Duvido do certo e do errado, se não me for dado conhecer o fiel onde repousa essa balança. Não acredito no bem e no mal que não se dão as mãos e não se completam na busca mútua e recíproca da própria unidade. Sei e creio, com convicção, fazer parte de uma metade que ânsia e procura o seu complemento. Nasci de um ovo fecundo que cresce, até à sua própria revelia, na fôrma do mundo que me molda à sua semelhança e, de cuja aceitação, dependo para ser feliz.
Procura a mola para adaptar-me ao seu ritmo e movimento e aos seus modelos, verdadeiras esfinges, que em decifrar me ocupo, para não ser devorado. E, de quando em quando, me debato na vontade de crescer, procurando a mão estendida que, por sortilégio ou infortúnio, me oferece ou pede ajuda e me diz não ser preciso lutar.
Vivo a trair a traição que se apresenta, para restabelecer a originalidade do pecado que não foi cometido.
Sustento os meus interesses no embate dos interesses alheios que, geralmente, me são contrários e antagônicos mas que, como os meus, também jamais se unem. Consigo compreender as razões que movem as pessoas mas não tenho, em mim, a ilusão de que se possa mudar sua forma de agir sem que se mude, primeiro, sua forma de pensar.
Vou à luta, se preciso for... mas prefiro que não seja preciso buscar formas tão radicais de tentar me fazer entender, mesmo porque, por bem ou por mal, é preciso que cada existência se realize plenamente para que, um dia, possamos vir a compreender o verdadeiro significado de nosso próprio todo.
Por isso, prefiro a companhia daqueles que entendem a necessidade de respeitar para serem respeitados, na sua busca individual de unidade e paz interior. Busco soluções e não problemas!
Quero aprender sempre. Cada vez mais, na busca de um saber que me acrescente e desenvolva, livrando-me do fardo inútil que se acumula no lixo de uma tradição caduca, que precisa ser constantemente reinventada.
Fernando A.Moreira