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ARTIGOS E TEXTOS

O SOFRIMENTO" Pelo Espírito Joana de Ângelis

ARAR ORANDO Pelo Espírito Joana de Ângelis

PORQUE SOFREMOS Por José Argemiro da Silveira



O SOFRIMENTO"

Joana de Ângelis

"É inevitável a ocorrência do sofrimento na Terra e nas áreas vibratórias que
circundam o planeta, nas quais se movimentam os seus habitantes. Ele faz parte da
etapa evolutiva do orbe e de todos quantos aqui estagiam, rumando para planos mais
elevados."

O homem empenha-se, afanosamente, para vencer o sofrimento, que se lhe aparenta como adversário soez. Em todas as épocas, ele vem travando uma violenta batalha para eximir-se à dor, em contínuas tentativas infrutíferas, nas quais exaure as forças, o ânimo e o equilíbrio, tombando depois em mais graves aflições. Passar incólume ao sofrimento é a grande meta que todos perseguem. Pelo menos, diminuir-lhe a intensidade ou acalmá-lo, de modo a poder fruir os prazeres da existência em incessantes variações. Imediatista, interessa-lhe o hoje, sem visão do porvir.
Como efeito, o sofrimento tem sido considerado vingança ou castigo divino, portanto, credor de execração e ódio.
Nas variadas mitologias, as figuras de deuses invejosos quão despeitados, inflingindo punições às criaturas e comprazendo-se ante as dores que presenciam, são a resposta ancestral para o sofrimento na Terra.
Diversas escolas filosóficas e doutrinas religiosas, de alguma forma concordes com essas absurdas conceituações, estabeleceram métodos depuradores para a libertação do sofrimento, que vão desde as mais bárbaras flagelações - silícios, holocaustos, promessas e oferendas - ao ascetismo mais exacerbado, procurando negar o mundo e odiá-lo, a fim de, com essas atitudes, acalmarem e agradarem aos deuses ou a Deus.
Paralelamente, o estoicismo, herdeiro de alguns comportamentos orientais, tentou imunizar o homem, estimulando-o a uma conduta de graves sacrifícios que, sem embargo, é desencadeadora também de sofrimento.
Para libertar-se desse adversário, a criatura impõe-se outras formas de dor, que aceita racionalmente, por livre opção, não se dando conta do equívoco em que labora.
A dor, porém, não é uma punição. Antes, revela-se um excelente mecanismo da vida a serviço da própria vida.
Fenômeno de desgaste pelas alterações naturais da estrutura dos órgãos - à medida que a energia se altera advém a deteriorização do invólucro material que ela vitaliza - essa disjunção faz-se acompanhada pelas sensações desagradáveis da angústia, desequilíbrio e dor, conforme seja a área afetada no indivíduo.
Desse modo, é inevitável a ocorrência do sofrimento na Terra e nas áreas vibratórias que circundam o planeta, nas quais se movimentam os seus habitantes. Ele faz parte da etapa evolutiva do orbe e de todos quantos aqui estagiam, remando para planos mais elevados.
Na variada gênese do sofrimento, todo esforço para mitigá-lo, sem a remoção das causas, não logrará senão paliativos, adiamentos. Mesmo quando alguma injunção premie o enfermo com uma súbita liberação, se a terapia não alcançou as razões que o desencadeiam, ele transitará de uma para outra problemática sem conseguir a saúde real.
Isso porque, em todo processo degenerativo ou de aflição, o espírito, em si mesmo, é sempre o responsável, consciente ou não. E, naturalmente, só quando ele se resolve pela harmonia interior, opera-se lhe a conquista da paz.
