Meu nome: Jackson Cavalcanti
Júnior
Nasci no dia 13 de
março de 1959.
Filho de duas grandes pessoas:
Jackson Cavalcanti,
corretor imobiliário, apaixonado pelos filhos e pela sua profissão.
Infelizmente, ele já se foi desta terra, porém, me inspira
até hoje no amor que tenho pela minha profissão, bem como
pela paixão que dedico às coisas novas.
Beatriz de Queiroga
Cavalcanti, ex-professora, funcionária pública. Na realidade,
uma lutadora que, numa época em que tudo trabalhava contra, ela
conseguiu nos criar, nos fazer homens e mulheres responsáveis e
conscientes do seu papel na sociedade...
Filho de pais separados,
tenho cinco irmãos: 4 da mesma mãe e do mesmo pai e mais
uma do meu pai com sua nova companheira. Assim, somos eu, Leibniz, Kathleen,
Anna Beatriz e José Nicolau, com minha mãe e Isabel, com
Vera, a nova companheira de papai. Leibniz mora em João Pessoa,
Paraíba e tem três filhos: Adriana, Lucas e Tiago. Kathleen,
tem um único filho: Augustinho. Anninha, tem três filhos:
Igor, Lucianna e Guilherme. Eu, Nicolau e Isabel não temos
filhos.
Nasci cardiopata.
(Não entendo
porque quem tem problemas no coração são chamados
de "cardíacos" e não "cardiopatas", uma vez que, no meu modesto
entendimento, cardíaco é quem é provido do músculo
denominado coração, portanto, somos todos cardíacos...).
Mas, quando contava
seis anos de idade, submeti-me a uma operação "muito melindrosa",
que consistia no implante de uma válvula no coração.
Essa operação foi realizada no Hospital D. Pedro II, no Recife,
pelos médicos Mauro Arruda, Milton Lins e Norma Palmeira, professores
da Universidade Federal de Pernambuco-UFPE. Nessa época, os
pais que tinham filhos cardiopatas — e que dispunham de recursos — os mandavam
a São Paulo a fim de se submeterem a essa operação
"muito melindrosa" com a equipe do Dr. Euríclides de Jesus Zerbini.
Como meus pais não tinham recursos para isso, o jeito foi fazer
a experiência em Pernambuco mesmo. Para isso, assumiram o compromisso
de doar o corpo para estudos, caso a cirurgia não fosse bem sucedida...
Mas, como "vaso ruim
não quebra", estou aqui ainda pra contar a história...
Aos 12 anos, iniciei
minha vida sexual. Nessa época era o "babado": tinha uma namoradinha
e nos bolinávamos... Transava quase todo dia com a empregada lá
de casa e também com um parente do mesmo sexo que eu só que
um ano mais novo...
Com certeza, foi uma
época de muitas descobertas!!!!!
Aos 20 anos, ingressei
na Universidade Federal de Pernambuco para fazer o curso de História.
Na Universidade, conheci muitos homens que, como eu, também sentiam
atração sexual por homens. Naturalmente, fui me chegando
a essas pessoas, o que me deu segurança pra enfrentar o preconceito
que eu tinha contra mim mesmo pelo fato de ser como sou. Aos 21 anos, comecei
a fazer parte do GATHO — Grupo de Atuação Homossexual — o
que me ajudou mais ainda a entender o meu desejo, uma vez que mantinha
contato com outras pessoas que se assemelhavam comigo no tocante à
sexualidade. No fim desse ano de 1980, assumi pra minha mãe, que
compreendeu e seu amor ajudou-me bastante a ser uma pessoa como sou hoje!
Em 1982, comecei a
fazer um estágio na Fundação Centro de Preservação
dos Sítios Históricos de Olinda (ufa! esse nome é
um discurso!!!!!!). Aí foi onde iniciei minha vida profissional.
No estágio, fazia leitura paleográfica para auxiliar o historiador
Vanildo Bezerra Cavalcanti, que escrevia seu livro "Olinda do Salvador
do Mundo: biografia de uma cidade". (Desse livro, findei sendo seu
revisor). Em 1983, com mais três amigas do curso de História
(Aneide, Fernanda e Suzana) e mais duas restauradoras (Débora e
Pérside), criamos o Arquivo Público Municipal Antonino Guimarães,
onde, de fato, comecei a militar nas searas da Arquivologia. Em 1986, fui
fazer parte da primeira turma do Curso de Especialização
em Administração e Organização de Arquivos,
promovido pela Escola de Artes e Comunicação da Universidade
de São Paulo. Em 1987, o prefeito de Olinda, José Arnaldo,
nomeou-me chefe do Arquivo Geral da Prefeitura de Olinda. Em 1989, o mesmo
prefeito nomeou-me chefe do Arquivo Público Municipal, cargo no
qual fiquei até 1992. Em 1994, vim pra Brasília, de licença-prêmio,
para organizar o arquivo do INESC, uma ONG. Em 1995, o superintendente
do Arquivo Público do Distrito Federal, Walter Albuquerque Mello,
convidou-me para ingressar na sua equipe, uma das mais importantes equipes
atuantes no Brasil. Assim, cheguei onde hoje estou...