Nenhum verão
(Túlio Mourão)
Esse sol porque tinha de tanto brilhar
Anunciar no meu peito a manhã
Pra depois sumir e deixar
Tão mais negro o meu céu, minha noite
Porque foi minha boca beber
Se embriagar da tua boca
Pra sobrar tão mais amargo gosto de vazio, de solidão
Meu coração prefere acreditar nessas
promessas mesmo essas, que só fazem
Abrir minhas janelas, pra nenhuma,
Pra nenhuma, pra nenhuma paisagem
Ah! por que me invadir como doce canção
Pra depois me ferir, me queimar
Com o ardor de toda paixão
Eu, assim te acolhi sem nenhuma defesa
Como nova estação quando chega
Um belo dia, uma certeza
Um vinho dado a minha mesa
Uma palavra, um abraço de irmão
Meu coração, prefere acreditar
nessas promessas mesmo essas, que só fazem
Deixar na minha pele calor, luz, alegria pra
Nenhum verão.
Mel - Polygram - 1979