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SOFRIMENTO NA TERRA
O SOFRIMENTO
De Joana de Ângelis
O homem empenha-se, afanosamente, para vencer o sofrimento, que se lhe
aparenta como adversário soez.
Em todas as épocas, ele vem travando uma violenta batalha para eximir-se à dor,
em contínuas tentativas infrutíferas, nas quais exaure as forças, o ânimo e o equilíbrio,
tombando depois em mais graves aflições.
Passar incólume ao sofrimento é a grande meta que todos perseguem. Pelo menos,
diminuir-lhe a intensidade ou acalmá-lo, de modo a poder fruir os prazeres da
existência em incessantes variações.
Imediatista, interessa-lhe o hoje, sem visão do porvir.
Como efeito, o sofrimento tem sido considerado vingança ou castigo divino,
portanto, credor de execração e ódio.
Nas variadas mitologias, as figuras de deuses invejosos quão despeitados,
inflingindo punições às criaturas e comprazendo-se ante as dores que presenciam,
são a resposta ancestral para o sofrimento na Terra.
Diversas escolas filosóficas e doutrinas religiosas, de alguma forma concordes com
essas absurdas conceituações, estabeleceram métodos depuradores para a libertação
do sofrimento, que vão desde as mais bárbaras flagelações - silícios, holocaustos,
promessas e oferendas - ao ascetismo mais exacerbado, procurando negar o mundo e
odiá-lo, a fim de, com essas atitudes, acalmarem e agradarem aos deuses ou a Deus.
Paralelamente, o estoicismo, herdeiro de alguns comportamentos orientais, tentou
imunizar o homem, estimulando-o a uma conduta de graves sacrifícios que, sem
embargo, é desencadeadora também de sofrimento.
Para libertar-se desse adversário, a criatura impõe-se outras formas de dor, que
aceita racionalmente, por livre opção, não se dando conta do equívoco em que labora.
A dor, porém, não é uma punição. Antes, revela-se um excelente mecanismo da
vida a serviço da própria vida.
Fenômeno de desgaste pelas alterações naturais da estrutura dos órgãos - à
medida que a energia se altera advém a deteriorização do invólucro material que ela
vitaliza - essa disjunção faz-se acompanhada pelas sensações desagradáveis da
angústia, desequilíbrio e dor, conforme seja a área afetada no indivíduo.
Desse modo, é inevitável a ocorrência do sofrimento na Terra e nas áreas
vibratórias que circundam o planeta, nas quais se movimentam os seus habitantes.
Ele faz parte da etapa evolutiva do orbe e de todos quantos aqui estagiam, remando
para planos mais elevados.
Na variada gênese do sofrimento, todo esforço para mitigá-lo, sem a remoção
das causas, não logrará senão paliativos, adiamentos. Mesmo quando alguma injunção
premie o enfermo com uma súbita liberação, se a terapia não alcançou as razões que
o desencadeiam, ele transitará de uma para outra problemática sem conseguir a saúde
real.
Isso porque, em todo processo degenerativo ou de aflição, o espírito, em si
mesmo, é sempre o responsável, consciente ou não. E, naturalmente, só quando ele
se resolve pela harmonia interior, opera-se lhe a conquista da paz.
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