(...)
O sofrimento, portanto, pode e deve ser considerado uma doença da alma, que ainda se atém às sensações e opta pelas direções e ações que produzem desequilíbrio. Nessa fase, dos interesses imediatos, todo um emaranhado de paixões primitivas propele o ser na direção do gozo, sem a ética necessária ou o sentimento de superior eleição, e o atira nos cipoais dos conflitos que geram a desarmonia das defesas orgânicas, as quais cedem à invasão de micróbios e vírus que lhe destroem a imunidade, instalando-se, insaciáveis, devoradores.
Da mesma forma, os equipamentos mentais hipersensíveis desajustam-se, abrindo campo à instalação das alucinações, das obsessões cruéis.
Por extensão, pode-se dizer que o sofrimento não é imposto por Deus, constituindo-se eleição de cada criatura, mesmo porque, a sua intensidade e duração estão na razão direta da estrutura evolutiva, da resistências morais características do seu estágio espiritual.
(...)
Decorre disso que o sofrimento é maior nas áreas morais e emocional, que somente se encontram nos portadores de mais alto grau de evolução, de sensibilidade, de amor, capazes de ultrapassar tais condições, sobrepondo-se-lhes mediante o controle de que se fazem possuidores, diluindo na esperança, na ternura e na certeza da vitória as injunções aflitivas.
Fugir, escamotear, anestesiar o sofrimento são métodos ineficazes, mecanismos de alienação que postergam a realidade, somando-se sempre com a sobrecarga das complicações decorrentes, do tempo perdido. Pelo contrário, uma atitude corajosa de examiná-lo e enfrentá-lo representa valioso recurso de lucidez, com efeito terapêutico propiciador de paz.
As reações de ira, violência e rebeldia ao sofrimento mais o ampliam, pelo desencadear de novas desarmonias em áreas antes não afetadas.
A resignação dinâmica, isto é, a aceitação do problema com uma atitude corajosa de o enfrentar e remover-lhe a causa, representa avançado passo para a solução.
É de insuspeitável significação positiva o equilíbrio mental e moral diante do sofrimento, o que se consegue através do treinamento pela meditação, pela oração, que defluem do conhecimento que ilumina a consciência, orientando-a corretamente.
Conhecer-se na condição de espírito imortal em processo evolutivo através das experiências reencarnatórias, representa para o homem alta aquisição de valores para compreender, considerar e vencer o sofrimento, que faz parte do modus operandi de todos os seres.
Muitas pessoas advogam que o sofrimento é a única certeza da vida, sem compreenderem que ele está na razão direta da conduta remota ou próxima mantida para cada qual.
Pode-se dizer, portanto, que a sua presença resulta do distanciamento do amor, que lhe é o grande e eficaz antídoto.
Interdependentes, o sofrimento e o amor são mecanismos da evolução. Quando um se afasta, o outro se apresenta. Às vezes, coroando a luta, na etapa final, ei-los que surgem simultâneamente, sem os danos que normalmente desencadeiam.
A história dos mártires atesta-nos a legitimidade do conceito.
Acima de todos eles, porém, destaca-se o exemplo de Jesus, lecionando, pelo amor, a vitória sobre o sofrimento durante toda a Sua vida, principalmente nos momentos culminantes do Gestsemani ao Gólgota, e daí à resurreição...

