia acabado de extrair da rede, em Tóquio.
      - Então, Paolla? Como anda o seu trabalho? - perguntou o rapaz, através do programa de chat.
      Novamente, não, eles não estavam a discutir sobre 'aquilo', hentai.
      - Você escreve, eu traduzo... Martin. - foi o que apareceu na tela do computador. Claro, parecia haver um certo prazer macabro dela em usar o nome verdadeiro do rapaz, mas ele não se incomodou muito com isso.
      Antes usar o nome de batismo do que seu nome em chinês... Ele já havia passado algumas... experiências constrangedoras quando colegas de escola o visitavam e a vizinhança estava a utilizar um nome totalmente estranho para os seus ditos colegas. Não que Martin pudesse culpar a vizinhança ou ainda especificar um 'culpado' para tal fato. Entretanto, era-lhe muito melhor que seu lema, 'quanto menos gente souber, melhor', fosse mantido.
      Ou, ele pensou, poderia ser uma espécie de 'vingança' por ele ter usado o nome de batismo dela...
      - Ok. Depois que você terminar de traduzir, eu formato e coloco na rede. - respondeu quase imediatamente o garoto, sem deixar de transparecer a ansiedade em seus dedos.
      - Feito. - foi a resposta do outro lado.
      Logo depois, o garoto sorriu, satisfeito com o progresso da rede e com o andamento da transferência do arquivo compactado. Ele, afinal de contas, não desejava de forma alguma que o arquivo estivesse corrompido do outro lado... ou que alguma fatalidade acontecesse no meio da transferências de bytes. Bem, de qualquer forma, ele ainda tinha suas outras duas cópias, para quaisquer eventualidades. Olhando para sua janela, ele observava algo que era-lhe corriqueiro, mas não menos belo de ser olhado.
      Estava anoitecendo no país onde eles moravam... no extremo oposto do mundo. E a Lua estava esplêndida no seu zênite.

***
      De manhã, quando Mizuno-san abriu a porta do quarto de sua filha, ela espantou-se ao ver que a garota estava sentada em frente ao computador. Parecendo estar lendo freneticamente algo no monitor, sua filha descia a barra de rolagem rapidamente com o mouse. Mais espantada Mizuno-san ficou quando olhou para os olhos de sua filha, que indicavam que ela passara toda a noite acordada naquela tarefa.
      - Ami-chan? Você passou mais uma noite em claro? - perguntou a mãe preocupada de Mizuno Ami.
      - Hã? Ah, ohayo, okaasan... - cumprimentou gentilmente a filha, logo voltando para o texto na sua frente.
      Um tanto temerosa, a médica continuou a olhar para sua própria filha antes de dizer alguma coisa. Todavia, a curiosidade e a proteção maternal foram mais fortes e a impeliram a explicitar sua preocupação.
      - Ami-chan?... Não é mais nenhum problema relacionado com... invasões ou coisas parecidas, é? - perguntou Mizuno-san, temendo que ela estivesse envolvida em mais uma missão suicida. Não, é claro, que ela já estivesse acostumada com o número de aventuras que sua filha já devia ter passado.
      Parecia ainda ser um sonho aquilo... não fazia sequer um mês que tudo aquilo havia ocorrido. Aparentemente, estava tudo calmo desde que o jovem grupo de heróis havia conseguido recuperar o tal objeto mágico. Não que ela acreditasse naquilo... mas não podia duvidar da palavra de sua filha e sequer de uma protetora da cidade.
      Tornando-se uma lenda urbana, Mizuno Ami era, sem dúvidas, um orgulho para a família. Entretanto, isso não parecia diminuir a sua dor ao pensar em todos os perigos que haviam ocorrido quatro anos atrás. Felizmente, tudo havia ocorrido conforme os planos daquele rapaz, o Moon alguma coisa, e não houveram muitas complicações. Certo era que o Templo Hikawa estava em grande atividade para a manutenção depois do que parecia ser uma batalha pela nossa dimensão, como explicara o rapaz. Mas Mizuno-san era sábia ao jamais pensar que tudo havia de acabar numa só noite. Sailor Mercury talvez ainda não tivesse experimentado a sua maior provação.
