Novos Materiais
Indústria
Depois do silício
O ser humano
habituou-se a nomear as eras históricas de acordo com os materiais que as marcaram - a
Idade da Pedra, a Idade do Bronze, a Idade do Ferro. O século 20, que nasceu embebido no
ouro negro (o petróleo), chega ao fim à mercê da informática. Vivemos a era do
silício - material sintetizado em laboratório a partir de grãos de areia, da sílica,
que se transformou na matéria-prima fundamental dos circuitos integrados e dos
microprocessadores. A rigor, o homem mais rico do planeta, o americano Bill Gates, dono da
Microsoft, enriqueceu porque soube aplicar ótimas idéias às máquinas movimentadas pelo
silício. Ele reúne uma das tendências mais fortes da ciência atual - o da
transformação de materiais antigos, por meio de manipulação física e química, em
novos produtos. O silício em estado puro é fabricado pelo homem.
Há novos materiais em diversas frentes da ciência. Vidros que não quebram. Plásticos
duros como aço ou capazes de conduzir energia como fazem os metais. Ferros que esticam. A
cerâmica adquire características inéditas de condutividade e resistência - agora, ela
pode ser aplicada tanto em implantes dentários como em dispositivos de segurança para
usinas nucleares. "A chave dos avanços de novos materiais é simples: sempre se
buscam formas de economizar e armazenar energia", diz o engenheiro Antonio Carlos
Camargo, do Laboratório de Cerâmica do Instituto de Pesquisas Tecnológicas (IPT), de
São Paulo. Mas nada se compara, em aposta para o novo milênio, a uma nova modalidade
científica, nascida da manipulação de novos materiais e da possibilidade de reduzi-los
a quase nada.
Anote esse nome, você ainda vai ouvir falar muito dele: nanotecnologia. É o ramo da
ciência voltado para a fabricação de dispositivos do tamanho de um átomo. Utilizando
as propriedades conhecidas de átomos e moléculas, a nanotecnologia propõe a
construção de dispositivos minúsculos. Um exemplo? Um robô de plástico e metal capaz
de, acionado pelo homem, alterar uma cadeia genética de DNA, revertendo um processo de
má-formação. A nanotecnologia permitirá, ainda, que a velocidade dos
microprocessadores atinja marcas inacreditáveis. "Teremos mais poder de computação
numa peça do tamanho de um cubo de açúcar do que em todo o poderio da informática
existente no mundo hoje", diz Ralph Merkle, chefe do Centro de Pesquisas da Xerox em
Palo Alto, na Califórnia.
Uma nova linha de pesquisa vem desenvolvendo plásticos (polímeros) com
propriedades ópticas. Esses polímeros, estudados no Brasil por uma equipe da USP de São
Carlos, poderão servir à construção de diodos emissores de luz. É o plástico com
comportamento de metal.
A esquisita imagem ao lado é a de
um micromotor construído com as técnicas de miniaturização da chamada nanotecnologia.
Cada engrenagem tem espessura menor que um fio de cabelo. O motor liliputiano poderá, no
futuro, servir para movimentar minúsculas bombas de medicamentos implantados no corpo
humano. |
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A alumina translúcida, desenvolvida
pelo IPT, de São Paulo, é um tipo de cerâmica sintetizada em laboratório. Resistente a
altas temperaturas e pressões, ela serve para a confecção de bulbos para as lâmpadas
de sódio, mais econômicas que as de mercúrio. |
Fotos: Roberto Setton/Época, Divulgação (2)
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