Psicografia: Divaldo Pereira Franco
Livro: Plenitude
Editora Leal, 8a. ed., Salvador - Bahia
Início
ARAR ORANDO

Pelo Espírito Joana de Ângelis

Narra Leão Tolstoi que um sacerdote convidou um lavrador a orar, e este, que se encontrava na gleba laborando, respondeu não poder acompanhá-lo à oração porque arava. Após meditar, obtemperou o ministro da fé religiosa: fazes bem, pois que arar é também orar...
A estória criada pelo eminente filósofo e moralista cristão tem plena aplicação na atualidade.
Ante um mundo aturdido qual o dos nossos dias, a cada instante espíritos desarvorados bradam: mais ação, menos oração.
Deixemos a prece, usemos o trabalho. A miséria necessita de pão e socorro, não de palavras e orações...
Hoje, no entanto, como em todos os tempos, o utilitarismo esquece a previdência e o instantâneo é responsável pelas conseqüências funestas e graves, que advirão mediatas.
Sem dúvida, a ação edificante é geratriz da mecânica do progresso e da felicidade dos povos. Todavia, convém não olvidarmos que a oração é o lubrificante da máquina da vida.
Nem oração sem ação, nem atividade sem prece.
A medida ideal, evidentemente, será orar antes de atuar para que a ação imprevidente não conduza o desassisado à oração do desespero.
Fala-se muito em miséria social, em abandono social, em desespero social. Fala-se apenas, e, quando se age, ao invés de operar no sentido da produção do bem e da paz, muitos se precipitam no desequilíbrio, gerando ódio e anarquia. Dos escombros, porém, o soerguimento de qualquer ideal é muito mais difícil senão doloroso e demorado. Com ponderação afirmamos que nada pior do que o idealismo desenfreado a estrugir nas mentes imaturas de muitos homens.
Nesse sentido, faz-se recomendável a reflexão e em particular a oração que enseja intercâmbio com as fontes luminosas da vida, produzindo equilíbrio e inspiração para o desenvolvimento da ação. Arar, pois, é orar também.
O solo sulcado, a terra preparada, o grão na cova e a vigilância do lavrador, por melhores condições em que se encontrem, dependem dos recursos divinos a se manifestarem no sol, na chuva ou nos granizos e no vento...
Levantemo-nos, quanto possível, através da oração lenificadora e inspirativa, para sairmos a servir e atender, agindo com segurança e acerto.
Em todos os seus passos, Jesus se nos revelou o trabalhador infatigável, por excelência, consubstanciando em atitudes desataviadas e seguras as palavras de que estavam cheios seu ideal e seu coração. Onde se encontrava, era a ação operosa e diligente.
Todavia, jamais descurou de elevar-se ao Pai, através da comunhão oracional, e não poucas vezes deixou a multidão - a mesma multidão famélica e atenazada a repontar através dos séculos - para refugiar-se na oração. E porque considerasse a prece como medida de segurança, recomendou: Orai para não cairdes em tentação, nas tentações que enlouquecem, fazendo se desatrelem os carros das paixões desta ou daquela natureza, rotuladas também com o nome de ideal.

Psicografia de Divaldo Pereira Franco
Do livro: A Prece Segundo os Espíritos
Diversos Espíritos
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PORQUE SOFREMOS

Por José Argemiro da Silveira

"Felizes os que choram, porque serão consolados" (Mateus 5:4)