      E isso era o que mais preocupava a excepcional médica. Ela apenas desejava que não fosse muito doloroso, se isso haveria de ocorrer, como qualquer mãe iria desejar para seus filhos. Sendo única, Ami era seu tesouro mais precioso. Um tesouro que ela jamais poderia permitir perder.
      - Iie, okaasan. Estou só lendo uns textos que peguei na rede. - respondeu a sua garota após uma pequena pausa.
      Sorrindo, Mizuno-san ficou mais tranqüila com aquilo. Ao menos, não era algo tão trágico como imaginava ser. Lembrando então o porquê de estar ali tão cedo numa manhã de domingo, ela olhou uma vez mais para sua filha.
      - Ami-chan? As suas amigas estão lá na sala. - avisou ela gentilmente.
      - Peça para elas subirem, por favor. Quero mostrar isso para elas. - respondeu Ami, sem tirar os olhos do monitor.
      Ainda sorrindo, a médica diagnosticava que era apenas o mal do mundo moderno que afligia a sua filha. Logo, não se incomodou muito e atendeu ao pedido de sua filha. Alguns minutos depois, Usagi, Minako, Makoto e Rei estavam no quarto de Ami, reunidas em volta do computador.
      - Você quer dizer que... - começou Minako, franzindo a sua testa como as demais estavam naquele instante. Quer dizer, exceto Usagi que estava a ler um mangá da Sailor V... de novo.
      - ... essas pessoas... - continuou Makoto.
      - ... escrevem histórias sobre NÓS? - concluiu Rei.
      - Hai. - respondeu Ami, abrindo um programa. - Vejam. Eu consegui pegar esses textos em Inglês. Ainda encontrei textos em outras línguas, como Francês, Alemão, Português... A minha sorte foi que o site de onde peguei estes cinco textos aqui, - continuou Ami, apontando alguns ícones na tela. - tem versões em duas línguas. Foi feito por um grupo de brasileiros. Aparentemente, enquanto alguns escrevem, os outros traduzem para o Inglês quase simultaneamente, as datas de término das versões coincidem.
      - E você ficou lendo isso a noite inteira, ne, Ami-chan? - falou Minako, vendo as olheiras no rosto da amiga.
      - Fiquei... - respondeu apenas a guerreira de Mercúrio, sem esconder um sorriso de satisfação. - Sabem que os textos são bons?
      - Quem escreveu? - perguntou Usagi, aparentemente PRESTANDO ATENÇÃO. Claro, um porco voou em Tóquio, a neve estava um pouco quente na Sibéria, uma vaca holandesa tossiu e o Saara teve uma brusca queda de temperatura naquele instante. - Você sabe os nomes deles?
      - Só tenho os nicknames deles. - disse Ami, agora franzindo a testa ao observar os nomes. - Engraçado, a maioria são nomes japoneses... H-kun, Ranma e... MADS. A tradução foi feita por uma menina, Tieko.
      - Devem gostar muito da nossa cultura, Ami-chan. - riu Rei, cruzando os braços diante daquilo. "Ecchi-kun? Que tipo de pessoa se auto-denominaria publicamente ser ecchi?"
      - E devem acompanhar muito bem os noticiários. - acrescentou Makoto, lendo um trecho no monitor com um dedo a acompanhar o seu olhar. - Vejam os nomes dos personagens. Epa! Aqui eu estou fazendo... O QUÊ???
      Ami, Minako, Usagi e Rei não conseguiram agüentar de rir quando leram a descrição da cena protagonizada por Makoto e Maury. Lógico, também não puderam deixar de rir da coloração um tanto... vermelha demais que o rosto de Makoto adquiriu. (whoopywhoopy(tm)? ^_-)

***
      Paolla suspirou de alívio quando recebeu o último arquivo de seu amigo. Provavelmente, aquele seria o último fic a ser traduzido nos próximos meses. Isso se ELES não inventassem de escrever alguma outra coisa.
      "O grande problema de traduzir sozinha é que sempre fico com dúvidas se escrevi corretamente... bom, mãos à obra. Hora de terminar este fic."
