O PENSAR IDENTIFICA O HOMEM

O ser humano identifica-se por ser racional. A racionalidade é uma qualidade inerente a ele. Com ela o homem consegue pensar, evoluir, inventar, criar, construir, destruir. Graças a ela, consegue posicionar-se em relação a todas as coisas do universo, mantendo contato com elas e delas, também tirando o que representa o necessário para sua vida. O homem é o que é, graças a sua racionalidade. O tipo de vida que leva está intimamente ligado à importância que dá à racionalidade. Sua humanização é proporcional a sua utilização.

MASSIFICAÇÃO

Porém, nem sempre esta importância é assim salientada. Há determinadas atitudes e situações que comprometem a validade das afirmações acima. Pois, com muita freqüência, ouvimos dizer que as pessoas já não pensam mais, de que existe uma grande massificação, de que o brasileiro é alienado, de que as pessoas estão se tornando robotizadas, etc.
Estas opiniões podem até ser exageradas. Todavia, há muita verdade em seu conteúdo que pode ser constatado através dos efeitos que o ato de pensar provoca em nós. Até numa análise superficial percebemos isto. Com muita facilidade verificamos, no nosso dia a dia, uma certa incoerência entre o que a pessoa humana deveria ser e o que ela é.
O pensar nos dá identidade própria, ou seja, seremos alguém identificado. Alguém que tem nome. Quem não pensa não sabe o que é e nem o que pretende. Não tem perspectivas a buscar e a descobrir. Torna-se um boneco teleguiado ou uma marionete nas mãos dos manipuladores. Mistura-se com os outros sem uma personalidade própria. O não pensar significa condicionar-se a repetir a história ou virar suco, como bem revela o filme "O homem que virou suco". Significa estar no meio de uma multidão e não Ter alguém para conversar. É tornar-se estranho no seu mundo.
Por que uma porcentagem elevada de pessoas encontram-se numa situação assim? Por que muita gente não tem consciência de si? Por que muitos brasileiros encontram-se teleguiados e manobrados? Por que o pensar é uma atividade tão estranha para muita gente?
A resposta não é tão difícil assim de ser identificada. Embora ninguém duvide de que o homem tenha condições e capacidade para pensar, há muitas pessoas que fazem questão de desconhecer tal possibilidade. Alguns fatores conduzem a isto.

AS IDÉIAS CONDICIONANTES

O condicionamento cultural é uma realidade incontestável. Há pessoas que se encarregam de pensar o que a maioria deve fazer. Criam valores, destroem outros. Forjam tipos de vida, os mais variados possíveis. Inculcam a idéia de que é melhor e bem mais fácil receber tudo pronto do que criar e inventar. E mostram isto através dos brinquedos das crianças que já vêm prontos das propagandas; das novelas que induzem as pessoas a desejarem uma situação impossível na vida prática; do tipo de ensino onde a característica é somente a reprodução daquilo que foi ensinado; da lavagem cerebral praticada em muitos daqueles que pretendem participar de um partido político ou sindicato, e assim por diante. Nestas circunstâncias, o que acontece com as pessoas?
Simplesmente perdem a consciência de si. Esquecem o que são, o que podem ser e o que devem ser. Tornam-se alienadas, ou seja, não conseguem mais se organizar, nem interna e nem externamente. Não perguntam mais nada, nada questionam, tudo engolem sem saber como e o porquê. A conseqüência mais imediata desta alienação é o fato de que as pessoas perdem a confiança em si mesmas. Não encontram mais estímulo para aquilo que fazem. Não vibram. Aceitam as coisas sem envolvimento. Simplesmente fazem por fazer. Não têm mais motivação. A passividade toma conta. Os objetivos desaparecem. O entusiasmo torna-se um produto raro.

CONDICIONAMENTO TECNOLÓGICO

Além do condicionamento cultural que cria esta situação, há também o condicionamento tecnológico. A influência da ciência e da técnica é marcante. Os muitos instrumentos inventados facilitam a vida e dão ao homem a imagem de poderem solucionar todos os seus problemas. É claro que a tecnologia brasileira não está num nível tão adiantado quanto a de outros países. Mas pelo que já temos, podemos identificar seus efeitos. Se por um lado, favorece, por outro lado, cria automação, substituição de pessoas, realização de um trabalho onde a pessoa e a criatividade do trabalhador é postergada à necessidade de um fazer mecânico e quantitativo.
Não podemos ser contra o desenvolvimento da técnica, mas também não podemos aceitar tudo. A técnica apenas se justifica se ajudar o homem a tornar-se mais humano. Assim sendo, como explicar o uso indiscriminado de aparelhos elétrico-eletrônicos como a TV, jogos eletrônicos, vídeo-games, etc.? Eles de fato ajudam a nos tornar melhores? Ou apenas condicionam um tipo de agir mecanizado e induzido? É certo considerar que as pessoas e, principalmente, os jovens devam apenas ser informados, esquecendo-se de que o mais importante deva ser a formação? Neste mundo eletrônico, o que há de informativo? Onde ficam a criatividade, a aventura, o desafio, o prazer pela conquista?

A SAÍDA

A atitude da reflexão não é reservada às pessoas que estudam. É um direito de todos. Todos podem se perguntar sobre aquilo que fazem, por que fazem, a quem fazem. Tanto o jovem da cidade como o do campo tem perguntas a fazer sobre o tipo de vida que leva, que profissão deseja exercer, por que pensar em estudar, por que deseja casar, sobre sua participação nas associações, sindicatos ou partidos políticos, e assim por diante.
No momento em que isto acontecer, a vida começará a ser vivida mais plenamente. Começaremos a ser donos de nosso presente e do futuro. Agiremos por nós mesmos. Decidiremos por aquilo que é nosso.
Pensando, passaremos mais tempo junto de nós mesmos e não tanto nas coisas. Com isso nossa vida será mais plena e coerente com nossa vocação de humanizar-nos cada vez mais.

 

Oswaldo Dalpiaz


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