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[ Introdução | As Grandes Revelações | A Doutrina de Jesus | A Terceira Revelação | Caráter da Revelação Espírita | Meio de Elaboração | Conclusão | Bibliografia ]
I) Introdução
A história da Humanidade, registra periodicamente um salto de
conhecimento impulsionado pelo gênio, um homem aparentemente comum,
mas com uma elevada cultura e facilidade em transmitir novos conhecimentos,
resultando num largo progresso em pouco tempo. Esses gênios, que
parecem através dos séculos como estrelas brilhantes, que deixam um longo
rastro luminoso na Humanidade, são missionários; destacados pela vontade
de Deus, a revelarem as verdades de ordem científicas ou morais que são
elementos essênciais do progresso.
No Capítulo I, Parágrafo 11 de A Gênese , Allan Kardec escreve
sobre o assunto:
Uma importante revelação se cumpre na época atual: a que nos
mostra a possibilidade de se comunicar com os seres do mundo espiritual.
Esse conhecimento não é novo, sem dúvida; mas permaneceu, até os
nossos dias, de certa forma, no estado de letra morta, quer dizer, sem proveito
para a Humanidade. A ignorância das leis que regem essas relações as havia
sufocado sob a superstição; o homem era incapaz de delas tirar alguma
dedução salutar; estava reservado à nossa época desembaraçá-la de seus
acessórios ridículos, compreender-lhe a importância, e dela fazer sair a luz
que deverá iluminar a rota do futuro.
1) Moisés, profeta, revelou um Deus único (monoteísmo), soberano, senhor e
Criador de todas as coisas, promulgou os Dez Mandamentos (de Deus) e
várias leis civis convenientes para a legislação da época.
2) O Cristo, tomando da lei antiga o que era eterno e divino, e rejeitando o que
não era senão transitório, puramente disciplinar e de concepção humana
(leis mosaicas), acrescentou a revelação da vida futura, a das penas e
recompensas que esperam o homem depois da morte.
3) O Espiritismo, dando-nos a conhecer o mundo invisível, as leis que o regem,
suas relações com o mundo visível, a natureza e o estado dos seres que o
habitam e em consequência, o destino do homem depois da morte.
III)
A Doutrina de Jesus
Toda a doutrina do Cristo está fundada sobre o caráter que ele atribui à
Divindade. Com um Deus imparcial, soberanamente justo, bom e
misericordioso, pôde fazer do amor de Deus e da caridade para com o
próximo a condição expressa de salvação. Mas, o Cristo não pôde
desenvolver o seu ensinamento de maneira completa, porque faltavam aos
homens da época, condições de compreendê-lo, mas, deixou profeticamente
através de suas parábolas, os gérmens das verdades novas. Apesar dos
sublimes exemplos e refinada filosofia moral, a adesão e o entendimento dos
homens, foram marcadas de inúmeras dificuldades, principalmente das elites,
que tinham os poderes temporários em decidir os rumos da Humanidade.
Como sempre prevaleciam o egoísmo e o orgulho, aproveitando os próprios
movimentos crescentes dos humildes cristãos como peça fundamental da
política, introduzindo conceitos apropriados e interpretações benéficas e
dogmáticas, descaracterizando a doutrina original e tornando-se mais uma
das religiões de aparências e instrumentos políticos.
Toda a revelação nova deve se apoiar como alicerce firme nas anteriores,
dando continuidade como foi o caso dos ensinamentos de amor e caridade
do Cristo aperfeiçoando o Decálogo; o Espiritismo não foi exceção, como
Allan Kardec descreve no Parágrafo 30 de A Gênese:
O Espiritismo, tomando seu ponto de partida das próprias palavras do Cristo,
como este hauria a sua de Moisés, é uma consequência direta da sua doutrina.
As revelações dos Espíritos, recolhidas e organizadas pelo professor Rivail,
espelha exatamente os ensinamentos do Cristo, porém esclarece, complementa
e se torna acessível ao nosso entendimento para que sejam aplicadas na vida
de cada um. No próprio Parágrafo 30 o Codificador confirma:
A idéia vaga da vida futura, acrescenta a revelação do mundo invisível que nos
cerca e povoa o espaço, e , com isto, fixa a crença, dá-lhe um corpo, uma consistência,
uma realidade no pensamento.