      Ela sempre tomava conhecimento do assunto do fic quando o estava traduzindo, em outras palavras, apenas de última hora. Martin e seus amigos raramente davam dicas sobre o andamento das histórias e as enviavam capítulo a capítulo, o que a deixava ansiosa para continuar lendo. E eles SEMPRE seguravam o capítulo seguinte até que ela enviasse o anterior traduzido para o Inglês. Em outras palavras, até o último segundo da leitura DELES sobre o traduzido, o que a fazia esperar ainda mais.
      "Deve ser uma forma de garantir que vou entregar os textos na data certa." pensava ela.
      De certa forma, parecia que não haviam pistas sobre a possibilidade de estar enganada. Ela quase ficou uma noite inteira de insônia só para esperar que o próximo fosse enviado. Embora o seu trabalho de tradução fosse penoso, ela jamais dera queixas sobre aquilo. Afinal de contas, eles SABIAM como mantê-la diante do monitor.
      - Tenho até amanhã para entregar este capítulo. Depois tenho que arrumar as minhas malas. - falou Paolla para si mesma, colocando os óculos, preparando os fones de ouvido para ouvir algumas músicas e iniciando a digitação. - Não vou perder esta viagem para o Japão por nada neste mundo!

***
      No mesmo país, mas em outra cidade, um rapaz suspirava de alívio quando recebeu a resposta de Paolla, dizendo que havia recebido o arquivo em perfeito estado. Havia sido o último (por enquanto) capítulo de toda uma saga de aventuras envolvendo as lendárias Sailor Senshi.
      "YES! Agora só falta esperar que ela envie a versão em inglês. Enquanto isso, já vou colocar o texto em português na rede."
      Com determinação em seus olhos, ele já começava o processo de transferências de arquivos, já sabendo que a Paolla não daria sequer uma resposta até terminar de traduzir. Não, é claro, que ele não ficasse ansioso em ler a versão traduzida. Como se estivesse ligado na máquina, ele acionou um outro programa e começou a enviar mensagens para o restante do grupo. Era uma boa notícia, afinal de contas.
      Saotome, pensou ele, deve ser o primeiro a responder.
      Pensado e feito, ali estava a resposta. Aparentemente, ele próprio era o mais entusiasmado, seguido por Henrique e Hélio. Repentinamente, uma segunda mensagem apareceu na tela do monitor, seus olhos negros captaram de imediato o remetente, logo reconhecendo o endereço.
      - Ei, Martin! Você não vai arrumar as suas malas? - foi a pergunta que viera pelo programa.
      - Malas? YaY! Estava me esquecendo disso! - respondeu o garoto, falando pelo microfone do computador.
      - ESQUECENDO?! Você vai embarcar DEPOIS DE AMANHÃ para o Japão e estava ESQUECENDO de arrumar as malas?! - exclamou o rapaz do outro lado, deixando que Martin ouvisse o típico som de 'alguém caindo sentado na cama'.
      - Isso porque foi o HENRIQUE quem escreveu o último capítulo! - riu uma segunda voz masculina, ao mesmo tempo que uma outra janela aparecia. Enfim, já estavam todos juntos. Virtualmente, é claro.
      - Anoo... as minhas malas já estão quase prontas. - respondeu o garoto acusado, olhando para uma mala e uma valise. - Só tirei alguns itens 'indispensáveis' nesses quatro dias aqui na casa de Cousin.
      - Você vai acabar pagando excesso de bagagem no aeroporto. - riu Henrique, já sabendo de antemão o quanto deveriam estar 'cheias' aquelas 'pesadas malas'.
      - Depois sou eu o sarcástico... - murmurou Martin com os olhos semi-cerrados na direção do monitor e, conseqüentemente, para a câmera de vídeo digital. Por final, ele digitou os últimos comandos do FTP. - All set! We just need to wait now...
      - Que horas é o seu vôo? - perguntou então Hélio.
      - Oito horas da manhã. - respondeu Martin, um pouco mais animado.
      - Queria estar no seu lugar, cara.
      - I know that, pal... I DO know that... - sorriu Martin, girando a cadeira da escrivaninha, como fazia todas as vezes em que entrava em seu humor "Tonight I'll conquer the WORLD, Pinky!" não muito raro.
