Primeiro de tudo, comuniquem. Deixem o vosso parceiro saber exactamente aquilo que querem e o que não querem. Mantenham o diálogo activo e vão observando o vosso parceiro, vão tentando ver o que ele ou ela sentem e pensam, e respeitem os seus limites. Estabeleçam uma palavra de segurança, e tornem claro que o seu uso deve ser tomado EXTREMAMENTE a sério! Não assumam que o vosso parceiro partilha uma determinada fantasia vossa a não ser que o tenham discutido EXPLICITAMENTE com ele, o facto de alguém gostar de ser vendado não implica que goste de ser amarrado. E o mais importante, dêem completa permissão para ambos os lados poderem parar durante qualquer acto por qualquer razão, respeitem-se o suficiente para se saberem ajudar e corrigir eventuais erros que ocorram numa cena.

Sejam sensíveis. A prática do SM, que pode (embora não seja obrigatório) impedir qualquer tipo de defesa, envolver sensações intensas e dominação psicológica, é algo bastante forte, que pode chegar ao mais íntimo da alma de alguém e trazer traumas de infância ou medos secretos sem avisar. Sejam cuidadosos pois estão a entrar em algo de bastante profundidade, e sejam também respeitosos um para o outro, carinhosos e façam todo com amor. Não deixem esta realidade afastar-vos do SM, se querem mesmo explorá-lo. Deixem-no tornar cada um de vós mais aberto em relação ao que o outro sente. E acima de tudo, decidam por vocês mesmos se o SM tem ou não tem lugar na vossa vida sexual; não liguem a conselhos exteriores do género "SM é bom para ti" ou "O SM não é bom para ti". Só vocês podem fazer essa decisão.

Sejam honestos. Se não quiserem fazer algo não deixem que o vosso parceiro vos pressione. Quando se inicia no SM é frequente encontrar um parceiro que quer mais do que aquilo a que estamos habituados a dar, ou que está excitado para algo que não nos está a excitar no momento. É preferível dizer "Espera lá, acho que estamos a querer coisas diferentes, vamos conversar.". Entrar numa que não se deseja particularmente pode resultar em algo morno que desejamos que termine logo, em vez de uma acção excitante. Há muito tempo… honestamente e sem pressionar, podem construir bases sólidas agora para mais facilmente resolverem qq problema que surja no futuro.

Um tipo específico da prática de D/S é a dominação e submissão, na qual o submisso abdica da sua liberdade em prol da dominadora, que o comanda. Isto pode ser jogado por muitas pessoas com limites restritos (e de facto resulta numa enorme satisfação para ambos os lados), mas este tipo de jogo pode acarretar alguns riscos de ordem emocional para pessoas com fraca auto-estima. O risco é que a dominadora acabe por abusar do seu poder, usando a dinâmica de D/S e que faça o submisso sentir-se mais inútil e fraco do que realmente é desejável, em vez de lhe tirar simplesmente a sua liberdade.

Se tem algum problema com a sua auto-estima, e ache que ser submisso (apesar de ser uma ideia excitante) pode servir para confirmar e consolidar a imagem negativa que tem de si próprio, então talvez seja melhor pensar sobre esta prática e tentar mesmo reflectir sobre se quer entrar nisto nesta fase da sua vida. E a resposta pode bem ser "não". Obviamente, que se você está a pensar tornar-se uma dominadora de alguém que acha que não merece mais do a submissão, então deverá considerar se deseja um parceiro que pense tão mal de si próprio. No geral é obrigatório para que pratica o SM olhar para as suas motivações e limites, e concluir sobre se essa prática (em forma de SM que tome) pode ou não ser auto-destrutiva.

Pode não ser tudo tão simples quanto se julga, podem existi algumas actividades particulares, ou regras, ou palavras que vos tornem inseguros, assustados ou que impliquem com a vossa auto-estima, então quererão evitar tudo isso. É exactamente para isso que a negociação serve, têm todo o direito de se sentir bem com aquilo que querem e evitar aquilo que não querem, e mais, têm todo o direito de insistir com o vosso parceiro para que ele respeito os vossos limites (isto abrange qualquer relação, de SM ou não).

BDSM pode em certos casos ser terapéutico, mas de fprma alguma substitui a terapia. É dito que "podes tirar energia ao estares limitado a algo". Uma saudável relação de D/S assenta em respeito mútuo, e no conhecimento em ambos os parceiros de que a escolha que fazem é totalmente assumida, no submisso o orgulho de se submeter, e na dominadora o orgulho de receber a submissão. Isto é algo bem diferente de uma relação abusiva onde um dos parceiros domina e controla totalmento o mundo do outro, deixando-o totalmente e irreversivelmente dependente.

Volte-se ao campo físico: se você é a dominadora, e está a amarrar o seu parceiro, tenha atenção naquilo que está a fazer. O seu escravo vai ficar limitado: cabe-lhe a si verificar se ele está confortável e divertido. Essa diversão pode ser tão "horrível" quanto queira, mas verifique se ele não está a ficar aborrecido, o que raramente é engraçado. De facto, se está realmente chateada com aquilo que o seu submisso fez, por quebrar um acordo feito pelos dois, ignorá-lo ou mandá-lo embora é por vezes o pior castigo que lhe pode aplicar. Mas isto é uma fase já bastante avançada.

Não se esqueçam da SIDA. Quase tudo o que se faz para além do contacto do beijo e do toque de corpos é potencialmente inseguro, a não ser que se use uma qualquer barreira de látex para impedir esse perigo. Caso não conheçam bem o vosso parceiro usem barreiras de látex para contactos íntimos (i.e. contacto oral/anal), luvas para penetração manual, preservativos para vibradores ou pénis. Usem lubrificantes à base de água, pois o óleo ou lubrificantes à base de óleo dissolvem o látex.

Sangue, sémen, secreções menstruais, urina… podem transportar o HIV. Sejam doidos mas joguem com segurança (um aspecto interessante do SM é que expande o número de formas seguras possíveis de alguém dar prazer a outro! Mas também aumenta o número de formas inseguras de brincar…).

Muitas dominadoras têm um kit de segurança para SM, contendo (entre outras coisas) uma lanterna, chaves duplicadas para todos os cadeados, tesouras de ponta achatada (para impedir ferimentos), kit de primeiros socorros com desinfectante para utilizar nos brinquedos que entram em contacto com o corpo, e muitas outras coisas.

E também existem outras coisas que podem ser extremamente perigosas para fazer a não ser que tenham sido ensinados por alguém experiente. A suspensão é uma delas: existe um monte de coisas que podem correr mal, e muitas delas podem resultar em graves ferimentos. A cruxificação é uma forma especial de suspensão e não é aconselhada a quem tem pouca ou alguma experiência. Também o piercing não é para novatos, tem de se saber como o fazer e ter precisão, e um erro pode resultar num grande problema…