E no Parágrafo 34, esclarece o ponto fundamental da nova doutrina:
A pluralidade das existências, cujo princípio o Cristo colocou no Evangelho,
mas sem definí-lo, é uma das leis mais importantes reveladas pelo Espiritismo,
no sentido de que lhe demonstra a realidade e a necessidade para o progresso.
Os Espíritos Superiores ( São João Evangelista, Santo Agostinho, São Vicente
de Paulo, São Luís, o Espírito de Verdade, Sócrates, Platão, Fénelon, Franklin,
Swedenborg, e outros ), destacados pelo Criador para esse fim, coordenaram
as intensas manifestações dos fenômenos espíritas, ao mesmo tempo nos
vários pontos do Globo, ativando a curiosidade dos habitantes do mesmo,
iniciando assim, a etapa de transformação do Mundo de Expiação e de Provas
a que pertencemos para o Mundo de Regeneração onde o bem prevalecerá
ao mal. Dentre muitos, expressivo foi o episódio de Hydesville em 1848.
Um caso de poltergeist, que culminou com um diálogo através de pancadas
entre as irmãs Fox e o espírito que teria sido assassinado pelos antigos
moradores da casa. O fenômeno foi divulgado intensamente pela mídia e
provocou repercussão internacional, suscitando as primeiras pesquisas de
cientistas sobre fenômenos paranormais, sendo o marco inicial do espiritualismo
moderno. Em 1855, o professor Rivail (Hippolyte-Léon-Denizard Rivail) que
já estudava o magnetismo animal, interessou-se aos efeitos estranhos
presenciados, iniciou suas pesquisas com habitual paciência e senso de
investigador sério, anotando as experiências numerosas feitas em Paris.
Ele analisou os resultados colhidos em longa observação, ordenou, compôs
e publicou em 18 de abril de 1857 a primeira edição de O Livro dos Espíritos,
tornando-se a pedra angular da Doutrina Espírita, isto é, O Consolador
prometido pelo Cristo. Segue-se as publicações dos seus livros: em janeiro
de 1861 O Livro dos Médiuns, em abril de 1864 O Evangelho Segundo o Espiritismo,
em agosto de 1865 O Céu e o Inferno, em janeiro de 1868 A Gênese e
inaugurou a Revista Espírita, jornal de estudos psicológicos, coletânea mensal
iniciado em 1°. de janeiro de 1858. Fundou em Paris, a 1°. de abril de 1858, a
primeira Sociedade Parisiense de Estudos Espíritas. Em todas as suas
publicações adotou o pseudônimo de Allan Kardec pela humildade de um
espírito evoluído, atribuindo-se o mérito aos Espíritos que o acompanharam
nos seus trabalhos. Além disso, o seu nome verdadeiro era demasiadamente
conhecido pelos inúmeros livros escritos na área de ensino, preferindo não
influenciá-los na hora da escolha.
V)
Caráter da Revelação Espírita
Passaram-se 2.000 anos do advento do Cristo, a Humanidade vem
desenvolvendo seu conhecimento, principalmente na área tecnológica,
melhorando a sua vida material, mas pouco se esforçou a entender o ser
espiritual e os seus fenômenos relacionados com a natureza. No Parágrafo 50
do Capítulo I de A Gênese, diz:
A terceira revelação veio numa época de emancipação e de
maturidade intelectual, onde a inteligência bem desenvolvida não pode
reduzir-se a um papel passivo, onde o homem não aceita nada cegamente,
mas quer ver onde é conduzido, saber o por quê e o como de cada coisa,
devia ser, ao mesmo tempo, o produto de ensinamento e o fruto do trabalho
de pesquisa e do livre exame.
Chegando a hora, prevista pelo próprio Jesus, a Terceira Grande Revelação
se dá através de conhecimento do mundo invisível, na forma clara e concisa e
repleta de evidências dos próprios "mortos", manifestações estas provocadas
pelos Espíritos encarregados, permitindo o estudo de observações, pesquisas
e deduções.
Allan Kardec, no Parágrafo 13 do Capítulo I do livro A Gênese, escreve:
Por sua natureza, a revelação espírita tem duplo caráter: resulta ao mesmo tempo,
da revelação divina e da revelação científica.
Outro aspecto da revelação é referente ao modo como processou. A primeira
revelação estava personificada em Moisés, a segunda no Cristo e a terceira é
coletiva. Foi feita, simultaneamente, sobre toda a Terra, a milhões de pessoas dos
mais variadas condições. As duas primeiras revelações sendo um ensinamento
pessoal, a idéia se espalhou lentamente, levando muitos séculos, no entanto,
a terceira sendo multipontos, a propagação é rápida e sem as distorções expressivas.