      Com um sorriso maléfico e cínico, Martin encostou-se melhor na cadeira, suspirou e fixou o olhar no monitor, embora sua visão estivesse no infinito. Sua expressão mudou lentamente do sorriso para a seriedade. Ele ainda se lembrava de COMO havia conseguido a viagem para o Japão; aquela frase dificilmente seria apagada de sua memória tão cedo. Havia sido como estar dentro de um sonho.
      '... bolsa aceita para a University of Tokyo...'
      A frase repetia-se como a tentar certificar o ficwriter. Ele iria para o Japão. A lembrança era-lhe inevitável e aos poucos as imagens de dias atrás começavam a se formar em sua mente. Fechando os olhos para observar melhor os detalhes que lembrava, ele surpreendeu-se com o que conseguia. Seus olhos orientais haviam tomado novamente a carta em alvo, como para ter uma última certeza do que lia.
      '... bolsa aceita para a University of Tokyo...'
      Ele iria para o Japão.
      Ele iria para o Japão?
      - Deuses... eu vou para o Japão? - perguntou o garoto, embora a sala estivesse vazia. Seus olhos negros pareciam não conseguir escapar do fascínio da carta eletrônica, como se procurassem por alguma falha ou traços de algum tipo de brincadeira. De qualquer forma, ele nada encontrou, embora estivesse muito surpreso.
      Claro, ele ficou AINDA mais surpreso com o que descobrira com o decorrer do dia. Martin ainda torcia os lábios numa careta, como se não gostasse de alguma coisa. E certamente não gostava. Aquela explicação da USP não havia sido muito convincente, com toda certeza.
      Seus dedos começaram a bater ritmicamente na mesa do computador, evidenciando seu nervosismo e sua ansiedade. E a voz de Adriana voltou mais uma vez à sua memória, enquanto tentava ENTENDER o que estava acontecendo.

***
      - Ah, sim! - exclamou Adriana, logo se recordando de alguma coisa distante em sua memória. - Você teve sorte. Escolheram alguns universitários aleatoriamente para irem ao Japão.
      - ... como assim? Para quê?
      - Parece que vão iniciar um curso de computação por lá, algo internacional. Vai ser uma classe de uns sessenta alunos e eles resolveram escolher uns trinta estudantes de fora para avaliar bem o curso.
      - Isso é novidade... - disse o garoto, franzindo a testa. - Quer dizer, era lógico para ele que, se fossem testar alguma coisa, fossem testar com o material disponível, não?
      - Bem, de qualquer forma, sua bolsa será transferida para lá, na moeda equivalente. Ah! E você também irá receber uma bolsa da universidade de lá, para o pagamento das despesas que tiver por lá.
      - Oh... e... você saberia quem mais estaria lá?
      - Infelizmente não tenho a lista... mas o objetivo é que os alunos conheçam uns aos outros. Sabe, algo tipo 'reunião internacional'. Como aquele projeto de intercâmbio de Israel que...
      - A USP promove entre os melhores estudantes. É... eu tive a sorte de estar no meio disso, quando entrei. Mas tinha três fases de testes naquilo. O vestibular, um teste de inglês e uma entrevista. Para selecionar três alunos da universidade.
      - Exato. - concluiu com um sorriso a secretária. - Bem, isso quer dizer que não vai precisar de tantos detalhes, ne?
      - Não sei... - disse incerto o garoto. - Mas estou surpreso que não tenha tido testes ou coisa parecida... quero dizer, EU não tenho muita sorte e sequer poderiam enviar alguém que não soubesse no mínimo o inglês...
      - Bem, não tenho muita certeza, mas parece que eles aproveitaram aquela lista dos três melhores colocados de cada curso...
      - Mas não acho que tenha sido algo especialmente para a USP. E as outras faculdades? Não iriam também participar?
      - Acho que sim... de qualquer forma, você não precisa se preocupar muito com o que vai acontecer lá. Vai estar no nosso equivalente e, de acordo com as notas, receberá dois diplomas.
      - Geez... e se algum escolhido não quiser participar? Quero dizer, eu quero ir, mas e os outros?
