Bethânia continua igual cada vez melhor!
Absoluta! Necessária! Sagrada! Maria Bethânia. Única! E porque a Maria
Bethânia é única? Porque ela é a única que continua igual cada vez melhor!
Rarará! E ela entrando no palco? Gente, ela não parece gente. Parece santo.
Um orixá ao vivo! E aí uma bichinha gritou: "Com essa cinturinha eu já tava
em Paris!" Rarará!
E na hora do oitavo bis uma outra gritou: "Quero mais! Paguei com American
Express". Rarará. E eu quero o meu dinheiro de volta porque ela não disse:
obrigado, senhores! Rarará! É mole? É mole mas sobe!
Aliás, explode. Quando ela canta "Explode Coração", do Gonzaguinha,
o público vai ao delírio! "Cheap Thrills". Emoções Baratas. Baratas
no sentido de acessível. Todo mundo pode tê-las. De operária a milionária!
E quando ela canta as canções do Roberto o que parece? Parece o que todo
brasileiro tem dentro da alma: puteiro do interior! Rarará!
E as perguntas que você tem que responder no saguão do Palace? Como você vê
o panorama atual da televisão brasileira? Ai que saco! Rarará! Quer ver
outra pergunta que eles adoram fazer? Qual sua música predileta da Bethânia?
Só de sacanagem eu devia responder: "Carcará"! Rarará! Tá no ar mais uma
calúnia do Macaco Simão!
E diz que o show tem um proposital clima interiorano. Aliás, quer uma prova
do tão propalado clima interiorano? É só perguntar pro diretor
Gabriel Vilela se ele tem ido à Bahia. Ele responde: Tenho.
Pra Salvadôôôrr! Rarará!
E diz a lenda que um dos caras que carrega o andor de Santo Amaro foi
proibido de beber. Aí ele passou a procissão inteira reclamando: "É mole
carregar Santo Amaro sem um gole? É mole carregar Santo Amaro sem um gole?"
Rarará. Deus é mais. E tem um monte de argentino indo ver o show: essa fila é pra ôche? Essa fila é pra ôche?
E votem em mim. Macaco Simão pra 94! E o povo pra 69! Comida mais barata.
Ou seja, comida mais um monte de barata em cima! Rarará! Nóis sofre mas
nóis goza.
Explode coração!
JOSÉ SIMÃO
cronista Folha de São Paulo
crônica publicada em 03/05/94