A Importânica da Síntese Orgânica no Brasil

Divisão de Química Orgânica - SBQ

O domínio das técnicas de síntese orgânica é uma condição necessária para o desenvolvimento de processos de obtenção de uma grande variedade de substâncias com alto valor agregado, destinado a várias aplicações. Pode-se obter, por exemplo, substâncias novas para uso em testes farmacológicos e contra moléstias de cura ainda desconhecida, detergentes, fragrâncias, resinas,plásticos, agroquímicos, etc.
O Brasil possuindo uma indústria química de base situada entre as maiores do mundo, está optando por desenvolver agora a sua Indústria em Química Fina. A criação de uma base sólida para Química Fina vai exigir uma mudança de atitude porque este setor é extremamente competitivo. Neste processo de modernização a participação da síntese é de importância fundamental. Assim, acreditamos que para alcançar este desenvolvimento industrial em bases sólidas é indispensável investir na formação de pessoal qualificado em todos os níveis.
As indústrias farmacêuticas, agroquímicas e de fragrâncias não podem se desenvolver e inovar sem químicos orgânicos de síntese criativos. Não é por acaso que as grandes companhias farmacêuticas são baseadas na Alemanha, Suíça, Canadá e Estados Unidos, países nos quais a Química Orgânica Sintética preparativa tem longa tradição.
A nova ordem mundial está impondo a globalização de muitas indústrias. A medida que as tarifas e barreiras para o comércio internacional continuam a diminuir, apenas as organizações tecnologicamente mais competentes poderão continuar crescendo e se desenvolvendo.
O sistema universitário brasileiro e em particular a comunidade de química orgânica sintética tem se desenvolvido muito nos últimos anos. Alguns poucos anos atrás todos os membros de síntese orgânica podiam se reunir em trono de uma pequena mesa, o número e diversidade dos nossos projetos de pesquisa era muito limitado e raramente uma publicação brasileira chamava a atenção de nossos colegas internacionais. Hoje nós temos um bom número de laboratórios modernos, particularmente no sudeste do Brasil, onde os respectivos governos estaduais tem uma participação mais ativa, incentivando pesquisas científicas, nossa taxa de publicação está aumentando, embora ainda longe do desejado, nossos interesses de pesquisa são muito mais variados e cada vez mais um número maior de jovens estudantes estão ingressando nas maiores instituições do mundo. Nossos encontros bienais de Síntese Orgânica (BMOS) atraem um número cada vez maior de Químicos Orgânicos de síntese, incluindo membros de vários países da América Latina, Europa e EUA e são caracterizados pela participação de palestrantes vindos dos melhores centros internacionais.
Com o objetivo de consolidar nosso setor, as universidades precisam se tornar mais eficientes e o governo precisa implantar programas de apoio e investimentos maciços de médio e longo prazo procurando consolidar os grupos de pesquisa existentes e a criação de grupos emergentes em regiões carentes particularmente com o objetivo de permitir a introdução de novas metodologias com aplicações industriais. Precisa encontrar maneiras de investir em programas promissores tanto em curto, médio e longo prazos, levando em conta a peculiaridade de nossa disciplina, que depende muito de boas bibliotecas, equipamentos modernos de análise, e a disponibilidade de materiais de partida importados.
O setor produtivo deve aceitar a nova realidade imposta pela globalização e pelas recentes leis de patente. Isto exige a criação de centros de pesquisa com pessoal treinado nas melhores instituições acadêmicas.
Esta relação deve ser incentivada pela participação de cientistas da indústria nos BMOS dando aos mesmos a oportunidade de reforçar sal base teórica. Uma consequência disto seria a expansão da capacidade tecnológica da indústria, trazendo também muitos benefícios para os membros da comunidade acadêmica. A parceria universidade-empresa deve ser sempre incentivada para que o país possa finalmente traçar caminhos independentes na direção do desenvolvimento.
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