Há muitos milênios o "homo sapiens" inventou a palavra porque descobriu que poderia expressar idéias independentemente das circunstâncias que o cercavam e muito além da realidade que vivia.
Com isso, o Homem progrediu e desenvolveu novas formas de comunicação. A linguagem mímica e anímica que caracterizava o estágio animal foi enriquecida pela ruidosa expressão da palavra oral que acrescentou milhares de sentidos e significados à convivência da nossa prodigiosa e privilegiada espécie. O mundo dos sonhos ganhou uma expressão própria, material e palpável.
Mas, exatamente, por expressar idéias abstratas e imateriais, sem um vínculo direto com a realidade selvagem e cruel da sobrevivência cotidiana, o Homem percebeu que as palavras iam se perdendo no ar e desvanecendo nas promessas não cumpridas e nas mentiras que começaram a ser inventadas.
Foi quando, através de uma complicada engrenagem de associações e símbolos, o Homem percebeu que poderia representar aqueles tele-ruídos(fonemas) por intermédio de sinais gráficos que poderiam ser desenhados na pedra ou escritos em um pedaço de papel.
E, aí, começou a balbúrdia. Uma verdadeira "babel" de línguas, alfabetos e dialetos foi inventada para demarcar as próprias diferenças entre os povos e as "civilizações" e mostrar a infinita capacidade do "homo sapiens" em criar símbolos, fonemas, tele-novelas, seriados e, até, filmes de longa-metragem.
Chegou uma época que a confusão já era tão grande que começou a só valer o que estava escrito. Mas, nem assim a coisa funcionou.
A palavra, originalmente criada para aproximar e congregar, principiava a afastar e dividir. Inventaram-se os "palavrões" e os xingamentos. E, o Homem voltou a mergulhar no Caos da falta de entendimento e de compreensão. Colonizadores e colonizados, "cowboys" e índios, exploradores e explorados já não falavam mais a mesma língua e ninguém se entendia. As guerras se sucediam e as palavras foram sendo substituídas pelo ruído dos canhões e das metralhadoras que lembravam os antigos rugidos dos animais ferozes da selva.
E, agora, José? Gritava o coro de todas as pessoas que percebiam a necessidade de preservar a natureza, de terminar com a corrida armamentista, de acabar com os testes nucleares, com a poluição dos rios e da atmosfera, com a destruição das florestas e, sobretudo, de evitar o fim da palavra.
Falantes e ouvintes, escritores e leitores, surdos-mudos do mundo, UNI-VOS! Não deixem a palavra acabar, não deixem a palavra morrer. A cultura foi feita de palavras. Palavras prá gente usar...
O Autor