Ante os que partiram, precedendo-te na Grande Mudança, não permitas que o
desespero te ensombre o coração.
Eles não morreram.
Estão vivos.
Compartilham-te as aflições, quando te lastimas sem consolo.
Inquietam-se com a tua rendição aos desafios da angústia quando te afastas da
confiança em Deus.
Eles sabem igualmente quanto dói a separação.
Conhecem o pranto da despedida e te recordam as mãos trementes no adeus,
conservando na acústica do espírito as palavras que pronunciaste, quando não mais
conseguiam responder às interpelações que articulaste no auge da amargura.
Não admitas estejam eles indiferentes ao teu caminho ou à tua dor.
Eles percebem quanto te custa a readaptação ao mundo e à existência terrestre sem
eles e quase sempre se transformam em cirineus de ternura incessante, amparando-te
o trabalho de renovação ou enxugando-te as lágrimas quando tateias a lousa ou lhes
enfeitas a memória perguntando porque...
Pensa neles com saudade convertida em oração.
As tuas preces de amor representam acordes de esperança e devotamento, despertando-os para visões mais altas da vida.
Quando puderes, realiza por eles as tarefas em que estimariam prosseguir e tê-los-ás
contigo por infatigáveis zeladores de teus dias.
Se muitos deles são teu refúgio e inspiração nas atividades a que te prendes no
mundo, para muitos outros deles és o apoio e o incentivo para a elevação que se lhes
faz necessária.
Quando te disponhas a buscar os entes queridos domiciliados no Mais Além, não te
detenhas na terra que lhes resguarda as últimas relíquias da experiência no plano
material...
Contempla os céus em que mundos inumeráveis nos falam da união sem adeus e
ouvirás a voz deles no próprio coração, a dizer-te que não caminharam na direção da
noite, mas sim ao encontro de Novo Despertar.