A vida na Terra é uma luta constante. Desde que nascemos, ou renascemos, até a desencarnação, estamos sempre diante de dificuldades, desafios, obstáculos a vencer. Por que é assim? A causa da dor tem sido motivo de estudos, pesquisas dos pensadores em todas as épocas. A Doutrina Espírita nos ensina que o sofrimento é o preço da evolução espiritual, do desenvolvimento de nossas potencialidades. Toda a vida da natureza em evolução está baseada numa espécie de sofrimento sadio. O embrião ao romper a casca, na germinação, atravessar a terra em busca da luz do sol, lembra trabalho, luta, uma espécie de sofrimento. Se um ferimento não causasse dor, por certo seria difícil manter a integridade do corpo físico. Não receberíamos os avisos indispensáveis para cuidarmos da parte lesada. A dor física acusa algum distúrbio, algo funcionando mal na máquina orgânica. A dor moral (medo, angústia, ansiedade, insegurança, etc.) indica desequilíbrios no Espírito, na individualidade. Ambas as dores servem para informar que algo não está bem e que precisa ser corrigido.
Jesus promete felicidades aos que sofrem. Serão consolados, compensados. O resultado prometido pelo Mestre ocorrerá num futuro próximo, ou mais distante. Nesta vida, ou no plano espiritual, ou em vidas futuras. Com a experiência, o aprendizado, a depuração daí decorrente nos fará melhores entendedores da Lei Divina. Ensinar-nos- á a viver de acordo com a Lei, consequentemente, em harmonia, paz e segurança.
A causa da dor - A Doutrina Espírita nos esclarece que o sofrimento pode ser expiação, provação ou missão. Expiação quando transgredimos às leis divinas e temos que reparar os danos. Agimos em desacordo com a Lei: ferimos, humilhamos, maltratamos, fazemos outros sofrerem. Teremos que reparar os males cometidos. É a Lei. A cada um segundo suas obras. Plantamos o mal, usando da nossa liberdade. Teremos, compulsoriamente, que colher os resultados correspondentes. "Quem com ferro fere, com ferro será ferido", disse o Mestre. Mas nem todo sofrimento é expiação. No item 9, cap. V, de O Evangelho Segundo o Espiritismo, Allan Kardec assinala: "Não se deve crer, entretanto, que todo sofrimento porque se passa neste mundo seja necessariamente o indício de uma determinada falta: trata-se freqüentemente de simples provas escolhidas pelo Espírito para sua purificação, para acelerar o seu adiantamento". São claras as palavras do Codificador. Não estão corretos aqueles que generalizam e afirmam que todo sofrimento é resultado de erros praticados no passado. O desenvolvimento das potencialidades, a subida evolutiva, requer trabalho, esforço, superar desafios. É a provação. As tarefas a que o Espírito se submete, a seu próprio pedido, com vistas ao seu progresso, à conquista de um futuro melhor.
E há, ainda, o sofrimento-missão. Espíritos mais evoluídos que aceitam tarefas em planos inferiores, para ajudar os irmãos menos evoluídos. Como o professor que vai à sala de aula para orientar, para ajudar os educandos no seu aprendizado. O professor, ensinado, também aprende. O missionário ensinado, exemplificando o bem, sofre as incompreensões daqueles a quem está ajudando, mas também cresce em conhecimentos e em experiências.
Como sofrer? Não basta sofrer, é preciso saber sofrer. Se não tirarmos da luta, dos obstáculos superados, as lições que eles nos trazem, poderemos ficar repetindo a lição, como o aluno pouco inteligente, que perde tempo no aprendizado. A dor pode levar à revolta. A criatura se rebela, considera-se injustiçada, fica contra tudo e contra todos. Isto vai aumentar o seu sofrimento e até mesmo criar dores desnecessárias. Como a criança que faz birra ao tomar banho. Chora, bate com as mãos, com os pés, e acaba levando água com sabão aos olhos. A dor daí decorrente seria evitada sem a birra. O revoltado vai demorar mais para aprender. Os benefícios da dor chegarão mais tarde, quando dobrar o seu orgulho e se ajustar à Lei Divina.
Às vezes, a dor faz outro tipo de sofredor. São os conformistas. Pessoas que perdem o entusiasmo pela vida. Consideram-se vencidas, derrotadas. Daí por diante vão sendo levadas pelos acontecimentos, considerando-se incapazes de assumir a direção do que ocorre em suas vidas. Como se as dificuldades fossem maiores do que eles. Estes também retardarão as compensações prometidas por Jesus. Pela falta de confiança em Deus e em si mesmas, esquecidas de que "Deus não coloca fardos pesados em ombros fracos". Só um pouco mais tarde colherão os benefícios das lições consideradas, incorretamente, como difíceis demais.
E, finalmente, há aqueles que sabem sofrer. Não se revoltam nem se deixam abater pelos obstáculos. Mobilizam suas forças, vão à luta e conseguem superar as dificuldades. Como disse o poeta: "levantam, sacodem a poeira e dão a volta por cima". Aproveitam as lições que a dificuldade oferece, tornando-se mais experientes, valorizados, regenerados.
A mensagem do Espiritismo aos que sofrem é a mesma de Jesus, no Evangelho. O Mestre nos convida: "Vinde a mim, todos vós que vos encontrais aflitos sob o fardo, e eu vos aliviarei". Ir a Jesus é procurar conhecer e seguir seus ensinamentos. Esforçar-se para viver conforme Ele ensinou. É o estudo e o trabalho no bem. Estudo é a informação, a seta que indica o caminho. Mas só saber a direção a tomar, e não caminhar não adianta. É preciso experimentar, fazer como Ele nos ensinou. Se procurarmos agir assim, iremos encontrando o equilíbrio, a paz e o alívio para as nossas dores. Se ainda não estamos recebendo tais benefícios é porque ainda não nos empenhamos em praticar o que o Mestre nos ensinou, no Evangelho. Estamos, ainda, só na teoria, só na informação. Somos cristãos de rótulo, simples teóricos. Quando a vida nos oferece as situações para experimentarmos os princípios cristãos (tolerância, indulgência, perdão, auxílio desinteressado ao próximo) fracassamos porque aqueles princípios são em nós, apenas teoria. Não foram introjetados, conscientizados, apreendidos verdadeiramente.
À medida em que atendermos o amável convite de Jesus, e irmos à Ele, vivendo seus ensinamentos, estaremos encontrando o alívio desejado para as nossas dores.

José Argemiro da Silveira

Escritor e orador espírita, escreve para o jornal "Verdade e Luz" de Ribeirão Preto(SP)

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