VAMPIROS NA RÚSSIA
A antiga União Soviétira, incluíndo a Rússia. Sibéria. Ucrânia e a Bilorrússia, tcm sido um dos lares do vampiro eslavo. A primeira menção da palavra vampir num documento eslavo ocorreu numa obra russa The Book of Prophecy. escrita no ano 1047 oor Vladimir Jaroslov, prínicípe de Novgorod. no noroeste da Rússia. O texto foi escrito no que geralmente se pensa ser proto-russo, uma forma de linguagem desenvolvida da linguagem eslava antiga anterior, mas que não tinha ainda se tornado um idioma distinto russo na era moderna. O texto dava a um padre o rótulo dcsagradável de 'Upir Lichy", litealmente "vampiro hediondo" ou "vampiro extorsivo", um prelado inescrupuloso. O termo - se não um eonceito - foi provavelmente introduzido pelos eslavos do sul, possivelrnenre os búlgaros. Os russos de Kiev tinham adotado o cristianismo oriental no ano de 980 e dependiam muito da Bulgária para a liderança cristã.
As áreas da Rússia que estavam sob a liderança do Príncipe Vladimir, centralizadas em torno da cidade dc Kiev (Ucrânia), aceitaran, o cristianismo cm 988, época em que Vladimir declarou guerra ao paganismo. O cristianismo se espalhou, então, de Kiev para o norte e o oeste. Durante vários séculos o cristianismo coexistiu lado a lado com a fé das tribos, mas tornou-se parte integral da fusão das culturas tribais em estados um unificados. A invasão dos mongóis, em 1240, incluindo sua destruição de Kiev e sua década de poder, levou a uma alteração de poder a Novgorod sob Alexander Nevsky. Duraute o século 14 o poder começou a mudar para o principado de Moscóvia e o principal clérigo cristão se estabeleceu em Moscou, embora ainda titulado como o metropolitano dos "Kiev e todas Rus". A parte mais ocidental da Rússia - incluindo a Ucrânia e a Bielorrússia ficaram sob o Império Lituâno expandido. Assim, a moderna Rússia surgiu quando os mongóis foram ernpurrados para leste e os lituanos (inclusive poloneses) para o oeste.
Conquanto o Estado tivesSC lutado com rivais territoriais estrangeiros, a cristandadc ortodoxa estava no processo dc eliminar os religiosos pré-cristãos. Esse processo foi acompanhado pelo aumento dc movimentos religiosos hereges, alguns sendo fusão de práticas cristãs e pagãs. Com o surgimento de um forte Estado central em Moscou no século 14, o Estado se mobilizou periodicamente contra movimentos dissidentes. Sobrevivendo a esse período inteiro de modernização estavam os povos que praticavam (ou que se acredita praticavam) a magia. Eram conhecidos como bruxas e feiticeiras.
Durante o reinado de Vasili II, em meados do século 15, grandes mudanças ocorreram na Rússia, inclusive a expansão de seu território. Em 1448, após a ruptura da união entre a Igreja Católica Romana e a ortodoxa para combater o islamismo, e cinco anos apenas antes da queda de Constantinopla, o bispo de Moscou declarou seu status autônomo. Seguiu-se um período de grande expansão, tanto secular corno eclesiástica. A Igreja russa assumiu multas das prerrogativas anteriormente mantidas por Constantinopla e no início do século 16 surgiu o conceito de Moscou como urna "terceira Roma", o novo centro da fé cristã. Sob Ivan III, o grande, a expansão territorial alcançou um novo apogeu com a incorporação da Finlândia e o movimento para leste nos Urais. Dessa forma, estava montado o palco para a expansão em direção ao vale do Rio Volga sob lvan, o Terrível e a incorporaçao da Sibéria e das terras ao longo do Oceano pacifico no século 17. Durante os vários séculos do domínio Romanov, a Rússia continuou no sentido oeste até os Estados Bálticos, a Bielorrússia e Ucrânia, embora suas conquistas mais impressionantes tenham sido na direção sul até o Mar Cáspio e a fronteira persa. Quando ocorreu a Revolução Russa em 1917, o pais já tinha assumido as proporçãos territoriais que se conhecem hoje.
A Revolução Russa de 1917 propiciou a formação da União da Repúblieas Socialistas Soviéticas (URSS). A URSS desmoronou em dezembro de 1991, sendo substituida pela Comunidade de Estados Independentes (CEI). Essa questão tem a ver com as terras da CEI, principalmente Rússia, Bielorrússia e Ucrânia.
O VAMPIRO RUSSO: Na moderna Rússia o termo mais comum para vampiro é uppyr, um termo provavelmente tirado do upyr ucraniano. Na Rússia, a idéia do vampiro tornou-se intimamento associada ao da bruxa ou feiticeira, que por seu turno estava ligada ao conceito de heresia. A heresia é definida como um desvio dos assuntos considcrados essenciais à fé ortodoxa, ncste caso, a ortodoxia oriental cristã. Essa idéia pode ser apreciada como uma extensão da crença ortodoxa oriental de que um corpo não se decomporia normalmente se a morte tivesse ocorrido quando o indivíduo estivesse fora de sua comunhão com a Igreja. A pessoa podia estar num estado de excomunhão devido ao comportamento imoral ou heresia. Portanto, um herege (isto é eretik, ou, nos dialetos e nas línguas relacionadas, eretinik, eretica, eretnica ou erestun) poderia se tornar um vampiro após a morte. No pensamento russo, o relacionamento contra a heresia e a existência de vampiros foi de tal forma reforçado, a ponto de haver identidade de um e outro.
A pessoa que fosse herege em vida poderia se tornar vampiro após a morte. O herege mais fadado a se tornar um vampiro era o praticante de magia, conhecido por vários nomes - kudesnik, porcelnik, koldun ou snaxar. O método de transtormaçio em vampiro variava muito.