      - Hmm... parece que teriam que apresentar algo que os impedisse disso... sei lá. Mas não se preocupe, já foi tudo arranjado. A USP já providenciou os documentos para a viagem e todo o resto. A burocracia já está sendo resolvida.
      - Hmm... certo... e quanto ao dia de partida, folhetos, documentos?...
      - Já estão sendo enviados para você pelo correio convencional e devem chegar em alguns dias. Mandamos o e-mail para que soubesse antecipadamente.
      - Certo... obrigado, Adriana.
      - De nada. Ah! Se tiver alguma dúvida, é só vir para cá.
      - Obrigado. - respondeu o garoto, já saindo da seção. E com mais dúvidas do que quando entrara. Aquilo estava mais parecendo um recrutamento do que um convite. 'Apresentar algo que os impedisse'? Geez... certamente, tinha algo estranho.
      De qualquer forma, ele devia ir. Se a bolsa ia ser transferida para lá, o que ele não fazia a menor idéia de como ia acontecer, uma vez que a bolsa já havia expirado naquele mês e ainda nem fizera o pedido para a FAPESP, ele ia junto com ela. Ele devia, com certeza, ir. Traçando então um rumo, ele começou a andar na direção do Laboratório de Inteligência Computacional. Suspirando, ele lembrava a si mesmo que ainda tinha que fazer o relatório para o CNPq e que ainda tinha alguns detalhes a acertar no programa. O tempo estava acabando e muita coisa estava acontecendo...

***
      Seus dedos digitavam furiosamente o texto na segunda janela aberta no Word. Mais e mais vezes ela amaldiçoava Martin por escrever em uma fonte pequena daquele jeito... Courier New, tamanho 9. E o texto ainda ficava com quase cinqüenta páginas, na visão mais otimista de um fic de NDK.
      "Ok. Modificar fonte para Comic Sans MS, tamanho 11..." Para se arrepender em seguida, vendo a paginação duplicar. "Você venceu, retornando para Courier New..."
      Mas esse não era o maior dos problemas daquela brasileira sob o nome de Paolla Matsuura. Tudo bem, a viagem de intercâmbio havia sido um presente de sua mãe, pela aprovação na Unicamp; o mais intrigante era COMO ela permitira essa loucura?! Era o PRIMEIRO ano de faculdade, ela não podia simplesmente TRANCAR a matrícula, era o equivalente a dizer 'não, obrigada, não quero a vaga' e dar adeus a todo o ano de estudos que passara.
      O incrível era que ela havia conseguido. Não o trancamento da matrícula, mas uma transferência para a Universidade de Tóquio.
      - Eu vou estudar o primeiro ano de Medicina em TÓQUIO? Putz, como foi que conseguiram isso...? - ela perguntara para sua mãe, quando recebera a súbita notícia.
      - Paolla, não era o que você sempre quis? Ir para o Japão? Conhecer Tóquio, Osaka, comprar mangás e fitas de animes, aqueles bonequinhos que juntam pó no quarto...?
      - SIM, mas para PASSEIO! Eu não sei falar japonês! - retrucou Paolla, vendo um estranho sorriso cínico de sua mãe quando ela pronunciou lentamente 'aqueles bonequinhos que juntam pó no quarto'. - Mas... já que está tudo pronto... quem sou eu para recusar?
      "Só que eu não sou besta. Amanhã mesmo eu vou na CCG para descobrir que história é essa de transferência para Tóquio..."

***
      Unicamp. Aquela sempre havia sido a universidade dos seus sonhos. Desde pequena, ela alimentou o sonho de estudar no local onde sua mãe lecionava... seguir os seus passos, ser a melhor. Evidentemente, isso tinha o seu preço; no que ela considerava persistência, seus colegas enxergavam arrogância, custando-lhe o afastamento involuntário e inconsciente de muitas (possíveis) amizades.
      Mas agora tudo parecia estar diferente. A 'abóbora' era agora uma 'carruagem' para a 'Cinderela' que colocava seus pés dentro dela. Nada mais de solidão, de afastamento, de ISOLAMENTO. Ela finalmente seria parte de uma turma... embora sentisse falta dos amigos do colegial. Os primeiros VERDADEIROS amigos que havia feito em toda a sua vida. "Bola prá frente... sempre andei sozinha. Nunca dependi de ninguém."
