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Eles também adooooram um barraco Rio, 19 de julho de 2004 Coube a Mestre Carlos Alberto Teixeira, ao enviar um email para sua Golden List semana passada, chamar a atenção para um artigo de David Hornik no Venture Blog
Mas o bacana da conversa toda é que Hornik, assistindo aos keynotes, percebeu que o mundo dos bits e bytes está envolvido por uma espessa camada de ódio que liga umbilicalmente seus principais atores. E nada de timidez ou recalques em relação a isso: eles não se furtaram a falar mal uns dos outros ao longo do evento. Para entrar na alta voltagem de um show com esses pesos pesados da indústria da tecnologia, traduzimos aqui os principais momentos (alguns hilariantes) do texto de Hornik, que, pelo jeito, é capaz de morrer envenenado se engolir a própria saliva. Veja, por exemplo, este trecho: "(...) À medida que todo mundo esbanjava charme, por outro lado, diferentemente da conferência do ano passado, eles também mostravam suas garras. Charme é bom, mas a diversão acontece mesmo na hora das brigas. Quando um dos apresentadores perguntou a Kevin Rollins, da Dell, qual seria a sua reação a um ataque de Carly Fiorina (da HP) à empresa, ele retrucou: "- Não acho que queremos rolar na lama diante da platéia... "- Sim, nós queremos - foi a resposta." Enfim: os apresentadores encorajaram os palestrantes a tirar as luvas de pelica. E estes o fizeram no melhor estilo barraqueiro. Sem dó. É o que se chama de briga de cachorro grande Bom, para resumir a conversa, eis aqui uma lista de quem adoraria dar umas tamancadas em quem, sempre de acordo com o artigo do David Hornik. Vale lembrar que não é só fofoca (ora, ora), mas também um jeitão curioso de mostrar como funciona a luta pelo mercado mundial de tecnologia.
Larry Ellison odeia (sim, vocês adivinharam) Bill Gates: E como! Ellison (Chefe Supremo da Oracle) estava num daqueles momentos "Bill Gates é o Demônio". A briguinha particular vem de séculos e, naturalmente, ele mal pôde se conter. Afinal, naquela mesma manhã o "Wall Street Journal" reportava que a Microsoft estava em conversações para adquirir a SAP. E o que poderia deixar Ellison mais maluco de raiva do que a Microsoft falando em comprar a SAP? Só um anúncio na imprensa de que isso iria acontecer. Ellison disse que seria totalmente ridículo alguém pensar que a empresa de software número um do mundo podia comprar a empresa de software número três e não ter preocupações antitruste. Ellison afirmou também que a única punição que a Microsoft teve por ser considerada culpada por infringir a lei e agir como um monopólio predatório foram uns poucos editoriais pesados no "New York Times". E especulou que a punição para a fusão MS-SAP acabaria sendo um editorial pesado no "Wall Street Journal". De qualquer ponto de vista, parece que Ellison de fato odeia Gates. Ele não estava brincando. Fez o ódio de Carly Fiorina pela Dell parecer um amor inocente. Os outros executivos deveriam tomar lições de ódio com Larry. Foi algo para se contemplar.
Bill Gates X Google: Durante a tal conferência na Califórnia, até que Gates estava comportado. Tentou bravamente não falar mal de ninguém, mas não conseguiu segurar a língua quando um dos apresentadores falou do mais recente queridinho da mídia, o tudo-de-bom Google. Gates comentou sarcasticamente: - Comprem suas ações, qualquer que seja o preço. Assim, parece que era sério. Não era. Ele estava desdenhando mesmo. Afinal, o dono da Microsoft já argumentou no passado que o Google nada mais é que uma marca glorificada sem qualquer vantagem técnica. Além disso, menosprezou sua posição no mercado. Pena, não pudemos ouvir quem o Google odeia, pois Eric Schmidt estava na conferência apenas como observador e foi visto usando uma camiseta com os dizeres "período de quietude" na frente e "não posso responder a perguntas", na parte de trás.) >
Steve Jobs X HP, Dell, Gateway, etc: Taí um sujeito irritadinho. Quando Jobs foi perguntado por que a Apple abriu suas próprias lojas, sua resposta incluiu um soco verbal no pessoal da dobradinha Windows & PC. Ele disse que era fácil para o varejo vender PCs com Windows porque "todos os nossos concorrentes vendem o mesmo produto". Na cabeça de Jobs, os micros de HP, Dell & Cia. são todos a mesma máquina construída nas mesmas fábricas com as mesmas especificações... Em sua defesa, Kevin Rollins, da Dell, disse que a empresa tem suas próprias fábricas na Ásia, de modo que suas máquinas não seriam feitas nas mesmas fábricas, mas Jobs não acharia tal argumento convincente. Jobs disse que a Apple abriu suas lojas para que o pessoal que vende suas máquinas fosse mais bem treinado e preparado para explicar a diferença entre os Macs e os PCs genéricos.
Carly Fiorina atira na Dell e na IBM. E tem peninha da Sun: Número um da HP, Carly Fiorina (a mulher mais poderosa do Universo, depois da Rosinha Garotinho) já entrou no palco com o swing de um boxeador no ringue. Seu primeiro alvo foi a Dell. Ela disse que a HP era sinônimo de inovação e, contrastando com isso, a Dell era apenas uma distribuidora de produtos alheios. Segundo Fiorina, a Dell "acha que a inovação não importa". Disse ainda que o mantra da HP era "alta tecnologia, baixo custo e melhor experiência para o cliente", enquanto o da Dell era "baixa tecnologia, baixo custo" e o da IBM era "alta tecnologia, alto custo". Só de tira-gosto, ela ainda atirou na Sun: - Muitos clientes acreditam que a viabilidade da Sun está em questão. Eu acho que eles estão certos em se preocupar com isso.
Kevin Rollins X HP: Talvez Rollins (leia-se: Dell Computers) tivesse deixado a coisa quieta se não tivesse sido provocado pelo apresentador - afinal, depois disso, o que ele podia fazer? Teve de deixar claro o que pensava da HP. Rollins afirmou que, enquanto Carly Fiorina estava afundando um bocado de dinheiro em sua "inovação", ele estava atrás dos lucros. Disse que que a HP usa seus PCs e impressoras campeões em perdas para alavancar seu verdadeiro negócio, a venda de tinta. Cá entre nós: estará ele tão longe da verdade? Nem tanto, né? O problema é que poucos costumam falar isso abertamente... Rollins disse que a Dell vende micros e impressoras lucrativamente, por isso foi sopa entrar depois no negócio de tinta. O apresentador aproveitou para perguntar o que ele achava de outros concorrentes. Eis um resumo da resposta: 1) IBM: empresa de software e serviços, não mais uma empresa de hardware legítima; 2) Sony: perdendo mercado por se centrar em designs proprietários em vez de usar interfaces padrão 3) Gateway: não mais um concorrente de fato 4) Apple: legal, mas operando num nicho muito pequeno. E por aí foram as respostas, misturando alfinetadas e puxadas de tapete. Belo estudo de sociologia do alto mundo dos negócios. Não nos enganemos: a D2 não foi só veneno, mas foi seu principal apelo. Em tempo: Autor: Job Tolentino Junior |
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