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ATOS
Nossos atos precisam de ser acordes com o plano divino. Antes de se pôr em ação,
cada um deve interrogar sua consciência profunda que é a voz de Deus em nós e que nos dirá
qual o sentido em que melhormente dirigiremos nossos esforços. Deus não atua em nós e
conosco, senão mediante o nosso livre concurso. Quando com sua lei coincidem nossos atos
e vontades, a obra que executarmos se tornará fecunda e seus efeitos repercutirão em todo o
nosso destino.
Todavia, poucos homens escutam a voz que dentro de todos fala nas horas solenes. Na
maioria, arrebatados pelas paixões, pelos desejos , esperanças e temores, lançam-se no
turbilhão de vida, para conquistar o que lhes é mais prejudicial; atordoam-se, embriagam-se
com a posse das coisas contrárias a seus verdadeiros interesses e só no ocaso da existência
se lhe mirram as ilusões e dissipam os erros, ao mesmo tempo que vêem apagar-se a
miragem dos bens materiais. Aparece então o cortejo das tristes decepções e verificam ter
sido vã a agitação em que viveram, por não terem sabido estudar e aprender os desígnios de
Deus, relativamente a cada um e ao mundo. Felizes daqueles a quem a pespectiva das
existências futuras oferece a possibilidade de retomarem a tarefa desprezada e de melhor
empregarem as horas!
O que não soube ver a grande harmonia que reina em todas as coisas e a irradiação do
pensamento divino por sobre a Natureza e as consciências, esse é inábil para estabelecer a
concordância entre seus atos e as leis superiores. Ao voltar para o Espaço, caído o véu,
sentirá a amargura de reconhecer que terá de recomeçar toda a obra, animado de outros
propósitos e de uma concepção mais justa, mais elevada do dever e do destino.
A desatenção, a indiferença com que encaramos as coisas do Alto e suas manifestações
na existência terrena, eis a origem de nossas irresoluções e incertezas.
Para aquele que as invoca, que as solicita, que as espera, elas nunca se conservam
mudas: por mil vozes lhe falam claramente ao ouvido, ao coração. Ocorrerão fatos, surgirão
incidentes, que por si sós lhe indicarão as resoluções a tomar. É na própria trama dos
acontecimentos que Deus se revela e nos instrui. Compete-nos a nós apanhar e compreender,
no momento oportuno, o misterioso aviso que, meio velado, ele nos dá, sem no-lo impor.
Extraído do livro "Joana D'Arc" cap. XV
de Léon Denis
Editora FEB
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