      Com esse pensamento, ela caminhou até a Comissão Central de Graduação para tentar ENTENDER o que estava acontecendo com a sua vida. Afinal, ela não havia sido a primeira colocada no vestibular daquele ano... muito pelo contrário. Aquela não era a melhor prova de toda a sua vida.
      - Com licença? - perguntou Paolla, com uma voz que muitos pensariam ser uma ordem. - Eu gostaria de falar com a Professora Angélica Zeferino.
      - Só um momento, vou ver se ela está livre. - respondeu a secretária, deixando uma estranha sensação de 'vácuo' na estudante. - Pode entrar.
      Nunca em sua vida ela havia se sentido tão perdida. A caloura entrou timidamente na sala da coordenadora do curso de Medicina e, tomando fôlego para procurar coragem no fundo de sua alma, começou:
      - Professora, eu recebi uma informação de que a minha matrícula foi transferida para a Universidade de Tóquio...
      - Qual o seu nome?
      - Paolla Limy Matsuura.
      - Ah, sim. - continuou a professora, pegando alguns papéis. - O caso é o seguinte... a CORI selecionou alguns alunos ingressantes para estudar no exterior. O seu RA foi um dos selecionados.
      - Mas... isso não irá prejudicar o meu desempenho depois que eu voltar? - perguntou a nova estudante universitária, franzindo a testa.
      - Não, a equivalência de estudos é a mesma. Agora... é só isso que eu sei. A CORI só pediu que eu autorizasse a sua transferência e isso já foi feito. Você terá que ir para lá.
      - Tudo bem, obrigada, professora... - gaguejou Paolla, ensaiando uma saída. - Só mais uma coisinha...
      - Pode falar.
      - Onde é a CORI?
      Uma pequena gota apareceu na cabeça da coordenadora, enquanto ela pegava um mapa da Unicamp e mostrava o caminho que a aluna teria que fazer.

***
      CORI. Coordenadoria de Relações Institucionais e Internacionais. A famosa responsável pelas atividades de cooperação internacional, visando a maior integração do Brasil com o mundo em termos de pesquisa e ensino.
      "Ok, cheguei. Vejamos qual a explicação deles..."
      - Com licença? Eu gostaria de falar com o responsável pelo Intercâmbio Internacional de alunos.
      - Só um momento.
      Ela já estava se acostumando com o 'só um momento' que ouvia na faculdade. Isso porque as aulas mal haviam começado...
      - Pode entrar. Primeira porta à direita.
      Mais um corredor. De vez em quando, ela ficava se perguntando quantos corredores existiriam em toda aquela universidade... isso sem contar a distância entre um instituto e outro. Sem dúvida nenhuma, a Unicamp havia se tornado um lugar muito perigoso para se andar depois que sua mãe lhe entregara as chaves do carro e a deixara ir sozinha para a Unicamp. Mal sabia estacionar o carro direito.
      - Boa tarde.
      - Boa tarde. Sente-se.
      - Obrigada. Eu recebi um aviso de que a minha matrícula foi transferida para a Universidade de Tóquio...
      - Ah, sim. Você é uma das sortudas de 1995... seu nome?
      - Paolla Limy Matsuura. "Daqui a pouco eu penduro a minha carteirinha no meu pescoço..."
      - Aqui está. - falou a mulher, pegando uma pasta. - A sua passagem já foi paga pela sua mãe... os documentos estão todos em ordem, tiramos cópias dos que você entregou na matrícula. Só preciso do seu passaporte para conseguir o visto.
      "Por que será que algo me dizia para trazer o passaporte?" pensou Paolla, tirando um documento verde de dentro da bolsa. "Foto miserável e intragável..."
      - E... a equivalência de estudos? - indagou Paolla. - Eu não entendo quase nada de japonês.
      - Quanto a isso, não se preocupe. As aulas na Universidade de Tóquio começam daqui a três meses. Durante esse período, você estará matriculada em uma escola para aprender a língua local.