Um eretik estava também associado à feitiçaria, uma prática que também levava a pessoa a se tornar um vampiro. No decorrer dos anos e através de um vasto território, o erertik assumia uma série de conotações adicionais. Às vezes referia-se a membros de muitos grupos sectários que desviavam as pessoas desta verdadeira fé. Também se referia a bruxas que tinham vendido sua alma ao diabo. O vampiro eretik possuia um olhar maligno que poderia atrair a pessoa capturada por ele, levando-a à sepultura.
Dimitrij Zelenin identificou o surgimento do vampiro eretik como resultado da luta conduzida pelos ortodoxos contra as religiões medievais sectárias. Os sectários eram denominados inovercy (isto é, pessoas que aderem a uma fé diferente)- Por ocasião da morte, os inovercy eram associados aos zaloznye pocojniki, ou mortos sujos, e portanto não eram enterrados em cemitérios. Tinham morrido sem confissão, e assim eram vistos como tendo morrido no pecado. Como não acreditavam no Deus verdadeiro possivelmente teriam servido ao diabo e portanto eram considerados feiticeiros.
Os eretik eram geralmente destruidos pelo uso de uma estaca de choupo enfiada nas costas ou pelo fogo.
Na região oloneciana, relatos sugeriam que qualquer pessoa, inclusive um pio cristão, poderia se tornar um vampiro se o feiticeiro entrasse e possuísse seu corpo no momento da morte. O camponês pareceria ter se recuperado mas na realidade tinha se tornado um erestuny (vampiro), que começaria a se alimentar dos membros da família. As pessoas nas vilas próximas começariam a morrer misteriosamente. No distrito de Elatomsk; na região centro-leste da Rússia, havia, ainda, relatos das ereticy, mulheres que haviam vendido sua alma ao diabo. Após sua morte. essas mulheres vagavam pela serra numa tentativa de desviar as pessoa de sua verdadeira fé. Podieriam ser encontradas perto de cemitérios, pois dormiam à noite nos túmulos dos ímpios. Podian, ser identifica-das pela sua aparência na casa de banhos, onde faziam um barulho indecoroso.
LENDAS DE VAMPIROS: O vampiro tem sido assunto de muitas lendas russas colecionadas no século 19 e início do século 20, a começar pela obra de A. N. Afanas'ev na decada de 1860. Como era comum com muitas lendas, elas serviam para promover os valores da comunidade e encorajar certos tipos de comportamento. A lenda Morte no Casamento", por exemplo, contava a aventura de um soldado orgulhoso do serviço prestado a Deus e ao imperador. Quando voltou a sua cidade natal para uma visita, encontrou um feiticeiro/vampiro. Sem saber o soldado levou o vampiro a um casamento, onde ele começou a drenar o sangue dos recém-casados. Horrorizado, o soldado, não obstante, manteve uma conversação com o feiticeiro até descobrir o segredo de impodi-lo. Primeiro roubou um pouco do sangue que o vampiro tinha coletado, colocando-o em1 dois frascos, e despejou o sangue de volta nas feridas que o vampiro tinha feito em dois corpos. Em seguida levou os aldeões até o cemitério, onde desenterraram o corpo do vampiro, e o queimaram. O soldado foi generosamente recompensado por seus atos e pela demonstração de coragem no serviço a Deus e ao imperador.
A eliminação do vampiro russo seguia os métodos tradicionais conhecidos em todos os países eslavos. O corpo do suspeito vampiro era primeiramente desenterrado. Freqüentemente uma estaca (clhoupo era a madeira preferida) era enfiada no coração. Às vezes o corpo era queimado (o relato de Afanes'ev mencionava que a madeira de choupo era usada na cremação do vampiro). Nos relatos da região oloneciana o cadaver era chicoteado antes do ser enfiada a estaca no coração.
O VAMPIRO NA LITERATURA RUSSA: O vampiro entrou para o mundo da literatura russa durante o século l9, aparentemente através da popularidade das histórias românticas alemãs de E. T. A. Hoffmann e dos escritos de Goethe. Na decada de 1840, Alexey K ToIstói (1817-75) combinou o vampiro do folclore popular russo com o vampiro que tinha surgido na Alemanha e na França. Suas duas histórias, "Upyr" e "A familia de Vourdalak", tornaram-se clássicas do gênero de horror e da literatura russa. A última foi levada à tela pelo produtor Italiano Mario Bava, como parte de sua antologia de horror intitulada Black Sabbath. Mais recentemente, "A Família de Vourdalak" se tornou assunto de um filme russo lançado nos Estados Unidos como Father, Santa Claus Has Died (1992). Pelo menos duas outras histórias de vampiro russo foram traduzidas, recebendo distribuição mundial: "Vij" (ou "Viv"), de Nikolai Gógol e "Phantoms", de lvan Turgenev. A primeira tornou-se base pura para dois filmes, La Maschera del Demonio (lançado nos Estados Unidos como Black Sunday, tambén dirigido por Mario Bava, e uma refilmagem de 1990 com o mesmo título, dirigida pelo filho de Mario, Lamberto Bava. Uma versão ruusa de Vij foi filamada em 1967.
O que possivelmente foi o primeiro filme de vampiro, The Secret of House no 5, foi feito na Rússia em 1912. Uma versão não-autorizada de Dracula, a primeira adaptação para a tela do romance de Bram Stoker, fora filmada na Rússia dois anos antes de Nosferatu, Eine Symphonie des Garuens, o filme mais famoso de Freidrich Wilhelm Murnao. Entretanto, o vampiro não tem sido um tópico consistente de filmes na Russia no decorrer dos anos.