A LIBERDADE NO DIA A DIA DA VIDA
Para o existencialismo o próprio homem é o responsável pela execução de seu projeto. Quer dizer, se cada um não se assumir, não quiser construir seu próprio futuro, ninguém o fará por ele. Neste esforço de realizar-se o homem encontra-se, não raras vezes, com dificuldades internas e externas que o impedem de atingir seu objetivo. Enquanto não conseguir superar estas dificuldades, não poderá realizar-se e ser feliz.
OPRESSÕES INTERNAS
Internamente, do que precisamos libertar-nos? Precisamos libertar-nos de qualquer tipo de medo, inibição, preconceito ou tabu. Em geral, a educação que recebemos deixou em nós alguns traços (nem sempre por culpa dos pais) que hoje consideramos negativos. Isto nos prejudica muito, pois a tendência é artificializar tudo o que fazemos, ou seja, fazer por fazer ou fazer porque se é obrigado. Nada mais será criativo ou espontâneo. Por isso, um dos medos a ser superado é o medo de abrir nosso coração e partilhar nossas angústias, nossas dúvidas, nossas incertezas... e nossos sonhos.
Temos que nos libertar de fatos ou vivências do passado. Não que a gente tenha que esquecer o que aconteceu. Mas vida caminha para a frente E na construção do futuro, não podemos estar amarrados por lembranças que nos impeçam de deslanchar e de assumir com entusiasmo o que pretendemos de nós mesmos. Nenhum acontecimento pode nos manter caídos. Se ficarmos frustrados, decepcionados ou abatidos por algum fato, precisamos levantar-nos, erguer a cabeça e continuar a caminhada. Precisamos nos libertar de tantos fatos "negativos" (um acidente, um negócio mal sucedido, a morte de um familiar, etc.) como também de acontecimentos "positivos" que nos prendem no passado (a tutela dos pais, um grupo de jovens que nos marcou muito, etc....)
Há necessidade de nos libertar de ressentimentos, de suscetibilidades, de desejos de vingança. É normal que surjam em nós estes desejos ou sentimentos, principalmente quando somos vítimas (ou imaginamos estar sendo) de fofocas, calúnias, ou coisas semelhantes. A melhor maneira de superar isto é "dar a volta por cima", com segurança e tranqüilidade. Perguntaram certa vez a João XXIII , como pôde chegar àquele grau de compreensão humana e àquela paz contagiante. A resposta veio curta, mas profunda: "porque nunca ajuntei as pedras que me atiraram".
É preciso libertar-nos, também, do comodismo, da falta de vontade, da falta de decisão, assim como do individualismo, do espírito autoritário.
É fácil saber, se nos analisarmos, quando somos dominados por algum desses males. Por exemplo, sempre que estivermos mais empenhados em "ganhar" uma discussão do que encontrar a verdade, algo está errado conosco.
OPRESSÕES EXTERNAS
E externamente, de que é necessário libertar-nos? Em primeiro lugar, há necessidade de libertar-nos, quando for o caso, do domínio da família (dos pais) e de qualquer outra pessoa (amigo, namorado, esposa ou esposo, etc...).
Temos que libertar-nos da pressão social. É verdade que temos que respeitar as normas ou leis sociais, valores ou costumes de outras pessoas. Mas, por outro lado, não podemos deixar-nos oprimir por uma falso moralismo, pela hipocrisia e pelas aparências.
Uma outra opressão nos vem das normas, leis, ou regulamentos que consideram a pessoa como mera peça de uma engrenagem. Não podemos ser dominados por uma lei ou norma e cumpri-la por esta razão. A lei deve estar a serviço do homem e não o homem a serviço da lei. É a pessoa que deve ter primazia nas relações sociais, e não a lei. A contestação à lei, neste caso, não será uma mera manifestação de insubordinação, mas uma madura decisão de oposição ao que é injusto.
A liberdade dos falsos valores da ideologia capitalista que nos circundam, também é uma necessidade. Esta ideologia insiste na idéia de que a felicidade e a realização humana dependem dos bens materiais e que o mais importante é "gozar a vida". Por isso, o que se prega é o dinheiro, status, moda, luxo, etc. Estas aspirações aprisionam nosso espírito. Assim, por exemplo, no momento em que nos envolvermos em busca desenfreada, obsessiva e doentia dos bens materiais, deixaremos de lado quaisquer outros valores ligados ao cultivo pessoal ou a justiça social.
Certamente os meios de comunicação de massa são os maiores responsáveis pela divulgação destes valores. É preciso ter espírito e coragem para não se deixar aprisionar pelo fascínio das revistas que exploram os sentimentos, a imaginação, o instinto e por certos programas de TV, que são ilusórios, irreais e alienantes (novelas, certos programas de auditório, certos filmes, etc...).
SER LIVRE, UMA EXIGÊNCIA
A liberdade não é algo que pode ser comprada em supermercado. A liberdade é conquistada passo a passo, no momento a momento. Somente a pessoa que quiser ser livre, o será. Isto envolve um esforço pessoal de conhecer quer o seu passado (com todas as suas influências conscientes e as inconscientes), quer o presente (suas pretensões humanas, profissionais, sociais, etc), quer a pressões externas (família, escola, meios de comunicação, etc).
Ser livre é um desafio. Aceitá-lo, muito mais que um desejo, é uma exigência.
Luiz Carlos Thomas
Adaptação do texto por Oswaldo Dalpiaz
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