      "E os costumes, como comer peixe cru e fugir de batalhas, ela esqueceu de dizer." pensou Paolla, sorrindo internamente.
      - Peraí. Você disse daqui a três meses? E quando que eu embarco?!
      - Daqui a quatro dias. A sua mãe não lhe disse?
      - Ai meu Deus! Quatro dias para preparar tudo?! - exclamou a desesperada caloura ou, como outros poderiam dizer, 'bixete', olhando no relógio. "Kami-sama, uma e quarenta... tenho vinte minutos para chegar no Instituto de Biologia." - Muito obrigada pelas informações. Tchau!
      - Ei! Não se esqueça de vir pegar a sua passagem aqui amanhã! - gritou a atendente, enquanto a caloura sumia em direção ao seu carro adequadamente mal estacionado.
      - Não se preocupe, amanhã eu voltoooo...!
      O ruído de pneus cantando pôde ser escutado por metade da Unicamp. E o cheiro de borracha queimada também foi característico daquele dia. Não, o barulho de lataria amassando NÃO ressoou pelo campus.

***
      A primeira lição que ela havia aprendido desde pequena era a de nunca contestar sua mãe. E não seria desta vez que ela faria isso. Se sua mãe dissera que aceitava a viagem ao Japão e até já havia PAGO A PASSAGEM de avião, ela IA PRO JAPÃO. Simples. Ponto final.
      O mais interessante era como a burocracia havia sido vencida em tão pouco tempo... e como as universidades brasileiras estavam integradas. No mesmo dia em que enviara um e-mail para Martin avisando que iria para o Japão, ele respondera que também estava de partida para Tóquio. Coincidências interessantes... a vida prega cada peça nas pessoas...
      Saindo do escritório e deixando o computador no descanso de tela por alguns instantes, Paolla foi para o seu quarto e olhou sobre a cama. As malas estavam quase prontas, faltavam somente alguns detalhes, o que toda 'mulher' recém-saída da adolescência levaria... como um bloco de desenho e seu estojo, com suas canetas preferidas.
      Interessante. Ela estava levando canetas japonesas...

***
      Dois dias depois, mais precisamente às nove horas da manhã, no horário japonês, um pequeno tumulto começou a chamar a atenção no Templo Hikawa. Uma garota de cabelos pretos e longos, vestida com um kimono, perseguia um senhor de idade e um rapaz, ambos vestindo kimonos.
      - Ojii-chan! Yuuichiro! É a TERCEIRA vez que isso acontece!!! - gritava a garota, quase a rosnar na direção dos dois representantes do agora sexo frágil.
      - Calma, Rei-chan, calmaaaa! - gritava Yuuichiro, desviando dos golpes de vassoura dados por Hino Rei. - Temos culpa se os alunos de intercâmbio gostam de ficar em templos shinto? - perguntou ele, tentando convencer a garota ao sorrir com uma imensa gota de suor em sua testa.
      - E o senhor, ojii-chan, o que tem a dizer?! - gritou Rei, dando outro golpe de vassoura em Yuuichiro.
      - Desta vez será mais calmo, Rei-chan, é só um garoto! - disse alegre o avô de Rei, também desviando de uma vassourada.
      - Um GAROTO?! De novo?! E de onde, desta vez? - perguntou a explosiva garota, sem também esquecer do que havia acontecido na primeira vez. Claro, o fato de uma CERTA pessoa estar no Canadá apenas aumentou/piorou seu temperamento, principalmente depois do... 'Evento', como havia sido chamada a tragédia ocorrida.
      - Do Brasil... - respondeu ele fracamente e já se preparando para correr. Ou melhor, para evitar estar no caminho de uma miko furiosa.
      "Kuso... o que será que o Japão tem que atrai tantos estudantes brasileiros e canadenses?" perguntou-se Rei, enquanto tomava um pouco mais de fôlego e paciência. Ela devia fazer isso por ele.
      - E quando que ele chega? - perguntou ela, aparentemente não muito conformada com a situação. - Já que vocês JÁ arrumaram tudo, preciso estar preparada para quando ele chegar.