Esta doutrina tem outro ponto importante, a invulnerabilidade à repressão.
É impossível reprimí-la em todos os pontos, em todos os países, quando está
emergindo em todos os lugares ao mesmo tempo. Ainda outra característica, a
fonte são os espíritos que estão em toda parte e os propagadores, os milhões de
médiuns de todo o Globo. Mesmo que possa abafá-la, reaparecerá em pouco
tempo porque repousa sobre um fato que está na lei da Natureza. A Doutrina Espírita
é progressiva porque nenhuma parte do ensinamento espírita foi dada de maneira
completa. Depende da evolução espiritual dos encarnados.
O Codificador lionês, grande estudioso de várias ciências da época, mostrou com
o seu método científico da elaboração, antecedendo em mais de um século
... até hoje não surgiu uma teoria dos fenômenos espíritas mais sólida,
estável, abrangente e bem sucedida que a de Kardec, a qual é a única a atender
aos mais modernos e exigentes conceitos de cientificidade - Luiz O. S. Ferreira)
o enorme preparo e evolução espiritual para essa tarefa, não esquecendo as
orientações fundamentais dos Espíritos, principalmente do Espírito de Verdade.
No Capítulo I, Parágrafo 14 de A Gênese, explica:
Como meio de elaboração, procede exatamente do mesmo modo que
as ciências positivas, quer dizer, aplica o método experimental. Fatos de uma ordem
nova se apresentam e não podem se explicar pelas leis conhecidas; observa-os,
compara-os, analisa-os, e, dos efeitos remontando às causas, chega à lei que os rege;
depois deduz suas consequências e procura as suas explicações úteis. Não estabelece
nenhuma teoria preconsebida; assim não colocou como hipótese, nem a existência e
intervenção dos Espíritos, nem o perispírito, nem a reencarnação, nem nenhum dos
princípios da Doutrina; concluiu da existência dos Espíritos quando essa existência se
deduziu, com evidência da observação dos fatos; e assim os outros princípios. Não
foram os fatos que vieram confirmar a teoria, mas a teoria que veio subsequentemente,
explicar e resumir os fatos. É exato dizer-se que o Espiritismo é uma ciência de
observação, e não o produto da imaginação.
VII) Conclusão
A revelação espírita, observada, anotada, estudada e codificada por Allan Kardec,
utilizando o método, ainda hoje, atualíssima da ciência (segundo a moderna
Metodologia Lakatosiana proposta em 1970 na publicação Falsification and the Methodology
of a scientific research programmes de Inre Lakatos), tomou corpo como resultado o
Livro dos Espíritos em 1857, iniciando o período de verdadeiro Espiritismo,
que até então, não possuía senão elementos esparsos sem coordenação, e cuja
importância não pudera ser compreendida por todo o mundo.
No Parágrafo 41 do Capítulo I de A Gênese o autor deixa claro a natureza da nova doutrina:
O Espiritismo, bem longe de negar ou de destruir o Evangelho, vem ao contrário,
confirmar, explicar e desenvolver, pelas novas leis da Natureza que revela, tudo o que
o Cristo disse e fez; traz a luz sobre o ponto obscuro dos seus ensinamentos, de tal
sorte que aqueles para quem certas partes do Evangelho eram ininteligíveis, ou
pareciam inadimissíveis, as compreendem sem esforço, com a ajuda do Espiritismo,
e as admitem, vêem melhor a sua importância e podem separar a realidade da alegoria.
E confirma no Parágrafo 62:
Ela veio encher o vazio cavado pela incredulidade, elevar as coragens abatidas pela
dúvida ou pela perspectiva do nada, e dar, a todas as coisas, a sua razão de ser.
Essas manifestações, serviram para nos dar conhecimento do mundo invisível que nos
rodeia e será de uma importância capital para o progresso moral da Humanidade.
A Doutrina elaborada em conjunto, do plano espiritual e do plano físico, cabe a cada um
de nós, aproveitar ou não, a luz do farol para caminharmos rumo ao progresso espiritual
que é a razão da nossa existência.
VIII) Bibliografia
Yuzo Nakamura Rua dos Timbiras, 1977 CEP 66040-470 Belém - Pará - Brasil Page Anterior Próxima Page |