CANTE
A CANÇÃO
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Possui
um estilo oriental e um pouco familiar, o que leva, aos ouvintes não
conhecedores, uma certa dificuldade na compreensão dos versos. Porém,
mais importante do que entender o que é cantado, é apreciar
como é cantado. A divisão básica do cante é: grande,
médio, chico.
O
cante grande é a expressão original do flamenco, é o cante puro,
o tronco do qual se derivam os demais cantes. Sua forma primitiva é
procedente dos antigos cantes e canções religiosas que mais tarde
evoluíram para generalizados lamentos da vida. Esta categoria, que
na sua maioria consiste em cantes de inspiração cigana, inclui o
grupo de cantes mais difíceis de se interpretar.
O
cante intermédio é menos intenso e mais ornamentado que o grande,
mas também muito emocionante e de difícil interpretação. Nesta
categoria, muitos dos cantes se caracterizam por certas dissonâncias
estranhas e melodias orientais, influência clara da dominação árabe
na Espanha, como pode ser observado nas tarantas, tarantos e
cartageneras. Os cantes desssa categoria são geralmente sem
compasso, ou seja, são interpretados com ma liberdade não
condicionada à um ritmo pré-fixado e, com exceção dos Tarantos,
não são usados em baile. Se considera que são de desenvolvimento
andaluz (não cigano). Quase todos os cantes intermédios foram
derivados dos Fandangos Grandes. São considerados por muitos
estudiosos e aficcionados como os mais sofisticados e belos
vocalicamente.
Os
cantes chicos são técnica e emocionalmente os mais fáceis de se
interpretar, e consequentemente há mais cantaores de chico do que
de outras categorias. Mas isto não quer dizer de modo algum que
estes cantes sejam fáceis de se cantar, pois todo o flamenco é
dificil. Os cantes chicos se caracterizam por pela ênfase no ritmo
e pela sua aprência alegre - seus versos geralmente se referem ao
amor, às mulheres e à Andaluzia e seu povo; há cantes do campo,
da serra, do interior, da costa sul mediterrânea, todos
caracterizados por uma qualidade: a de estimular, alegrar e
afugentar preocupações.
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BAILE
A DANÇA
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Na
Andaluzia, o baile e cante possuem de certa forma, uma memória
conjunta.
As
turvas fontes dos bailes flamencos, estão, como o cante, carregadas
de várias influências como as primitivas danças domésticas
orientais, danças sagradas hindus, danças árabes e ciganas - pois
toda a Espanha experimentou incessantemente, durante longo período,
estes estímulos que chegaram de vários povos. E foi na Andaluzia,
que se verificou com maior evidência a sedimentação deestas danças,
que posteriormente foram se adaptando às necessidades expressivas
de cada região, e que levaram, se juntando às formas folclóricas
que daí nasceram, ao maravilhoso e fértil despertar dos bailes
flamencos.
Os
bailes foram surgindo em vários ritmos flamencos, mas a fase que
trouxe um grande número de inovações foi a dos cafés cantantes,
quando o lamenco passou a ser exibido publicamente.
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GUITARRA
- MÚSICAS TOCADAS PELA GUITARRA
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A
origem da palavra guitarra espenhola, e claro andaluza, que se
tornou flamenca, está escondida nas brumas medievais. Geralmente
admite-se que foi introduzida na península pelos árabes, mas há
evidências de que lá já havia outro tipo de guitarra, herdeira da
cítara grega. De qualquer forma, estes dois intrumentos forneceram
elementos e técnicas para a guitarra flamenca atual. Parece que o
grande poeta e músico persa Ziryab implantou o uso da quinta corda
às quatro que eram tradicionais na guitarra hispano-árabe, e também
é certo que até o final do século XVIII e início do século XIX,
a guitarra não aparece com as seis cordas que tem hoje.
A
incorporação da guitarra ao flamenco foi problemática. Os mais
veneráveis cantes cigano-andaluzes não utilizavam acompanhamento
musical, se apoiando apenas no compasso, marcado por diferentes
meios (palmas, pitos, golpes). Pelo que se sabe, o flamenco
primitivo,que se desenvolveu fechado dentro do mundo cigano, não se
valia do acompanhamento da guitarra como suporte musical, o que só
se deu realmente com a abertura dos primeiros cafés cantantes e com
a saída do flamenco do anonimato. As primeiras exibições públicas
já contavam com o complemento da guitarra, mas ainda de uma maneira
indecisa e flutuante.
A
guitarra flamenca conserva claras reminiscências orientais, se
distanciando da clássica espanhola e se adaptando ao mundo
expressivo cigano-andaluz, onde foi se enriquecendo pouco a pouco
através do estímulo dos cantes e bailes.
O
guitarrista flamenco muitas vezes ignora leis elementares da música,
mas sua prodigiosa intuição criadora vale por todas as teorias que
este poderia aprender. O complicado universo de fatores rítmicos,
harmônicos e melódicos, que englobam a guitarra, trazem um inesgotável
mundo de falsetas e improvisações do guitarrista, como ocorre com
os "floreios" e "melismas" usados pelos
cantaores, e com os "braceos" e "taconeos" dos
bailaores.
De
certo modo, a guitarra foi o grande impulso para o baile,
facilitando o caminho deste, em muitos casos, pela aplicação de
tempos e compassos. O toque para o baile é, naturalmente, diferente
do toque para cantar - no primeiro caso a guitarra exerce um domínio
direto sobre os passos e movimentos do bailaor, e no segundo, deve
cumprir uma função de complemento rítmico e tonal, marcando o
caminho, estimulando e acmpanhando o cantaor.
A
guitarra flamenca evoluiu rapidamente, passando a ser dominada de
maneira a chegar a ser um instrumento solo, e portanto, em elemento
de ação independente dentro do flamenco, podendo mostrar assim, as
suas esplêndidas possibilidades.
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