      - Hoje... - sussurrou Yuuichiro, rastejando para longe do alcance da vassoura de Rei. E, possivelmente, do templo de sua deusa.
      - NANI?! - gritou Rei, correndo novamente.

***
      Ami engasgou com um pedaço de sanduíche quando ouviu o que sua mãe acabara de lhe dizer. Não que fosse algo como o macaco de três cabeças, mas era estranha a situação. Quer dizer, não era como se aquilo acontecesse todos os dias...
      - *cof*cof* Uma estudante de intercâmbio? Em casa?
      - Hai, Ami-chan. Achei que seria interessante receber uma aluna estrangeira em casa. - respondeu a sra. Mizuno, sentando-se à mesa. - Foi a escola Juuban que pediu que ela ficasse aqui. Eles sabem que você é fluente em Inglês, o que facilita a comunicação com ela...
      - Não sabe japonês?
      - Sabe muito pouco. - respondeu sucintamente a mãe de Ami.
      Ami tomou mais um gole de chá e levantou-se, um pouco mais calma.
      - Quando que ela chega?
      - Hoje à tarde, Ami-chan. A guia da central de intercâmbios virá trazê-la para cá. - respondeu a sra. Mizuno, ao ver a filha saindo de casa. - Voltará à tempo para recebê-la?
      - Hai! "Hora de ir ao Templo Hikawa..."

***
      Algumas horas depois, estavam quase todos reunidos no templo Hikawa. Mais precisamente, todos se resumia a Usagi, Mamoru, Minako, Makoto, Akai, Luna, Artemis e Kaya, que olhavam fixamente para Rei e Ami, esperando que elas dissessem alguma coisa.
      - Temos mais estrangeiros chegando. - falou Rei, quebrando o silêncio.
      - De novo? Intercâmbio? - perguntou Mamoru, com um estranho e péssimo pressentimento. - Só espero que desta vez eles não tragam encrenca...
      - Encrenca? - riu Akai. - Por quê?
      - Bom, os últimos que estiveram aqui não tiveram uma estadia muito tranqüila e pacífica... - respondeu Minako, sem ainda esquecer do OUTRO estudante de intercâmbio. - Você ainda se lembra do Chris e do Maury, não lembra? - perguntou ela, sentindo uma pequena tristeza preencher seu coração, mesmo que por um instante. Lembranças amargas de dois anos atrás.
      - Ih. Quando que eles chegam?
      - Hoje à tarde. - falou Ami, já esperando que fosse a mesma agência de intercâmbio. Bem, intuição e Lei de Murphy estavam começando a serem assimiladas por ela naquele instante. - A guia da central de intercâmbio irá levá-los para as respectivas casas... uma delas é a minha.
      - E o que sabemos desses visitantes? - perguntou Usagi, curiosa e... curiosamente, PRESTANDO ATENÇÃO! Claro, uma equipe de porcos voadores foi vista em Tóquio naqueles dias. Sem dúvida, esses três dias haviam sido os mais esquisitos em toda a história mundial.
      - Só que desta vez é um casal. - informou a Senshi de Mercúrio, tendo consultado a agência previamente. Hmm... acreditariam se eu dissesse que Murphy estava na agência? - O rapaz vai ficar aqui no templo de Rei-chan e a menina vai para a minha casa.
      "Coitado", pensou Mamoru, lembrando-se do avô de Rei. "Espero que ele goste de artes marciais, senão..."
      - Espero que sejam pessoas NORMAIS desta vez. - suspirou Makoto, sem deixar de ver mentalmente a imagem de Maury... e de LD. - Luna, Kaya, Artemis... tem MAIS ALGUM TIPO DE SELENITA, KALYRIANO OU HÍBRIDO que não tenha aparecido ainda?
      - Que a gente saiba, NÃO. - responderam juntos os guardiões. Em uníssono. (^_^) Claro, Lockheed apenas apresentou uma placa estranha.
      - Whew... - foi a resposta dos demais.
      Claro, sequer havia passado a hipótese de supra-youmas, youmas, bakemonos, generais do Reino Negro, antigos inimigos da Rainha Serenity, etc, etc, etc... e dragões, para os mais exigentes. (^_-)


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